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segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25050: Notas de leitura (1656): Notas do diário de um franciscano no pós-Independência da Guiné-Bissau (3) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Julho de 2022:

Queridos amigos,
É um testemunho de um valor inquestionável, alguém que acompanha e anota acontecimentos entre 1973 e 1976, a chegada de um novo poder a Bissau, regista as mensagens de maior impacto, cedo se percebe que não houve uma negociação séria entre o novo poder e os portugueses, os hospitais ficam sem médicos e as escolas sem professores e livros. O Padre Macedo regista as primeiras tensões com os apologistas da laicidade e da completa intromissão na obra missionária, deu faísca, as missionárias de Bafatá são as primeiras a sair. O tempo encarregou-se de alisar as propostas fanáticas como as de Lilica Boal, os missionários, depois deste período turbulento regressaram e são altamente estimados, deve-se-lhes o crescimento do catolicismo na Guiné, que não passava de um dígito magro até à independência, hoje o clero é influente, dialogante com o islamismo, as suas escolas são altamente procuradas e o trabalho na área da saúde mantém-se sem rival. Espero que a Ordem Franciscana publique o essencial deste diário, dada a sua riqueza histórica.

Um abraço do
Mário



Notas do diário de um franciscano no pós-Independência da Guiné-Bissau (3)

Mário Beja Santos

Na Biblioteca da Sociedade de Geografia de Lisboa chamaram-me à atenção para o número mais recente da revista Itinerarium, o n.º 227, referente ao semestre de janeiro a junho de 2020, a Itinerarium é a revista semestral de cultura publicada pelos franciscanos em Portugal. Ali aparece um artigo com páginas do diário de Frei Francisco de Macedo (1924-2006) que foi missionário na Guiné entre 1951 e 1997. O diário inclui os apontamentos do religioso sobre os primeiros anos da Independência, a matéria versada relaciona-se com a educação e as missões.

Estamos a 18 de outubro de 1974, escreve: “O ruído das pancadas é estranho! Depressa me ocorre a verdade do facto: estão a retirar as letras Honório Barreto do liceu. Pobre Honório… Até tu, que eras guinéu de têmpera e que nos dias de hoje terias sido outro Amílcar, foste considerado grande colonialista e por isso querem apagar o teu nome da memória dos homens!”

Cresce a tensão entre membros da direção do PAIGC e os missionários. Nessa mesma data, consta do seu diário: “O Sr. Prefeito Apostólico recebeu as Irmãos de Bafatá, que lhe falaram da visita da Dr. Lilica Boal à casa das Irmãs em Bafatá. É uma fanática do Partido. Disse às Irmãs que o internato teria de ser misto, o que pôs em sobressalto as pobres das Irmãs. À noite, o Sr. Prefeito recebeu notícia de que tinha sido convidado para ir ao aeroporto esperar os “Homens Grandes” do Partido, que deviam chegar ao aeroporto às 10h do dia 19. A notícia caiu bem e deu-nos ânimo.” E no dia seguinte relata a chegada de Luís Cabral, Aristides Pereira, Nino e Chico Té, houve saudação à chegada do presidente do município, Juvêncio Gomes. E regista a resposta de Aristides Pereira: “A luta continua. Cabo Verde não está livre e é preciso que connosco forme uma só nação.”

A 21, volta a anotar que a posição do novo Governo não é manifestamente favorável às missões. “Uma onda de tristeza e de derrota se apoderou de alguns de nós, ao termos conhecimento da orientação que o Partido está decidido a tomar em relação aos internatos das Irmãs. Não há chance alguma para as obras missionárias.” A 25, continua as suas considerações sobre a mesma matéria: “Pelos contactos havidos e observações feitas, se vai notando que a ação da Igreja vai ficar muito coartada pela nova orientação política. É um Governo declaradamente laico que quer tomar nas mãos toda a juventude para instruir segundo a doutrina do Partido.” Mas não deixa haver surpresas, pois nesse mesmo dia Mário Cabral preside a uma reunião com os responsáveis da Educação e professores onde anuncia que será o camarada Padre Macedo que vai ser o reitor do liceu.

Estamos agora a 28, já está decidido qual o nome para o liceu de Bissau: Liceu Nacional Kwame N’Krumah. A 1 de novembro, regista que o Internato de Bor vai ser dirigido por um elemento do Partido e escreve que o totalitarismo se está a implantar. “Frequentes vezes nos interrogamos sobre qual o melhor sistema de governo para os povos africanos. A democracia evidentemente só é possível em países onde haja respeito mútuo pelas ideias políticas e maneira de pensar de cada cidadão. Ora, isso não acontece em países africanos, onde predomina o regime patriarcal. Dizem que há muitos inimigos. Continuam em luta e tomam todas as precauções de defesa. Todas as residências dos dirigentes e responsáveis estão guardadas por militares.” Também nos dá a saber que partiram delegações da Guiné-Bissau para Lisboa, é o próprio Mário Cabral quem declara que a Guiné-Bissau necessita com urgência que os seus hospitais não fiquem sem médicos e que as escolas não parem por falta de professores e de livros escolares, apela-se à cooperação portuguesa.

Em 5 de novembro, é manifesto o seu desânimo, nunca escrevera a este nível de desfalecimento: “Desfazer, desmantelar, derrubar, demolir, arrasar, abater, destruir, destroçar, desconjuntar, desertificar, aluir todas as obras de valor cultural, assistencial ou socioeconómico, realizadas e mantidas pelos portugueses, parece ser a ideia principal de alguns responsáveis do Partido. O pensamento essencial é anular, desfigurar, dissipar, apagar da mente do povo todo o conceito de bem que possa haver a respeito do branco. O único remédio e médico para estas coisas é o tempo.” Estamos agora a 8 de novembro, iniciaram-se as aulas no liceu, sai-lhe um comentário muito pessimista: “Este estabelecimento de ensino está transformado numa fábrica de… futuros operários desempregados.” No dia 14 regista no diário que a Rádio Libertação tinha emitido naquele dia um ataque frontal aos padres: “Padres sobrealimentados… e o povo subalimentado. Queremos uma nação sem subalimentados e sem padres sobrealimentados.” É neste período que há uma troca de correspondência entre o Prefeito Apostólico e o Secretário-Geral do PAIGC, Aristides Pereira. Este procura ser habilidoso, escreve contidamente, apela a que os missionários se mantenham no seu posto, o seu trabalho é altamente meritório. Acontece que as Irmãs de Bafatá tinham recebido instruções para regressar a Portugal.

Estamos nas vésperas de Natal, a 22 de dezembro, Chico Té preside a um seminário para professores do ensino secundário, o seu apelo é provavelmente a produção, não deixa de afirmar que o Governo é laico, mas que respeita todas as crenças. A 27 de dezembro, há um seminário político em que o conferente foi o Dr. Vasco Cabral. Observou em determinada altura que a direção do Partido organizara a greve o Pidjiquiti, em 3 de agosto de 1959 (rotunda mentira, dirigentes máximos do PAIGC, como Luís Cabral, sempre tiveram cuidado a falar desta greve dos estivadores manjacos), o Partido tinha analisado o acontecimento e reconheceu que não podia adotar essa via dentro dos meios urbanos (o que efetivamente aconteceu foi que Amílcar Cabral foi o autor de tal observação, abrindo espaço para a organização da subversão e desvio para Conacri de militantes para sempre preparados para a luta armada, o que efetivamente aconteceu graças ao denodado trabalho de Rafael Barbosa).

O Padre Macedo ainda põe no seu diário a 30 de dezembro a referência uma conferência do Dr. Fidélis Cabral de Almada sobre a Justiça popular, e traça um quadro histórico:
“Os descobridores veem povos com leis, com costumes, com justiça, com tradições. Queriam eliminar tudo o que era costume, queriam suprimir todos os elementos de civilização. Era este o método de colonização. A regra do domínio de um povo sobre outro povo. Por isso, a noção de Justiça e de Direito foi também eliminada. O povo da Guiné foi considerado colónia de indigenato. De fazer justiça eram encarregados os chefes de posto e os administradores, gente com espírito mercenário que vieram apenas para enriquecer. Os comités de tabanca acatam os princípios em que o povo tem de mandar na sua cabeça. A eleição do comité de tabanca faz-se por eleição popular. Em 1969, o Partido chega à conclusão de que tudo está maduro para a criação da Justiça popular. Lançámos a ideia de juízes populares, eleitos pela maioria. Escrivães, professores primários, faziam parte dos tribunais populares. O nível de criminalidade diminuiu logo. Havia pena de morte por fuzilamento. A revitalização da nossa cultura nacional surge no campo jurídico.”

O diário do Padre Macedo termina em 12 de fevereiro de 1976. Espera-se que a Ordem Franciscana, perante a valia deste testemunho histórico, permita a sua publicação, contém matéria digna de reflexão para esse período em que tantas medidas foram tomadas e que o tempo se encarregou de esvaziar o conteúdo.
Missão das Irmãs Clarissas Franciscanas em Gabu, Guiné-Bissau
No sábado, dia 29 de dezembro de 2018, em Suzana, Dom Pedro Zilli teve a felicidade de viver a graça da ordenação sacerdotal do Pe. Jacinto Baliu Sibandió, o primeiro missionário da comunidade paroquial de Suzana para a Congregação dos Missionários do Santo Espírito

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Nota do editor

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Último post da série de 5 DE JANEIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25038: Notas de leitura (1655): O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974 - Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (6) (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25027: Notas de leitura (1654): Notas do diário de um franciscano no pós-Independência da Guiné-Bissau (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Julho de 2022:

Queridos amigos,
Podemos pensar o que quisermos deste diário, é indiscutivelmente uma relação, o missionário franciscano estava na hora certa no tempo certo a viver o que registou, reuniões com promessas de profundo apreço pelo trabalho missionário, aquelas notícias desencontradas da muita vigilância à volta de Bissau para repelir não sabemos bem o quê e de quais intentos da FLING, que abertamente era contra a união Guiné-Cabo Verde. Os seus passeios naqueles dias em que partiam os últimos militares portugueses e em que se fixava uma placa de alumínio no que fora a residência do comandante militar e passava a ser a Embaixada de Portugal. Os conceitos de nacionalidade guineense, uma nota espúria de que havia casos de terror, já se praticava a justiça popular, tudo parecia que iria haver um bom entendimento entre o Partido único e os franciscanos, veremos seguidamente que já há nuvens no horizonte.

Um abraço do
Mário



Notas do diário de um franciscano no pós-Independência da Guiné-Bissau (2)

Mário Beja Santos

Na Biblioteca da Sociedade de Geografia de Lisboa chamaram-me à atenção para o número mais recente da revista Itinerarium, o n.º 227, referente ao semestre de janeiro a junho de 2020, a Itinerarium é a revista semestral de cultura publicada pelos franciscanos em Portugal. Ali aparece um artigo com páginas do diário de Frei Francisco de Macedo (1924-2006) que foi missionário na Guiné entre 1951 e 1997. O diário inclui os apontamentos do religioso sobre os primeiros anos da Independência, a matéria versada relaciona-se com a educação e as missões.

Dando-se continuidade a um diário que vem pela primeira vez à luz do dia, ainda na reunião havida em 20 de setembro com a equipa que o PAIGC nomeara para a Educação escreve Frei Francisco de Macedo: “Saímos com a certeza de que o trabalho dos missionários tinha sido muito válido e que muito contribuiu para que a Guiné-Bissau tivesse alcançado a independência. Essa verdade tem nos sido afirmada muitas vezes por alguns dos responsáveis do Partido, que nos vêm cumprimentar e manifestar a sua gratidão. Entre estes contam-se o camarada José Neto, que foi criado na missão de Cacheu e nutre uma amizade muito especial por Monsenhor Amândio Neto. Outro amigo que nos veio cumprimentar foi o camarada Julião Lopes, antigo aluno da Escola Dona Berta e agora nomeado comandante da Marinha. Estes e muitos outros são unânimes em dizer que quase todos os homens importantes do PAIGC e os seus principais militantes saíram das escolas das Missões, em especial de Bissau, Bula, Canchungo, Bafatá e Bolama”.

Em 24 de setembro anota no seu diário que se celebra o 1.º aniversário da República da Guiné-Bissau. O acontecimento foi festejado em Madina do Boé, onde construíram casas-palhotas para receber os convidados e onde querem lançar as bases da capital do do no Estado. “Disseram-me alguns militantes que querem lançar em Madina do Boé os alicerces da nova Nação, com programas diversos quanto ao Ensino, à Saúde e Agricultura. Há falta de apoio ao PAIGC por parte de muita população. Daí o controlo rigorosíssimo que implantaram em todas as saídas e entradas de Bissau.”

Tece seguidamente considerações sobre os primeiros tempos da independência: “Há uns anos que para a Guiné não vinha ninguém de Portugal, a não ser alguns administrativos e comerciantes. E, digamos a verdade: uns e outros imbuídos de ideias colonialistas, considerando o nativo como um escravo, sem acesso à cidadania; nada produzindo nem se interessando por iniciativas de desenvolvimento económico desta terra, limitando-se a importar panos e outros artigos para na venda tirarem lucros fabulosos. Alguns industriais e comerciantes até se mostraram hostis a que os missionários abrissem escolas e se empenhassem pelo ensino”. Frei Macedo duvida dos dados apresentados pelo PAIGC quanto ao analfabetismo, a propaganda falava em 99% de analfabetos, ele observa que numa população de 500 mil habitantes devia haver, pelo menos, 30 mil que sabiam ler e ter alguma instrução. E, mais adiante, escreve: “Desde meados de setembro que o PAIGC montou um sistema de controlo muito rigoroso nas estradas. Dizem que por causa do movimento da FLING. Ninguém nos informou devidamente sobre este caso. Temos conhecimento, por conversa com muitos estudantes guineenses residentes em Lisboa, que a FLING apoia o Partido que lutou pela independência, mas não apoia a sua união com Cabo Verde para formar uma só nação. Terão razão? O tempo dirá!...”

Anota no seu diário a 3 de outubro que andaram a retirar dos seus pedestais as estátuas associadas à presença portuguesa, caso de Teixeira Pinto, Nuno Tristão, Honório Barreto. E, inopinadamente diz que se continua a assistir a atos de terror, e conta uma história passada em Nhacra que meteu esfaqueamento, terão achado muito bem em ver o povo a fazer justiça sem que as autoridades se tivessem intrometido. A 13 de outubro regista que se fez a entrega do complexo do Quartel-General de Santa Luzia, passou a ser ocupado por dirigentes do PAIGC, os últimos militares portugueses abandonarão dentro de horas a Guiné-Bissau. No dia seguinte, deixa lavrado no seu diário que pela noitinha ele, o Prefeito Apostólico e o Padre Afonso deram a volta pela cidade, os militares portugueses tinham partido no Uíge e em Caió, o Niassa esperava os últimos soldados que vinham em lanchas. “Deve ter sido única esta retirada dos 25 mil militares portugueses, em ordem em sem confusão alguma.” E no dia seguintes escreve: “Dei uma volta a pé pela cidade. Passei em frente da antiga residência do comandante militar e li em placa de alumínio: Embaixada de Portugal. Fiquei satisfeito. É uma ótima residência e bem situada. Portugal continua. É a primeira embaixada a marcar presença, como é natural.”

E no dia seguinte regista que houve uma reunião na Associação Comercial e Industrial de Bissau presidida por Vasco Cabral, comissário da Economia e Finanças, há perguntas e respostas. Vasco Cabral informa quem o interpelou que a Guiné-Bissau faz parte do Terceiro Mundo. “O nosso sistema é de economia democrática. No mundo de hoje, em todas as nações, estamos perante esta realidade: sistema de vida capitalista e sistema socialista. Vamos aproveitar o melhor que houver dos dois.” Interpelado sobre a questão da dupla nacionalidade, respondeu Fidélis Cabral de Almada, comissário da Justiça: “Conscientes de uma larga convivência com o povo português, não deixamos de nos preocupar com aqueles portugueses de boa fé que continuam na nossa jovem República. Todos os cidadãos são classificados em 3 categorias: a) os indivíduos, filhos de estrangeiros, nascidos aqui, com permanência de 10 anos, serão considerados cidadãos e gozam de todos os direitos; b) os indivíduos não nascidos na Guiné, mas com permanência de 20 anos pelo menos, são cidadãos guineenses; c) aqueles que não nasceram na Guiné, mas filhos de gente da Guiné, são cidadãos e gozam de todos os direitos”. Interpelado sobre qual a Justiça para os que pertenceram à polícia política portuguesa, Fidélis respondeu: “Serão estudadas as diversas situações e aplicadas as penas. No que se referem aos cidadãos estrangeiros, podemos nacionalizar os seus bens, sendo atribuída uma justa indeminização. Tudo sem espírito de vingança.” Vasco Cabral observou que tinha estado na CICER: “Visitei a fábrica e fiquei realmente admirado. Não esperava tanto. Há necessidade desta fábrica. Produzir muito para exportar e adquirir divisas e cambiais.”

Frei Macedo também anota uma notícia que encontrou, do seguinte teor: “O Governo português decidiu que os soldados da Guiné, que prestaram serviço no Exército português, podem escolher ser cidadãos da Guiné ou de Portugal. Os que decidirem ser cidadãos da Guiné regressarão imediatamente à sua terra.”

(continua)

Leprosaria da Cumura
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Notas do editor

Poste anterior de 25 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P25000: Notas de leitura (1652): Notas do diário de um franciscano no pós-Independência da Guiné-Bissau (1) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 29 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P25012: Notas de leitura (1653): O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974 - Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (5) (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P25000: Notas de leitura (1652): Notas do diário de um franciscano no pós-Independência da Guiné-Bissau (1) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 6 de Julho de 2022:

Queridos amigos,
É uma revelação, um diário elaborado por um missionário franciscano ligado sobretudo à educação. Veja-se a solução que ele encontrou para uma prova de exame, naquela alvorada do pós-Independência, um verdadeiro achado aquelas diretivas da democracia revolucionária. Questiono muitas vezes estes documentos que tendencialmente ficaram no anonimato, e que hoje seriam contributos do maior interesse. Tirando o acervo de Amílcar Cabral e alguns esparsos deste ou daquele dirigente, caso de Filinto Barros ou Delfim Silva, é confrangedor o silêncio daqueles líderes que fizeram luta. Lembro-me de uma conversa havida com Filinto Barros, Delfim Silva, Chico Bá, no final de novembro de 2010, falava-se então com alguma expetativa do diário de Chico Mendes (Chico Té), tanto quanto se sabe não conheceu a luz do dia. Será um embaraço para os historiadores, no futuro, ter de lidar com este vazio, o tempo é implacável e os mortos não falam.

Um abraço do
Mário


Notas do diário de um franciscano no pós-Independência da Guiné-Bissau (1)

Mário Beja Santos

Na Biblioteca da Sociedade de Geografia de Lisboa chamaram-me à atenção para o número mais recente da revista Itinerarium, o n.º 227, referente ao semestre de janeiro a junho de 2020, a Itinerarium é a revista semestral de cultura publicada pelos franciscanos em Portugal. Ali aparece um artigo com páginas do diário de Frei Francisco de Macedo (1924-2006) que foi missionário na Guiné entre 1951 e 1997. O diário inclui os apontamentos do religioso sobre os primeiros anos da Independência, a matéria versada relaciona-se com a educação e as missões.

Frei Macedo começa por uma referência ao 24 de setembro de 1973, data da independência unilateral da Guiné-Bissau, com reconhecimento imediato por 80 países. E escreve quanto ao 25 de Abril: 

“Pouco depois da Revolução, a Guiné e Portugal entraram imediatamente num acordo de cessar-fogo e iniciaram as negociações para reconhecimento de jure da independência da Guiné-Bissau.”

Escreve que em 6 de setembro ele e o padre José Afonso Lopes, que estavam em férias em Portugal, regressaram a Guiné, ele continuou como reitor do liceu, o padre Afonso como diretor das Escolas das Missões de Bissau. No dia seguinte anota: 

“Vasco Cabral, ministro da Economia e Finanças, realizou um encontro com os comerciantes na Associação Comercial. Afirmou que tudo continuava na mesma: o sistema monetário, as transações, os câmbios. Reconheceu que a nova República era impotente para assumir a responsabilidade de todos os quadros. Pediu que todos os europeus continuassem, pois precisavam da colaboração em especial técnica e cultural.”

A datação dos acontecimentos prossegue, 10 de setembro é o reconhecimento por Portugal do novo Estado independente, 2 dias depois a transferência de poderes que se realizou gradualmente pelo interior do país, em que os quadros da administração portuguesa eram substituídos pelos quadros do PAIGC. Escreveu em 16 de setembro o teor da reunião havida com os responsáveis da Educação, Mário Cabral, Lilica Boal, Domingos Brito dos Santos, com os professores do ensino secundário, já se tinha realizado a 14 a reunião com os professores do ensino primário.

Mário Cabral reconheceu as inúmeras dificuldades, especialmente para preencher os quadros dos professores. Falou na necessidade de descongestionar Bissau, criando escolas do Ciclo e Liceus, sobretudo em Canchungo e Bafatá. 

“No liceu, no próximo ano, os livros e os programas continuarão mais ou menos, apenas com ligeiras alterações nas disciplinas de História e Geografia, em que ocuparão lugar de relevo a Guiné-Bissau e a África com todos os seus povos. Haverá adaptações da gramática portuguesa. Na instrução primária serão já adotados os livros editados pelo Partido. Na impossibilidade de terem já uma universidade, os alunos candidatos a cursos superiores irão para as nações que oferecem bolsas de estudo.”

Digno de nota é o que ele vai escrever a 16 de setembro, quando se iniciaram os exames da 2ª época, foi Frei Macedo quem elaborou a prova de Português do curso geral, vai servir-se de um texto extraído das Palavras de Ordem, de Amílcar Cabral:

“Diretivas da democracia revolucionária

Cada responsável deve assumir com coragem as suas responsabilidades, deve exigir dos outros o respeito pela sua atividade e deve respeitar a atividade dos outros. Não esconder nada às massas populares, não mentir, combater a mentira, não disfarçar as dificuldades, os erros e insucessos, não acreditar em vitórias fáceis nem nas aparências. A democracia revolucionária exige que devamos combater o oportunismo, a tolerância diante dos erros, as desculpas sem fundamento, as amizades a camaradagem com base em interesses contrários aos do Partido e do povo, a mania de que um ou outros responsável é insubstituível no seu posto. Praticar e defender a verdade, sempre a verdade diante dos militantes, dos responsáveis, do povo, sejam quais forem as dificuldades que o conhecimento da verdade possa criar. A democracia revolucionária exige que o militante não tenha medo do responsável, que o responsável não tenha receio do militante nem medo das massas populares. Exige que o responsável viva no meio do povo, à frente do povo e atrás do povo, que trabalhe para o Partido ao serviço do povo.

I Depois de ter lido com atenção o texto do camarada Amílcar Cabral, onde se estabelecem as diretivas do princípio da democracia revolucionária, procure responder às perguntas seguintes […]

Redação

Como sabe, a República da Guiné-Bissau é o mais jovem país africano. Servindo-se dos conhecimentos que tiver sobre esta jovem nação e sobre o grande herói pela sua independência, o camarada Amílcar Cabral, redija uma pequena composição.

Observação. Este ponto foi muito simples e foi elaborado um tanto à margem do programa, que era igual ao de Portugal, mas adaptado ao momento histórico que se vivia na República da Guiné-Bissau.”


Em 20 de setembro tem lugar uma reunião no gabinete do secretário de Estado da Educação e Cultura, preside Mário Cabral e estão presentes os principais responsáveis dos missionários que têm trabalhado na Guiné, caso de Monsenhor Amândio Neto, padre Ermano Battisti, padre Settimio Ferrazzeta, padre Afonso José Lopes e padre Francisco Macedo, ainda está presente o pastor dos Adventistas, Francisco Caetano. Mário Cabral elogia o trabalho dos missionários, realçando o seu valor no campo da educação. Ele próprio fez a sua instrução primária nas Escolas das Missões de Bissau, Dona Berta Craveiro Lopes. Pede a colaboração dos missionários no campo do ensino. 

“Todo o ensino seria oficializado e todos os professores seriam nomeados por eles. O seu Estado era um Estado laico, com plena liberdade religiosa. Referiu-se ao problema das escolas islâmicas, dizendo que o seu governo pensava criar mais tarde um instituto islâmico.”

Talvez valha a pena trazer aqui à consideração do leitor um artigo publicado no nosso blogue envolvendo outro missionário, veja-se o post “Guiné 61/74 - P21595: (De)Caras (166): Frei José Marques Henriques, da Ordem dos Frades Menores, 44 anos de vida sacerdotal na Guiné-Bissau, antes e depois da independência, como capelão militar e missionário”.

(continua)
A trabalhar na leprosaria desde 1955, os frades franciscanos só em maio de 1969 veem o Governo da Colónia entregar-lhes oficialmente o complexo hospitalar e os terrenos adjacentes. É o Governador Pedro Cardoso que em 20 de maio de 1969 manda publicar o decreto que institui formalmente o que a Missão de Cumura é hoje:

Considerando que os Missionários Franciscanos de Veneza que vieram a esta Província para tratar da lepra no Hospital-Colónia de Cumura se adaptaram às exigências do tratamento dos leprosos, revelando muita dedicação, espírito humanitário e de sacrifício, realizando um trabalho notável sob todos os pontos de vista, devendo destacar-se os trabalhos de carácter religioso e social durante a breve permanência neste Hospital-Colónia... o Encarregado do Governo da Guiné decide: 

Que os terrenos que faziam parte da reserva do Estado a cargo da Missão contra a Tripanossomíase, com a área de 108,2 hectares, situados na região de Cumura, do posto administrativo de Prábis, sector de Bissau, confinante a norte e oeste com o Rio Péfine e a sul com o terreno agrícola e a Missão católica de Cumura, passem a constituir uma reserva parcial para o tratamento da lepra, a cargo da Missão católica de Cumura.

O Pe Settimio reconhece que esta doação significa "mais trabalho para nós, mais responsabilidade diante do Governo, a sociedade civil e a Igreja; mas finalmente ficaremos livres para pedir ajudas económicas a tanta gente de boa vontade que terá a satisfação de ver dentro de pouco tempo as barracas de pedra e palha mudadas em pavilhões e aldeias novíssimos, dignos da nossa civilização, fornecidos de água, energia elétrica, de campos de jogos, de modernas enfermarias, de nova cozinha e serviços higiénicos"
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Liderados pelo Pe Ferrazzeta os frades lançam-se à obra:
Extraído do site da Missão da Cumura, com a devida vénia
Missão franciscana em Canchungo
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Nota do editor:

Último poste da série de 22 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24987: Notas de leitura (1651): O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974 - Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (4) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 12 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24472: Historiografia da presença portuguesa em África (376): O General Craveiro Lopes na Guiné, maio de 1955 (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 19 de Dezembro de 2022:

Queridos amigos,
Há momentos nesta viagem presidencial em que se pressente, que mesmo discretamente na retaguarda, é o ministro do Ultramar que regozija com o legado deixado em cerca de 3 anos de governação. Onde quer que chegue a comitiva presidencial, Sarmento Rodrigues é recebido com a maior cordialidade, tanto pelos agentes coloniais, empresários, administrativos, como pelas autoridades gentílicas e o povo que desassombradamente o saúda. O que se passou em Bissau é flagrante, está tudo marcado pela gestão de Sarmento Rodrigues, dos equipamentos de saúde à educação, às infraestruturas desportivas, às melhorias da ponte do cais de Pidjiquiti. A viagem a Bolama de certo modo deixa o jornalista consternado, fala nas populações em delírio, mas não esconde a dor e a melancolia que aquela cidade ao abandono provoca, houve manifesta incapacidade de gerir com equilíbrio a transferência da capital, Sarmento Rodrigues ainda tentou um acordo com os potentados económicos para estes se manterem firmes naquela região agrícola tão exuberante, mas os negócios foram-se transferindo para Bissau, inexoravelmente Bolama caiu no esquecimento, o que assombra quando o seu património era tão interessante.

Um abraço do
Mário



O General Craveiro Lopes na Guiné, maio de 1955 (2)

Mário Beja Santos

Salazar não viajava, mas pôs os seus presidentes da República a visitar parcelas do império. Eleito em 1951, o general, a sua mulher, o ministro do Ultramar e a sua mulher, partem do aeroporto da Portela em 2 de maio de 1955, pelas 7h30 e aterram em Bissalanca pelas 15h locais. É governador da Guiné Diogo de Melo e Alvim. O jornalista de serviço tece laudas à comitiva e ao séquito político que se vai despedir do presidente da República para esta viagem que não será curta. Fizeram-se obras em Bissalanca para haver uma pista capaz de receber uma aeronave daquele tamanho.

Já estamos a 5 de maio, Craveiro Lopes começa o dia visitando o Dispensário do Mal de Hansen, percorreu três exposições que o jornalista (presume-se Rodrigues Matias, ele aparece como coordenador dos dois volumes a que aqui se faz referência do diário da viagem) classifica a primeira como consoladora, a segunda como banal (à primeira vista) e a terceira macabra. O ilustre visitante recebe uma lembrança, um bordado com as palavras “Seja bem-vindo”, trabalhado a linhas encarnadas sobre linho branco. Das três mulheres doentes que haviam bordado aquele pano, uma não tinha dedos nem mãos. O jornalista foi ao seu encontro e dá-nos um quadro comovente. Enquanto Craveiro Lopes se mantém no Dispensário, o jornalista visita a Cumura, povoação do posto de Prábis, escolhida em tempos pelo comandante Sarmento Rodrigues para local de isolamento dos leprosos contagiosos. E diz-nos o jornalista que ali vivem, num mundo reduzido em pouco, mais de duas centenas de infelizes de ambos os sexos.

Bor, onde Craveiro Lopes se dirigiu após a visita ao Dispensário, é um desconhecido éden da ilha de Bissau, a 6 km da cidade. Ali foi criado um Reformatório de Menores e Asilo de Infância Desvalida, a cargo das Missões Católicas. A designação foi mudada para Asilo de Infância Desvalida de Bor. O ilustre visitante distribui a cada criança um pacote de rebuçados. Craveiro Lopes foi inesperadamente visitar o posto de Prábis. No caminho passou sob um maravilhoso túnel de cajueiros, e diz-nos o jornalista que se tratava de um pormenor que iria ter ocasião de apreciar largamente pelo interior: milhões de cajueiros plantados ao longo de todas as estradas da Guiné.

Findo o programa da manhã, vamos ao da tarde. Craveiro Lopes comparece ao grande festival militar, escolar e desportivo no Estádio de Bissau. Ao centro do campo de futebol formavam a tropa, a mocidade portuguesa, uma companhia de caçadores indígenas, 60 filiados do Centro de Milícias; atrás deste contingente, estão centenas de alunos das escolas oficiais e missionárias, 200 atletas dos clubes desportivos e uma coluna de tropa de segunda linha. Depois do desfile, realizou-se a final de um torneio de futebol entre o Sport Lisboa e Bissau (o Benfica local) e o Clube Futebol Os Balantas (o Belenenses local), ganhou o primeiro. Seguidamente, foram agraciados clubes desportivos e 17 chefes indígenas do concelho de Bissau. Craveiro Lopes sai do estádio em apoteose.

É nesta circunstância que o jornalista aproveita para descrever o concelho de Bissau lembrando que da sua população de 30 mil habitantes, há 22 mil da etnia Papel e 5 mil da etnia Balanta. A 6 de maio, a ilustre comitiva parte para Bolama no aviso Bartolomeu Dias, sem, porém, o jornalista nos ter descrito ao pormenor a nova ponte do cais do Pidjiquiti. Ele trata Bolama como a capital que foi, a visita presidencial é um tanto apresentada como uma romagem de saudade, um misto de peregrinação e desagravo. Faz-se a história da ocupação da primeira capital da Guiné e subitamente surge-nos uma referência a Silva Gouveia, o homem que criou um potentado económico na Guiné: “Silva Gouveia, que chegara à Guiné tão moço como pobre, dedicava-se à pesca; depois abrira padaria e casa de comidas para as praças da guarnição, na rua Marquês d’Ávila; em seguida, arranjara-se a construir edifícios de pedra e cal e requerera licença para lançar um muro-cais em frente da sua maior instalação. Era o colosso a desferir o voo para o grande triunfo que o esperava.”

Há laivos de melancolia nas descrições que se seguem. Bissau, em crise de crescimento repentino, comprava, para cobrir mais casas, as telhas que os proprietários bolamenses arrancavam das suas moradias abandonadas. Mas o jornalista está ali para pintar a cena em cores triunfais, temos a população em massa a acompanhar a viagem de Craveiro Lopes até aos Paços do Concelho, este o edifício da mais elevada categoria arquitetónica. Seguem-se os discursos do presidente da autarquia e do representante do comércio local – todos sonham com o revigoramento de Bolama. No final da sessão, foi lida a portaria que concede escudo de armas e bandeira própria à cidade de Bolama, Craveiro Lopes entregou nas mãos do presidente de autarquia a bandeira já com brasão, entre os calorosos aplausos de toda a assistência.

Segue-se um curioso desfile regional de gentes congregadas no largo Teixeira Pinto, não vai faltar dança frenética. Depois ficamos a saber que no concelho de Bolama não predominam em número os Bijagós, mas sim os Mancanhas. Por entre os dançarinos, um velho exótico passeava despreocupadamente um crocodilo pela arreata de um cordel de juta, o bicho arrastado pela trela dava sinais evidentes de um aborrecimento quase mortal.

Depois do almoço, um trepidante programa de visitas: ao quarte da Companhia Indígena de Engenhos; ao Hospital Regional de Bolama; à Missão Católica e à Igreja de S. José. E vem um encómio do jornalista: “Deixou esta visita ao sr. general Craveiro Lopes a impressão de que a cidade de Bolama se não resigna à condição de vencida pelo facto de ter deixado de ser a capital.”

Segue-se a visita à propriedade Gã Moriá, da firma Silva Gouveia, Craveiro Lopes é recebido pelo administrador D. Diogo de Melo. A Câmara de Bolama ofereceu um Porto de Honra no salão de festas da sede dos Bombeiros Voluntários, a que estiveram presentes todas as autoridades e “a melhor sociedade de Bolama”. À noite, da varanda do Palácio, Craveiro Lopes assistiu às danças Bijagós. O jornalista esmera-se a descrever tais danças, diz que é quase um teatro, logo na intenção do bailado, o bailarino, ajudado pelo corpo de baile que o acompanha, descreve as fases do seu envolvimento com a mulher pretendida, vê-se que esteve atento e que sentiu a densidade daquele processo cultural e artístico.

A 7 de maio, a ilustre comitiva reembarca de regresso às terras do continente. Antes, o jornalista refere que se avista o plano de água em que desciam as grandes aeronaves das primeiras travessias, pista maravilhosa de 6 km de comprimento e 1,8 de largura, no braço de mar chamado Gã Pessoa. Fala-se do desastre aéreo que vitimou os aviadores italianos. Estamos agora a caminho de Fulacunda.


Os dois volumes respeitantes à viagem de Craveiro Lopes à Guiné e Cabo Verde, Agência Geral do Ultramar, 1956
Retrato oficial de Craveiro Lopes no Museu da Presidência, pintura de Eduardo Malta
Dispensário do Mal de Hansen, Guiné Portuguesa
Imagem de uma reportagem da RTP na Guiné no tempo do governador Peixoto Correia
Paços do Concelho de Bolama, já em adiantado estado de ruína
Igreja de S. José, Bolama
Uma das mais admiráveis fotografias de Bolama, publicada no livro "Bijagós: Património Arquitetónico", pelos arquitectos Duarte Pape e Rodrigo Rebelo de Andrade e o fotógrafo Francisco Nogueira; Edições Tinta-da-China, 2016

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 5 DE JULHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24452: Historiografia da presença portuguesa em África (375): O General Craveiro Lopes na Guiné, maio de 1955 (1) (Mário Beja Santos)

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15772: Ser solidário (194): Obrigado, Portugal, da Guiné, Cumura (João Martel e Ana Maria Gala)



Foto nº 1 > O contentor em Bissau, na sede da Fundação João XXIII



Foto nº 2 > Largar amarras para Cumura, bem amarrados


Foto nº 3 > O Tarzan a encantar gerações, pela primeira vez projectado na escola


Foto nº 4 > O que, incrivelmente, coube nas malas de avião, uma parcela do crowdfunding.


Foto nº 5 > Experiência das cores feito pelo 2º Ciclo com as tintas oferecidas.


Fotos (e legendas): Um pé na Guiné (com a devida vénia)


1. Mensagem dos nossos amigos João Martel e Ana Maria Gala:


Data: 12 de fevereiro de 2016 às 19:40

Assunto: Obrigado, da Guiné!



Algo que não podemos deixar de partilhar!... No nosso sítio Um pé na Guiné

 Com um grande abraço a todos, aí na Tabanca Grande!


Ana Maria Gala e João Martel




2. Obrigado, Amigos! Chegou Tudo Inteiro!

por Ana Maria Gala e João Martel


Chegou o dia! Há já muito que de Portugal nos perguntavam: “então o contentor, já chegou?”, “perdeu-se no mar, o que se passa?” “já conseguiram tirá-lo do porto?”… 

Ao ritmo das burocracias e contratempos guineenses, com Natal e Ano Novo pelo meio, um dia toca o telefone – é o nosso amigo Raúl, mestre “diplomata das alfândegas” e director da Cooperativa Escolar S. José, em Bôr, a avisar-nos que o despacho portuário está já no último ministério, na última secretária, com o último carimbo!… Alegria!

No dia 18 de Janeiro, navegando a heróica carrinha velha dos frades, fomos até Bissau, à casinha-sede da Fundação João XXIII, a associação portuguesa, com sede em Ribamar, Lourinhã, que gentilmente nos ofereceu o transporte marítimo dos materiais reunidos para Cumura.

Lá estavam eles, um grupo animado e de piada pronta, à boa maneira lusa (que bom é ouvir e expandir-se na nossa língua), que se lançou, de mangas arregaçadas, aos caixotes que os muitos amigos de Portugal juntaram para nos enviar.

Tudo bem empilhado e amarrado, com solidez à prova das crateras na estrada que teríamos de enfrentar, muitos abraços e cumprimentos e o convite para nos juntarmos ao grupo daí a dois dias, em Ondame, nas profundezas da região do Biombo, onde a Fundação tem feito renascer o velho e vital projecto da Clínica “Bom Samaritano”, um projecto tão antigo como a missão de Cumura, começado por duas missionárias evangélicas nos idos anos 50.

Mas afinal, o que veio de Portugal? (*)

Principalmente, material para a escola e para o hospital. Para este tinham-se comprado 500 unidades de 100 mL de soro fisiológico a preço reduzido, na farmácia do Hospital Garcia de Orta, em Almada, que são muito necessárias para a Pediatria e que normalmente não fazem parte da “lista de compras” da Missão.

Para a escola – a maioria – chegou bastante material escolar, algum material de escritório e o mais necessário – os Livros. Como tínhamos já combinado de antemão com o director da escola, o Frei Carlos, era nossa intenção ajudar a criar a biblioteca para o 1º e 2º ciclos, assim como ampliar a colecção da biblioteca do Liceu. Durante estas próximas semanas, vamos trabalhar na catalogação e criação do espaço e daremos a conhecer as várias obras que chegaram, à medida que estiverem em utilização.

Queremos aproveitar este momento da chegada do contentor, estando agora a bater a metade do tempo da Missão “Um pé na Guiné”, para agradecer a todos os que generosamente quiseram contribuir para nos ajudar neste projecto missionário e ajudar o povo da Guiné-Bissau!

Além do que descrevemos acima, os fundos que recolhemos nas iniciativas do “Crowdfunding” e de outras fontes serviu para comprar vários materiais importantes que vieram connosco de avião, como:

– Um projector vídeo para uso na escola (o cinema tem sido um sucesso!)
– Livros para mediação de leitura
– Material de escrita e artes plásticas
– Livros técnicos de apoio ao professor.
– Cd’s de canções e lenga-lengas em português.

Foram muitos os que contribuíram. Sendo impossível invocar o nome de todos, gostaríamos de lembrar aqui:

– Os que apoiaram a iniciativa do “Crowdfunding”, dando-nos alguns dos fundos iniciais para arrancar com este projecto. Aqui estão eles: Paulo Martel, Mafalda Lima,  João Gala,  Maria Machado, Leonor Matos, Luís Carvalhais,  Ana Gabriela Silva,  Esther de Lemos,  Cecília Albuquerque, DICP,  Hélder Sousa, Maria do Rosário Costa,  Joana Casal Ribeiro, Carlos Farinha Manuel Joaquim, António Sucena Rodrigues,  Alberto Grácio,  Zepinela,  José Viegas,  Acílio Gala, Tiago Tomaz , Tomás Albuquerque,  Maria Henriques.  Catarina Vieira,  Celestino Manso,
Aurora Tomaz, Diogo Martel, Inês Martel, Lourenço Leite,  Inês Santos, Carlos Júlio,  Miguel Borges, Ana Isabel Carvalho,  Mariana Matos,  Nuno Vasconcelos,  José Luís Gala,  Ana Isabel Gala, Alexandra Coelho,  Carolina Pinheiro,  Liliana Lopes,  Rui Marmota,  João Filipe Almeida,  Joana Ressurreição,  Maria, Isabel, Francisco e Filipa Gala,  Rita Coelho Nadjos,  João Silva,  Maria Martel Creche “O Piu-piu”, Pedro Gala,  António Boavida,  Maria do Céu Gomes,  Tomás Mendes.

– As comunidades das paróquias de Porto Salvo (Oeiras), Igrejas do Carmo, dos Carmelitas e de Nª Srª dos Anjos (Porto) e os colaboradores da Fundação Calouste Gulbenkian, que mostraram verdadeiro sentido de solidariedade e família, criando uma grande rede de ajuda e apoiando a nossa partida.

– As nossas famílias, por estarem sempre connosco e por se envolverem na recolha, preparação e envio de todos os materiais reunidos, mesmo após a nossa ausência.

– A Fundação João XXIII, que nos ofereceu o transporte deste contentor e de um segundo, que está prestes a chegar a Bissau e o Raúl, que permitiu que os caixotes vissem a luz do dia na Guiné.

Em nome da comunidade de Cumura e de todos os que irão beneficiar das vossas ofertas e amizade, enviamos um muito obrigado! (**)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 23 de dezembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15532: Ser solidário (189): Notícias de Cumura: estamos muito gratos a todos os que têm apoiado este projecto, sabendo que não há verdadeiramente um projecto 'de alguém', somos todos a remar na mesma canoa da amizade entre os povos (João Martel e Ana Maria Gala)

(**) Último poste da série > 13 de janeiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15616: Ser solidário (193): A Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), distinguida com o Prémio Direitos Humanos 2015, "pelo seu papel notável de 41 anos de apoio aos ex-combatentes vítimas da guerra colonial"

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Guiné 63/74 - P15532: Ser solidário (189): Notícias de Cumura: estamos muito gratos a todos os que têm apoiado este projecto, sabendo que não há verdadeiramente um projecto 'de alguém', somos todos a remar na mesma canoa da amizade entre os povos (João Martel e Ana Maria Gala)




Vídeo (1'34'') > You Tube > João Martel

Publicado a 30/07/2015. Vídeo de apoio ao projecto "Um pé na Guiné", de voluntariado na Guiné-Bissau. Música de José Braima Galissá, título desconhecido, retirada de vídeo do canal de Carlos Narciso.


1. Mensagem dos nossos grã-tabanqueiros, João Martel, médico, e Ana Maria Gala, professora, a partir da Guiné-Bissau, onde estão a  fazer voluntariado social, na Missão da Cumura:


Data: 23 de dezembro de 2015 às 18:54
Assunto: Notícias de Cumura!


Caros Camaradas da Guiné! Saudações da terra de Amílcar!

Já com alguns meses de presença na terra quente, fazemos então um pequeno relatório para a base de como tem sido a nossa presença aqui.

É difícil expressar em poucas palavras o impacto que causa em dois "novatos" a chegada a uma terra nova e tão diferente como a Guiné-Bissau. Mas por estarmos a falar para gente que  a conhece bem, sabemos que podem subentender por detrás do texto o nosso espanto. (*)

Foi já há 3 meses, na madrugada de 12 de Setembro, que pusemos os pés no Osvaldo Vieira, sentindo o impacto da humidade quente assim que se passa a porta do avião. Tralhas e bagagens (chegou tudo inteiro!) e a recepção calorosa dos frades aqui de Cumura, que nos foram buscar. Uma viagem nocturna, cerca das 4 da manhã, por uma Bissau desconhecida e depois pela estrada de Prábis, com o seu q.b. de buracos e quebra-molas, e a boca aberta de espanto. Apesar da hora avançada, ainda várias fogueiras acesas nas palhotas ao longo do caminho, uma ou outra discoteca com música "a bombar" e os nossos olhos esbugalhados, entrando num mundo diferente.

Os primeiros dois dias foram passados a conhecer a Missão. Quem conhece Cumura,  sabe com certeza que já tem infraestruturas significativas, erigidas ao longo dos 60 anos de presença dos frades aqui. Foi sem dúvida decisivo termos embarcado nesta aventura ao lado da drª Alice Ferreira, uma veterana desta guerra já, que colabora com Cumura desde 2001. Entrar aqui "pela sua mão" foi uma vantagem enorme e permitiu-nos muito mais rapidamente sentirmo-nos em casa. A ela, a nossa homenagem (que sabemos que se junta à de Cumura e de outras terras da Guiné, num justo agradecimento pelo incansável trabalho e entrega).

Eu, João, fiquei ligado à Pediatria aqui de Cumura, a trabalhar ao lado da drª Alice, para uma mais rápida adaptação ao terreno. A Ana Maria, professora do 1º e 2º ciclo, ficou a co-coordenar esses mesmos ciclos aqui na escola de Cumura, o que significa supervisionar cerca de 30 professores(as) e cerca de 450 alunos(as)!... Tudo isto implicou uma entrada gradual, claro, e foi decisivo, sob todos os aspectos, o apoio dos frades e irmãs, que são para nós, neste momento, como família.

Em 3 meses já dezenas de peripécias e surpresas tiveram lugar e tempo para acontecer e, agora que nos sentimos já bastante "guineenses", podemos olhar para trás e sentir grande gratidão – para com Deus e com todos os que possibilitaram a nossa presença aqui, entre os quais estão, inegavelmente, os Camaradas da Guiné – em cujo poilão, orgulhosamente, habitamos.

Já tivemos a oportunidade de visitar Cacheu (numa visita de estudo com a escola – momento historicamente muito simbólico!), Nhoma, Nhacra e Buba, numa viagem que fizemos para o Sul, onde ficámos a conhecer a congregação portuguesa das irmãs Hospitaleiras, que lá residem. Outros sítios aqui mais perto também: Prábis, Bôr, Quelele, e claro, Bissau, a velha e hoje tristonha Bissau – podemos calcular um pouco a diferença que sentirá quem lá esteve há 40 anos e olha para ela hoje – pelas fotos, pelos relatos e pelo descuido que se vê hoje nas ruas da cidade, assim como pela espessa cortina de fumo, da decrépita frota automóvel, toda ela mais antiga que nós e em muito pior estado de saúde.

Além dos lugares, muito para além, as gentes, o povo guineense, bom e gentil mas que precisa de tempo para nos deixar entrar no coração (quem não precisa?). Na ligação a toda a comunidade aqui de Cumura, nas várias actividades da paróquia e dos sítios onde trabalhamos, sentimos já que uma larga família aqui nos estima e acolhe e sabemos já de antemão, quando ainda faltam 6 meses para partir (se as coisas correrem bem), que vai ser difícil deixar esta terra, que caiu verdadeiramente "no goto".




Blogue "Um pé na Guiné", de João Martel e Ana Maria, dois jovens cooperantes portugueses que estão a trabalhar no Hospital da Cumura.  Têm igualmente página no Facebook. Só não sabemos onde é que os nossos amigos foram buscar esta imagem, que não é da Guiné, pode ser do Quénia ou outro país da África Oriental, de grandes savanas e acácias, rodeadas de montanhas...   A Guiné é completamente plana, com exceção da região do Boé que tem umas colinas que chegam aos 100/200/300 metros... (Dizem, que eu nunca cheguei a lá ir...) (LG)



Há muito mais para contar mas, à falta de mais tempo para já, lembramos mais uma vez o endereço do nosso blogue (www.umpenaguine.com), onde vamos tentando reunir algumas reflexões e partilhas, ao sabor do tempo disponível e da capacidade de processar as novidades.

Aproveitamos para fazer alguns apelos:

(i) A Ana Maria tem pensado, para este 2º período de aulas na escola, que seria interessante para os alunos do 2º ciclo (10-12 anos – alguns com 15, 16 anos), ouvirem o relato na 1ª pessoa do que foi a luta de libertação na Guiné-Bissau.

Será que os Camaradas nos conseguiam indicar alguém, português ou guineense, de ambos os lados "da trincheira", que esteja cá pela zona de Bissau/Cumura ou arredores e quisesse dar o seu testemunho? Seria uma verdadeira aula viva, ou um simples momento de conversa amena, num formato a combinar. 

Uma das coisas de que enferma o modelo de ensino aqui é o ser extremamente teórico, sem se apelar ao conhecimento prático e a novas formas, mais estimulantes, de passar os conteúdos do programa. As visitas de estudo, que não tinham sido feitas antes, já deram muito bons frutos e tiveram boa recepção. Qualquer contributo que nos dessem teria grande significado para estes alunos!

(ii) Outra questão: conhecemos também pelo blogue dos Camaradas a associação "AD Bissau", que se percebe ser um dos grandes actores do esforço para o desenvolvimento aqui na Guiné. 

Apesar de estarmos relativamente perto, ainda não tivemos a oportunidade de conhecer melhor o seu trabalho. Sabemos que após a morte do Pepito as coisas também se estão ainda a reorganizar… Será que nos podiam dar o contacto de alguém que nos mostrasse um pouco o trabalho da associação?

(iii) O centro cultural "José Carlos Schwarz" em Bôr está a funcionar?

Já agora, para informar todos os nossos benfeitores, o 1º contentor com muitas das vossas ajudas generosas (em género e as que foram compradas com os vossos contributos) já está em Bissau, e o Raúl, director da cooperativa escolar de São José em Bôr, está a pôr todos os contactos a mexer para o conseguir desalfandegar. O 2º contentor já zarpou de Lisboa, ainda está a navegar por estes dias…

Estamos muito gratos a todos os que têm apoiado este projecto, sabendo que não há verdadeiramente um projecto "de alguém", somos todos a remar na mesma canoa da amizade entre os povos.

Um abraço aqui de Cumura para todos, com os votos de um Feliz Natal e umas excelentes entradas em 2016!

Aguardamos notícias vossas ;)

Ana Maria e João (**)

2. Comentário do editor LG:

Queridos amigos e grã-tabanqueiros  João e Ana!... Que bom saber de vocês!.. Obrigado pelo vosso "relatório"... Tínhamos a certeza que se iriam adaptar bem!... E parabéns pelo vosso pequeno vídeo, feito com tanto engenho, arte e amor.   Bem como pelo blogue que passa a fazer parte da nossa blogosfera.

Vão passar, pela primeira vez, presuno, o natal nos trópicos, em África, nessa terra quente e calorosa que é a Guiné-Bissau, mas onde falta tudo ou quase tudo, em termos de satisfação das necessidades humanas básicas. Os problemas são tantos, da saúde à educação, do emprego à segurança, que é uma dor de alma...  Mas eu sei que vocês têm, sobre as coisas e as pessoas, um outro olhar, humano e cristão, de fé, esperança e caridade, enquadrando-se no espírito missionário da Cumura. É bom que tenham uma visão integrada da Guiné-Bissau, ligando o passado, o presente e o futuro. É bom que sinta que os guineenses têm futuro, quando daqui a seis meses regressarem a cas.

Sobre os vossos apelos, e embora o dia não seja o mais apropriado, já que estamos em vésperas de Natal, na azáfama dos"últimos preparativos" para a noite da Consoada, vamos dar-vos, para já,  o contacto de alguns grã-tabanqueiros que vivem aí em Bissau, com destaque para o  Cherno Baldé (para vos falar dos antes e depois da independência) e o Patrício Ribeiro, também conhecido com o "pai dos tugas" (para vos pôr em contacto com AD - Acção para o Desenvolvimento). São dois seres humanos de grande estatura, que muito nos honram com a sua presença (ativa) na Tabanca Grande. Espero que eles vos possam ajudar.

Um grande xicoração para vocês, João e Ana. Oxalá / inshallah / enxalé o ano de 2016 vos traga ainda mais alegrias com as cores, os sons e os sabores da Guiné-Bissau, mas também de Portugal e do resto do mundo.

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Notas do editor:

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15068: Ser solidário (188): Conseguimos! Campanha de "crowdfunding" completada com sucesso!.. Dinheiro (c. 2 mil euros) para investir em material para a escola e o hospital de Cumura (João Martel e Ana Maria Gala)

1. Mensagem dos nossos dois mais recentes membros da Tabanca Grande, os jovens amigos da Guiné- Bissau, Ana Maria Gala e João Martel: 


Data: 31 de agosto de 2015 às 15:27
Assunto: Conseguimos! Campanha de "Crowdfunding" completada com sucesso!


Caros Camaradas da Guiné!

Aqui partilhamos convosco a alegria de vermos hoje completada com sucesso a campanha de "crowdfunding" para aquisição de materiais para Cumura!


A generosidade de Portugal, como é sobejamente conhecido, revelou-se uma vez mais avassaladora. Terminámos com 118% (!!!) do montante angariado, o que equivale a 1771 euros a investir em material já escolhido para a escola e para o hospital de Cumura.

Só podemos deixar a todos um grande obrigado, em nome de quem vai e decerto de quem nos recebe, e pedir-vos que tenham presente esta campanha missionária, que se lançará para o ar já no dia 10!

Obrigado por nos darem armas para esta luta! 

Fiquem connosco!

Um abraço cheio de gratidão

Ana Maria e João



Na realidade, a campanha de angariação de fundos terminou com 1981 euros, provenientes de 51 apoiantes... Boa viagem e boa estadia para os nossos amigos Ana Maria e João!... Mandem notícias!

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Nota do editor:

Vd.  postes anteriores:

26 de agosto de 2015 > Guiné 63/74 - P15041: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (32): O "making of" de um projeto de ajuda ao Hospital de Cumura (João Martel e Ana Maria Gala)

25 de agosto de 2015 > Guiné 63/74 - P15039: Ser solidário (187): tempo de missão em Cumura: partiremos em 10 de setembro, com regresso previsto para junho de 2016... Entretanto, e até final de corrente mês, está a decorrer uma angariação de fundos para aquisição de material médico e escolar... Um euro é muito! (João Martel, médico, e Ana Maria Gala, professora, novos membros da Tabanca Grande)

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Guiné 63/74 - P15041: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (32): O "making of" de um projeto de ajuda ao Hospital de Cumura (João Martel e Ana Maria Gala)


1. Mensagem de João Martel, com data de 19 de fevereiro de 2014, que não foi publicado na devida altura (*) e que nos parece agora relevante para perceber melhor o projeto deste jovem médico, João Martel, com quem já falei ao telemóvel duas ou três vezes... 

[foto á esquerda, João Martel com Ana Maria Gala; são os dois mais recentes membros da Tabanca Grande (**)]


Boa tarde, caro Luís Graça

O meu nome é João Martel.

Em primeiro lugar, e ainda sem me conhecer, aceite os meus sentimentos pela partida do Carlos Schwarz, "Pepito", para a Casa do Pai. O Senhor o recompensa já, por certo, pelas suas grandes e boas obras. A luta desse grande homem, que pude conhecer pelo seu blog, também me motivou a falar consigo hoje.

Cheguei até si pela leitura do seu blog "Luís Graça e Camaradas da Guiné" e pelo site da ENSP (já agora, perdoe-me a invasão de tantos endereços de e-mail, tentei apenas acautelar as falhas do digital).

O seu blog aparece sistematicamente em tudo o que são pesquisas sobre a Guiné-Bissau e tenho ficado cada vez mais motivado para contactar consigo, dado que tenho um interesse cada vez maior neste país e neste povo.

Mas começando do início:

Estou actualmente a terminar o curso de Medicina na FCML. Vim a aperceber-me que comecei o curso no ano de término do seu filho João, em 2008, cujo relato de Cumura também li com interesse.

Há já bastantes anos que vegeta em mim a vontade de poder aplicar algum do meu tempo (e, quiçá, saber) a um povo que sinta precisar especialmente de auxílio no esforço para o desenvolvimento. Como é próprio dos maçaricos, o tempo de partir parece que nunca chega mas circunstâncias da vida e dos estudos obrigam a um adiamento. Este tempo serve para maturar, claro, e tornar a nossa visão um pouco mais clara, mais informada, mais consciente de nós e dos outros, o que não pode ser senão positivo.

Estando actualmente a terminar o 6º ano, penso que chega a altura de soltar amarras! Mas para onde, como?

Através de alguns contactos com os Franciscanos Portugueses, soube da existência da Missão de Cumura e do trabalho do Frei Vitor Henriques, médico, na missão, durante vários períodos.

Falei o ano passado com ele, falei de raspão com a drª Alice, pediatra que também lá esteve.. As coisas foram-se ligando...

Nas pesquisas on-line, como lhe disse, o seu blog, a vossa Tabanca, aparece sistematicamente. Através dele, pude completar melhor o meu olhar sobre este país e as aventuras e desventuras de tantos que por ele tanto têm feito. Nomeadamente (e terei que usar o tom coloquial) o Carlos Schwarz e a AD Bissau, o seu filho João Graça, o Zé Teixeira e o seu filho Tiago, o dr. Francisco Silva, ortopedista e tantos outros... são personagens que, ainda que só dentro da blogosfera, já habitam a minha ideia da Guiné-Bissau e me motivam a seguir em frente.

Na verdade, falo em nome de um grupo de três pessoas, eu próprio, uma colega de medicina e uma professora do ensino primário, trio que pretende partir em conjunto, em princípio no ano de 2015, dado que ainda estamos a terminar a nossa formação base.

Não querendo maçá-lo muito mais com este testamento, gostava de lhe pedir se poderia falar consigo um pouco sobre a Guiné e algumas perspectivas para o futuro dos nossos trabalhos. Igualmente, e abusando, sem querer abusar, se poderia facilitar-me alguns contactos, que adivinho muito úteis, do seu filho João e do José e Tiago Teixeira, ou outros contactos que ache importantes para nós.

Agradeço desde já a sua atenção e, logo em primeira mão, todo o sonho que já me fez viver com as suas escritas e de tantos Tabanqueiros!

Com as minhas desculpas por este rolo de texto, com amizade

João Martel (e Ana Maria e Rita)



Guiné-Bissau > Bissau > Estrada de Prábis, a 10 km de Bissau > Cumura > Missão Católica e Hospital de Cumura > Cortesia da página da União Missionária Franciscana.


2. Resposta de Luís Graça,. com data de 24 de fevereiro de 2014:

João: Vejo que é um homem crente, com sentido de coerência, e solidário. A Guiné-Bissau precisa de todos nós, e de pessoas jovens e generosas como você e as suas amigas.

Obrigado, antes de mais, por me contactar. Obrigado pelas referências elogiosas ao nosso blogue. Terei todo o gosto em poder ajudá-lo, eu e outros amigos da GB e do seu povo que se acolhem à sombra do poilão da nossa Tabanca Grande...

Espero que possa concretizar, em 2015, os seus sonhos de,, uma vez concluído o mestrado integrado de medicina, na nossa FCM/UNL [, Faculdade de Ciências Médicas da Universidade NOVA de Lisboa], possa partir para a GB em missão humanitária ou de cooperação ou em regime de simples voluntariado. Vou pô-lo em contacto com as pessoas que referiu.

Para já fique com os meus contactos pessoais (...)

Um alfabravo (ABraço), em linguagem dos antigos combatentes... Luís Graça

PS - Gostaria de poder publicar um pequeno texto seu, no nosso blogue, a partir desta mensagem. Caso ache oportuno, adequado e pertinente.

3. Informação sobre os promotores do projeto:

Ana Maria Gala

Formada em Educação como professora do 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico. Com 25 anos sobre este planeta, actualmente a trabalhar no Serviço Educativo do Museu Calouste Gulbenkian. No entanto, tem como grande paixão o Ensino e desde cedo desejou fazer um período de trabalho missionário,  pondo ao serviço a sua formação.

João Martel

Formado em Medicina pela Universidade Nova de Lisboa, actualmente a realizar o Ano Comum (o antigo Internato Geral). Igualmente com 25 anos, uma boa parte deles com o sonho de ser útil na construção do diálogo entre os povos. Aceita os desafios de uma medicina pobre, com múltiplas carências básicas.

O João e a Ana veem na Acção Missionária uma forma de honrar as ligações fraternas de Portugal com o Mundo Lusófono, contribuindo para o caminho do desenvolvimento. Encontraram na Ordem Franciscana uma estrutura organizada e coerente para o fazer.

(Fonte: PPL | Crowdfunding Porttugal > Causas > Um pé na Guiné)
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 20 de maio de  2015 > Guiné 63/74 - P14640: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (31): Em busca das minhas raízes nalus / In search of my Nalu family origins (Nigel Davies, historiador britânico, originário da Serra Leoa / British historian, specialising in the study of Sierra Leone Creole people)

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Guiné 63/74 - P15039: Ser solidário (187): tempo de missão em Cumura: partiremos em 10 de setembro, com regresso previsto para junho de 2016... Entretanto, e até final de corrente mês, está a decorrer uma angariação de fundos para aquisição de material médico e escolar... Um euro é muito! (João Martel, médico, e Ana Maria Gala, professora, novos membros da Tabanca Grande)


Os dois novos grã-tabanqueiros, João Martel e Ana Maria Gala, nºs 699 e 700, respetivamente. Desejamos-lhe boa saúde e muita saúde para a generosa e solidária missão que escolheram fazer na Guiné-Bissau.



Um Pé na Guiné, página do João Martel e da Ana Maria Gala para a angariação de fundos (1500 eruos, até final de agosto de 2015)


1. Mensagem do nosso leitor João Martel, médico, cooperante, com data de 14 do corrente:

 Boa tarde,  caro Luís Graça:

Espero que se encontre bem.

Lembra-se do que falámos [, em fevereiro passado,] do projecto de colaborar com a missão de Cumura?

A ideia está de pé e em marcha e a nossa partida marcada para dia 10 de setembro próximo, com estadia pela Guiné até junho de 2106.

Partirei juntamente com a minha namorada, professora primária, e com a drª Alice Ferreira, médica pediatra portuguesa que muito tem colaborado com Cumura nos últimos anos - penso até que já a conhecerá, se não me engano.

Contacto-o para que possa ter conhecimento da nossa partida e eventualmente, porque mo tinha sugerido já em tempos, fazer algum tipo de divulgação na página que gere, se considerar relevante.

Gostaria ainda de lhe fazer chegar uma campanha de "crowdfunding" que criámos para a aquisição de alguns materiais escolares e médicos. Encontra-a aqui:

http://ppl.com.pt/pt/causas/um-pe-na-guine

Se pudesse colaborar com a sua divulgação, muito lhe agradecíamos, em nome desta causa por que lutamos.

Com um abraço fraterno


João Martel



Guiné-Bissau > Bissau > Cumura > Missão Católica e Hospital de Cumura > 14 de Dezembro de 2009 &gt > 18h > Mural com as seguintes inscrições: "Obrigado, Bispo Settimio"; "X Aniversário da Morte de Dom Settimio"; "A Verdade Vos Libertará".

O missionário Settimio Arturo Ferrazzetta, da ordem franciscana, foi o 1º bispo da diocese de Bissau, criada em 1977. "Homem Grande" da Igreja Católica de África, nasceu em Itália, em 8 de Dezembro de 1924, e morreu, com fama de santidade, em Bissau, em 26 de Janeiro de 1999.


Foto: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


2. Resposta de Luís Graça, com data de 14 do corrnte:

Parabéns, João, pela persistência e concretização do seu projeto... Irei dar, com todo o gosto, a devida divulgação à sua mensaqem,,, Temos diversas séries, uma delas chama-se "Ser solidário"...Penso que é a mais adequada para inserir a sua mensagem.

 Fica desde já convidado a integrar, de pleno direito, esta "Tabanca Grande", constituída por amigos e camaradas da Guiné... Somos já sete centenas,,, Se quiser escrever algo mais sobre si e o seu projeto, e me mandar uma foto sua, terei muito gosto em apresentá-lo aos restantes grã-tabanqueiros...

Temos regras simples e de bom senso, em termos editoriais, disponíveis aqui,  no nosso "livro de estilo":

Um alfabravo (ABraço) caloroso. Luís Graça

3. Novo mail do João Martel, com data de 21 do corrnte:

Viva, caro Luís

Deixamos uma então uma curta mensagem que se poderá fazer publicar no blog:

"Saudações a todos os Camaradas da Guiné!

Após o repto e convite feito pelo Luís Graça, fazemos aqui a nossa apresentação ao membros desta Tabanca:

Somos dois jovens profissionais portugueses, um médico e uma professora do 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico, da zona de Lisboa, que desde há vários anos têm a aspiração de colaborar no desenvolvimento de África, essa África tão querida de Portugal. 

Já nascidos fora do alcance da Guerra Colonial (de facto, mais por alturas da queda do muro de Berlim), guardamos a impressão vívida que nos passaram os nossos avós, que viveram a África Lusa de então apaixonadamente, apesar de noutro país. Tudo contribuiu para que o sonho e as aspirações se reforçassem de forma crescente e se desenhasse, quem sabe, um futuro projecto missionário nos nossos ideais.

Durante as nossas andanças universitárias, colaborámos com a Ordem Franciscana em Portugal, onde ouvimos falar de Cumura e da Guiné-Bissau, terreno de tanto esforço e doação por parte da Ordem dos Frades Menores, como muitos saberão e Mário Beja Santos, entre outros, aqui fez notar {[,no poste t P13131], Cumura foi realmente a nossa chave para a Guiné e, desde aí, foram dois saltos até nos depararmos com esta família dos Camaradas. (aproveitamos para saudar este blogue por ser já uma plataforma on-line tão importante e significativa para a partilha e o encontro de tantos que buscam pela Guiné-Bissau).

Tendo terminado a nossa formação básica, sentimos que é o momento oportuno! Partiremos para Cumura a 10 de setembro próximo, em conjunto com a drª Alice Ferreira, pediatra portuguesa que colabora com a missão há já vários anos. Ficaremos em Cumura, a trabalhar na escola e no hospital, durante este ano lectivo, com regresso pensado para junho de 2016.

Porque acreditamos que todos os homens e mulheres de boa-vontade se devem juntar para construir um mundo mais justo e fraterno (aliás, espírito que se sente no ar que se respira nesta tabanca), queríamos partilhar com os camaradas este projecto, comprometendo-nos a fazer o devido "diário de bordo" num endereço que divulgaremos em breve. Assim, poderemos juntar algumas das nossas "pinceladas" a tantas outras que já colhemos aqui e que ajudaram a formar parte do nosso "imaginário" da Guiné, um país que nunca pisámos.

Aproveitamos também para divulgar o projecto de "crowdfunding" - financiamento colaborativo - que criámos para juntar dinheiro para alguns materiais que elegemos como prioritários para levar para a Missão. A destacar que, graças a apoio de amigos em Portugal, teremos disponível espaço em contentor seguro e confiável para levar vários materiais, principalmente livros e consumíveis sanitários, que não conseguiremos levar logo connosco.

Podem consultar a lista e o projecto aqui: http://ppl.com.pt/pt/causas/um-pe-na-guine

Desde já muito gratos a todos, deixamos aqui um abraço fraterno

Ana Maria Gala e João Martel"

Aproveitamos também para lhe dizer, Luís, que utilizámos algumas imagens retiradas do blogue no vídeo de divulgação que fizemos para a campanha (pois as imagens que se encontram de Cumura são pouquíssimas!). Referenciámos a fonte das imagens na descrição do projecto mas percebemos depois que devíamos ter pedido previamente autorização para as utilizar. Por tal pedimos desculpa e poderemos editar o vídeo se houver inconveniente.

Enviamos em anexo uma fotografia dos dois (o que se encontrou aqui no baú... ;)


Obrigado por todo o apoio!
Um abraço!

Ana Maria e João


4. Em 19 do corrente, o João Martel e a Ana Maria Gala tinham dirigido a seguinte mensagem á sua lista de contactos:



Queridos amigos(as) e benfeitores(as)

Como sabem, estamos quase a partir para um tempo de missão na Guiné-Bissau, junto da missão Franciscana de Cumura - partiremos dia 10 de setembro próximo.

Este tempo de missão, o ano lectivo que passaremos junto daquele povo, foi longamente preparado, sendo fruto do nosso contacto com os Franciscanos em Portugal, que trabalham em conjunto com a Guiné e nos desafiaram - cativaram - para realizar este tempo de serviço humanitário, tendo em conta as nossas áreas de formação.

Durante este tempo de preparação, além de economizar do nosso próprio trabalho, batemos a muitas portas no sentido de arranjar apoios e dádivas para ajudar o nosso esforço missionário. As mãos amigas não têm tardado e têm-se multiplicado sob diversas formas, o que nos tem enchido de grande alegria, mostrando-nos que este projecto é muito maior do que nós e que existe de facto uma comunidade que nos envia e nos pede que levemos a amizade de Portugal e dos Portugueses até à Guiné-Bissau, país lusófono que tanto tarda no caminho para o Desenvolvimento.

Para que o trabalho possa ser mais proveitoso e estruturado, tendo em conta as facilidades técnicas e materiais que Portugal tem face à Guiné, escolhemos em conjunto com os responsáveis da Missão uma lista de materiais prioritários a adquirir em Portugal para levarmos connosco para este ano de trabalho. Definimos um tecto de 1500€ que orçamentámos do seguinte modo:

Material escolar:

- Literatura infanto-juvenil africana (200€)

- Lápis, canetas, borrachas e material de escrita (130€);

- Cadernos diários (200€);

- Giz para quadro de ardósia (30€);

- Projector vídeo (300€);

- DVDs de filmes em português (50€).

Material médico:

- Soro fisiológico - frascos de 100 ml (100€);

- 1 Aparelho de tensão arterial (250€);

- 2 Ambu (insuflador manual) neonatal (45€ x2)

- 1 Laringoscópio para neonatologia (150 €)
(Se tiverem alguns destes itens que queiram enviar através de nós, por favor contactem-nos também!)

Se quiserem colaborar connosco em mais esta ajuda que vos pedimos, podem consultar a página de "crowdfunding" (uma forma de angariação de dinheiro para uma causa pela internet, usando uma comunidade alargada) que criámos para esse propósito aqui (estará operacional até ao final de agosto):

http://ppl.com.pt/pt/causas/um-pe-na-guine

Caso esse recurso "internautico" não seja muito familiar ou prático, podem responder a este e-mail com a vossa intenção de nos ajudar que outra hipótese será criada para o efeito, sendo a ajuda adicionada à campanha on-line posteriormente.

(Pequena nota: não se esqueçam...1 euro é muito! Se cada destinatário desta mensagem der 1 euro, facilmente chegamos ao objectivo traçado, não é preciso mais!)

Pedimo-vos ainda e principalmente que tenham presente em espírito o povo da Guiné-Bissau e esta empresa missionária (de forma mais ou menos orante conforme a visão universal de cada um), para que se possa lançar uma semente que frutifique e, desejamos, faça uma pequena diferença duradoura!

Os vossos amigos muito gratos

João Martel e Ana Maria Gala

(Brevemente vos informaremos do endereço do blogue que criámos para registar e relatar este ano de caminho. Fiquem atentos!)

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Nota do editor: