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sábado, 7 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18498: Tabanca Grande (462): António Lopes Pereira, ex-1º cabo atirador de infantaria, 4º Gr Comb, CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (Mansoa, Braia e Infandre, 1970/1973): tem um café e restaurante no Porto e vive em Matosinhos; passa a ser o nosso grã-tabanqueiro nº 771


António Lopes Pereira, ex-1º cabo atirador de infantaria, 4º Gr Comb, CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (Mansoa, Braia e Infandre, 1970/1973)


Hoje é proprietário de "Le Café de Paris", na Praça do Marquês de Pombal, Porto; vive na Senhora da Hora, Matosinhos.


1.  Mensagem do nosso camarada e novo grã-tabanqueiro nº 771, António Lopes Pereira

Diamantino Rafa Pereira 

Data: 5 de abril de 2018 às 16:44

Assunto: António Lopes Pereira

Uma boa tarde,  Luís Graça.

Já tive oportunidade de entrar em contacto consigo no passado.(*)

Encontro-me actualmente a morar em Matosinhos e a trabalhar no Porto, onde sou proprietário de um estabelecimento de restauração.

Venho saber qual seria a sua disponibilidade em deixar o meu perfil, morada e contacto no seu blogue, com o intuito de contactar e ser contactado por ex-companheiro meus.

Venho também lhe pedir se tem a disponibilidade em fornecer os meus dados ao ex-1º Cabo Germano Santos, que cumpriu missão na Guiné, em 1970/73, na CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832 com a finalidade de entrar em contacto comigo.

A minha procura tem se revelada uma árdua tarefa ao longo dos anos, e sem a sua preciosa ajuda, não tenho como atingir os meus objectivos.

Espero que tenha em atenção o meu pedido e deixo toda a informação necessária.

António Lopes Pereira
Ex-1º cabo atirador da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (Mansoa, Braia e Infandre, 1970/1973

Morada: [...] Senhora da Hora, Matosinhos.

O meu estabelecimento fica localizado na Praça do Marquês nº 114, Porto.

"Le Café de Paris".

Contactos: tem + 351 911 024 688 | telef . + 351 225 021 421

Obrigado desde já pela sua ajuda.


Guiné > Região do Óio > Mansoa > CCAÇ 3305 )1970/73) > "Aqui, em 1972, entrada do quartel de Mansoa onde passei alguns meses da minha juventude fazendo parte de uma guerra que não era a minha pois tudo fiz para fugir a esta guerra mas tudo me correu mal. Porra, 25 meses foi muito tempo, passámos fome, passámos sede, fomos picados pelos mosquitos, vivíamos com o medo de perder a vida a qualquer momento, fizemos coisas mas tivemos que lidar com situações para as quais não estávamos preparados. Desde então nunca mais fomos os mesmos, as feridas cada dia que passa se agravam, foi um preço muito alto" (...).


Guiné > Região do Óio > Mansoa > Braia > CCAÇ 3305 )1970/73) > Aqui junto à velha ponte de Braia, estas mulheres com redes apanhavam os peixes que ficaram encurralados nos locais mais fundos do rio sendo as principais fontes de alimento para toda esta gente que passava fome e que vivia sempre com o medo de sere apanhada no fogo cruzado porque sempre que houvesse um ataque ao aquartelamento as suas casas ficavam em fogo eram sempre os civis que apanhavam por tabela?


Guiné > Região do Óio > Mansoa >  CCAÇ 3305 )1970/73) > s/l > s/d > À civil,  junto de população balanta.

Fotos (e legendas): © António Pereira Lopes (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


2. Resposta do editor Luís Graça:

Camarada Lopes Pereira: interpreto o teu pedido como a aceitação do nosso convite, aberto de resto a todos os camaradas que passaram pelo TO da Guiné, de 1961 a 1974, para ingressares na nossa Tabanca Grande. Contigo passamos a ser 771 os camaradas e amigos da Guiné, formalmente registados nesta rede social de antigos combatentes.

O teu pedido vem em nome de Diamantino Rafa Pereira, que presumimos seja teu filho. Vamos tomar boa nota deste endereço de email para futuros contactos. Muitos camaradas da Guiné não têm endereço de email e, em muitos casos, não acedem sequer à Internet. É um problema geracional.

Já em 2014, o nosso coeditor Carlos Vinhal, que mora em Leça da Palmeira, te tinha escrito o seguinte:

(...) "Na nossa terra (Matosinhos) realiza-se anualmente, no primeira sábado do mês de Março, o almoço dos ex-combatentes da Guiné. Temos inscrito um camarada de Santa Cruz do Bispo com o nome de António Lopes Pereira Gomes. Se não fores tu, ficas desde já a saber da nossa iniciativa. Voltando ao Blogue, o nosso Editor Luís Graça disse-me para te convidar para aderires formalmente à nossa tertúlia. Se quiseres então fazer parte desta família de ex-combatentes da Guiné, basta uma mensagem tua a confirmar a tua adesão, e se quiseres, o envio de uma pequena história passada contigo, seja em Mansoa, Infandre ou Braia, acompanhada de fotos que tenhas." (...)

Na altura diversos camaradas que passaram por Mansoa, deixaram comentários ao teu pedido. Destaco, por exemplo, o do ex-cap mil Jorge Picado, cmdt da CCAÇ 2589:

(...) "Bem vindo,  António Pereira, a esta Tabanca, que não sendo as de Infandre ou de Braia, é uma Tabanca Grande que engloba todos os camaradas da Guiné que nela desejam conviver.  Espero e desejo que te sentes connosco sob as ramadas do Grande Poilão que nos resguarda, enquanto contamos e relembramos tempos passados, tal como faziam os Homens Grandes dos diversos lugares que cruzámos. Por mim, que "entreguei" a área que percorreste, quando vocês chegaram em Fevereiro de 1971, muito gostaria de tomar conhecimento das tuas memórias e rever fotos que possuas, não só de Mansoa, mas sobretudo de Infandre e Braia." (...)

Vejo que tens página no Google Mais, com diversas fotos do teu tempo de Guiné. Aproveito duas ou três, com as tuas legendas. Ficas devidamente apresentado à Tabanca Grande, sentas-te no lugar n.º 771 (**) e vamos pôr-te em contacto com o teu e nosso camarada Germano Santos. Ele e o saudoso França Soares (1949-2009) são as únicas referências que temos (pouco mais do que uma dúzia) à tua CCAÇ 3305.
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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P13996: Em busca de... (251): António Lopes Pereira, ex-1.º Cabo Atirador do 4.º Pelotão/CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (Mansoa, Infandre e Braia, 1970/73), procura camaradas

1. Mensagem do nosso camarada António Lopes Pereira, ex-1.º Cabo Atirador da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (Mansoa, Braia e Infandre (1970/73), com data de 30 de Novembro de 2014:

Uma óptima noite desde já. 
Camarada,
Pela primeira vez me identifico como ex-1.ª Cabo António Lopes Pereira do 4.º Pelotão da CCAÇ 3305/ BCAÇ 3832, e estive na zona de Mansoa, primeiro em Infandre, depois em Braia e novamente Mansoa.

Moro em Matosinhos e procuro os meus camaradas.

Foi com profunda tristeza que soube do falecimento do meu maior amigo, o ex-Furriel França Soares.
Foi o meu furriel e andámos sempre juntos do primeiro dia ao último dia. 

Espero que me consiga ajudar na minha procura ou apenas numas palavras com as quais possa ter alguma identificação. 

Aguardo uma resposta sua e agradeço lhe desde já a sua atenção.

Antonio Lopes Pereira

Quartel de Mansoa
Com a devida vénia a BCAÇ 2885

************

2. Comentário do editor

Caro camarada Lopes Pereira, muito obrigado pelo contacto.
Aqui fica o teu pedido para encontrares camaradas da tua Companhia.
Não sei se reparaste mas temos na nossa tertúlia o teu camarada Germano Santos, ex-1.º Cabo Operador Cripto da CCAÇ 3305. Mando-te o seu contacto por outra via.

Na nossa terra (Matosinhos) realiza-se anualmente, no primeira sábado do mês de Março, o almoço dos ex-combatentes da Guiné. Temos inscrito um camarada de Santa Cruz do Bispo com o nome de António Lopes Pereira Gomes. Se não fores tu, ficas desde já a saber da nossa iniciativa.

Voltando ao Blogue, o nosso Editor Luís Graça disse-me para te convidar para aderires formalmente à nossa tertúlia.
Se quiseres então fazer parte desta família de ex-combatentes da Guiné, basta uma mensagem tua a confirmar a tua adesão, e se quiseres, o envio de uma pequena história passada contigo, seja em Mansoa, Infandre ou Braia, acompanhada de fotos que tenhas.

Deixo-te um abraço em nome dos editores e da tertúlia, com o votos de Boas Festas com saúde e alegria.

Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 21 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13778: Em busca de... (250): Camaradas do Esquadrão de Reconhecimento 2350 (Bafatá, 1966/68), com vista ao próximo Convívio de 2014 (António Bastos)

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7708: Parabéns a você (209): Germano Santos, Operador Cripto da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (Tertúlia / Editores)

PARABÉNS A VOCÊ

02 DE FEVEREIRO DE 2011


Caro camarada Germano Santos*, a Tabanca Grande solidariza-se contigo nesta data festiva.

Assim, vêm os Editores, em nome de toda a Tertúlia desejar-te um feliz dia de aniversário junto dos teus familiares e amigos.

Que esta data se festeje por muitos anos, repletos de saúde, tendo sempre por perto aqueles que amas e prezas.

Na hora do brinde não esqueças os teus camaradas e amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, que irão erguer também uma taça pela tua saúde e longevidade.
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Notas de CV:

(*) Germano Santos foi Operador Cripto da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832, Mansoa nos anos de 1971/73.

(*) Vd. poste de 2 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5751: Parabéns a você (73): Germano Santos, ex-Op Cripto da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (Mansoa, 1971/73) (Editores)

Vd. último poste da série de 29 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7692: Parabéns a você (208): Luís Graça (Henriques), ex-Fur Mil Armas Pesadas, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71 (Tertúlia / Co-Editores)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5751: Parabéns a você (73): Germano Santos, ex-Op Cripto da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (Mansoa, 1971/73) (Editores)

1. Hoje dia 2 de Fevereiro de 2010 está de parabéns o nosso camarada Germano Santos (ex-Operador Cripto da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73.

Embora um pouco a fora de horas, não queremos deixar passar este dia sem vir desejar-lhe uma longa vida junto de sua família e amigos.

Germano Santos entrou para a Tabanca Grande no dia 3 de Maio de 2007, como consta no Poste 1814.


Caro Luís Graça,
Chamo-me Germano Santos e estive na Guiné entre 1970 e 1973.

Fui Operador Cripto do Batalhão de Caçadores 3832 que operou, sediado em Mansoa, nas regiões de Cutia, Infandre, Braia, Porto Gole, Bissá, Jugudul, Uaque, Bindouro e Rossum.

Tive oportunidade de regressar à Guiné em 1998, e rever Mansoa e Jugudul. Deu ainda para dar um salto a Bissorã, João Landim, Quinhamel e ao Arquipélago de Bijagós, designadamente a Ilha das Galinhas, antiga rota dos escravos, sem esquecer Bissau.

É com muita saudade que leio, oiço e falo da Guiné e, obviamente, de Mansoa, onde passei dois anos da minha juventude.

Estou a organizar, conjuntamente com outros camaradas, o almoço anual do batalhão (este ano realizou-se no dia 5 de maio, em Lisboa, no Páteo Alfacinha).

Só agora descobri o seu sítio na Net e vou olhar para ele com outros olhos assim que possa.

Tenho algum material fotográfico da Guiné, nomeadamente de Mansoa e de camaradas meus; se quiser posso-lhe remeter algum. Diga-me só como devo fazer.

Um abraço e parabéns pelo seu trabalho sobre a Guiné.



Aqui umas fotos do nosso camarada em arquivo no nosso Blogue.

T/T Carvalho Araújo > 19 de Dezembro de 1970 > CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832 > 1º Cabo Operador Cripto Germano Santos, no dia de embarque para a Guiné

Germano Santos, de camuflado e óculos de sol, passeando por uma rua de Mansoa

Guiné > Região de Bissau > Cumeré > CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832 > Finais de 1970 > 1º Cabo Operador Cripto Germano Santos, junto a um heli, no dia em que o General Spínola visitou o batalhão, antes de este ser colovado em Mansoa.

Guiné > Região do Óio > Mansoa > c. 1972 > O Germano Santos junto a um enorme embondeiro


Finalmente os postes de sua autoria:

4 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1814: Tabanca Grande (8): Apresenta-se o Operador Cripto da CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832 (Mansoa, 1970/73) , Germano Santos

11 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1835: Tabanca Grande (10): Germano Santos, ex-1º Cabo Op Cripto, CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73

12 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1840: A trágica história dos sapadores Alho e Fernandes da CCS do BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73 (César Dias / Gerrmano Santos)

8 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1934: Mansoa era uma vila lindíssima, um jardim (Germano Santos)

15 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1953: O cruzeiro das nossas vidas (6): Ou a estória de uma garrafa, com o SPM de Mansoa, que viajou até às Bahamas (Germano Santos)

18 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1968: Cusa di nos terra (2): O Embondeiro, aliás, Poilão, de Mansoa (Germano Santos)

18 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3071: Os nossos regressos (11): Guiné, 1970/73. Porra, é muito tempo. (Germano Santos).

13 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3305: O meu baptismo de fogo (8): Mansoa, 1 de Abril de 1971 (Germano Santos)

3 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4132: Efemérides (19): O ataque a Mansoa, no dia das mentiras, 1 de Abril de 1971 (Germano Santos)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 29 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5725: Parabéns a você (72): Luís Graça, ex-Fur Mil da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 - O Rei Luar (Migueis da Silva)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4132: Efemérides (19): O ataque a Mansoa, no dia das mentiras, 1 de Abril de 1971 (Germano Santos)

1. Mensagem do Germano Santos, com data de 1 de Abril. O Germano foi 1º Cabo Operador Cripto, CCaç 3305/ BCaç 3832, Mansoa, 1971/73 (*).

Boa tarde a todos,

No "nosso tempo" o dia 1 de Abril era o dia das mentiras, não sei se ainda hoje assim continua, mas também, e para o caso, pouco importa.

Venho só lembrar o pessoal do Batalhão de Caçadores 3832 que faz hoje exactamente 38 anos que sofremos o nosso primeiro ataque.

Não terá sido todo o Batalhão, mas o pessoal em Mansoa sofreu neste dia o seu baptismo de fogo e que fogo, camaradas!

Eu, por exemplo, estive a vê-lo, durante largos minutos, metido num buraco (uma vala) em frente ao posto dos correios em Mansoa, na rua principal.

Dentro da vala, cheio de m..., de barriga para cima a apreciar os very-lights e a ouvir os sons das morteiradas e das costureirinhas.

Um espectáculo, gratuito e, felizmente, sem consequências para o pessoal.

Recordar ainda é viver.

Um abraço para todos.
Germano Santos
_____________

Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 11 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1835: Tabanca Grande (10): Germano Santos, ex-1º Cabo Op Cripto, CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3305: O meu baptismo de fogo (8): Mansoa, 1 de Abril de 1971 (Germano Santos)

Guiné > Região do Óio > Mansoa > BCAÇ 2885 (1969/71) > Vista aérea do quartel.

Foto: © César Dias (2007) (Por cortesia do Carlos Fortunato, webmaster do Portal Guiné-Bissau e da página da CCAÇ 13, Guerra na Guiné - Os Leões Negros)

"Mansoa é uma linda vila, à qual o rio Mansoa empresta também os seus encantos, dando-lhe um verde imenso, e florido. A história da Guiné passa por Mansoa, não só por ser um importante centro de comércio, mas também por ser um centro militar de grande importância estratégica, pois era aqui que existia a única ponte que permitia o acesso a Bissau.

"Inserida na conflituosa região do Óio, e a poucos quilómetros da mítica mata do Morés, Mansoa foi sempre um palco importante na história da Guiné. A partir de 15/12/2003 a jangada que atravessava o rio rio Mansoa em Joladim [João Landim] , foi substituída por uma excelente ponte, passando a existir um segundo acesso a Bissau" (Carlos Fortunato, na sua excelente página sobre a Guiné-Bissau : vd. História > 1969/74, BCAÇ 2885; belas fotos do autor e do Césdar Dias; ambos são membros da nossa Tabanca Grande).


1. Mensagem do nosso camarada Germano Santos, ex-1.º Cabo Op Cripto da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (*), Mansoa, com data de 4 de Outubro de 2008, com a sua contribuição para a série O meu baptismo de fogo (**):

Boa tarde e votos de um bom fim de semana para todos vós, Editores do blogue.

Correspondendo ao convite do Carlos Vinhal e para que a ideia não fique moribunda, vou dar o pontapé de saída (após o Briote) sobre o tema o meu PRIMEIRO ATAQUE.

Não, não é mentira. O meu primeiro ataque aconteceu no dia 1 de Abril de 1971.

Estávamos na Guiné há apenas três meses, e em Mansoa há cerca de dois. Foi ao fim da tarde, assim mais para o anoitecer, como posteriormente vim a verificar que era o habitual naquelas paragens.

Não vos vou falar de mortos nem de feridos, porque felizmente não os houve. Dir-vos-ei, isso sim, que para quase todos nós foi uma novidade, uma estreia e uma estreia em grande.

E porquê uma estreia em grande ? Em grande, porque o ataque foi todo ele de mísseis, os famosos foguetões 122.

Ainda hoje não sei o que senti naquele fim do dia. Em rigor, creio que não senti nada, dada a inconsciência completa em que me encontrava. Ou seria pânico ?

No momento do ataque eu estava sentado no Restaurante do Simões, na Praça principal de Mansoa. Estava sentado no seu interior ou a jantar ou a preparar-me para tal. O que recordo com alguma clareza é que, derivado do sopro de um dos mísseis que caíu perto do restaurante, mais precisamente no muro da escola primária, abanei eu e a cadeira onde me sentava.

Num lote de fotos que em tempos enviei ao Luis Graça, encontra-se uma fotografia (que eu nessa altura identifiquei com o n.º 18) em que me encontro junto a esse muro, parcialmente destruído.

Não é uma história dramática, lá isso não é, mas é a história do meu primeiro ataque.

Um abraço para todos os tertulianos.

Vamos lá dar asas à saga dos nossos primeiros ataques na Guiné.
Germano Santos


Germano Santos, de camuflado e óculos de sol, passeando por uma rua de Mansoa

Foto: © Germano Santos (2007). Direitos reservados.


Mansoa > Na Esplanada da Casa Simões, almoçam os furriéis César Dias e Caetano

Foto: © César Dias (2007). Direitos reservados.



2. Comentário de CV

Obrigado Germano pelo teu contributo. Não encontrei a foto de que falas. O Luís Graça deve tê-la algures pelos seu arquivos, mas como são milhares é quase impossível encontrá-la. Deixo uma tua e outra do camarada e amigo César Dias que palmilhou como nós o mesmo chão.
_____________________

Notas de CV

(*) Vd. postes de

4 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1814: Tabanca Grande (8): Apresenta-se o Operador Cripto da CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832 (Mansoa, 1970/73) , Germano Santos

11 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1835: Tabanca Grande (10): Germano Santos, ex-1º Cabo Op Cripto, CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73

12 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1840: A trágica história dos sapadores Alho e Fernandes da CCS do BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73 (César Dias / Gerrmano Santos)

8 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1934: Mansoa era uma vila lindíssima, um jardim (Germano Santos)

18 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3071: Os nossos regressos (11): Guiné, 1970/73. Porra, é muito tempo. (Germano Santos).

(**) Vd. último poste da série, de 11 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3293: O meu baptismo de fogo (7): Mansabá, 21 de Abril de 1970 (Carlos Vinhal)

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Guiné 63/74 - P3071: Os nossos regressos (11): Guiné, 1970/73. Porra, é muito tempo. (Germano Santos).

A ida e o regresso do BCaç 3832

Germano Santos

ex-1.º Cabo Operador Cripto
CCaç 3305/BCaç 3832
Mansoa 1971/73
__________

Tudo começou a 19 de Dezembro de 1970 quando manhã cedo os putos e os menos putos, sendo que na maioria eram mesmo putos, nos pusemos a subir as escadas que nos conduziam ao barco que nos iria levar.
Grande estreia em viagens marítimas e de tão grande distância para quase todos nós.

O destino era Bissau. O destino era a Guerra.

O "Carvalho Araújo" também não queria ir



O transporte era horrível, nada mais nada menos que o "Carvalho Araújo", barco que simultaneamente com o transporte de militares para África, servia também para o transporte de gado dos Açores para o Continente.
Os aposentos então, eram uma pequena "maravilha". Tudo ao molho e fé em Deus porque o cansaço por certo apareceria e para dormir qualquer lado havia de surgir.
Lá arrancámos, mas as coisas não começaram bem. Então não é que o "Carvalho Araújo" não queria navegar e resolveu parar ali mais ou menos sob a ponte. Já não me recordo se foi na noite desse dia ou na manhã seguinte que ele resolveu abrir caminho para abraçar e nos pôr também a abraçar essa maravilhosa terra africana.
Viagem de amotinados ou coisa parecida foi o que me pareceu ser a viagem nos primeiros dias, tantos eram os vómitos, tantas eram as bebedeiras.

Para compensar o facto do nosso barco navegar muito depressa e por essa razão nos ter feito passar o Natal dentro dele, lá fomos presenteados com uma manhã no Mindelo, São Vicente, Cabo Verde.
Creio que uma grande parte de nós terá comido pela primeira vez batatas fritas, mas doces. Eu comi e estranhei imenso.

Seguimos viagem e eis-nos em Bissau a 29 de Dezembro. Julgo que terá sido batido o record marítimo Lisboa-Bissau, nada menos nada mais que dez dias. Um espectáculo.

Depois seguiu-se o Cumeré para uns, o Quartel-General para outros e, mais tarde, cerca de um mês, a zona de intervenção do Batalhão para todos.

De volta no Uíge

O regresso, o ansiado regresso deu-se em Janeiro de 1973, aos dias 6 desse mês e num barco a sério (para quem tinha ido no Carvalho Araújo) o "Uíge". Cinco dias, apenas cinco dias, metade do tempo gasto na ida, foi quanto demorámos a regressar.

Para além da felicidade que foi o regresso, as condições não tinham nada a ver com a ida.
Melhores acomodações. Melhor comida. Menos vómitos. Menos bebedeiras, mas muita, muita alegria.

Duas situações ocorreram nesta viagem que demonstram claramente como alguns de nós crescemos em África e também como alguns de nós já embarcámos algo crescidos.
Num espectáculo levado a efeito numa das noites da viagem, espectáculo todo ele concebido e realizado por nós militares, praças, cabos, sargentos e oficiais, a certa altura ia actuar, creio que declamar poesia, um alferes, mais concretamente o alferes Farinha (actualmente no Brasil).
Todo o comando do Batalhão e do navio estava a assistir ao dito espectáculo. Vai daí o apresentador do mesmo anunciou que o camarada Farinha ia actuar.
Foi o bom e o bonito, o comando do Batalhão chamou de imediato o apresentador para o informar que termo camarada tinha-se esgotado na Guiné, agora os oficiais tinham de ser apresentados pela sua patente.
O apresentador desceu ao palco e informou o alferes Farinha que o espectáculo deixava de ter apresentador.
Confesso que já não me lembro se o espectáculo continuou ou não, penso que sim, mas não comigo.

Uns dias antes de embarcarmos, alguns de nós que em Bissau, no Café Pelicano, aguardávamos pelo transporte de regresso, começámos a falar sobre a "porra" do tempo que tínhamos estado na Guiné. Achávamos nós que tinha sido muito tempo, de Dezembro de 1970 a Janeiro de 1973. Para nós eram três anos de calendário, embora soubéssemos que de facto tinham sido mais ou menos 25 meses.
Vai daí decidimos arranjar um lençol no qual escreveríamos qualquer coisa parecida com isto:

Guiné 1970 – 1973 – Porra é muito tempo

A ideia era prender o lençol onde fosse possível e apenas no dia do desembarque em Lisboa, para que todos soubessem o que pensávamos da nossa guerra em terras da Guiné. Se melhor o pensámos melhor o fizemos.
E, na verdade, no dia do desembarque, lá no alto do "Uíge", preso aos botes de salvação, lá estava o nosso lençol, muito esticadinho para que se pudesse ler bem o que nele escrevemos.

Com o que não contávamos é que nesse dia, manhã cedo, Lisboa iria acordar com um denso nevoeiro no Cais da Rocha e nem tão pouco com a pronta resposta da Polícia Militar.
O que o lençol dizia só se começou a ler quando o barco atracou, mas foi mensagem de pouca duração, dado que a Polícia Militar entrou pelo navio dentro e deu cabo da nossa saudação.
Creio que ainda tentaram saber quem tinham sido os engraçadinhos, mas julgo que acabaram por desistir e deixaram-nos ir em paz, não para casa, mas sim para Abrantes a fim de fazermos o espólio.

E pronto, acabou-se a minha história sobre a ida e o regresso do Valoroso Batalhão de Caçadores 3832.

Um abraço para todos.
Germano Santos
__________

Notas:

1. fixação do texto e sublinhados de vb;

2. Artigos relacionados em 11 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1835: Tabanca Grande (10): Germano Santos, ex-1º Cabo Op Cripto, CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73

16 Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3064: Os nossos regressos (10): Uma ida atribulada, um regresso tranquilo...(Valentim Oliveira)

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Guiné 63/74 - P2379: O meu Natal no mato (12): Mansoa, 1971: Uma de caixão à cova... para esquecer o horror (Germano Santos)

1. Mensagem do Germano Santos:

Caros Editores,

Antes de mais, votos de que tudo esteja a correr bem convosco e com os vossos familiares.

Está a escrever para o blogue alguém que até hoje só por uma vez bebeu uísque. E fê-lo exactamente na noite de 24 para 25 de Dezembro de 1971, na longínqua Mansoa, tendo apanhado uma bebedeira de caixão à cova.

Nunca mais mais, até hoje, voltei a ficar embriagado e, como já disse, nunca mais voltei a beber uísque. Nem sequer o seu cheiro suporto, quanto mais o seu sabor. E a razão dessa ingestão e bebedeira de uísque ficou a dever-se a uma situação muito grave e lamentável a que assisti parcialmente.

Já não me recordo que horas eram, mas estaríamos muito próximo da meia-noite de 24 para 25 de Dezembro de 1971, quando um ou dois helicópteros aterraram de urgência na pista de Mansoa para evacuar uns seis militares gravemente feridos em Mansabá. Como sabem, Mansabá dista cerca de 30 Kilómetros de Mansoa e os feridos foram transportados por via terrestre de Mansabá para Mansoa a fim de serem evacuados para o Hospital de Bissau.

O que é que tinha acontecido ? Segundo me disseram, exactamente por ser véspera de Natal, um grupo de camaradas nossos, talvez fartos da guerra que viviam e que não queriam, e ainda pelas saudades dos seus familiares, que nestas épocas são sempre mais fortes, quer estejamos na guerra quer estejamos noutro lado qualquer, pôs-se a brincar com granadas, atirando-as ao ar, até que uma delas levou a sua missão até ao fim e explodíu.

Estive a assistir à transferência deles para os helicópteros e vi cenas que preferia nunca ter visto na minha vida. O estado de todos eles era gravíssimo e ainda hoje me interrogo se algum escapou.

Também não sei qual era a Companhia que na altura estava em Mansabá, sei sim que não era nenhuma companhia do meu batalhão.

Do que vi e que não queria ver nunca, resultou a minha única incursão pelo uísque e também a minha única bebedeira da vida. Foi uma noite muito difícil de passar, podem crer.

Um abraço e votos de Boas Festas e um Feliz Natal para todos os tertulianos camaradas da Guiné.

Germano Santos
Op Cripto da CCAÇ 3305 do BCAÇ 3832

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Guiné 63/74 - P1969: Tabanca Grande (26): Mansoa, 33 anos depois (Germano Santos / Amílcar Mendes)

1. Mensagem de Germano Santos, ex-1.º Cabo Op Cripto da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832, dirigida ao Amílcar Mendes (ex-1º Cabo da 38.ª CCmds, Brá, 1972/74

Amílcar:

Quando te escrevi no outro dia, não duvidava minimamente que tu eras quem eu pensava. Porém, a prudência aconselhou-me a entrar com alguma reserva.

Devemos ao blogue este reencontro, 33 anos depois. É deveras excepcional o que a Internet hoje em dia nos permite, mas sempre com a interacção dos homens, neste caso do Luís Graça.

Conheci-te através da tua irmã Celeste, cujo conhecimento, para o caso de não saberes ou não te lembrares, nasceu nas colunas do extinto Diário Popular. Eu era amante da filatelia, e a propósito de trocas de selos acabei por estabelecer contacto com a tua irmã. Teria eu cerca de 16 anos: Como o tempo passa!...

Após ter-te escrito no outro dia, comecei a pensar na tua família, nos teus pais e nas tuas irmãs. Tentei recordar-me de nomes e encontrei estes, confirma-me se estou certo. Dos teus pais não me lembro os nomes, mas das tuas irmãs lembro-me da Mila, Bia e Céu. Falta-me uma, mas não me lembro.

Como estão todos ?

A francesa era portuguesa, vivia, porém, em Paris. Estou divorciado dela, mas temos um filho em comum, hoje com 33 anos de idade.

Já não me recordo como chegaste a Mansoa vindo de Guidaje, mas lembro-me quando chegaste a Mansoa - periquito -, pois eu já estava lá há uns tempos. Lembro-me que no dia em que vocês chegaram terá morrido um camarada teu que estava na caserna a limpar a arma. Eu estava na enfermaria e ouvi um tiro na caserna onde vocês foram colocados; quando lá cheguei vi a cena final, ele esqueceu-se de tirar a bala da câmara. Recordas-te disto ?

Vais, então, escrever sobre o terrível Morés. Nunca lá fui dentro, mas sei de cenas lá ocorridas que são quase que indescritíveis. Tenho alguma relutância em contá-las.

Espero que não leves a mal o envio de cópia deste mail para o Luis Graça, mas não é todos os dias que dois amigos se encontram ao fim de 33 anos, e ele é o responsável por isso.

Hoje fico-me por aqui. Responde-me e continuaremos o rol das saudades.

Diz-me como estás de saúde e o mais que queiras.

Um abraço grande

Germano Santos

2. Mensagem anterior do A. Mendes, enviada ao camarada Germano Santos:

Sou o Amilcar Mendes, ex-1º cabo da 38ª Companhia de Comandos. Estivemos juntos em Mansoa. Vou te avivar a memória: sou irmão da Celeste e casaste com a francesa com quem nos correspondíamos os dois. Lembras-te como eu cheguei a Mansoa quando vim de Guidaje?

Um grande abraço do Amílcar Mendes

PS - Estou no blogue desde o seu início. Um dia destes vou escrever sobre o Morés.

3. Comentário de L.G.:


Germano e Amílcar: Afinal, a blogosfera é mesmo uma tabanca grande... Eu acho que vocês estavam condenados a (re)encontrar-se. Fico feliz, ficamos felizes, por tal ser possível através do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Quem disse que isto era uma caixa de Pandora, donde só poderiam sair fantasmas, pesadelos, diabos e diabretes ? Pelo contrário, tem sido uma caixa de grandes surpresas e emoções para todos nós...

PS - Desculpem se infrigi uma regra, que é a do respeito pela privacidade de cada um de vós, de cada um de nós. Mas esta estória (como todas as estórias com final feliz, como são as dos reencontros) merece ser partilhada na nossa caserna, entre todos. Entendi que o Germano me dei luz verde, e que o Amílcar não se opunha. Se mudarem de ideias, digam, que a gente num minuto desmonta a tenda.