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terça-feira, 30 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24353: Convívios (962): CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1971/74): Coimbra, sede do núcleo local da Liga dos Combatentes, 27/5/2023: poucos mas bons, ao fim de 50 anos...


Coimbra > Claustros do antigo Colégio da Graça, hoje sede no núcleo local da Liga dos Combatentes, na Rua Sofia, 136  > 27 de maio de 2023 : 50.º convívio de confraternização da CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1971/74) (a chamada 2ª e 3ª geração de graduados e especialistas, de origem metropolitana) > Um grupo de "coralistas": da esquerda  para a direita, José Sobral, Jorge  Lalalande, Manuel Lino e e António Duarte... Os dois camaradas da ponta direita, na primeira e segunda fila, não lhes fixei o nome


Coimbra > Claustros do antigo Colégio da Graça, hoje sede no núcleo local da Liga dos Combatentes, na Rua Sofia, 136  > 27 de maio de 2023 : 50.º convívio de confraternização da CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1971/74) (a chamada 2ª e 3ª geração de graduados e especialistas, de origem metropolitana) > Outro grupo de "coralistas": da esquerda para a direita, o  Florindo Gonçalves Costa, o  Firmino Ribeiro, o António Santos e o António Bonito. (O António Santos é de Guimarães ou vive em Guimarães; o Costa veio de Lisboa; o Ribeiro vive no Porto; e o Bonito é de Montemor-O-Velho,)


Coimbra > Claustros do antigo Colégio da Graça, hoje sede no núcleo local da Liga dos Combatentes, na Rua Sofia, 136  > 27 de maio de 2023 : 50.º convívio de confraternização da CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1971/74) (a chamada 2ª e 3ª geração de graduados e especialistas, de origem metropolitana) > Mais outro grupo de "coralistas": da esquerda para a direita, o Jaime Pereira,  a Ermelinda Sobral, o José Sobral, o Jorge Lalande e o Ferreira


Coimbra > Claustros do antigo Colégio da Graça, hoje sede no núcleo local da Liga dos Combatentes, na Rua Sofia, 136  > 27 de maio de 2023 >  50.º convívio de confraternização da CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1971/74) (a chamada 2ª e 3ª geração de graduados e especialistas, de origem metropolitana) > Um grupo de "coralistas", cantando uma paródia de uma canção tradicional, que a Amália Rodrigues imortalizou ("Tiro-Liro-Liro") ("Cá em cima está o tiro-liro-liro, / cá em baixo está o tiro-liro-ló / Juntaram-se os dois à esquina /  A tocar a concertina, a dançar o solidó"), transformada em cantiga de escárnio e maldizer, em que os visados seriam o comando do BART 2917 (major art Anjos de Carvalho, conhecido como o "major negra", e o ten cor inf Polidoro Monteiro) que "infernalizou" a vida da CAÇ 12... Uma peça a juntar ao Cancioneiro de Bambadicna, ou melhor, ao Cancioneiro da Nossa Guerra... Julgo que a letra é do médico e coimbrão José Sobral

Vídeo (1' 14''). Alojado em Luís Graça > You Tube (2023)

 

Coimbra, claustros do antigo Colégio da Graça, hoje sede no núcleo local da Liga dos Combatentes > 27 de maio de 2023 : 50.º convívio de confraternização da CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1971/74) (a chamada 2ª e 3ª geração de graduados e especialistas, de origem metropolitana) > O ex-fur mil mecânico António Jorge Lalande e a dra, Odete Cardoso, esposa do Jaime Pereira, ex-alf mil at inf.


Coimbra, claustros do antigo Colégio da Graça, hoje sede no núcleo local da Liga dos Combatentes > 27 de maio de 2023 : 50.º convívio de confraternização da CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1971/74) (a chamada 2ª e 3ª geração de graduados e especialistas, de origem metropolitana) > O ex-fur mil at inf António Bonito, que pertenceu à CART 3494 e ao Pel Caç Nat 52 (Xime e Mato Cão, 1971/74): é natural de Momntemor-O-Velho. É membro da nossa Tabanca Grande e tem 15 referèncias no nosso blogue.


Coimbra, claustros do antigo Colégio da Graça, hoje sede no núcleo local da Liga dos Combatentes > 27 de maio de 2023 : 50.º convívio de confraternização da CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1971/74) > Os nossos "coralistas": de costas,  o José Sobral, ex-alf mil at inf (1971/72), hoje médico estomatologista; natural de e residente em Coimbra, e organizador do encontro; ao centro, o ex-fur mil art, Manuel Lino (vive em Lisboa).


Coimbra > Claustros do antigo Colégio da Graça, hoje sede no núcleo local da Liga dos Combatentes, Rua Sofia, 136  > 27 de maio de 2023  > 50.º convívio de confraternização da CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1971/74) > Um camarada de quem eu, infelizmente não fixei o nome: percebi que era natural de Cabeceiras de Basto, mas vivia cá mais para baixo, talvez Vila do Conde...


Coimbra > Claustros do antigo Colégio da Graça, hoje sede no núcleo local da Liga dos Combatentes, Rua Sofia, 136  > 27 de maio de 2023  > 50.º convívio de confraternização da CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1971/74) >  O Carlos Alberto M. Simões, ex-1º cabo cripto (1971/72), que foi substituir o "nosso" GG - Gabriel Gonçalves, "grande baladeiro", também conhecido pelo "Joselito de Portugal"... Chegou tarde a Bambadinca, em maio de 1971, para desespero do "Arcanjo Gabriel" que já estava completamente passado dos carretos... Vive em Telheiras, Lisboa, e trabalhou nos seguros, tal como o GG... Disse-me que nunca saiu do seu buraco, em Bambadinca... Mas talvez um louvor do comando do BART 2917...


Coimbra > Claustros do antigo Colégio da Graça, hoje sede no núcleo local da Liga dos Combatentes, Rua Sofia, 136  > 27 de maio de 2023  > 50.º convívio de confraternização da CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1971/74) >  O João M. Folgado, e a esposa... Ex-fur mil op especiais, foi o "periquito" do Humberto Reis... Ainda pus os dois em contacto, por telemóvel, na outra ponta de Coimbra, no restaurante "Saudade do Mondego" estava decorrer o encontro (**). O casal vive em Vila Nogueira de Azeitão, terra que também foi do Zeca Afonso.
 

Coimbra > Claustros do antigo Colégio da Graça, hoje sede no núcleo local da Liga dos Combatentes, Rua Sofia, 136  > 27 de maio de 2023  > 50.º convívio de confraternização da CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1971/74) >  O Firmino Ferreira, do Porto, e o António Santos (não fixei a terra onde vive)... Julgo que os dois eram furriéis milicianos.


Coimbra > Claustros do antigo Colégio da Graça, hoje sede no núcleo local da Liga dos Combatentes, Rua Sofia, 136  > 27 de maio de 2023  > 50.º convívio de confraternização da CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1971/74) >  O Jaime Pereira e o Ferreira, dois antigos alferes milicianos da CCAÇ 12, Bambadinca, 1971/72, vivendo o Ferrreira em Felgueiras, professor do ensino básico aposentado... O Jaime Pereira o comandnte do 4º Gr Comb, tendo rendido o António Rodrigues.


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2023). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. No passado sábado, 27 de maio, apanhei uma boleia do António Duarte (ex-fur mil, CART 3493 / BART 3873, Mansambo, 1971/72, e CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972/74), que teve a gentileza (e sobretudo um grande gesto de solidariedade e camaradagem, que eu registo com gratidão!)  de passar pela Lourinhã, e levar-me, pela A8 e depois A1,  até Coimbra, para participar no 50º almoço de confraternização do pessoal da CCAÇ 12 e demais subunidades que passaram por Bambadinca entre 1971 e 1974 (*).

Acompanhou-nos também o camarada Manuel Lino, meu vizinho (é da Merceana, Torres Vedras, e vive ao pé do estádio de Alvalade, Lisboa, nas costas da Escola Nacional de Saúde Pública, onde trabalhei quase 40 anso).

O Lino foi fur mil art, do 2º Pel Art (obus 10,5 cm) que estava no Xime (foi na prática o seu comandante durante a maior parte do tempo). Eram poucos mas bons, a avaliar pela alegria, a saudade, a boa disposição e a irreverência com que evocaram os tempos de Bambadinca (março de 1971/março de 1973) e do Xime  (março de 1973/agosto de 1974). 

Dos elementos que não pertenciam à CCaç 12, tive o grato de prazer de reencontrar e abraçar o António Bonito (Pel Caç Nat 52, 1972/74) ) e o Zé Luís Vacas de Carvalho (Pel Rec Daimler 2206, 1969/71). Tive de pena de não ter podido dar um salto ao restaurante "Saudade do Mondego" onde decorria o encontro dos "velhinhos" de Bambadinca (CCS/BCAÇ 2852, CCAÇ 2590/CCAÇ 12 e outras subunidades adidas) (**).

Voltaremos ainda a falar deste convívio (***). (LG)
_____________

Notas do editor:

(*) vd. poste de 15 de maio de 2023 > Guiné 61/74 - P24315: Convívios (960): 50.º almoço de confraternização da CCAÇ 12, Pelotões Daimler e Pel Caç Nat, Bambadinca e Xime, 1971/74: Coimbra, Claustros do antigo Colégio da Graça, 27 de maio de 2023 (José Sobral e Jaime Pereira)

domingo, 19 de março de 2023

Guiné 61/74 - P24153: As nossas geografias emocionais (2): Bambadinca, zona leste, região de Bafatá, sector L1 - Parte I: Fotos de Humberto Reis (ex-fur mil op esp, CCAÇ 2590/CCAÇ 12, 1969/71)


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá  > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > Espectacular vista aérea do aquartelamento, tirada no sentido leste-oeste, ou seja, do lado da grande bolanha de Bambadinca (vd. mapa da região)... 

A foto original, com resolução superior a 2,3 MB, decomposta em vários quadrantes (fotos parcelares de 1 a 5), permitiu-nos  um maior detalhe do aquartelamento. Aceitam-se melhorias e correções.


Foto nº 1


Foto nº 2 


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 6

Esta reconstituição feita, de memória, apoiada em documentação fotográfica, nomeadamente por Humberto Reis, Luís Graça, Gabriel Gonçalves e Arlindo Roda (CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71), bem como por outros camaradas do nosso tempo (Benjamim Durães, CCS/BART 2917, 1970/72; José Carlos Lopes, CCS/BCAÇ 2852, 1968/70; Mário Beja Santos, Pel Caç Nat 52; Jorge Cabral, Pel Caç Nat 63, 1969/71... e ainda  com base noutros elementos informativos publicados no blogue.

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Legenda:

(1) Do lado esquerdo da imagem, para oeste, era a pista de aviação (1) e o cruzamento das estradas para Nhabijões (a oeste), o Xime (a sudoeste) e Mansambo e Xitole (a sudeste);

(2) Uma nesga da placa, em cimento,  heliporto;

(3) O campo de futebol (3),  entre o arame farpado (24) e pista de aviação; 

(4) A CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (julho de 1969n / março de 1971) começou também a construir um campo de futebol de salão (4), com cimento literalmente roubado à engenharia nas colunas logísticas para o Xitole; 

(5/6/7/8/9/10) Conjunto de edifícios em U: constituía o complexo do comando do batalhão  [, no nosso tempo apanhámos dois, o BCAÇ 2852, 1968/70, e o BART 2917, 1970/72] (5) e as instalações (dormitóriso) de oficiais (6) e sargentos (8), para além da messe e bar dos oficiais (8) e dos sargentos (9); apesar segregação sócio-espacial que vigorava então, não só na sede dos batalhões, como em muitas unidades de quadrícula, uns e outros, oficiais e sargentos, tinham uma cozinha comum (10); do lado direito do bar e messe de sargentos, vê-se uma fiada de bidões cheios de areia, que serviam de protecção para a saída para as valas (22);

(22/24/27) Do lado direito, ao fundo, a menos de um quilómetro corria o Rio Geba, o chamado Geba Estreito, entre o Xime e Bafatá; o aquartelamento de Bambadinca situava-se numa pequena elevação de terreno, sobranceira a uma extensa bolanha (a leste) que lhe dava uma aparência de fortaleza inexpugnável, vista do lado da bolanha (ou, seja, de leste para oeste); são visíveis as valas de protecção (22), abertas (... também pela CCAÇ 12, companhia de intervenção duramente explorada pelo comando dos dois batalhões...)  ao longo do perímetro do aquartelamento que era todo, ele, cercado de arame farpado e de holofotes (24); a luz eléctrica era produzida por gerador que deve estar algures por aí,  nas imagens, perto da antena de transmissões (27);

(23/25/26) Junto ao arame farpado, ficavam vários abrigos (26), o espaldão de morteiro (23), o espaldão da metralhadora pesada Browning, 12.7 (25)... (Em 1969/71, na altura em que lá estivemos, ainda não havia artilharia (obuses  14).

(3/11/12) A caserna (ou uma das casernas) das praças da CCS (11) ficava  junto ao campo de futebol (3);   o pessoal do pelotão de morteiros e/ou do pelotão Daimler deveria ficar instalado no edifício (12), que se situava do outro lado da parada, em frente ao edifício em U. 

(13/14/28) Mais à direita, situava-se a capela (13) e a secretaria da CCAÇ 12 (14);  por detrás ficava o refeitório das praças (28);

(15/16/17) Em frente havia um complexo de edifícios de que é possível identificar o depósito de engenharia (15) e as oficinas auto (16); à esquerda da secretaria, eram as oficinas de rádio (17).

(18/19/20)   Uma arruamenmto ao meio (no sentido sul-norte)  dividia o aquartelamento em duas partes (oeste e leste);  tínhamos o armazém de víveres (20), a parada e os memoriais da unidades e subunidades que  haviam  passado por Bambadinca (18), a escola primária antiga (incluindo a casa da senhora professora, Dona Violete, que era caboverdiana) (19) e depósito da água (de que se vê apenas uma nesga) (21).

(29, fora da foto) ainda mais para esquerda, o edifício dos correios, a casa do administrador de posto, e outras instalações que chegaram a ser utilizadas por camaradas nossos que trouxeram as esposas para Bambadinca (foi o caso, por exemplo, do alf mil op esp Carlão, nosso camarada da CCAÇ 12).

Esta reconstituição feita, de memória, apoiada em documentação fotográfica, nomeadamente por Humberto Reis, Luís Graça, Gabriel Gonçalves e Arlindo Roda (CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71), bem como por outros camaradas do nosso tempo (Benjamim Durães, CCS/BART 2917, 1970/72; José Carlos Lopes, CCS/BCAÇ 2852, 1968/70; Mário Beja Santos, Pel Caç Nat 52; Jorge Cabral, Pel Caç Nat 63, 1969/71... e ainda  com base noutros elementos informativos publicados no blogue.

Foto do arquivo de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71), a quem mando, da ilha de Luanda, um abraço fraterno, bem como aos meus queridos coeditores que vão aguentar o barco esta semana. Vim no mesmo avião da TAP com o António Duarte, economista, formador bancário, que esteve na CCAÇ 12, em Bambadinca,  depois de mim, em 1973/74. Falámos um bom  e agradaável bocado no aeroporto. Por cá, tudo calmo.  (LG). 

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: L.G.]


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > Outra vista aérea do aquartelamento, tirada no sentido noroeste-sudeste. Em primeiro plano, a pista de aviação, o perímetro em L de arame farpado, o campo de futebol, a antena das transmissões...


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá   Sector L1 > Bambadinca > 1970 > Vista aérea da tabanca de Bambadinca, tirada no sentido sul-norte. Em primeiro plano, a saída (lado leste) do aquartelamento, ligando à estrada (alcatroada) Bambadinca-Bafatá. Ao fundo, o  Rio Gebà Estreito. São visíveis as instalações do Pelotão de Intendência, à esquerda, na margem esquerda do rio. 

 
Guiné > Zona Leste > Região de Bafatã  > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > Entrada principal aquartelamento,  pelo lado leste (sentido Bafatá)


Guiné >   Guiné > Zona Leste > Região de Bafatã  > Sector L1 (Bambadinca)  > Estrada Mansambo-Xitole > 1970 > Coluna logística de Bambadinca ao Xitole com a participação da CCAÇ 12. Alguns meses depois da grande desmatação das orlas da estrada, feitas por ocasião das Op Cabeça Rapada, o matagal continuava medonho, engolino a picada... 

Fotos do arquivo de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
 

Guiné > Zona Leste > Região de Bafatã  > Sector L1 > Bambadinca > 1971 >  Capa da brochura com a história da CCAÇ 12, desenhada pelo fur mil at inf António Levezinho. O Sector L1 tinha sede em Bambadinca.  Havia ainda mais três subsectores: Xime, Mansambo e Xitole. A oeste e a sul, o Sector L1 era delimitado pela margem direita do  rio Corubal, e a norte pelo rio Geba Estreito.  O porto fluvial do Xime e a estrada Xime - Bambinca passaram a ser, sobretudo a partir de 1969,  a principal via de entrada na Zona Leste (região de Bafatá e região de Gabu). Bambadinca (em mandinga, a "cova do lagarto") era posto administrativo (pertencente à circunscrição / concelho de Bafatá). Em 1969 estava ligada a Bafatá (30 km) por estrada asfaltada. Do porto fluvial do Xime a Bambadinca era uma dúzia de quilómetros.  Havia um reordenamento (Bambadincazinho, a oeste do quartel e posto administrativo) e uma tabanca (a norte e a leste). A povoação tinha escola, posto dos CTT, capela, posto sanitário, missão do sono (desativada), dois ou três estabelecimentos comercais, uma missão católica... Nunca foi atacada ou flagelada no nosso tempo (CCAÇ 12, julho de 1969/março de 1971).  Tinha cerca de 400 homens em armas  (além da CCAÇ 12, 170 militares, tinha uma CCS, um Pel Rec Daimler, um  Pel Mort, um  Pel Caç Nat e um PINT, Pelotão de Intendência,  fora do quartel, no porto fluvial).

Infografia. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné  (2005)


1. Esta série é dedicada à(s) "Memória(s) dos lugares"... Logo no princípio do nosso blogue, tínhamos, na badana (ou coluna estática) do lado esquerdo uma listagem (com links) de lugares por onde passámos, documentados com fotografias e infografias... 

Ia já em 24 topónimos, mas faltavam muitos mais... Começámos a sua recuperação com o topónimo Bafatá, segue-se agora Bambadinca.

As imagens estavam originalment6e  alojadas na minha página pessoal, Saúde e Trabalho - Luís Graça, no servidor da ENSP/NOVA. Foi descontinuada, em 2022, com o redesenho da página oficial da instituição. Estou agora a recuperá-la através das capturas feitas pelo Arquivo.pt, bem como dos ficheiros originais. É uma tarefa morosa e ingrata...

Luís Graça  > Subsídios para a história da guerra colonial  >  Guiné  > Antologia, preservada pelo Arquivo.pt

E vou aproveitar para refrescar e atualizar os nossos álbuns fotográficos, por topónimos da Guiné (se não todos, pelo menos os principais). Afinal, trata-se de não perder as nossas "geografias emocionais". Muitas das fotos que vamos publicando estão dispersas. São de diferentes autores e anos... É agora a altura de as tentar reunir.

Vamos continuar com o topónimo Bambadinca  (que tem no nosso blogue 670 referèncias).  Vamos fazer uma seleção por amostragem, tendo também em conta a qualidade das imagens...  Ou vamos publicando fotos por autores e anos... Um dos grandes fotógrafos de Bambadinca é o nosso histórico Humberto Reis, "cartógrafo-mor" do nosso blogue, ex-fur mil op esp, CCAÇ 2590 / CC12 (1969/71).
___________

Nota do editor:

Último poste da série > 10 de março de 2023 > Guiné 61/74 - P24134: As nossas geografias emocionais (1): Bafatá - Parte I: Fotos de Humberto Reis (ex-fur mil op esp, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71): viagem de 1966

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21833: In Memoriam (388): Aniceto Rodrigues da Silva (1947 - 2021), soldado condutor auto, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, maio de 1969 / março de 1971)




Aniceto Rodrigues da Silva (1947-2021), soldado condutor auto,
CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71),
 "Excelentes e Valorosos"

Fotos (e legenda): ©  Susana Almeida Novo (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
 

1. Através do nosso querido GG, o Gabriel Gonçalves, o ex-1º cabo cripto, cantor e tocador de viola, tivemos a triste notícia da morte de mais um camarada nosso,  pertencente à minha / nossa CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, maio de 1969 / março de 1971), o  soldado condutor autor Aniceto Rodrigues da Silva.

Foi no passado dia 3 de janeiro. Não sabemos mais pormenores.

A triste notícia chegou ao GG através de um mail da filha do Aniceto, Susana Almeida Novo (que, presumivelmente, vive e trabalha no estrangeiro, utilizou um teclado sem os caracteres portugueses, para escrever a sua mensagem).

Pelo nome e pelas duas fotos que ela anexou. identifiquei logo  o nosso camarada, o soldado condutor auto Aniceto Rodrigues da Silva... O seu nome consta, de resto,  da composição orgânica da nossa CCAÇ 2590 / CCAÇ 12... 

A filha pede-nos, entretanto,  ajuda para decobrir o seu mecanográfico e outros dados, uma vez que o pai havia perdido há muitos anos, quando ainda era novo, todos os papéis da tropa, incluindo a caderneta militar.


2. Mensagem de Susana Almeida Novo, dirigida ao Gabriel Gonçalves:

Date: sex., 29 de jan. de 2021 às 21:07
Subject: Pedido de informação sobre o meu pai, ex-combatente na Guiné
 
Boa noite,

Espero que este email o encontre bem. Encontrei o seu email na seguinte página https://www.ensp.unl.pt/luis.graca/guine_guerracolonial_tertulia.html,   enquanto procurava informação sobre o meu pai que foi ex-combatente na Guine. 

Eu sei que ele iniciou a recruta em Outubro de 1968 em Elvas e suspeito que ele depois tenha sido transferido para Abrantes e daí mobilizado para a Guiné. 

Ele infelizmente faleceu dia 3 de Janeiro do presente ano. Ainda novo,  poucos anos depois de regressar da guerra, perdeu todos os documentos militares. Não sabia o número militar e nós agora estamos a tentar encaixar as peças do que foi a história dele na guerra, inclusive tentar obter o número militar [mecanográfico] dele para tentar providenciar à minha mãe a pensao de viuvez correta.

Pelos dados que tenho até agora,  acho que ele terá feito parte do RI 2 Abrantes,  CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (1969-1971). Mas agradecia se me pudesse confirmar se conhecia o seu nome – Aniceto Rodrigues da Silva – ou me orientar na direcção de como obter mais informações. 

O meu pai sei que era condutor. 

Envio também abaixo  duas fotos que temos do tempo dele na Guiné.

Desde ja agradeço pelo seu tempo, os meus melhores cumprimentos,
Susana Almeida Novo




Crachá da CCAÇ 2590 ("Excelentes e Valorosos") e da CCAÇ 12 ("Sempre Mais Além") (CTIG, 1969/71). Design: Tony Levezinho. Cortesia do autor (2006).


3. Resposta do editor LG:

Já tive ocasião, ontem, de ter respondido à filha do nosso camarada Aniceto Rodrigues da Silva e dado conhecimento do seu falecimento a mais alguns camaradas da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, pedindo-lhes inclusive ajuda para recuperarem o seu antigo número mecanográfico.

O que transmiti à sua Susana foi o seguinte.

(i) Ele foi mobilizado pelo RI 2 (Abrantes), esteve a fazer connosco a  formar companhia (CCAÇ 2590)  e a fazer a IAO - Instrução de Aperfeiçoamento Operacional no Campo Militar de Santa Margarida, partiu connosco no T/T Niassa em 24/5/1969, e esteve connosco em Contuboel e depois em Bambadinca, tendo nós todos regressado (, exceto o GG), em 17/3/1971, no T/T Uíge... 

(ii) Em 18 de janeiro de 1970,  a CCAÇ 2590,  constituída com quadros e especialistas metropolitanos,  e praças  do recrutamento local, da etnia Fula, passou a designar-se CCaç 12, sendo considerada subunidade da guarnição normal, desde aquela data.

(iii) A CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 tem história da unidade, até fevereiro de 1971, podendo uma cópia do documentado,mimeografado,  ser consultada no Arquivo Histórico-Militar, em Lisboa. 

(iv) No nosso blogue, há uma série, disponível "on line": "A minha CCAÇ 122",  de que se publicaram 3 dezenas de postes (*)

 (v) Lembro-me bem dele, do nosso pacato, discreto, afável e diligente Aniceto Rodrigues da Silva. De resto conhecíamo-nos todos, mais ou menos bem, quando partímos éramos apenas umas escassas 6 dezenas de militares, entre quatro e especialistas, incluindo os seguintes condutores auto [, entre parênteses, a sua morada conhecida, em 2010]

1º Cabo Cond Auto Luís Jorge M.S. Monteiro [Vila do Conde, mais tarde Porto];
Sold Cond Auto António S. Fernandes [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Manuel J. P. Bastos [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Manuel da Costa Soares [, morto em, mina A/C, em Nhabijões, em 13/1/1971];
Sold Cond Auto Alcino Carvalho Braga [Lisboa];
Sold Cond Auto Adélio Gonçalves Monteiro [Castro Daire];
Sold Cond Auto João Dias Vieira [Vila de Souto, Viseu];
Sold Cond Auto Tibério Gomes da Rocha [,Viseu, falecido em 6/12/2007;
Sold Cond Auto Francisco A. M. Patronilho [Brejos de Azeitão];
Sold Cond Auto Manuel S. Almeida [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto António C. Gomes [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Fernando S. Curto [, Vagos];
Sold Cond Auto Aniceto R. da Silva [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Diniz Giblot Dalot [Aljubarrota, Prazeres, Batalha];
Sold Cond Auto Manuel G. Reis [, morada actual desconhecida]

Na história da CCAÇ 12 vem o nº mecanográfico dele... Só que eu não tenho aqui, agora, à mão, o exemplar em papel da história da unidade (, de que de resto fui o autor) E no blogue não vem o nº mecanográfico dele, só do da malta dos 4 grupos de combate.
 
Lamento a a perda de mais um camarada nosso, em plena pandemia de Covid-19. E faço questão  transmitir à Susana, à mãe e demais família a nossa solidariedade na dor. (**)

Os condutores auto da CCAÇ 12 foram belíssimos e bravos condutores,  excelentes e valorosos camaradas. Só o nosso condutor auto António Manuel Soares, morto por mina anticarro em 13/1/1971, em Nhabijões, não regressou, vivo, connosco, nem teve a alegria de conhecer a sua filha pequena. 
 
Um alfabravo fraterno para todos. Luís Graça


 
Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 > Bambadina > CCAÇ 12 (1969/71) > s/d> Dos dos nossos bravos condutores: em primeiro plano, o Adélio Monteiro, em segundo plano o Aniceto R. Rodrigues

Foto (e legenda): ©  Adélio Monteiro (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


4. Ficha da unidade > CCAÇ 2590 / CCAÇ 12

Companhia de Caçadores nº 2590
Identificação:  CCaç 2590
Unidade Mob: RI2 - Abrantes
Cmdt: Cap Inf Carlos Alberto Machado de Brito
Divisa: Excelentes e Valorosos
Partida: Embarque em 24Mai69; desembarque em 30Mai69
Extinção em 18Jan70

Síntese da Actividade Operacional

A subunidade foi constituída com quadros e especialistas metropolitanos e
enquadrou pessoal natural da Guiné, da etnia Fula, tendo efectuado a 2ª  fase da
instrução de formação em Contuboel, de 2Jun69 a 12Ju169. 

Em 18Ju169, foi dada como operacional, sendo colocada em Bambadinca, como força de intervenção e reserva do Agr 2957 [, com sede em Bafatá], na zona Leste, ficando adida ao BCaç 2852 [Bambadinca, 1968/70].

Por períodos variáveis, destacou forças para guarnecerem diversos destacamentos
em Sinchã Mamajã, Sare Gana, Sare Banda e ponte do rio Udunduma,
colaborando ainda, de Nov69 a Jul70, na construção do reordenamento de
Nhabijões.

Tomou também parte em reacções a ataques a tabancas da região e
em várias acções sobre grupos inimigos infiltrados; parte dos seus efectivos
foram temporariamente integrados no COP 7, de 21Jul69 a meados de Ag069,
para operacções na região de Madina Xaquili.

Em 18Jan70, a subunidade passou a designar-se CCaç 12, sendo considerada
subunidade da guarnição normal, desde aquela data.

Observações

Tem História da Unidade, CCaç 2590 / CCaç 12 (Caixa n." 124 - 2ª Div/4ª
Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné - (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), pág. 380.

Ficha de unidade > CCAÇ 12 (1970/74)

Companhia de Caçadores nº 12
Identificação : CCaç 12

Cmdt: 

Cap Inf Carlos Alberto Machado de Brito
Cap Inf Celestino Ferreira da Costa
Cap QEO Humberto Trigo de Bordalo Xavier
Cap Mil Inf José António de Campos Simão
Cap Mil Inf Celestino Marques de Jesus

Início: 18Jun70 (por alteração da anterior designação de CCaç 2590)
Divisa: Sempre Mais Além
Extinção: 18Ag074

Síntese da Actividade Operacional

Em 18Jan70, foi criada por alteração da sua designação anterior, integrando
os quadros e praças especialistas metropolitanos, que constituíam anteriormente
a CCaç 2590, e pessoal natural da Guiné, da etnia Fula.

Continuou instalada em Bambadinca, como subunidade de intervenção e
reserva do CAOP 2, sendo particularmente orientada para a realização de
patrulhamentos, escoltas a colunas de reabastecimento e segurança, protecção
dos trabalhos de construção da estrada Bambadinca-Xime e acções sobre grupos
e bases inimigas, estas efectuadas nas regiões de Enxalé, Ponta do Inglês, Ponta
Varela, Satecuta e Madina-Belel, em reforço do sector de Bambadinca. 

Destacou ainda pelotões para aldeamentos da zona por períodos variáveis, nomeadamente para Missirã, ponte do rio Undunduna e Nhabijões entre outras, com vista a garantir a segurança e protecção das populações.

Em finais de Mar73, rendendo a CArt 3494, assumiu a responsabilidade do
subsector de Xime, onde se instalou, ficando integrada no dispositivo e manobra
do BArt 3873 e depois do BCaç 4616/73.

Em 18Ag074, foi desactivada e extinta.

Observações:
Tem História da Unidade até Fev71 - CCaç 2590/CCaç 12 (Caixa n.º 124 - 2ª
Div/4ª Sec, do AHM).


Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné - (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), pág. 632.
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(**) Último poste da série > 28  de janeiro de  2021 > Guiné 61/74 - P21818: In Memoriam (387): José Eduardo Oliveira (JERO) (1940-2021), que eu conheci em 2010, na Tabanca do Centro, em 27/1/2010... Na formatura do recolher de hoje, respondo "Presente!", com o meu poema "Reencontros" (José Belo, Suécia)

domingo, 7 de julho de 2019

Guine 61/74 - P19953: O Cancioneiro da Nossa Guerra (11): o fado "Brito, que és militar" (Bambadinca, 1970, ao tempo da CCS/BART 2917 e CCAÇ 12) (recolha de Gabriel Gonçalves, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71)


Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BART 2917 (1970/72) > Convívio no bar de sargentos, em meados 1970, ou em 30 de novemhro de 1970, no 38º aniversário do 1º sargento Fernando Brito; ou ainda, festa de Natal de 1970?

Inicialmente inclinava-me para a hipótese de ter sido em "meados de 1970", ainda estávamos em "lua de mel", os "velhinhos" da CCAÇ 12, e os "piras" do BART 2917, aqui representados, à direita,  pelo 2º Comandante, maj art José António Anjos de Carvalho, sempre fardado, hoje cor art ref, e à esquerda, pelo  1º srgt art Fernando Brito (1932-2014)...

As senhoras: à direita do Brito, a Helena, mulher do alf mil at inf António Manuel Carlão, do 2º Gr Comb da CCAÇ 12 (o casal vive hoje em Fão, Esposende); à direita do Anjos de Carvalho, a esposa do major art, Jorge Vieira de Barros e Bastos (mais familiarmente conhecido por Bê Bê, era o major de operações do comando do BART 2917; hoje cor art ref); e à sua direita, Isabel, a esposa do José Alberto Coelho, o fur mil enf da CCS/BART 2917 ) (o casal vive hoje em Beja).

Mas tudo indica que se trata da festa de aniversário do 1º Brito, em 30/11/1970, apesar de, nessa altura, as relações com o major art Anjos de Carvalho, a três meses de acabar a nossa comissão, serem  muito crispadas e tensas... Dias antes, tínhamos sofrido em brutal revés, no subsetor do Xime, com 6 mortos e 9 feridos graves (Op Abencerragem Candente)...

A CCAÇ 12, como companhia de intervenção, africana, estava adida ao comando do setor L1. Inclino-me mais para a festa de anos do 1º Brito, que era de facto um "senhor 1º sargento", e que mantinha com a malta da CCAÇ 12 uma "relação muito especial"... Se se reparar bem na imagem, o Brito  ostenta uma chucha, ao pescoço, sinal de que fazia anos...  38 anos!... A festa não poderá, pois, ter ocorrido nos primeiros tempos, após a chegada do BART 2917 a Bambadinca, que veio render o BCAÇ 2852 (1968/70), em finais de maio de 1970...

Na altura, estas eram as três senhoras, brancas, que existiam no quartel de Bambadinca (, não contando com a senhora professora do ensino primário, cabo-verdiana, que raramente era vista, mas que vivia dentro das nossas instalações militares, no edifício da escola, a dona Violete da Silva Aires). E não havia miúdos, a não ser os da escola e da população local... Os militares guineenses (da CCAÇ 12 e outras subunidades, como os Pel Caç Nat que estiveram connosco) em geral eram casados e tinham consigo as famílias mas fora do arame farpado, vivendo em Bambadinca ou em Bambadincazinho.

Foto (e legenda): © Vitor Raposeiro (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Coimbra > 2012 > O Fernando Brito, major art ref, (1932-2014) e o neto, Claúdio Brito,   finalista da Universidade de Coimbra, ano letivo de 2011/2012 (Cortesia do Cláudio Brito, da sua página no Facebook).

Foto (e legenda): © Cláudio Brito (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Fado "Brito... que és militar!"(*)

Letra: Tony Levezinho

[Adapt: Fado "Povo que lavas no rio"

[Música: Fado Victória, composição original de Joaquim Campos (1911-1981)


Letra:
Pedro Homem de Melo 


Criação de Amália Rodrigues, 1961] [Uma interpretação de Amália
pode ser aqui ouvida, no YouTube -ficheio apenas áudio]

Refrão

Brito, que és militar,
Que vieste p'rá Guiné,
Em mais uma comissão.
Na CCS ficaste,
Para aturar o Baldé,
A pedir-te patacão.


Fui ver à secretaria,
Por ouvir a gritaria
Que fazia confusão:
- Mim quer saco de bianda!
- Põe-te nas putas, desanda,
Que a mim cá têm patacão!

Filho da puta e sacana,
É o que eles te chamam,
Tenho a mesma condição:
- Mamadús, eu vos adoro,

Se for preciso eu choro,
Mas Patacão... é que não!

Refrão

Brito, que és militar,
Que vieste p'rá Guiné,
Em mais uma comissão.
Na CCS ficaste,
Para aturar o Baldé,
A pedir-te patacão.


[Recolha: Gabriel Gonçalves / Revisão, fixação de texto: LG]



1. Este fado faz parte do Cancioneiro de Bambadinca, logo, deve integrar o Cancioneiro da Nossa Guerra (**). 

Quem o salvou, do limbo do esquecimento, foi o Gabriel Gonçalves, o 1º Cabo Cripto da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71). Eu reconheci a letra e o autor da letra, o nosso querido amigo Tony Levezinho.

Quanto ao homenageado, era o Fernando Brito, o 1º Sargento da CCS/BART 2917, que chegou a Bambadinca, para tomar conta do Sector L1, em finais de maio de 1970, quando a malta da CCAÇ 12 já pertencia à velhice, com um ano de porrada e outro batalhão em cima (CCS/BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70)..

O Fernando Brito (1932-2014) era um senhor, que se impunha não só pelo seu físico e pelo verbo fácil como pela tarimba e pela autoridade... Naturalmente, suscitava amores e ódios, devido à sua personalidade excessiva... Era sobretudo um grande sedutor... 

Tinha uma cultura acima da média, se considerarmos o meio social de origem dos sargentos do quadro. Fazia gala de referir-se à esposa, de ascendência ou de apelido russo, Natacha.

Fazia questão de sublinhar, perante os reles infantes, que pertencia à orgulhosa arma de artilharia. Quando ouvíamos um disparo de obus, no Xime ou em Mansambo, comentava ele:
- Lá se foi mais um fato completo, com gravata se seda e tudo!... (Era o preço de uma granada de obus 10.5; em Bambadinca, nesse tempo, não havia artilharia)...

Não sei porquê, criámos - os furriéis da CCAÇ 12, já velhinhos - uma relação de empatia com o nosso Primeiro Brito, o chefão dos periquitos da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72).

A nossa CCAÇ 2590/CCAÇ 12 tinha deixado cedo de ter 1º sargento (O Fragata, de cavalaria, foi tirar o curso de oficial, na Escola Central de Sargentos, em Águeda), sendo essas funções desempenhadas interionamente pelo nosso querido 2º sargento inf José Manuel Rosado Piça, alentejano dos quatro costados, grande cúmplice, grande camarada, grande compincha, grande amigo... [Tinha 37 ou 38 anos mas não se foi embora da Guiné sem levar o seu baptismo de fogo... Já no final, nos princípios de 1971, obrigámo-lo a ir ao Poindon, desenfurrejar as pernas e a G-3]...

Qualquer deles, o Brito e o Piça, alinhavam nas nossas noitadas, loucas, de Bambadinca. O Brito tinha, além disso, um "tabanca" (leia-se: uma morança, dentro do perímetro de arame farpado do quartel, mas na parte civil, junto aos correios, escola, casa do chefe de posto)... Era um refúgio, para nós... Íamos lá beber uns copos... Ele e o 2º comandante, o Anjos de Carvalho, não se coziam lá muito bem (, segundo ele me confirmou, mais tarde, ainda em vida)... Nós, por nosso lado, detestávamos o "militarista" do 2º comandante, o senhor professor da Academia Militar Anjos de Carvalho... Mas a "tabanca do Brito" provocava algumas ciumeiras, já que nem todos tinham acesso ao "sítio"... Só os amigos ou os que ele considerava como tais...

Há 43 anos, desde março de 1971, que deixei de ter notícias dele, do nosso "primeiro Brito"... Acabei por ter a felicidade de ainda o apanhar com vida, a um mês de ele morrer, subitamente, antes de completar os 82 anos... Falámos longamente ao telefone... Vivia em Coimbra, já viúvo. Era major, reformado. Fez ainda uma segunda comissão no CTIG, como 1º sargento [1ª CCAÇ / BART 6523 (Madina Mandinga, 1972/74)], antes de frequentar a extinta Escola Central de Sargentos, em Águeda.

Morreu em 19 de fevereiro de 2014. Era (é) o nosso grã-tabanqueiro nº 641. O seu neto Cláudio Brito honra-nos também com a sua presença na Tabanca Grande, com o nº 697.   
_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 6 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9144: O nosso fad...ário (5): Fado Brito que és militar (Letra de Tony Levezinho, ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 2590/CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)

(**) Postes anteriores da série:

16 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19020: O Cancioneiro da Nossa Guerra (10): O fado "Tudo isto é tropa" (recolha de Gabriel Gonçalves, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71)

14 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18921: O Cancioneiro da Nossa Guerra (9): Os bravos de Bambadinca

29 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18692: O Cancioneiro da Nossa Guerra (8): A Balada de Béli (recolha de José Loureiro, ex-alf mil at inf, CCAÇ 1790 / BCAÇ 1933, Madina do Boé e Béli, 1967/69)

19 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18537: O Cancioneiro da Nossa Guerra (7): "Marcha de Regresso" (Recolha de Mário Gaspar, ex-fur mil at art, MA, CART 1659, "Zorba", Gadamael e Ganturé, 1967/ 68)

16 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18528: O Cancioneiro da Nossa Guerra (6): "Os Homens não Morrem" (Recolha de Mário Gaspar, ex-fur mil at art, MA, CART 1659, "Zorba", Gadamael e Ganturé, 1967/ 68)

28 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18261: O Cancioneiro da Nossa Guerra (5): O hino dos "Unidos de Mampatá", a CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74)

27 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18261: O cancioneiro da nossa guerra (4): "o tango dos periquitos" ou o hino da revolta da CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) (Silvino Oliveira / José Colaço)

27 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18259: O cancioneiro da nossa guerra (3): mais quatro letras, ao gosto popular alentejano, do Edmundo Santos, ex-fur mil, CART 2519, Os Morcegos de Mampatá (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71)

8 de novembro de 2017> Guiné 61/74 - P17944: O cancioneiro da nossa guerra (2): três letras do Edmundo Santos, ex-fur mil, CART 2519, Os Morcegos de Mampatá (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71): (i) Os Morcegos; (ii) Estou farto deles, tirem-me daqui; (iii) Fado da Metralha

30 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17811: O cancioneiro da nossa guerra (1): "Asssim fui tendo fé, pedindo a Deus que me ajude"... 4 dezenas de quadras populares, do açoriano Eduardo Manuel Simas, ex-sold at inf, CCAÇ 4740, Cufar

domingo, 16 de setembro de 2018

Guiné 61/74 - P19020: O Cancioneiro da Nossa Guerra (10): O fado "Tudo isto é tropa" (recolha de Gabriel Gonçalves, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71)

Gabriel Gonçalves
1. Mais uma letra de fado (parodiada...) a juntar ao Cancioneiro da Nossa Guerra. Foi-nos enviada pelo nosso grã-tabanqueiro Gabriel Gonçalves (ex-1.º cabo cripto, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71), com a seguinte mensagem, datada de 29/11/2011 (*):


(...) Já que estamos em maré de fados, junto um fadinho, de que não sei quem é o autor. Também não me lembro como o aprendi (...), mas é bastante giro, pois retrata bem a nossa triste vida, na tropa!

Já agora, dei-me ao luxo de alterar a última quadra; onde se lê "cuidado" [2º verso da IV quadra], substituí por "azar" e para rimar..."estás a lerpar"!... Achei que era mais giro.

De resto, acho que este fado é anterior ao nosso tempo [, de Guiné,] porque fala em botas cardadas. No nosso tempo as botas já não tinham cardas! (...)

2. Renovo aqui o que em tempos escrevi sobre o "Arcanjo São Gabriel" ou "GuêGuê":

Não sei por que te fizeram arcanjo e santo ... Talvez porque, simbolicamente, nos ajudaste,  a nós, operacionais da CCAÇ 12, a dar de beber à dor... e assim nos inunizaste e nos protegeste!

Sempre foste um grande senhor e um  camaradão... Com a tua viola e a tua bela voz, animaste muitas das nossas noites, quer no bar de sargentos de Bambadinca, quer também no nosso quarto (conhecido por quarto das 'putas'.  como a devida vénia ao Humberto Reis, o autor da expressão: não por elas terem autorização de lá entrar, mas por ser o quarto da rebaldaria, só habitado por anjos e arcanjos: eu, o Humberto Reis, o Tony Levezinho, o Joaquim Fernandes e o José Luís Sousa - o madeirense...). Não era o céu, era o que se podia arranjar mais próximo do céu, naquele cantinho do inferno...

Tenho eu, temos nós,  uma dívida de gratidão. para contigo, GuêGuê!  E mais grato ainda te fico   por teres salvo e enviado esta letra de fado que tu cantavas, nós cantávamos, nesses tempos, juntamente com outras que já recuperámos e que já  fazem  (ou vão fazer) parte de O Cancioneiro da Nossa Guerra   (**)

É justo lembrar que tu eras, de todos nós, o que tinhas mais "cultura fadista", sendo alfacinha e rapaz vivido...A tua viola e a tua voz animarama muitas noitadas e tainadas em Bambadinca... Muitas ? Aquelas que conseguíamos roubar ao tempo da guerra, do teu serviço cripto e das nossas saídas para o mato, das nossas operações, etc. Não tenho sabido de ti. Dá notícias. 

3. Letra fado "Tudo isto é tropa"

Com música de "Tudo isto é fado" (Letra: Aníbal Nazaré; Música: Fernando Carvalho; criação de Amália Rodrigues).[Clicar no atalho para ver e ouvir vídeo no YouTube]


Tudo isto é tropa

I

Perguntaste-me outro dia
O que era a vida militar,
Eu disse que não sabia
Mas estava-te a enganar.

II

Sem saber o que dizia,
Menti-te naquela hora,
Eu disse que não sabia
Mas vou-te dizer agora.

Refrão


Botas cardadas, mal engraxadas, sempre a marchar.
Batendo a pala, como um magala, sem refilar.
Toda a semana, numa má cama, sem ter cachopa.
Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é tropa.


III

Se pensas tomar chuveiro,
E andar bem asseado,
Perde a esperança, companheiro,
Pois vais ser desenganado.

IV

Quando limpas a espingarda,
Quer tenhas ou não cuidado, [azar]
Vais sujar de massa a farda,
E depois ser castigado, [ estás a lerpar].



Refrão


Botas cardadas,  etc.,  etc.


[ Recolha: Gabriel Gonçalves, Lisboa, 2011. Revisão e fixação de texto: LG]

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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 29 de novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9111: O nosso fad...ário (2): Fado Tudo isto é tropa (Gabriel Gonçalves, ex-1º Cabo Cripto, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)

(**) Último poste da série >  14 de agosto de 2018 >  Guiné 61/74 - P18921: O Cancioneiro da Nossa Guerra (9): Os bravos de Bambadinca