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domingo, 10 de março de 2024

Guiné 61/74 - P25259: In Memoriam (50): António Lobato, maj pil av, ref (Melgaço, 1938 - Lisboa, 2024), autor de "Liberdade e Evasão: o Mais Longo Cativeiro": Falta uma dimensão ao homem que não conheceu a prisão, escreveu ele, citando o filósofo Emmanuel Mounier. A sua vida foi também ela uma luta contra o esquecimento e a ingratidão. Repousa, finalmente, em paz, em Rio de Mouro.


Capa do livro do António Lobato, "Liberdade ou evasão: o mais longo cativeiro da guerra" (5ª edição, DG  Edições, Linda-A-Velha, 2014, 276 p.).





Capa da Revista do Expresso, de 29 de Novembro de 1997 (pormenor). Uma notável reportagem do jornalista José Manuel Saraiva , que conseguiu juntar em Lisboa 16 dos 25 militares portugueses, presos em Conacri, às ordens do PAIGC, e libertados na sequência da Op Mar Verde, em 22 de Novembro de 1970. Trata-se, sem dúvida, de um documento para a história.

Imagem: Digitalização feita por Henrique Matos, da capa da revista, a partir de um exemplar, pessoal, que ele comprou e guardou no seu arquivo. Foi através desta já famosa capa que ele localizou o seu antigo fur mil Jão Neto Vaz, do Pel Caç Nat 52. 

Neste grupo de dezasseis, está também o António Lobato (que nos parece ser o último da segunda fila, à esuerda,  de cabelo branco).



1. Morreu no passado dia 8,
 no hospital onde estava internado.  o nosso camarada da FAP,  António Lourenço de Sousa Lobato: ia fazer 86 anos, amanhã,  dia 11.  Foi hoje inumado no cemitério de Rio de Mouro.

 família, aos amigos e aos camaradas da FAP manifestamos aqui a  solidariedade na dor por parte dos editores, colaboradores e demais mais membros da Tabanca Grande (*)

O nosso camarada nasceu em Sante, freguesia de Paderne, concelho de Melgaço. Era major piloto-aviador, na situação de reforma...  Tem 17 referências no nosso blogue.

De 22 de maio de 1963 a 22 de novembro de 1970 foi prisioneiro do PAIGC. Seguramente o mais célebre, o mais inconformado e o mais resistente dos militares portugueses que passaram pelos cárceres do PAIGC na Guiné-Conacri. Foi libertado na sequència da Op Mar Verde. A sua história é publicamente conhecida.

Escreveu um notável livro de memórias do seu longo cativeiro, um grande documento humano, que já tem várias várias edições e pelo menos em duas versões (1995 e 2015) , "Liberdade ou Evasão",  e de que temos vários notas de leitura publicadas no blogue.(*).



Guiné-Bissau > Bissau > Hotel Palace > 7 dde Março de 2008 > Último dia do Simpósio Internacional de Guileje (1-7 de Março de 2008) > Mensagem do Joseph Turpin, um histórico do PAIGC, para  o nosso camarada da FAP, hoje major piloto reformado, António Lobato, que esteve prisioneiro em Conacri, sete anos, de 1963 a 1970.

Vídeo (1' 36''): © Luís Graça (2008). 

Vídeo alojado em: You Tube >Nhabijoes.

2. Reproduz-se de novo o depoimento gravado por Luís Graça, em Bissau, no Hotel no dia 7 de Março, por voltas 13h11, no último dia do encerramento do Simpósio Internacional de Guileje (1-7 de Março de 2008) (**)

As condições de luz eram más e a máquina era uma digital, de fotografia e não de vídeo. Joseph Turpin era um dos históricos do PAIGC, juntamente com Carmen Pereira e Carlos Correia, que estiveram presentes no Simpósio. Pediu-nos para mandar uma mensagem para o António Lobato, o antigo sargento piloto aviador portuguesa, aprisionado pelo PAIGC na sequência da queda, por acidente,  do seu T 6  em 22 de maio de 1963, na Ilha do Como. 

Levado para a Guiné-Conacri,  permanecerá sete longos e penosos  anos de cativeiro, com várias tentativas, frustradas, de evasão. Eis uma alguns excertos da mensagem do Joseph Turpin, 

"Ó Lobato, depois da tempestade, depois de tantos anos, não sei se te vais lembrar de mim..." - são as primeiras palavras deste representant do PAIGC, na altura a viver em Conacri, sendo então membro do Conselho Superior da Luta. 

 Neste curto vídeo, o Turpin recorda os momentos em que, por diversas vezes, visitou o nosso camarada na prisão. Não esconde que foram momentos difíceis, para ambos, mas ao mesmo tempo emocionantes: dois inimigos que revelaram o melhor da nossa humanidade... 

"Eu compreendia, estavas desmoralizado...Havia animosidade"... 

Joseph Turpin agradece ao Lobato as palavras de apreço com ele se referiu à sua pessoa, ao evocar  em entrevista à rádio, a sua experiência de cativeiro. Agradece o exemplar do livro que o Lobato lhe mandou e que ele leu, com interesse. Diz que ficou sensibilizado com as palavras e o gesto do Lobato. 

"Mas tudo isso hoje faz parte da história...Seria bom que viesses a Bissau" - são as últimas palavras, deste homem afável, dirigidas ao teu antigo prisioneiro português que ele trata por camarada... 

 O Joseph Turpin insistiu comigo para entregar pessoalmente ao António Lobato esta mensagem.  Nunca tive nenhum contacto pessoal com o António Lobato, que só vi uma vez, por ocasião da estreia do filme-documentário As Duas Faces da Guerra, de Diana Andringa e Flora Gomes, e em que ele  é dos participantes.   

Para o António Lobato na alt7ura, em 2008, deixámos registada,  em nome pessoal,  dos demais editores, bem como de toda a nossa Tabanca Grande, "uma palavra de respeito, camaradagem, solidariedade e apreço". ~~

Presumimos que sim, mas nunca saberemos ao certo se esta menagem chegou ao seu destinatário. Quatro anos depois o único "feedback" que tivemos foi o da filha de Joseph Turpin (***)

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domingo, 3 de março de 2024

Guiné 61/74 - P25233: In Memoriam (500): Eduardo Cesário Rodrigues, mais conhecido por "Salazar" (1941-2024), ex-alf mil, CCAÇ 1420 (Fulacunda) e CCAÇ 6 (Bedanda) (1967 / 69) (Joaquim Pinto Cavalho)



Eduardo Cesário Rodrigues, "Salazar" (1941-2024), ex-alf mil CCAÇ 1420 / BBCAÇ 1857 (Fulacunda) (jan-abr 67), e CCAÇ 6 (Bedanda) (mai67 - jun68)


Guiné > s/l > s/ d> O "Salazar" à esquerda



Guiné > Região de Tombali > Bedadanda > CCAÇ 6 > c. 1967/68> O "Salazar", do lado esquerdo, sentado, com boina,  a “tocar” no instrumento de que não sei o nome.



Portugal > Mealhada > 29 de junho de 2013 > 3.º Encontro dos Bedandenses, organizado pelo António Teixeira, "Tony" (1948-2018), ex-alf mil CCAÇ 3459/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, e CCAÇ 6, Bedanda (1971/73). 

Fotos (e legendas) : © Joaquim Pinto Carvalho (2024). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaraada da Guiné.]


1. Mais uma notícia triste que nos chega por telemóvel e depois por email de 26 do passado mês de fevereiro, por parte do Joaquim Pinto Carvalho 

tem 64 referências no nosso blogue; é membro nº 633 da Tabanca Grande; foi alf mil da CCAÇ 3398 (Buba) e CCAÇ 6 (Bedanda) (1971/73); natural do Cadaval, é advogado, poeta e régulo da Tabanca do Atira-te ao Mar, Porto das Barcas, Atalaia, Lourinhã; é autor de uma brochura com a história da unidade, a CCAÇ 3398, distribuída no respetivo XXV Convívio, realizado no Cadaval, em 18/9/2021; vai voltar no dia 9 à Guiné, passando por Bossau, Buba e Bedanda, com um grupo de graduados da ua CCAÇ 3398)]


Data - 2 de março de 2023, 20h21:

Olá, Luís!

Seguem breves elementos informativos sobre o "Salazar", que morreu no  passado dia 26 (*),   e algumas fotos em anexo ...

Nome: Eduardo Cesário Rodrigues, conhecido por  "Salazar". (O "nickname" Salazar nasceu no seio da família e era assim conhecido entre os amigos e até na tropa)

Data nascimento: 18/07/1941

Data do óbito: 26/02/2024

Incorporação: 03/05/1965

Disponibilidade; 28/02/1969

Embarque em Lisboa a 11/01/1967 a bordo N/M "Rita Maria" | Desembarque na Guiné no dia 19/01/1967

Patente: Alferes miliciano

Subunidades e locais: 

CCAÇ 1420 (BCAÇ 1857) – Fulacunda

CCAÇ 6 – Bedanda, 4º Pelotão,  de 01/05/1967 a 01/06/1968.

27/08/1968 – evacuado para o Hospital Militar Principal  (HMP), em Lisboa por doença em serviço.

Foi ferido na operação “Salto",  na zona de Caboxanque (Cantanhez), em data que não
 conseguimos precisar.

É o que tenho por agora. Pode ser que venha a obter mais dados. A foto ao pé do estandarte foi tirada num almoço convívio na Mealhada, organizado pelo Toni...

Ao dispor

Um abraço

Pinto Carvalho 
 

Guião da CCAÇ 6 (Bedana, 1967/74) , "Onças Negras", cuja lema era, de acordo com o guião acima reproduzido,  "Aut vincere aut morire" [Vencer ou morrer]. A antiga 4ª CCAÇ foi extinta a partir de 1abr67, passandP a designar-se por CCaç 6,

Foto: © Amaral Bernardo (2011). Todos os direitos reservados.[ Edição e legendagem: Blogue luís HGraça & Camaradas da Guiné]



Peniche >  28 de setembro de 2013 > Convívio dos bedandenses da CCAÇ 6 e outras subunidades > Tasca secreta do Belmiro >  A chegada do Eduardo Cesário Rodrigues (de alcunha, Salazar), vendo-se o seu filho, de costas.


Peniche >  28 de setembro de 2013 > Convívio dos bedandenses da CCAÇ 6 e outras subunidades > Tasca secreta do Belmiro > Foto nº 8 > O "Salazar", o filho e a afilhada


Peniche >  28 de setembro de 2013 > Convívio dos bedandenses da CCAÇ 6 e outras subunidades > Tasca secreta do Belmiro > O Hugo Moutra Ferreira,  o "Salazar", o João Carapau, o Gualdino (sempre convenientemente acompanhado) e o Lassana

Fotos (e legendas) : © Hugo Moura Ferreira (2013). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaraada da Guiné.]


Neste convívio de Peniche, organizado pelo Bemiro da Silva Pereira (1946-2022), houve 34 presenças... A recordar:

Aníbal Magalhães Marques (1972/74 ?), mais 3 familiares (n=4)

Belarmino Sardinha ((ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, 1972/74), Cadaval) +  esposa (n=2)

Belmiro Silva Pereira (alf mil, 1968/69, Peniche,), mais  a esposa e filho (n=3)

Eduardo Cesário Rodrigues (Salazar) (alf mil, 1967/68), mais o filho e a afilhada (n=3)

Fernando de Jesus Sousa (fur mil, 1971/73) +  esposa (n=2)

Gualdino José da Silva (fur mil 1967/69, Algarve) mais 1 casal amigo (n=3)

Hugo Moura Ferreira (alf mil, 1967/68, Lisboa) + esposa, Lorena (n=2)

Joaquim Pinto Carvalho (alf mil, 1972/73, Cadaval) +  espoa, Maria do Céu (n=2)

João António Carapau (alf mil médeico, 1967/68, Portela, Loures) (n=1)

João José L. Alves Martins (alf mil art, BAC 1, 1968/69, Lisboa) n=1)

José P. B. Guerra (1º Cabo, 1971/73) (n=1)

Lassana Djaló (, o mais bedandense de todos os bendandenses, Lisboa) (n=1)

Luís Graça (fur mil, CCAÇ 12, 1969/71, Alfragide/Amadora) mais Alice (n=2)

Luís Nicolau (o homem do SPM, 1972/73, Benedita, Alcobaça) (n=1)

Renato Vieira de Sousa (cap inf, 1967/68, hoje cor ref, Lisboa) (n=1)

Rui [Gonçalves dos}  Santos (o mais vellhinho dos bedandenses, 1962/64, Lisboa) (n=1

Victor Luz (fur mil, 1967/68), mais esposa e 1 casal amigo (n=4)

Não compareceram mas estavam pré-inscritos (n=6)

Amadeu M. Rodrigues Pinho (alf mil, 1967/68)

António Rodrigues (O Capitão do Estandarte: o último Alferes / Capitão, fiel depositário do estandarte e da Cruz de Guerra)

Carlos Nuno Carronda Rodrigues (alf mil , hoje cor ref)

José Caetano

José Vermelho [ex-fur mil, CCAÇ 3520, Cacine; CCAÇ 6, Bedanda; e CIM, Bolama, 1972/74,]

Toni [António,] Teixeira [, ex-alf mil,  CCAÇ 3459/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto; e  CCAÇ 6,  Bedanda,  1971/73;  Espinho)
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2. Comentário do editor LG:

Joaquim, apanhaste-me de "baixa"...Lamento muito a morte de mais um dos nossos camaradas que passaram pelas "africanas"... O "Salazar", como era carinhosamente  tratado pelos "bedandenses", não é do meu tempo nem do teu, mas convivvemos com ele, tu muito mais do que eu. (Eu esporadicamente, em 2013, nos convívios da Amadora e em Peniche).

Não chegou a perfazer os 83 anos, este nosso veterano. Aqui fica a tua homenagem, e a de todos nós. Ele  não será inumado na "vala comun do esquecimento", mesmo que a interação com o nosso blogue tenha sido muito diminuta. Fica aqui, neste cantinho do ciberespaço, o registo de quem se lembrou na vida e na morte.

Transmite às "Onças Negras" e demais "bedandenses"  as nossas  condolências, bem como à sua família natural, esposa, filho, afilhada. 

Juntei  mais umas fotos dos nossos convívios.  Se, nesta viagem de saudade, que vais empreender à Guiné-Bissau, com início no dia 9, conseguires chegar a Bedanda, tira algumas fotos das vossas comuns geografias emocionais. E partilha depois com todos nós. Boa viagem, melhor regresso. 

Amadora > Venda Nova > Restaurante "O Gomes", às portas de Benfica > 19 de dezembro de 2013 > "O Eduardo Cesário Rodrigues, mais conhecido por "Salazar". Este nome que lhe é dado desde os anos 50, faz quase parte do nome dele. Eu costumo colocar no final do nome dele Salazar entre aspas. Como se fosse um título!". (**)

Foto (e legenda): © Hugo Moura Ferreira (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaraada da Guiné.]

Amadora > Venda Nova > Restaurante "O Gomes", às portas de Benfica > 19 de dezembro de 2013 > Da esquerda para a direita, Gualdino da Silva, o lugar (vazio) deixado em memória do Tony, e o Joaquim Pinto Carvalho 

Foto: © Manuel Lema Santos (2013). Todos os direitos reservados. Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaraada da Guiné.]

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Notas do editor:



quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25224: In Memoriam (499): Alberto Costa Lobo († Porto, 26 de Fevereiro de 2024), ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 414 (Guiné e Cabo Verde, 1963/65) (Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro)

IN MEMORIAM


Alberto Costa Lobo
Ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 414 (Guiné e Cabo Verde, 1963/65)
Médico Cirurgião Vascular do Hospital de Santo António.
Foi comandante do 3.º pelotão 

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1. Mensagem do nosso camarada Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414, Catió (1963/64) e Cabo Verde (1964/65), com data de 27 de Fevereiro de 2024:

Caro camarada,
As más notícias também fazem parte das nossas vidas, da nossa história.
Ontem, dia 26, faleceu o ex-alferes miliciano Alberto Costa Lobo, médico cirurgião vascular do Hospital de Santo António.
Foi comandante do 3.º pelotão da Companhia de Caçadores 414 que, no período de 1963/1965, serviu na Guiné e em Cabo Verde.
Que descanse paz.

Manuel Castro (tabanqueiro n.º 793)
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Comentário do editor CV:

À família, amigos e camaradas de armas do Dr. Alberto Costa Lobo, a tertúlia do nosso blogue apresenta as mais sentidas condolências.
São tantos os camaradas e amigos que partiram, que nos sentimos "cá em baixo" cada vez mais sozinhos nesta jornada terrestre.
Que descanse em paz.

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Nota do editor

Último post da série de 23 DE FEVEREIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25205: In Memoriam (498): Maria Júlia Lourenço Alves da Silva († Guifões - 23/02/2024), esposa do nosso camarada Abel Santos. Estará em Câmara Ardente a partir das 11 horas de domingo no Tanatório de Matosinhos e o seu funeral realiza-se na segunda-feira, dia 26, às 11 horas

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25205: In Memoriam (498): Maria Júlia Lourenço Alves da Silva († Guifões - 23/02/2024), esposa do nosso camarada Abel Santos. Estará em Câmara Ardente a partir das 11 horas de domingo no Tanatório de Matosinhos e o seu funeral realiza-se na segunda-feira, dia 26, às 11 horas

IN MEMORIAM

Maria Júlia Lourenço Alves da Silva, esposa do nosso camarada Abel Santos


Caros camaradas e amigos
Faleceu há poucas horas a nossa amiga Maria Júlia, esposa do amigo e camarada Abel Santos.

De acordo com os nossos registos, a Maria Júlia esteve presente, acompanhando o Abel, no XI Encontro Nacional da Tabanca Grande em 2016. Enquanto o casal morou em Leça da Palmeira eram frequentes os contactos comigo ou com a Dina, fosse na rua ou em estabelecimentos comerciais, já que éramos vizinhos. Entretanto o casal mudou para Guifões e só quando era a Júlia a atender o telefone se entabulavam as conversas normais acerca da saúde. A notícia da sua morte apanhou-nos de surpresa.
Talvez por isso, ao receber a notícia pela voz do próprio marido, fiquei revoltado com as chamadas "voltas que a vida dá" e que nas horas difíceis não temos capacidade para aceitar.

Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Abel Santos, a esposa Júlia, ao centro, e a Dina Vinhal
Sanxenxo > 6 de Junho de 2015 > Passeio de barco nas Rias Baixas > Maria Júlia à direita e Dina Vinhal à esquerda 


- O Corpo da Maria Júlia estará em Câmara Ardente a partir das 11 horas do próximo domingo, dia 25, no Tanatório de Matosinhos.
- O funeral terá lugar, também no Tanatório de Matosinhos, na próxima segunda-feira, dia 26, às 11 horas.
- A Missa do 7.º Dia será celebrada no dia 29, quinta-feira, pelas 18h30, na Igreja Matriz de Matosinhos.


Ao nosso amigo Abel Santos, seus filhos, netos e demais família, a tertúlia deste Bog apresenta as mais sentidas condolências.

Permito-me deixar também por este meio o meu abraço solidário ao Abel e a minha disponibilidade para o que ele achar necessário.


Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último post da série de 14 DE FEVEREIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25171: In Memoriam (497): Maj Inf ref, Humberto Trigo de Bordalo Xavier (1935-2024): missa de corpo presente, amanhã, pelas 11h00, na igreja de Santa Cruz, em Lamego, seguindo depois o funeral para o crematório de Mangualde

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25171: In Memoriam (497): Maj Inf ref, Humberto Trigo de Bordalo Xavier (1935-2024): missa de corpo presente, amanhã, pelas 11h00, na igreja de Santa Cruz, em Lamego, seguindo depois o funeral para o crematório de Mangualde

 

Notícia necrológica da Funerária Leite, de Lamego, relativa ao falecimento do major Bordalo (1935-2024). Amanhã, 5ª feira, pelas 11 horas haverá missa de corpo presente, na igreja de Santa Cruz, em Lamego,  onde o corpo está depositado. O funeral segue depois para o Crematório de Mangualde.

As nossas condolências a familiares, amigos e camaradas.

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Notas do editor:

Último poste da série > 14 de fevereiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25170: In Memoriam (496): Major Inf Humberto Trigo de Bordalo Xavier (1935-2024), ex-cap QEO, "ranger", CART 3359 (Jumbembém, 1971), CCAÇ 12 (Bambadinca, c. 1972) e CCAÇ 14 (Cuntima, c.1973), aqui recordado por Victor Alves (1949-2016), Joaquim Mexia Alves e António José Pereira da Costa; passa a integrar, a título póstumo, a Tabanca Grande, sob o n.º 884

Guiné 61/74 - P25170: In Memoriam (496): Major Inf Humberto Trigo de Bordalo Xavier (1935-2024), ex-cap QEO, "ranger", CART 3359 (Jumbembém, 1971), CCAÇ 12 (Bambadinca, c. 1972) e CCAÇ 14 (Cuntima, c.1973), aqui recordado por Victor Alves (1949-2016), Joaquim Mexia Alves e António José Pereira da Costa; passa a integrar, a título póstumo, a Tabanca Grande, sob o n.º 884

Major inf Humberto Trigo de Bordalo Xavier, natural de Lamego (c. 1942-2024). Foto: cortesia de Joaquim Mexia Alves e da Associação de Operações Especiais



1. Recordem-se aqui algumas referências elogiosas ao ex-cap inf "ranger", QEO,  Bordalo Xavier (1935-2024) (*), publicadas no nosso blogue:

(i) O saudoso Victor Alves (1949-2016), que foi, no seu tempo, fur mil SAM na CCAÇ 12 (Bambadinca, 1971/73), escreveu sobre ele o seguinte:

(...) Amigo Luís, conforme informámos (...), lá realizámos o nosso habitual encontro (...) o 34º.  Tem causado algum espanto, o facto de se ter começado a realizar, tão cedo, os nossos encontros...

Foram vários os factores que contribuiram para isso. Porém, o grande causador disso terá sido a vinda, para a CCAÇ 12, do Cap Humberto Trigo Bordalo Xavier, oriundo das Operações Especiais, e amigo pessoal de Spínola.

Ele soube muito bem provocar uma aglutinação e consequentemente uma união entre todos, ao ponto de estabelecer uma messe e bar para todos os militares da companhia oriundos da metrópole, sem distinção de posto...

Foi, na minha óptica, eata a principal razão da nossa união. Eu, por exemplo, como vagomestre e sempre que havia uma operação, por exemplo com saída às 4 da manhã, lá estava a dar pequeno almoço, pão quente e café à rapaziada que seguia. Assim como, mal regressassem, por exemplo, às 3 da tarde, tinham sempre a refeição com meio frango ou meio bife com acompanhamento à sua espera...

Foi isso que o Capitão pediu e foi isso que se fez. É evidente, dentro dos limites da guerra. Com fomos todos em rendição individual, nem sempre nos encontros conseguimos reunir todos, alguns já faleceram, outros emigraram e outros não vão porque... não.

Este ano conseguimos trazer mais duas presenças novas o que foi maravilhoso, foram eles o cabo radiotelegrafista Andrade, de Caldas da Rainha, e o cabo cripto Simões, de Lisboa. Isto quer dizer que não nos víamos há 37 anos, portanto foi muito bom.(...)

Também dele fala, com entusiasmo e emoção, o Joaquim Mexia Alves, ex-alf mil op esp, que esteve n Guiné, entre dezembro de 1971 e dezembro de 1973, tendo pertencido à CART 3492 (Xitole), ao Pel Caç Nat 52 (Mato Cão / Rio Udunduma) e à CCAÇ 15 (Mansoa): nunca esteve aquartelado  mas sim no Rio Udunduma e no Mato Cão, destacamentos do Sector L1 (Bambadinca); ia de vez em quando à sede do Batalhão, o BART 3873, 1972/74, a que estava adida a CCAÇ 12: é um histórico da Tabanca Grande, régulo da Tabanca do Centro (Monte Real), tem cerca de 310 referências no nosso blogue:

(...) A sala de que fala o Vitor Alves, frequentei-a muitas vezes, aliás, para mim era a sala que eu frequentava nas minhas visitas a Bambadinca.

O Cap Bordalo Xavier, meu particularissimo amigo, é e foi na Guiné um homem de extraordinárias relações humanas, para além de um fantástico operacional, que conseguiu uma união notável com todo o pessoal, não só da CCAÇ 12 mas de outras unidades, como o meu 52.

Reside em Lamego, é major, obviamente na reserva, e é a alma da Associação de Operações Especiais. Infelizmente há muito que não contacto com ele, mas quero fazê-lo brevemente.

Retenho na memória, há uns anos em Monte Real, eu estava ao fim da tarde a jogar ténis no campo à frente do Hotel das Termas e vejo para um carro e dele sair uma pessoa que me pareceu o Cap Bordalo.

Achei que não podia ser, mas roído pela curiosidade pedi desculpa ao meu parceiro e fui perguntar ao porteiro do Hotel quem era a pessoa que tinha chegado. A resposta deu como certa a minha suposição. Não o via desde a Guiné.

Imediatamente pedi ao porteiro que ligasse para o quarto e pedisse ao capitão para vir à rcepção por um motivo qualquer. Quando nos vimos, literalmente num abraço como que lhe peguei ao colo, (o Cap Bordalo Xavier é bem mais baixo do que eu, o que não é de espantar), e ficámos ali não sei quanto tempo abraçados.

O hall do Hotel estava cheio de gente que ficou muito espantada de me ver assim abraçado a um homem de barbas. Foi dos encontros mais emocionantes da minha vida!!! (...) (***)


(...) "Quando estava no Pel Caç Nat 52, junto a Bambadinca, tinha uma forte ligação à CCAÇ 12, não só operacional mas de amizade com todos eles, especialmente o Capitão Bordalo e os seus Alferes, de que infelizmente neste momento não me lembro do nome de nenhum.

"Para além das operações e outras actividades que íamos fazendo, sobrava-nos tempo para algumas loucuras, resultantes de algum cacimbo e do cansaço provocado pelo stress permanente, e por alguma incompetência, de quem deveria ser competente.

"Entre algumas de que lembro, fomos uma vez à noite, o Capitão Bordalo Xavier, os seus Alferes e eu, armados até aos dentes, de Unimog jantar ao Xime, pela estrada de todos conhecida e que naquela altura só se fazia em coluna protegida, mercê das emboscadas que nela tinham acontecido.

"Quando regressávamos, num alarde a roçar a loucura, talvez também ajudados por uns uísques, parávamos na estrada, no sítio das emboscadas, e voltados para a mata, aliviámos as bexigas.

"Foi um momento hilariante, mas muito intenso, que nos uniu ainda mais na amizade e companheirismo" (...). (****)


(iii) António José Pereira da Costa 

Nosso grã-tabanqueiro desde 12/12/2007, coronel art ref, ex-alf art, CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74; autor da série e do livro com o mesmo n0me, "A Minha Guerra a Petróleo"; é um dos mais ativos membros do nosso blogue, onde tem 194 referências:

(...) Também eu sou amigo do Cap Bordalo (Xavier).

Já fui a Lamego e tive dificuldade de comunicar com ele por estar completamente surdo. Encontrei-o no Clube de Lamego na sua paixão (jogar bridge).

Fui agradecer-lhe a ajuda que me deu no dia 10 de agosto de 1972, quando morreram 3 soldados da CART 3494. Os detalhes deste acontecimento estão no meu livro "A Minha Guerra a Petróleo" (Ed Chiado Books, fev 2019). (...)

Não tendo vantagem em ficar à beira do rio e debaixo de chuva torrencial, acabámos por "ser autorizados" a dirigirmo-nos a Bambadinca num percurso extremamente difícil pela bolanha. A certa altura começámos a ver uma luz para nos orientarmos. Era o Bordalo que, com um pequeno grupo da CCaç 12, trazia um petromax à cabeça para evitarmos as áreas mais alagadas.

Realizámos (a CART 3494) uma acção ("Garlopa II") com a CCAÇ 12, para Sul da zona da Ponta Varela. Fomos pela 2.ª vez a uma área que o In ocupava, usando a população como escudo humano. A CCAÇ 12 desceu pelo nosso lado direito em direcção ao Sul e, terminada a acção, retirámos pelas mesmas posições. Já no final houve um ligeiro contra-ataque sem consequências.

Sei que participou no 25 de Abril, mas não sei em que moldes. Depois de Abril, encontrámo-nos em Coimbra quando os oficiais da guarnição do Norte vieram pôr-se às ordens do brigadeiro Charais e alguns anos no breve contacto no Estado-Maior do Exército.(...)

(Seleção / revisão e fixação de texto / negritos e itálicos: LG)

2. Comentário do editor LG:

O saudoso cap inf op esp QEO Humberto Trigo de Bordalo Xavier , natural de Lamego, no TO da Guiné, foi  comandante de: (i)  CART  3359 (Jumbembém, 1971/73),, subunidade do BART 3844, "Bravos e Sempre Leais" (Farim, 1971/73; (ii) CCÇ 12 (Bambadinca, c. 1972); e CCAÇ 14 (Cuntima, c. 1973).

Tinha feito uma comissão de serviço em meados da década de 1960 em Angola, como cap mil grad inf, na 1ª Companhia (mais tarde, CCAÇ 211), do BCAÇ 3, unidade de guarnição normal (que a partir de 1abr67 passou a designar-se por BCAÇ 12).

O  major (na reforma) Humberto Trigo de Bordalo Xavier foi, ainda em vida, agraciado com a Ordem da Liberdade, Grande-Oficial (por Alvará n.º 12/2023, de 24 de abril de 2023, da Presidência da República, Chancelaria das Ordens Honoríficas Portuguesas, publicado no Diário da República n.º 80/2023, II Série, de 2023-04-24, pág. 23). 

A Ordem da Liberdade, criada em 1976, destina-se a "distinguir serviços relevantes prestados em defesa dos valores da Civilização, em prol da dignificação da Pessoa Humana e à causa da Liberdade". (*****)

A notícia daua morte tambémfoi dada na página do Facebook da Associação de Operações Especiais, de que o Xavier Bordalo era sócio honorário e antigo membro da direção

Tendo 10 referências no nosso blogue, e sendo um oficial muito querido entre as companhias africanas (CCAÇ 12 e 14) e entre os nossos "rangers" (era também amigo pessoal do nosso coeditor Eduardo Magalhães Ribeiro), faz todo o sentido que o Bordalo Xavier repouse aqui, também, simbolicamente, entre os seus camaradas da Guné, à sombra do nosso poilão, nº lugar nº 884 (*******)

 _______________

Notas do editor:

(*) Último poste da série >  14 de fevereiro de  2024 > Guiné 61/74 - P25169: In Memoriam (495): major inf ref Humberto Trigo de Bordalo Xavier, ex-cap op esp QEO, CART 3359 (Jumbembém, 1971), CCAÇ 12 (Bambadinca, 1972) e CCAÇ 14 (Cuntima, 1973); era natural de Lamego (c. 1948-2024) (Joaquim Mexia Alves)

(***) Vd. poste de 11 de junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1834: O Capitão de Op Esp Bordalo Xavier, da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1971/73) (Joaquim Mexia Alves)


(*****) Vd. poste de 18 de junho de 2023 > Guiné 61/74 - P24411: (In)citações (250): Sou amigo do ex-cap QEO Bordalo Xavier, ex-cmdt da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1971/72); fui a Lamego pagar-lhe uma dívida de gratidão; sei que participou no 25 de Abril de 1974 mas não sei qual foi o seu papel (António J. Pereira da Costa, cor art ref)

(******) Vd. poste de 15 de junho de 2023 > Guiné 61/74 - P24401: Louvores e condecorações (14): Ordem da Liberdade, Grande Oficial, para o antigo cap QEO Humberto Trigo de Bordalo Xavier, cmdt da CCAÇ 12 (e também da CCAÇ 14, e antes da CART 3359)

(*******) Vd. poste de 6 de janeiro de  2024 > Guiné 61/74 - P25040: Tabanca Grande (554): Alberto Pires, "Teco", natural de Angola, ex-fur mil da CCAÇ 726 (Guileje, out 64/ jul 1966): passa a sentar-se à sombra do nosso poilão, no lugar n.º 883

Guiné 61/74 - P25169: In Memoriam (495): Major Inf ref Humberto Trigo de Bordalo Xavier, ex-cap op esp QEO, CART 3359 (Jumbembém, 1971), CCAÇ 12 (Bambadinca, 1972) e CCAÇ 14 (Cuntima, 1973); era natural de Lamego (1935-2024) (Joaquim Mexia Alves)

 


Major inf Humberto Trigo de Bordalo Xavier, natural de Lamego (1935-2024). Foto: cortesia de Joaquim Mexia Alves e da Associação de Operações Especiais (AOE), com sede em Lamego


1. Morreu ontem, aos 88 anos (nasceu em 3/5/1935),  o ex-cap inf op esp QEO Humberto Trigo de  Bordalo Xavier, o 3º comandante, por ordem cronológica da CCAÇ 12 (Contuboel, Bambadinca e Xime, 1969/74). (*)

A triste notícia foi nos dada pelo António Duarte [ex-fur mil da CART 3493, a companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; foi transferido para a CCAC 12 (em novembro de 1972, e onde esteve em rendição individual até março de 1974)].

Foi ele que nos reencaminhou para a página do Facebook do Joaquim Mexia Alves, cujo texto se reproduz com a devida vénia:


MAJOR HUMBERTO BORDALO XAVIER

Sou hoje confrontado com o falecimento do “meu capitão” Bordalo, que nunca chegou a ser “meu capitão”, mas era e foi sempre o meu capitão Bordalo.

Quando fui enviado a comandar tropas guineenses, muito especialmente o Pelotão de Caçadores Nativos 52, conheci em Bambadinca o então cap Bordalo, que era o comandante da Companhia de Caçadores 12, constituída também por militares guineenses, enquadrados por oficiais e sargentos da então metrópole.

Ambos tínhamos o curso de Operações Especiais (ele bem antes de mim), hoje conhecidos como Rangers.

A amizade entre os dois foi imediata e a nossa maneira de ser e de pensar tornou-nos extremamente unidos.

O capitão Bordalo era um homem simples, sem alardes (como são sempre os grandes homens), e um combatente extraordinário, que galvanizava as suas tropas por ser sempre o primeiro a liderar, mas também o primeiro a defender aqueles que estavam debaixo das suas ordens e, isso mesmo, incutiu em mim, o que nos trouxe alguns “amargos de boca” com alguns superiores nossos.

Nunca servi directamente sob as suas ordens, mas fizemos algumas operações militares conjuntas da sua CCaç.12 com o meu Pel Caç Nat 52.

Numa altura em que as condições de vida a que eu com outros estávamos sujeitos, o cap Bordalo foi o garante da minha “sanidade mental”, com o seu apoio sempre próximo, franco e amigo.

Retenho na memória, há uns anos em Monte Real, quando eu estava ao fim da tarde a jogar ténis no campo frente ao Hotel das Termas e vejo parar um carro e dele sair uma pessoa que me pareceu o cap Bordalo.

Achei que não podia ser, mas roído pela curiosidade pedi desculpa ao meu parceiro e fui perguntar ao porteiro do Hotel quem era a pessoa que tinha chegado. 

A resposta deu como certa a minha suposição. Não o via desde a Guiné.

Imediatamente pedi ao porteiro que ligasse para o quarto e pedisse ao capitão para vir à recepção por um motivo qualquer. 

Quando nos vimos, demos num abraço em que literalmente lhe peguei ao colo (o cap Bordalo Xavier era bem mais baixo do que eu), e ficámos ali não sei quanto tempo abraçados, com as lágrimas nos olhos.

O hall do Hotel estava cheio de gente, que ficou muito espantada por me ver assim abraçado a um homem de barbas.

Passados uns tempos, recebi uma convocatória para um encontro de Rangers em Lamego e decidi meter-me no carro e fazer a viagem.

Quem estava a receber os camaradas de armas era, como não podia deixar de ser, o então major Bordalo.

Mais um abraço daqueles que faz tremer o chão, e a “obrigação” de imediatamente me fazer sócio da AOE – Associação de Operações Especiais que, com um padrinho como ele, não podia de forma nenhuma recusar.

Seguiram-se anos de vários encontros em Lamego, até que a vida com as suas voltas, não me permitiu, ou eu não me disponibilizei para isso, e deixámos de nos encontrar.

Repetidamente me prometi a mim mesmo que iria a Lamego dar-lhe um abraço novamente e repetidamente o comodismo me “impediu” de o fazer, o que hoje, neste dia, me dói verdadeiramente no coração e na vida.

Podia ficar horas a escrever, a falar sobre o cap Bordalo, de como ele era um homem de coração grande, como era um verdadeiro comandante que comandava pelo exemplo, como era um amigo sempre pronto a me apoiar, mas também a fazer ver os erros que eu ia cometendo, como me safou de levar uma punição pela minha forma de reagir a ordens sem sentido, enfim, de como me fez mais homem, mais militar, mais oficial, mais amigo.

Ontem escrevia sobre as lágrimas. Hoje as lágrimas são minhas, e sim, um homem chora e eu choro a saudade de um homem bom que tornou a minha vida melhor.

À sua família o meu sentido abraço.

A ti (agora trato-te por tu), meu capitão Bordalo, até já, quando nos encontramos no cantinho do céu que recolhe os Rangers no seu eterno descanso

Marinha Grande, 13 de Fevereiro de 2024

Joaquim Mexia Alves 

Publicado em: https://queeaverdade.blogspot.com/ 

e na página do Facebook do Joaquim Mexia Alves (14 de fevereiro de 2024, 15:08)

(Seleção / revisão e fixação de texto / itálicos: LG)

Nota de LG: O ex-Alf Mil Op Esp Joaquim Mexia Alves esteve na Guiné, entre dezembro de 1971 e e dezembro de 1973, tendo pertencido à CART 3492 (Xitole), ao Pel Caç Nat 52 (Mato Cão / Rio Udunduma) e à CCAÇ 15 (Mansoa). Nunca esteve sedeado em Bambadinca, mas sim no Rio Udunduma e no Mato Cão, destacamentos do Sector L1 (Bambadinca). Ia de vez em quando à sede do Batalhão (BART 3873, 1972/74), a que estava adida a CCAÇ 12, do Cap QEO Xavier Bordalo.

2. Comentário do editor LG:

Obrigado, António Duarte,  por mais uma vez estares a atento às notícias (boas e más) que interessam à Tabanca Grande e nos teres  feito chegar a "carta a Garcia". E obrigado ao Joaquim Mexia Alves por este comevedora e belíssima homagem a um camarada e amigo que acaba de deixar a Terra da Alegria.

O Bordalo Xavier tem 10 referências no nosso blogue. Nunca o conheci pessoalmente, com pena  minha: sou da primeira "fornada" da CCAÇ 12, então comandada pelo cap inf Carlos Alberto Machado de Brito, maio 69/mar 1971, mas sempre ouvi falar dele, como um grande comandante operacional; os camaradas  das "três gerações da CCAÇ 12", com quem tenho falado, sempre me transmitaram as melhores referêncas sobre ele, como militar e como homem.

Pertenceu à direção da Assoiação de Operações Especiais, com sede em Lamego. E tambéme esteve ligado aos corpos sociais dos Bombeiros Voluntários de Lamego.

Sabemos que o Cap QEO Humberto Trigo de Bordalo Xavier, natural de Lamego, começou por ser, no CTIG,  o comandante da CArt 3359 (Jumbembém, 1971/73), do BART 3844, "Bravos e Sempre Leais" (Farim, 1971/73. Foi depois substituído pelo Cap Mil Inf Francisco Luís Olay da Silva Dias.

Foi igualmente, neste período, o 3º comandante, por ordem cronológica, da CCAÇ 12 (1969/1974), mas em data que não podemos precisar (1971/72, ou 1972/73), subunidade da guarnição normal do CTIG que teve os seguintes comandantes, por ordem cronológica:

Cap Inf Carlos Alberto Machado de Brito (maio 69/março 1971);
Cap Inf Celestino Ferreira da Costa;
Cap QEO Humberto Trigo de Bordalo Xavier;
Cap Mil Inf José António de Campos Simão;
Cap Mil Inf Celestino Marques de Jesus.

A CCAÇ 12 (Contuboel, Bambadinca e Xime) foi extinta em 18/8/1974.

Mas também comandou a CCAÇ 14 (que esteve em Cuntima, 1969/74, foi extinta em 2/9/1974):

Cap Inf José Luís de Sousa Ferreira
Cap Inf José Augusto da Costa Abreu Dias
Cap QEO Humberto Trigo de Bordalo Xavier
Cap Inf José Clementino Pais
Cap Inf Mário José Fernandes Jorge Rodrigues
Cap Inf Vítor da Silva e Sousa
Alf Mil Inf Silvino Octávio Rosa Santos
Cap Art Vítor Manuel Barata

Fonte: CECA, 7.° Volume, Fichas das Unidades, Tomo II
Guiné, 1ª edição, Lisboa, 2002.

Recordaremos aqui, em próximo postel as referências elogiosas que lhe foram feitos em vida por camaradas  que o conheceram de mais perto (Victor Alves, António José Pereira da Costa, Joaquim Mexia Alves...). Para já deixamos aqui a expressão da nossa tristeza e os votos de condolências à família natural e à família "ranger".

_______________

Nota do editor:

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25161: In Memoriam (494): Carlos Faria ("Black"), ex-1º cabo 'cmd', Cmds CTIG, Grupo "Diabólicos": era natural de Braga, viveu em Manchester, e nos anos últimos anos em Vila Verde (Virgínio Briote, ex-alf mil 'cmd', cmdt Grupo "Diabólicos", Brá, 1965/67)



Foto nº 1 >  Guiné > Bissau > Brá > Setembro de 1965 > Comandos do CTIG > Grupo Comandos Diabólicos > "Foto de finais de Set 65, tirada em Brá, quando começaram os 'ensaios'  com as boinas vermelhas... Da esquerda para a direita: Marcelino da Mata, Caetano Azevedo, Virgínio Briote  (VB), Carlos Faria ("Black") e Mário Valente".


Foto nº 2 > Guiné > Bissau >  Comndos do CTIG >  1966 > Na BA12, Bissalanca, durante o treino com os ALIII: d esquerda para a direita, Mário Valente , VB, Carlos Faria ("Black").


Foto nº 3 > Guiné > Região do Oio > Manso >  Comndos do CTIG >  Setembro de 1965 >  
 da esquerda para a direita, VB, Valente de Sousa, Cordeiro e Carlos Faria ("Blk")



Foto nº 4 > Guiné > Região do Oio > Manso >  Comndos do CTIG >  Setembro de 1965 > De pe, da esquerda para a direita, Valente de Sousa, Carlos Faria ("Black") e VB.


Fotos (e legendas): © Virgínio Briote (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Virgínio Briote, nosso coeditor jubilado, ex-alf mil cav, CCAV 489/BCAV 490 (Cuntima) e ex-al mil cmd, Cmds do CTIG, cmdt do Grupo "Diabólicos" (Brá) ( 1965/67):

Data - 11 feve 20224 19:20

Assunto  - Baixas

Morreu o "Black", chegou a vez dele.

Em tempos,  escrevi isto no caderno das minhas memórias da Guiné, sobre o ex-1º cabo 'cmd' Carlos Faria ("Black"), do meu Grupo "Diabólicos", Comandos do CTIG (1965/67):

(...) Depois de um curto período de adaptação em Braga junto da família, e sem outros motivos que o prendessem, "Black" (o cabo Carlos Faria, o tal que omitira as habilitações escolares) resolveu esquecer tudo. Mudou-se para a terra dos Beatles, dormiu nas ruas, trabalhou em biscates, casou com uma inglesa, enveredou pela carreira de vendedor internacional, os filhos a crecer em Manchester, quando deu por si, estavam do tamanho dele. 

Nunca perdeu o contacto com alguns amigos de Braga, até que se decidiu pelo regresso. Vive só numa linda quinta em Vila Verde, nos arredores de Braga, onde de vez em quando é visitado pelos filhos e neta. Voltaram a encontrar-se em 2015, 
50 anos depois de terem partido para a Guiné no “Alfredo da Silva”. 

Um reencontro inesquecível. (,,,)

Hoje, a meio da tarde deste domingo, recebi uma chamada do João Machado, um excelente ex-alferes que correu a Guiné com os obuses entre 1965 e 67: "Morreu o Carlos, pá! Não há funeral! Telefono-te porque sei que eras amigo dele."

Com um abraço

V Briote
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Nota do editor:

Último poste da série > 13 de janeiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25066: In Memoriam (493): Falecimento do Capitão Miliciano de Artª da CCAÇ 3491 / BCAÇ 3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74), engº Fernando Pires (Luís Dias)

domingo, 14 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25070: Facebook...ando (49): O Fernando Moreira (1950-2021), ex-fur mil trms, CCS/BCAÇ 3883 (Piche, 1972/74) terá sido o último militar do exército a falar pela rádio com o ten pilav Castro Gil (1950-1979) antes do abate do seu Fiat G-91 R/4, "5437", por um Strela, em 31/1/1974, sob os céus de Canquelifá


Parelha de Fiat G-91 R/4


Vitor Manuel Fernandes Castro Gil, cap pilav
 (1951-1979). 
Fotos : Cortesia de Fernando Moreira / Quidnovi (2011)


1. Página do Facebook do Fernando Moreira (c. 1950- 2021) > 31 de janeiro de 2013 | 01;45

Há uma outra versão do abate do Fiat G-91 R/4, do ten pilav Castro Gil (*):  foi escrita pelo Fernando Moreira, ex-fur mil trms inf, CCS/BCAÇ 3883 (Piche, 1972/74); está ainda disponível na sua página do Facenook e foi também produzida, com a devida autorização do autor,  no Blogue Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 65/74 > domingo, 3 de fevereiro de 2013 > VOO 2688 – 31 Jan. 1974 - Míssil abate avião; eu "estava" lá.



Fernando Moreira, Fur mil trms 
CCS/BCAÇ 3883 (Piche, 1972//4)


Fernando Moreira (c. 1950-2021)


Fotos (e legendas): © Fernando Moreira  (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


O Fernando Moreira, que era nosso amigo do Facebook da Tabanca Grande, morreu há dois anos, em 12 de dezembro de 2021.  De acordocom a sua página, era  natural de Mirandela, andou nos Liceus de Bragança e Vila Real, bem como na Escola Agrícola de Coimbra; viva em Vila Real.  

O depoimento do Fernando Moreira, na primeira pessoa do singular, é também valioso para a história da guerra na Guiné e da FAP, porque foi ele, na qualidade de furriel de transmissões da CCS/BCAÇ 3883, em Piche,  o último militar do exército a falar com o ten pilav Castro Gil. 

Reproduzindo o seu texto (**), com a devida vénia, estamos a homenagear dois camaradas, já falecidos, que não queremos que fiquem inumados na "vala comum do esquecimento".

Ficámos também a saber que o nosso camarada da FAP, então já com o posto de cap pilav,  Vitor Manuel Fernandes Castro Gil (1951-1979), viria  a falecer, cinco anos depois, em 5 de janeiro de 1979, aos 28 anos na BA 5, Monte Real, num acidente com um T-33. Teria nascido, pois, em 1951. 

Mas, atenção, há outras versões deste episódio, anteriores à do Fernando Moreira.  No Blogue dos Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 65/74, pode ler-se:

Ver também no nosso blogue, Luís Graça & Camaradasda Guiné:

31 Jan 1974 - Míssil abate avião: eu "estava" lá

por Fernando Moreira


No início de 1974, a zona Leste da Guiné  [, rehião de Gabu], e particularmente a área sob o controlo do Batalhão com sede em Piche  [BCAÇ 3883, 1972/74], começou a sentir o forte assédio do PAIGC que se havia iniciado a Norte (em Guidage) e a Sul (em Guilege). 

Para poder cortar as rotas de comunicação e pressionar diretamente o aquartelamento de Piche, a estratégia do PAIGC passava pela tomada da nossa guarnição de Canquelifá  [CCAÇ 3545]mais a norte.

No dia 31 de janeiro 
 [de 1974], após aquele destacamento ter sido flagelado com mais de 50 foguetões de 122 mm em apenas duas horas (houve abrigos que não resistiram e ficaram destruídos), foi decidida uma acção de apoio aéreo. Da Base de Bissalanca [BA 12], , em Bissau, levantou uma parelha de aviões Fiat G-91 R/4 pilotados pelos tenente-coronel Vasquez e tenente  [CastroGil (na foto).

A missão, designada de "apoio de fogo", tinha como objectivo aliviar a pressão sobre a guarnição e, como tal, impunha-se auxílio logístico às aeronaves. Essa tarefa foi atribuída ao Comando do Batalhão, em Piche. 

Por volta das quatro da tarde, numa frequência rádio previamente determinada, estabeleceu-se o contacto. O alferes de transmissões encarregava-se das comunicações com o avião n.º 1 da parelha, enquanto a mim me cabia o n.º 2 , pilotado pelo tenente Castro Gil.

Fomos fornecendo coordenadas para ataque ao solo e outras informações solicitadas pelos pilotos. Entre elas destacava-se o "feedback" dos nossos colegas em Canquelifá que, por outra via rádio, nos davam conta daquilo que observavam da ofensiva aérea. 

Tudo indicava que a operação estava a decorrer com sucesso. Subitamente, quando fornecia ao "meu" piloto uma coordenada a norte de Canquelifá, ele deixou de falar e, acto contínuo, ouvi um barulho parecido a uma pequena explosão. E perdi o contacto. 

A seguir entra no meu rádio o comandante da esquadrilha e diz: "…o n.º 2 está em perda, foi atingido… está a cair… ejectou-se…". Depois ouvi-o comunicar com a base solicitando a mudança de frequência pelo que cessou aí a nossa ligação rádio.

Já de noite, soubemos que o avião tinha sido atingido por um míssil terra-ar SAM-7 (conhecido por Strela), durante a recuperação de um "passe de bombas", eventualmente feito sem a necessária aceleração, entrando assim no "envelope do míssil". 

O piloto ejectou-se (a explosão que ouvi pela rádio terá ficado a dever-se a essa ação de evasão), conseguindo dirigir-se para Norte e passando a noite para lá da fronteira com o Senegal. 

Ao amanhecer iniciou uma caminhada para sul, a fim de tentar encontrar a estrada Canquelifá – Piche, contornando as linhas inimigas. Esta decisão, inteligente, ter-lhe-á valido não ser capturado pelo PAIGC.

Entretanto, estavam já na zona os meios de busca e salvamento: várias aeronaves (nunca vi tantas!), os paraquedistas e o famoso grupo do Marcelino da Mata transportados em helicópteros. 

O ten Gil avistou os aviões que o procuravam e, sem hipóteses de os contactar, continuou a caminhar. Cansado e cheio de sede, resolveu entrar numa tabanca onde pediu água. Felizmente para ele foi recebido de um modo amistoso e deram-lhe água e laranjas, o que o levou a oferecer 1000 pesos a quem o levasse a um quartel da zona. 

À vista de tal quantia, foi o próprio Homem Grande da tabanca que, pegando na sua bicicleta, o transportou ao posto da tropa mais próximo, Dunane, situado na estrada para Piche. Como em Dunane os militares eram todos africanos, o piloto pediu que o levassem até um quartel com militares brancos. o que fez o homem grande pedalar rijo até Piche.

Em Piche, cerca das 18 horas, uma multidão aguardava o tenente Castro Gil. Toda a gente o queria ver e cumprimentar. Eu ainda consegui dar-lhe um aperto de mão e identificar-me como o seu ajuda rádio durante a operação e no momento do impacto do míssil. Ele retorquiu: "Eh pá… não houve hipóteses” (de escapar)!"

Depois de descansar, se alimentar e pagar a dívida ao Homem Grande, partiu num Dakota que o esperava na nossa pista de aviação. Consta que em Bissalanca outra recepção grandiosa aconteceu.

O avião (Fiat G-91, nº identificação "5437" (na foto) do tenente Gil foi o último a ser abatido por um míssil terra-ar Strela antes da independência. Durante a guerra colonial, na Guiné, foram abatidos 7 aviões Fiat G-91 de que resultou 1 piloto morto e 6 ejecções com êxito e posterior resgate.

Por ironia do destino, o tenente Victor Manuel Castro Gil que em 31/1/1974 resistiu, como vimos, a um míssil e a uma ejecção em zona de guerra, veio a falecer em Monte Real, a 5 de janeiro de 1979, com 28 anos, aos comandos de um T-33 durante a fase de aterragem.

(Referências: José Manuel Pinto Ferreira, em “Luís Graça & Camaradas da Guiné”; Arnaldo Sousa, em “Especialistas da Base Aérea 12, Guiné”)

Autoria: Fernando Moreira, Ex-Furriel Miliciano de Transmissões de Infantaria – Guiné-Bissau (Piche: Maio de 1973 a Junho de 1974; Bissau, CHERET, Jul. a Set. 74). 

Publicado em "Guerra Colonial - A História na Primeira Pessoa" da QUIDNOVI. (Trata-se de um conjunto de 16 volumes, de 111 pp. cada. da autoria de Paulo F. Silva e Orlando castro, Edição: Quidnovi, Vila do Conde 2011.)

(Seleção, revisão / fixação de texto, negritos, notas entre parênteses retos: LG)

Referência bibliográfica:

Guerra colonial : a história na primeira pessoa / texto Paulo F. Silva, Orlando Castro ; rev. Mariana Guimarães. - Vila do Conde : QuidNovi, cop. 2011-. - v. : il. ; 23 cm. - Contém bibliografia. - 

1º v.: Antecedentes e Baixa de Cassange. - 111 p. 

2º v.: 4 de Fevereiro e massacres de Março. - 111 p. 

3º v.: Formação da Frelimo e PAI passa a PAIGC. - 111 p. 

4º v.: Nova frente militar ; Criação dos comandos (1962) e primeiras operações. - 111 p. 

5º v.: Operação Tridente ; Bases militares na Tanzânia e o inicío da luta armada. - 111 p. 

6º v.: Operação Águia, em Mueda ; Bloqueio do porto da Beira. - 111 p. 

7º v.: Fundação da UNITA ; MPLA abre a frente leste da guerra. - 111 p. 

8º v.: Acções militares do ELNA-FNLA ; UNITA expande-se para Leste ; Cunene e Cahora Bassa. 

9º v.: A pior situação militar ; A guerra expande-se ; Operações do MPLA no Leste. - 111 p. 

10º v.: A chegada de Spínola ; Crise política na FRELIMO ; Operação Zeta ; Kaúlza nomeado comandante da Região Militar de Moçambique. - 111 p. 

11º v.: Samora Machel assume a liderança da FRELIMO ; Operação Nó Górdio ; Operação Mar Verde. 

12ºv.: Acção psicológica ; A terceira via de Marcelo. - 111 p. 

13º v.: O papel de Costa Gomes ; O papel de Kaúlza de Arriaga. - 111 p. 

14º v.: O papel de Spínola ; Morte de Amílcar Cabral ; Movimento dos capitães. - 111 p. 

15º v.: A revolta dos capitães ; Operação Madeira ; Acontecimentos na Beira. - 111 p. 

16º v.: O fim da guerra colonial. - 111 p.  (...)


Comentários (selecionados)
 
José Ferreira

Mais uma bonita história dos nossos Combatentes na Guiné. Eu, que estive "de férias" ali naquela zona, incluindo Dunane, fico abismado com as diferenças em relação aos fins de 1968.

Arlindo Marques

Canquelifá, foi para a companhia 122 de Páras, da qual eu fazia parte, um lugar de má memória, porque perdemos um camarada, por rebentamento de mina, quando faziamos proteção ( guarda de flanco) a uma companhia do exército.

Antonio Rodrigues

Neste dia em que o FIAT G91 foi abatido, encontrava-me em Copá a embrulhar fortemente para não fugir à regra do dia a dia, como acontecia por ali e em Canquelifã naquela altura. O avião foi abatido na área entre Copá e Canquelifã, que distavam cerca de 12 Kms, portanto assistimos a toda aquela cena de muito perto. 

Depois de o Piloto se ter ejectado após ser atingido e ter ganho bastante altura, o avião guinou para o lado esquerdo do sentido em que voava, fez quase uma inversão de marcha, ficou completamente descontrolado e veio a despenhar-se paralelamente a Copá, junto à fronteira com o Senegal. 

Em Copá vimos toda esta cena a olho nu. Passam hoje 39 anos sobre este acontecimento, mas estas imagens ficaram-me gravadas para sempre na memória. 

Mais uma vez os meus sinceros Parabéns por este belíssimo trabalho do Fernando Moreira.

Rui Bruno

O ten Gil morreu mais tarde na BA5, já no posto de capitão (em 1979) a bordo do T-33A Tail Number 1925, quando o seu avião embateu na pista durante a recuperação de um Touneaux.... Morreu também o cap Santos Costa.

Carlos Pinto

Tive três irmãos na Guiné. Já ouvi tantas histórias deles, que nomes como Guidage, Guilege e outros locais até já me são familiares.

Antonio Victor Pegas

Aterrei num Boeing 707 à luz de archotes, com um carregamento vindo de Luanda, depois foi cerveja e ostras no Espada e para adormecer tivemos morteirada ao longe.....e o meducho dos mísseis terra ar....

Rui Costa Branco

Era um miúdo com 5 anos mas lembro-me bem da chegada do ten Gil à base de Bissalanca.

Pedro Costa Branco

Pois é Rui Costa Branco, eu ainda não era nascido, mas já ouvi esta história contada algumas vezes pelo nosso pai.

Armando Pereira Gonçalves

O Gil um grande amigo meu, eu também lá estava, ele andou perdido no mato, sei a história toda, contada pessoalmente por ele, éramos grandes amigos, um tipo pequeno mas com uma enorme nobreza, depois estive com ele na BA5 quando lá fui jogar futebol de Onze, pela equipa da BA4, tive imensa pena com a morte do Gil, foram um bocado estúpidas estas mortes. Que continue em Pal a sua Ala. GVS

Maurício Gomes

Nos primeiros mêses de 1974 estava eu em Binta a fazer proteção à construção da estrada Binta - Guidage e naquela zona (o Cufeu) tinha no ano anterior sido palco de terríveis emboscadas às colunas que reabasteciam Guidage, na nossas deslocações para o local,onde estavam as frentes de trabalho que íamos proteger, encontrávmos com muita frequência minas anti-carro e anti-pessoais e tivemos até uma com elevada carga de explosivos que destruiu completamente a Berliet - rebenta minas... Também uma anti-pessoal vitimou um camarada que foi evacuado de helicóptero para Bissau, destas imagem nunca mais me esqueço e muito surpreendido fiquei com a rapidez da chegada do helicóptero ao local.

 Voltando ao atrás referido Cufeu, também é uma das imagens que me ficou gravada, aquele verdadeiro campo de batalha onde encontrávamos viaturas todas destruídas pela nossa aviação no ano anterior, Berliets, Unimogues, Mercedes, sei lá que mais, ao lado de buracos enormes no chão, resultantes das bombas dos Fiats que foram em auxilio das nossas tropas que já tinham debandado e o inimigo apoderou-se das viaturas da coluna,  daí o facto do bombardeamento ter destruído as viaturas que eles alegremente já condiziam em comemoração.

Antonio Rodrigues

Caro Maurício Gomes, quando cheguei à Guiné em Setembro de 73, não se falava de outra coisa , o assunto principal era Guidage e Guilege. A mim coube-me em sorte Copá, onde vivi e assisti a esta história do abate deste Fiat.

António Maia

Estive em Catió de 72 a 74. Como conheci esta história. Guilege, Cacine, Gadamael, Cufar, pertenciam ao meu Batalhão, e ainda tinhamos a celebre Ilha de Como, bem próxima.

Jose Maria de Noronha

Geração heroica.

Carlos Santos

Estava na BA 12 nessa altura,
 
Alvaro Seabra

Um facto histórico!

Carlos Barbosa

Estava em Buruntuma, CCAÇ 3544. Um grande abraço a todos os ex-combatentes.
 
Carlos Manuel Prazeres Cerqueira

Pois nesse altura em Dunane já só estava a milicia,  embora estivesse lá um Pelotão da CCAÇ 3545 ou seja o 3º Pelotão,  comandado pelo nosso Alferes Francisco Presa .

Carlos Ferreira

Em Guileje foi o primeiro a ser abatido, em 25 de março de 1973... Aconteceu quase tudo igual só que era o tenente Pessoa, ainda vivo, graças a Deus.
 
Luis Gonzaga Rocha

Em 31 de janeiro de 1974 eu estava em Guidage na CCaç 4150.

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 12 de janeiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25059: Casos: a verdade sobre... (39): "Canquelifá era o seu nome" - Uma batalha de há 50 anos (José Peixoto, ex-1º cabo radiotelegrafista, CCAÇ 3545 / BCAÇ 3883, 1972/74) - Parte II: o abate do último Fiat G-91 R/4, em 31/1/1974, a recuperação do piloto, ten pilav Victor Manuel Castro Gil

(**) Último poste da série > 29 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P25013: Facebook...ando (48): No tempo em que passva na televisão o "Natal do Soldado" (A. Marques Lopes, autor de "Cabra Cega", livro de memórias, 2015, 582 pp.)