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quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Guiné 63/74 - P10891: (Ex)citações (204): Alpoim Calvão e a Operação Nebulosa: revelações de Jorge Félix, ex-alf mil pil av heli AL III, e comentário de João Meneses, 2º ten fze, RN, DFE 21, 1972

1. Mensagem de Jorge Félix, ex-alf mil pil av, heli, AL III (Bissalanaca, BA12, 1968/70)


Data: 1 de Janeiro de 2013 23:34

Assunto: Alpoím Calvão


Caro Luís,

Grato pelos teus votos de ano novo, e parabéns pelas fotos :))

Estou perdido com as tecnologias pois algo não está bem com o meu PC.

Já respondi ao João Meneses, não conseguindo meter no nosso Blogue (*).

Envio por este meio para fazeres o que achares melhor.

Entretanto já meti no Facebook [,na página da Tabanca Grande,] não sei se bem :))) (**)


___________________

2. Resposta de Jorge Félix ao João Meneses:

Caro João Meneses


Desde já o meu muito obrigado por ter dado um "parecer" ao meu comentário, a uma passagem do livro
"Alpoim Calvão, Honra e Dever".

Neste meu comentário, deveria ter informado, que na Operação Nubelosa, o Senhor Comandante Alpoim Calvão, "e um pequeno grupo de fuzileiros", invadiram o território da Guiné-Conacri e afundaram  a motora 'Patrice Lumunba'. (Informação para quem não leu o livro e possa entender o meu reparo). [, Operação iniciada a 15 de agosto de 1969] (***)

Caro João Meneses, esta operação não foi ir ali ao "tarrafo dar dois tiros e chamar os helis"...Não sei se conhece a região em causa, Foz do rio Cacine (Ali perto, a umas milhas, o PAIGC tinha anti aéreas). Um sitio que se chamava "Quitafine" e,  uns tempos antes, onde também estive, os Paras tiveram que sair sem conseguir avançar no terreno. (Uma outra operação).

Quando falo em "romancear", pretendo dizer que o que está escrito, foi romanceado. Não corresponde à verdade.

Se por um lado , os Fuzileiros fazem uma operação "milimétrica", a FAP, num momento também importante da operação, atuava como relatam: "Os helicópteros andavam a sobrevoar toda a costa da foz do Cacine, não podendo supor que o seu objetivo se encontava naquele baixio tão distante." (linha nº 21, pg 184)

Só não conhecendo a região, pode falar em andarem Helis a sobrevoar "toda a região da foz do Cacine"....

Sim, um "segundo" é muito tempo, e caro João, o Senhor Comandante Alpoím Calvâo [, foto à direita, cortesia do sítio oficial do seu livro,], nesse dia, deve ter esperado 50 minutos desde que pediu a evaquação. (De Al III,mais rápido só com vento de cauda forte).

Faz-me duas perguntas para justificar o que escreveu: "Ademais, para além da sua específica missão, e se foram ouvidos outros  Hélis na zona, não estariam eles noutras missões, desconhecidas do próprio e de outros? Não seria uma realidade? Não seria  legítima uma interpretação empírica?"

Ja percebeu que naquela região os meios aéreos não podiam voar em altitude! Escutar um Heli em baixa altitude, não lhe dá um raio superior a 500 (quinhentos) metros.... as interpretações empíricas podem ser respeitadas por todos, ...

Atendendo a que isto não vai ao conhecimento do sr AG, e para repor a verdade aqui no nosso Blog, vou falar no "tal pormenor" que só poderá ser do conhecimento do Sr Com Alpoim Calvão, e dá credito aquilo que digo.

Ordens do Sr Gen Diogo Neto:  Vai "evacuar" um fuzileiro que torceu um pé. (Ultrapassemos o local). Vai sem mecânico e enfermeira. (Outro pequeno detalhe, as evacuações de heli, terminavam no Heliporto do Hospital Militar). No regresso, aterra no inicio da pista (não na placa, como também podia acontecer) onde, no dizer de Diogo Neto, eu estarei para transportar o "fuzileiro". Não comente esta "operação".... (Isto foi respeitado até este momento). 

Se um dia estiver com o Sr Com Alpoim Calvão, poderá perguntar a verdade desta "história". Não devem ter acontecido , ao Sr Com Alpoim Calvão , muitas evacuações no "meio do mar" e ter à sua espera no inicio da pista de Bissalanca  o Comandante Diogo Neto, que o transportou no Mercedes de vidros "foscos", aqui romanceio eu, para junto de Spínola onde foi contar a  operação.

Sem sentir que foi dada uma imagem negativa da FAP, senti que não foi dita a verdade que eu vivi.

Como aprendi neste "blog"a lutar por ela, vim novamente dar o testemunho da vivência que não deveria ter outra interpretação...

Com amizade e respeito

Jorge Félix

1 de Janeiro de 2013

Abraço e bom Ano Novo

Jorge Félix

Fotos acima reproduzidas, retiradas da página do Facebook do nosso camarada Jorge Félix. Com a devida vénia...

____________


Notas do editor:

(*) Vd. poste de 30 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10877: Notas de leitura (444): Um reparo à descrição da Operação Nebulosa inserta no livro "Alpoim Calvão - Honra e Dever" (Jorge Félix)

(...) Comentário de João Saldanha Meneses [, 2º ten fze, RN, DFE 21, 1972, nosso grã-tabanqueiro nº 591]

Caro Amigo Jorge Felix

Permita-me, com todo o respeito, discordar da sua última afirmação, cito: "Numa próxima edição, este facto romanceado, deveria ser alterado, a fim de dar uma outra imagem da FAP.  As esperas intermináveis dos helis, aconteciam quando não havia meios para 'acudir' a todos ao mesmo tempo."

Deixo-lhe um testemunho simples de que a FAP e o seu nome, NUNCA foram postos em causa, nem interpretei como tal no que está escrito no livro de "Alpoim Calvão". Nem é romance sequer. Ao dar-se a conhecer como o autor daquela operação, dou-lhe os meus cumprimentos. Falar da FAP em geral, já é outra coisa.

Devo a minha vida a evacuação feita pelos Helis, após ferimentos graves em combate.  Compreende aqui a minha gratidão particular e geral pelo que a FAP fez no teatro da Guiné ou qualquer outro.
Compreendo o autor ao dar a entender que demorou tempo a chegada do Heli, É que "UM SEGUNDO" de espera era uma eternidade. 

Todo o processo desde o pedido até este ser realizado, não é instantâneo e todos os que passaram por isso, o sabiam. Mas repito: É que "UM SEGUNDO" de espera era uma eternidade.

Sem responsabilizar a FAP, ou mesmo responsabilizando-a pelo bom comportamento, interpretei o autor, não como um romancista, mas como um tradutor EXACTO do que passa em tais circunstâncias. Ademais, para além da sua específica missão, e se foram ouvidos outros Hélis na zona, não estariam eles noutras missões, desconhecidas do próprio e de outros? Não seria uma realidade? Não seria legítima uma interpretação empírica?

Deixo um pergunta no ar: Alguma vez se colocou em causa ou se tentou criar uma imagem negativa da FAP? Bem pelo contrário, caro Jorge, Muito pelo contrário

Com toda a minha amizade e compreensão
Um Fuzileiro
João Meneses

(**) Último poste da série > 3 de deszembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10757: (Ex)citações (203): O "fado das comparações"... ou o humor sarcástico do Cancioneiro do Niassa(Luís Graça)

(***)  Vd. Fórum Armada, página não oficial da Marinha de Guerra Portuguesa (Excerto, reproduzido  com a devida vénia)

(...) A OPERAÇÃO MAR VERDE > Parte 2 – A decisão e a preparação 

Uma das preocupações de Spínola para enfraquecer o PAIGC era a de estancar o fluxo de abastecimentos, grande parte do qual era feito por via marítima e fluvial. Era importante negar ao PAIGC essa capacidade e para isso, em princípios de 1969, foi feito um vasto trabalho de recolha de informações sobre a frota de embarcações do PAIGC. No decorrer deste trabalho ficou-se a saber que o PAIGC tinha, para além de três pequenos navios e de um número indeterminado de canoas e botes a motor, de duas ou três lanchas rápidas do tipo P6, fornecidas pela União Soviética. Este país tinha igualmente fornecido à Guiné Conakry quatro lanchas rápidas do tipo Komar.

Integrado no quartel-general de Spínola estava o Corpo de Operações Especiais que, comandado pelo capitão-tenente Guilherme Alpoim Calvão (dos Fuzileiros) preparou e executou uma série de acções contra os meios navais do PAIGC. Estas consistiram em emboscadas fluviais montadas pelos Fuzileiros, em botes pneumáticos, que tomavam de assalto os navios do PAIGC. Foram assim capturados e destruídos dois navios, o Patrice Lumumba, da Guiné-Conakry mas ao serviço do PAIGC (Operação Nebulosa, em Agosto de 1969) e oBandim (Operação Gata Brava, em Fevereiro de 1970, em território da Guiné-Conakry), este último especialmente importante para o movimento guerrilheiro. Em resultado destas operações, a capacidade de abastecimento do PAIGC foi severamente afectada.

Mas as pequenas lanchas rápidas do PAIGC e da Guiné-Conakry constituíam um sério risco para os navios portugueses, sobretudo se usadas de noite ou tirando partido das condições hidrográficas da Guiné Portuguesa. As P6 eram um modelo soviético dos anos 50, armadas de torpedos e canhões ligeiros. (...).


Sobre a Op Nebulosa, vd. também o nosso poste de 21 de outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5139: Notas de leitura (30): Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa, de Saturnino Monteiro (Beja Santos)

(...) Em 1969, Alpoim Calvão regressa à Guiné e insiste com o brigadeiro Spínola para que se retomassem as operações destinadas a capturar os navios que andavam ao serviço do PAIGC. Spínola acede à realização dessa operação. Alpoim Calvão planeou a operação “Nebulosa”, que se iniciou em 15 de Agosto de 1969: Calvão era acompanhado pelo segundo-tenente Rebordão de Brito, dois sargentos e dez fuzileiros especiais e levavam quatro botes de borracha. 

A 27, quando se aproximou um navio, mais tarde identificado como sendo o Patrice Lumumba, os botes de borracha saíram do esconderijo e foram ao seu encontro. Como tivesse havido reacção, a força comandada por Calvão atacou com granadas lacrimogéneas e tiros de G-3, a que se seguiu um breve combate corpo a corpo. A bordo encontravam-se 24 pessoas, entre as quais 3 elementos do PAIGC (um deles morto durante o assalto), que foram aprisionadas. O Patrice Lumumba, muito danificado, teve de ser abandonado. (...)

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10784: (Ex)citações (204): Razões portuguesas e razões guineenses (João Meneses / Cherno Baldé)

1. Resposta do João Meneses [, fo to ao lado, ] ao comentário do Cherno Baldé ao poste P10769 (*)


Data: 7 de Dezembro de 2012 23:54

Assunto: Resposa a comentário de Cherno Baldé


Caro Luís e Carlos

Deixo exclusivamente ao vosso critério, em vez de o fazer directamente, a publicação da resposta (a seguir) que gostaria de dar a Cherno Baldé, critério que são vocês os únicos indicados para decidir.

Na actualidade:

1 - Sempre fui e serei Português (com muito orgulho)

2 - Cherno Baldé é Guineense (certamente com muito orgulho)
No tempo da guerra éramos todos Portugueses, independentemente de conceitos diversos sobre o tema.

Segue a minha resposta.

Um grande abraço, Luís e Carlos

2º TEN FZE João Carvalho Meneses
_________________________
Em resposta a Cherno Baldé [, foto à direita] (**):

Desejo-lhe a melhor sorte da vida. Não o conheço a si, nem me conhece igualmente a mim, como prova o seu comentário. Logicamente que o Zé Macedo nada tem a haver com isto, conforme esclarece, e oportunamente, o Luís Graça, estando ele totalmente isento, por direito, e como tal sugiro que lhe apresente desculpas, ou admita que se enganou. Bastava que antes de escrever, tivesse lido com mínima atenção. Levou-o simplesmente o ataque. Do que escrevo, sou eu o único responsável, conhecendo que por vezes, para que todas as sensibilidades fiquem esclarecidas, para dizer uma única palavra, deva fazer uma explicação do sentido que essa mesma palavra pretende.

Se esse comentário se dirigiu ao meu artigo, certamente que sim, caro Baldé. Mas ataque, o conceito e não a pessoa. Não distingo, nem sequer admito que eu o pudesse fazer, entre o PAIGC e o POVO da Guiné Bissau, dado que num estado democrático, é o Povo que elege (ou deve eleger) qual o partido ou os partidos que o devem governar. As lutas internas dos partidos deveriam só a eles dizer respeito, não tendo o direito de fazer sofrer um Povo inteiro, ao tentarem impor-se. Posso extrapolar para qualquer povo. Acrescento qu, e para além da linha PAICG, existem outras, e que é o povo que as escolhe. Não entro, aqui, em análises políticas, por saírem fora do interesse deste espaço e do meu próprio.

Assim, com esta introdução, afirmo-lhe que o PAIGC não tem a importância que o povo tem. Só o tem, se for eleito e o servir na realidade. Vê qual a ordem de prioridades?

Sobre a existência de lutas tribais, já Amílcar Cabral, inconfesso defensor da Guiné e seu Povo, reconhecia essa evidência, derivada de variadíssimos factores, entre eles as diferentes crenças religiosas e comunicação. Verifique-se primeiro: O território da Guiné Bissau diminui 1/3 entre a maré vazia e a cheia. As vias de comunicação são dificílimas de implantar dado que, de um ponto a outro, se tem que contornar bolanhas extensas, aumentando exponencialmente as distâncias. A comunicação entre as diversas ilhas, necessitariam de um serviço minimamente eficiente de meios de transporte, marítimos e fluviais. Os recursos naturais têm limitados meios de produção, etc, etc, que saberá mais aprofundadamente do que eu.

Quanto à droga, está à vista. É organizada por estrangeiros que se servem da Guiné, mas que acabam por os envolver. Não são os Guineenses que plantam, fornecem e distribuem a droga. O dinheiro fácil, corrompeu alguns que, por razão da movimentação dos capitais envolvidos, tentam impor à política a facilitação do pretendido. Estudos internacionais sobre este problema já reconheceram a sua existência, a razão da mesma e o descontrolo.

Quanto ao "está-lhes no sangue", referi-me às evidências do que tem acontecido nas classes dirigentes, até à data, não desde a autoproclamação da Independência, mas a partir da saída dos Portugueses.

Repare, tudo isto, à revelia do Povo.

Dou por finda a minha explicação sobre o que penso da Guiné, desejando a todos os Guineenses que consigam entender-se e estabilizar, para que o Povo tenha a legítima dignidade que ele merece.

Não me leve a mal que escreva o que penso. Não pretendo ofender nenhuma sensibilidade. No tempo em que estive na Guiné morreram Portugueses de várias cores incluindo camponeses.

Com respeito

João Carvalho Meneses

______________

Nota do editor:


(*) Vd. poste de 7 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10769: Tabanca Grande (371): João Carvalho Meneses, ex-2º TEN FZE RN, DFE 21, 1972, grã-tabanqueiro nº 591

(...) (i) Comentário de Cherno Baldé,com data de 7/12/2012:

Caro João Meneses,

"(...)aquela terra está ainda muito longe da calma e estabilidade, com sucessivos golpes. Infelizmente está-lhes na massa do sangue, tanto pelas guerras étnicas, como pelo dinheiro fácil - a droga, como também por ganâncias pessoais".

Esta frase cega, que não faz nenhuma diferença entre o PAIGC e os cidadãos da Guiné-Bissau, vinda de um português de origens caboverdianas e que fez a guerra no território que hoje considera violenta e cujos habitantes têm a violência no sangue, é no mínimo infeliz e lamentável.

O FZE do DFE, Tenente Meneses, hoje advogado, tinha a obrigação de conhecer bem a história da Guiné, ou melhor, da Guiné de Cabo-Verde e saber quem, na verdade, semeou, ao longo dos séculos nos rios da Guiné, ou ainda trás no sangue os germes da intriga étnica e da violência.

Tanto assim que o próprio nos esclarece melhor quais as suas origens e a vocação da sua familia:

"(...) Meu Bisavô, meu Avô também morreu em Angola, etc. Família, sabes. (...)".

Afinal, quem trás a guerra e a violência na massa do sangue?

São os Guinenses, concerteza. Quem havia de ser?

Cherno Baldé. (...)

(...) (ii) Novo comentário do Cherno Baldé, com data de 10/12/2012

Caro Luis e amigos da TG,

Desculpem esta recepção um tanto crispada ao João Meneses que confundi com o José Macedo, mas a intenção foi chamar a atenção sobre a ambiguidade de certas frases e discursos que, não sendo intencionais, acabam em generalizações abusivas.

Na Guiné nunca houve guerras étnicas, pois aquilo que se considera como tal, por exemplo entre fulas e mandingas, na minha opinião, era muito mais que isso, porque dificilmente se poderá tomar cada um destes grupos simplesmente como uma etnia. Mas isto é outra história.

Desejo boas vindas ao amigo João Meneses a nossa Tabanca Grande porque eu sei que ele gosta da Guiné e dos Guineenses e aproveito dizer-lhe que tivemos familiares integrados nos FZE (não sei se no 21 ou 22) dos quais me lembro do Sedjali Embaló, preso e morto nos primeiros anos após a independencia.

Cherno Baldé

(**) Último poste da série > 3 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10757: (Ex)citações (203): O "fado das comparações"... ou o humor sarcástico do Cancioneiro do Niassa(Luís Graça)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10780: Tabanca Grande (372): O resto da autobiografia do nosso último grã-tabanqueiro, nº 591, João Carvalho Meneses, 2º tenente fuzileiro especial na situação de reforma, DFA, a residir em Azoia de Cima, Santarém

1. Mensagem de 9 do corrente do João Carvalho Meneses,  o nosso último grã-tabanqueiro (que, espero,  não será o último nem deste ano nem do resto da vida Tabanca Grande, que vai completar 9 anos a 23 de abril de 2013, e que teoricamente deveria encerrar, para balanço, quando chegar - se lá chegar - aos 11, os míticos 11 da guerra colonial na Guiné, 1963/74):

 Assunto: actualizações

Amigos: Primeiro que tudo, um grande abraço.

 (...) Junto mais alguns dados individuais, que penso te possam interessar para o Blogue:

Data de Nascimento: 05-01-1948
Data da Morte: terá que ser outro a escrever
Data de alistamento: 19-09-1971
Data de Imposição das Boinas aos Fuzileiros Especiais: 16-03-1972
Data de Promoção a Aspirantes: 14-04-1972
Data da disponibilidade: 01-05-1974 (note-se o dia - 1º de Maio, feriado oficial)
Local de Nascimento – Freguesia de Santos-o-Velho, Lisboa, PORTUGAL
Local de Falecimento – A ver vamos ….
Local de Residência – Azoia de Cima, Santarém, PORTUGAL
NOTA: Não sou EX-Ten. Sou 2º TEN FZE na Situação de Reforma (pela razão de DFA)

Afirmei também a dada altura que os meus problemas duram há 33 anos, mas foi erro meu tipográfico. Dado que ainda estou vivo, fez este Setembro 2012, a dias 29, 40 anos sobre o facto [, o grave ferimento em combate ocorrido na região do Cubisseco, a sudoeste de Emapada]

Novo Alfa Bravo (como vocês dizem)

2º TEN FZE Carvalho Meneses, Guiné, 1972
_____________

Nota do editor:


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10769: Tabanca Grande (371): João Carvalho Meneses, ex-2º TEN FZE RN, DFE 21, 1972, grã-tabanqueiro nº 591



Notícia do juramento de bandeira do 19º CFORN, na Escola Naval, em 14 de abril de 1972... Foto: Revista da Armada, junho de 1972, p. 24 (Com a devida vénia...)


1. No passado mês de novembro, "assinou" o nosso livro de visitas o camarada João Meneses, na sua qualidade de 2º Ten FZE RA, antigo oficial do Destacamento de Fuzileiros Especiais 21, na Guiné, no ano de 1972, e DFA - Deficiente das Forças Armadas, ferido em combate na provincia do Cubisseco [, a sudoeste de Empada, vd.carta de Catió,] em 27 de Setembro desse ano (*).

Hoje mandou-nos a seguinte mensagem:

Caro Luís:

Já vi publicados os meus últimos mails, que muito agradeço. Junto agora algumas fotografias, duas em que é o meu juramento de Bandeira, outra a Imposição das Boinas, e outra em Homenagem ao Rebordão de Brito, com quem servi na Guiné, na data da sua medalha de Torre e Espada. Foram tiradas da Revista da Armada, exemplares que tenho em meu poder. Junto também uma fotografia "actual", cópia da que tenho no meu cartão DFA.

Com um grande abraço
2ºTen FZE Carvalho Meneses


 O João Meneses, ou Carvalho Meneses, como era conhecido na Guiné,  pediu formalmente o ingresso na nossa Tabanca Grande, tendo para o efeito entregue uma foto atual [ vd. acima, à direita,] e fotos de grupo do seu  tempo de tropa.

De seu nome completo João Frederico Saldanha Carvalho e Meneses, nasceu a 5/1/1948, fez parte do 19.º CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval, tendo sido alistado a 19/9/71, e jurado bandeira e promovido a aspirante em 12/4/1972.



Notícia da imposição das boinas a 130 novos fuzileiros especiais, do 27º Curso de FZE, em cerimónia que decorreu a 16 de março de 1972. Notícia dada pela Revista da Armada, maio de 1972, p,. 24.


19.º CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval


Segundo elementos informativos que recolhemos da página Reserva Naval, do nosso camarada Manuel Lema Santos, o 19º CFORN incorporou 115 cadetes assim distribuídos pelas várias classes: (i) 23 cadetes na classe de Marinha, (ii) 1 cadete da classe de Médicos Navais, (iii) 6 cadetes da classe de Engenheiros Maquinistas Navais, (iv) 32 cadetes da classe de Administração Naval, (v) 28 cadetes na classe de Fuzileiros e (vi) 25 cadetes na classe de Técnicos Especialistas.

Vinte 20 oficiais deste curso serviram no TO da Guiné, incluindo o João Menezes. Aqui vai a lista completa (Fonte: Reserva Naval)

2TEN RN Alfredo Augusto Cunhal Gonçalves Ferreira e 2TEN RN José Manuel Soares Dionísio na LFG “Sagitário”,

2TEN RN Emídio Branco Xavier na LFP “Alvor”,

2TEN RN Virgílio Manuel da Cunha Folhadela Moreira na LFP “Aldebaran”,

2TEN RN José Aparício dos Reis na LFG “Cassiopeia”,

2TEN RN José Alfredo Queiroga de Abreu Alpoim na LFG “Argos”,

2TEN RN Luís Alberto Moreira Pires e Pato na LDG “Alfange”,

2TEN AN RN José Manuel do Nascimento e Oliveira Covas,

2TEN AN RN Miguel Ângelo da Cunha Teixeira e Melo,

2TEN FZ RN António Patrício de Sousa Betâmio de Almeida e 2TEN FZ RN José Manuel Correia Pinto no Comando de Defesa Marítima da Guiné,

2TEN FZ RN Celestino Augusto Froes David na CF 12,

2TEN FZ RN João Pedro Tavares Carreiro e 2TEN FZ RN Manuel Maria Romãozinho Alves Ferreira na CF 2,

2TEN FZE RN João Carlos Cansado da Costa Corvo e 2TEN FZE RN José Manuel de Carvalho Passeira no DFE 22,

2TEN FZE RN João Frederico de Saldanha de Carvalho e Meneses e 2TEN FZE RN Manuel Maria Peralta de Castro Centeno no DFE 21,

2TEN FZE RN José Manuel da Silva Morgado e 2TEN FZE RN Luís Pereira Coutinho Sanches de Baena no DFE 12.


Destacamento de Fuzileiros Especiais nº 21 (DFE 21)


O nosso novo grã-tabanqueiro Carvalho Meneses serviu no prestigiado DFE 21, mas por pouco tempo, dado ter sido ferido gravemente em combate e evacuado para o Hospital Principal, em setembro de 1972 (*).

Veja-se, entretanto,  o interessante apontamento sobre a história do DFE 21, escrito pelo Manuel Lema Santos. Aqui vão alguns pontos:

(i) Para ingressar nos quadros de Fuzileiros Especiais Africanos do Comando de Defesa Marítima da Guiné foram seleccionados 150 de um total de 900 voluntários (!);

(ii) Foi dada preferência aos assalariados do Comando de Defesa Marítima, dos Serviços de Marinha, guias das Unidades de Fuzileiros, impedidos das câmaras dos navios e das messes de oficiais, pessoal na generalidade familiarizado com a vida na Marinha; também foram admitidos estivadores e pessoal que já cumprira o serviço militar em companhias de milícias ou caçadores nativos;

(iii) Na formação do DFE 22 (inicialmente comandado por 1º TEN FZE Rebordão Brito, foto à esquerda,  cortesia da Revista da Armada) já teve em linha o critério étnico ou o chão, o que não aconteceu com o DFE 21 (, o que terá sido um erro, segundo Manuel Lema Santos);

(iv) O centro de instrução situava-se em Bolama; os oficiais e sargentos bem como alguns cabos e marinheiros eram metropolitanos, de rendição individual;

(v) O recrutamento inicial de elementos guineenses para integrar o DFE 21 ocorre em Setembro de 1969;

(vi) Depois de activado, em 21 de Abril de 1970, participou, até Maio, em diversas operações no sul da Guiné,  tendo sofrido pesadas baixas entre mortos e feridos, entre os quais se incluíram alguns oficiais e sargentos;

(vii) Juntamente com o DFE8, passou a estar sedeado na vila de Cacheu;

 (viii) Em Agosto de 1970, depois de uma curta passagem por Buba, o DFE 21 foi transferido para Brá, para se juntar aos preparativos que antecederam a organização da Op Mar Verde, já em curso na ilha de Soga e na qual viria a participar.

O comando do DFE 21 integrou maioritariamente oficiais da Reserva Naval. Na sua estrutura inicial, teve como Comandante o 1º TEN FZE Raul Eugénio Dias da Cunha e Silva que tinha ingressado nos Quadros Permanentes, na classe de Fuzileiros, depois de ter efetuado uma primeira comissão de serviço na Guiné, como terceiro oficial do DFE 4, de 1965 a 1967. Pertenceu originalmente à Reserva Naval onde integrou o 7.º CEORN.

Em 21 Junho de 1971 o comando do DFE 21, foi sendo parcial e progressivamente rendido, ainda que alguns dos elementos que o constituíam continuassem voluntariamente até 1 de Abril de 1973. Passou a ser Comandante o 1TEN FZE José Manuel de Matos Moniz, também ele originário da Reserva Naval (8º  CEORN) e, no final do curso foi integrado no DFE 1 (Moçambique, 1967/69), depois do que concorreu aos Quadros Permanentes na classe de Fuzileiros.

Composição do DFE 21:

Comandantes:

1TEN FZE Raul Eugénio Dias da Cunha e Silva, 7.º CEORN, ingressou nos QP's

1TEN FZE José Manuel de Matos Moniz, 8.º CEORN, ingressou nos QP's

Oficiais Imediatos:

1TEN José Maria da Silva Horta, QP's

2TEN Luis António Proença Maia, QP's

2TEN FZE RN António José Rodrigues da Hora, 11.º CFORN, ingressou nos QP’s

2TEN FZE RN Manuel Maria Peralta de Castro Centeno, 19.º CFORN, ingressou nos QP’s

Oficiais:

2TEN FZE José Carlos Freire Falcão Lucas, 13.º CFORN

2TEN FZE RN Eduardo Madureira da Veiga Rica, 14.º CFORN [, ferido em serviço em evacuado]

2TEN FZE Manuel José Fernandes Guerra, 15.º CFORN

2TEN FZE RN Jaime Manuel Gamboa de Melo Cabral, 16.º CFORN

2TEN FZE RN Francisco Luis Saraiva de Vasconcelos, 16.º CFORN

2TEN FZE RN João Frederico Saldanha Carvalho e Meneses, 19.º CFORN [, ferido em combate e evacuado; João Meneses passa a ser hoje membro da nossa Tabanca Grande]

2TEN FZE RN Cândido Alexandre Lucas, 20.º CFORN

2TEN FZE RN José Joaquim Caldeira Marques Monteiro de Macedo, 21.º CFORN [Zeca Macedo: nasceu na Praia, Santiago, Cabo Verde, em 1951; vive nos Estados Unidos, onde é advogado; é membro da nossa Tabanca Grande,foto à direita, quando jovem cadete da Escola Naval].


O João tem um grande orgulho de ter servido o país como fuzileiro, e uma especial preocupação pela sorte dos seus camaradas guineenses do DFE 21. Eis um excerto do seu último mail:

(...) Não deixarei de procurar saber se ainda tenho homens vivos e se ainda poderei fazer qualquer coisa por eles, pois aquela terra está ainda muito longe da calma e estabilidade, com sucessivos golpes. Infelizmente está-lhes na massa do sangue, tanto pela guerras étnicas, como pelo dinheiro fácil - a droga, como também por ganâncias pessoais. Mas isso são problemas que eles têm que resolver e amadurecer (infelizmente à custa de sangue), mas há histórias giras para contar. Vivências, pura e simplesmente.E é sobre isso que gostaria de contar mais.

Quanto ao nome que prefiro, a malta dos Fuzos conhecem-me por Meneses.  Mais acima era o Tenente Meneses, Gostaria no entanto de ter antes do nome próprio o FZE do DFE21, que me honra, dá peneiras, Eh Eh Eh!,  e tenho muito orgulho. Foi assim que servi Portugal quando era activo nas Forças Armadas. Meu Bisavô, meu Avô também morreu em Angola, etc. Família,  sabes. (...)


2. Comentário dos editores:

João, já te desejámos as boas vindas, esperamos que se te sintas confortável entre esta maltosa toda, filha das mais diversas mães (e pais), a grande maioria da qual serviu na Guiné, como tu.  Temos uma representação da Marinha, pequena, discreta mas condigna. (Vocês, embora bons, também não eram assim tantos...).

Agora é preciso que contes as histórias do teu tempo. E que tragas também mais camaradas, nomeadamente fuzileiros (**). O nosso blogue é  um como um animal  carnívoro que precisa de muitos milhares de calorias por dia para se alimentar... Não, não somos predadores: somos apenas um espaço de partilha de memórias e de afetos, e estamos todos aqui, numa boa, sem querer fazer ajustes contas com ninguém, nem sequer com o passado. Achamos, por outro lado, que blogar faz bem à saúde (mental). Também podes aparecer no Facebook, na nossa página Tabanca Grande...


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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10764: (In)citações (47): Em louvor dos bravos marinheiros da LDM 302 e dos mártires do meu DFE 21 (João Meneses)

1. Já aqui foi apresentado, como leitor e visitante, o nosso camarada, 2º ten FZE RA, João Meneses, que pertenceu ao DFE 21, e que pretende ingressar na nossa Tabanca Grande  (*), estando nós a aguardar o emvio das duas fotos da praxe para a sua apresentação formal.

Antes disso, a 6 de novembro último, ele já tinha respondido a um mail do Carlos Vinhal, nestes termos:

Caro amigo Carlos

Amizade expontânea, unidos pela Guiné. Brevemente enviarei, via mail, o que me foi pedido. Blogue que veio (e continua a) trazer luz ( na sua grande maioria com casos reais, outros, como o pescador que apanhou um peixe de 8 metros !!!!) que ajuda a reviver, a fazer-nos falar, do que alguns NUNCA conseguiram falar, a desabafar e, porque não, a recordar amizades unidas pelo sangue.

Parabéns pela iniciativa e por manterem vivo este Blog

Com amizade
João Carvalho Meneses

2. Em 26 de novembro último, o João Meneses manda-nos a seguinte mensagem:

Caros amigos

Venho agora corrigir um erro ao identificar a suposta LFG a que se fez referência anteriormente (*).

A memória atraiçoa-nos pela acção do tempo, tornando difusa a exactidão, mas grava sempre no subconsciente, que se aclara por vezes em “flashes” .

Assim escrevi que não era uma LFG na Tabanca Nova da Armada e sim uma LFP. Na realidade tratava-se da LDM 302, (cuja história está descrita e muito bem,neste Blogue ) (**), então abatida ao servíço, de onde se retirou a Oerlinkon, da qual existem fotografias no livro do Luís Sanches Baena.

Essa mesma fotografia de “ronco” foi tirada com elementos do meu DFE21. Serve pois para completar ou complementar a história desta LDM
Alguma nomenclatura:

LFG - Lancha de Fiscalização Grande
LFP - Lancha de Fiscalização Pequena
LDG - Lancha de Desembarque Grande
LDM – Lancha de Desembarque Média
LDP – Lancha de Desmbarque Pequena

Isto leva-me para outro assunto: É um estado de Alma e Coração que transformou todo o meu futuro:

Alguns deles (Praças do DFE21), direi, quase todos, assassinados após o “exemplar” incompetente abandono e traição, pelos nossos “internos” libertadores, que não respeitaram as vidas humanas que ao seu serviço ofereciam a deles. 

Não está em causa a independência da Guiné. Está em causa sim, a forma como foi feita. Em nenhuma guerra da história se abandonaram elementos das respectivas forças armadas, que se sabia irem ser fuzilados,(não só por razões de crenças étnicas como por vinganças políticas). Não se poderá atribuir a “escolha” individual a sua permanência na Guiné. Não se lhes deu, sequer, a hipótese de, como Portugueses que eram, virem para a então “metrópole”. Eram soldados Portugueses inscritos nas suas fileiras e como tal obrigatoriamente  de nacionalidade Portuguesa. Não eram mercenários. 

Vergonha, Vergonha e Revolta  minhas, que não tive a hipótese e a possibilidade de interferir por eles nesse processo. (No entanto falei disto ao Nino, quando o transportei, muito mais tarde, de avião de Lisboa para Bissau). Pedi, na altura do meu internamento no INAB após ter sido ferido, para trazer para Portugal o enfermeiro Fuzileiro Pedro, que demonstrou vontade em vir, mas foi-me negado o pedido, por ser muito complicada uma transferência de um militar.

Esta revolta acompanha-me há quase 33 anos. Lembro-me de ver o Augusto Có a chorar, quando fui evacuado pelo Héli. Bem haja,  Augusto. Entrei em coma logo a seguir.

Não falo aqui de convicções políticas, que as tenho, mas sim de convicções morais, que as mantenho

O que consente é conivente com o executante. Daí que .... a conclusão é triste e chocante
Um abraço a todos,

2º Ten FZE João Meneses (***)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 12 de novembro de 2012 >  Guiné 63/74 - P10659: O nosso livro de visitas (152): João Meneses, 2º ten FZE RA, DFE 21, gravemente ferido na península do Cubisseco, em 27/9/1972


(**) Vd. poste de 28 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10084: Antologia (76): Vida e morte da gloriosa LDM 302, a cuja heróica guarnição pertenceu o marinheiro fogueiro Ludgero Henriques de Oliveira, natural da Lourinhã, condecorado com a Cruz de Guerra em 1968 (Manuel Lema Santos / Luís Graça)

(***) Último poste da série > 3 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10755: (In)citações (46): O cadete Lima, do último curso de oficiais milicianos que reuniu em Mafra, em 1964, a juventude do império... (Rui A. Ferreira)

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10659: O nosso livro de visitas (152): João Meneses, 2º ten FZE RA, DFE 21, gravemente ferido na península do Cubisseco, em 27/9/1972


Página do blogue Reserva Naval, do nosso camarada Manuel Lema Santos, "aberto  a antigos Oficiais da Reserva Naval na publicação de documentos, relatos, imagens e comentários. Um meio de comunicação e participação na divulgação do legado histórico da Reserva Naval da Marinha de Guerra"... No poste de 7 de maio de 2012, 


1. Mensagem do nosso leitor (e camarada) João Saldanha Meneses:

Data: 3 de Novembro de 2012 17:33

Assunto: Tabanca Blog

Exmo Sr. Luis Graça

Começo por me apresentar (*):


João Meneses: 2º Ten FZE RA, oficial do Destacamento de Fuzileiros Especiais 21, na Guiné, no ano de 1972, tendo sido ferido em combate na provincia do Cubisseco [, a sudoeste de Empada, vd.carta de Catió,] em 27 de Setembro desse ano  (**), e tendo passado à situação de DFA [, Deficiente das Forças Armadas,] em consequência dos ferimentos então recebidos.

Posto isto:

Gostaria de fazer parte deste Blog, onde poderei eventualmente participar. Caso tal venha a suceder, e como nada acontece ser escrito sem uma visão própria dos factos, aceitando e respeitando todos, não deixarei de o transmitir

Qual a forma de o fazer?

Com os meus agradecimentos.

João Meneses

2. Comentário de Carlos Vinhal:

Caro camarada João Meneses

À boa maneira do nosso Blogue, permite-me o tratamento (mútuo) por tu. Em nome do Editor Luís Graça estou a agradecer o teu contacto e a dizer-te que será uma honra ter-te como tertuliano do nosso Blogue, mais conhecido por Tabanca Grande.

Infelizmente a Marinha é a Arma menos representada na tertúlia pelo que a tua "entrada" é uma mais-valia.

Isto funciona assim: envias-nos uma foto do teu tempo de Fuzileiro e outra actual (digitalizadas) em formato JPG, tipo passe de preferência, ou em alternativa outros formatos a partir dos quais os "nossos serviços técnicos" (eu) possam fazer as fotos da praxe para encimar os teus artigos a publicar.


Sabemos de ti o essencial, posto e unidade, falta a data de ida e regresso para a Guiné. Se quiseres, poderás na tua apresentação contar como, quando e onde foste ferido, se continuaste a carreira militar, qual o teu posto actual ou de passagem à reserva/reforma, etc.

A ideia é fazer um poste de apresentação à tertúlia com estes elementos mais básicos ou outros que queiras acrescentar. A partir daí, poderás enviar as tuas memórias escritas ou em imagem para serem publicadas. A maioria dos depoimentos escritos, e fotos, pertencem à malta do Exército, havendo ainda uma sensível colaboração da Força Aérea. Da Marinha, militaram por cá os Comandantes Manuel Lema Santos e Pedro Lauret, 2.º Ten José Macedo, Marinheiro Manuel Henrique Q. Pinho, e julgo que é tudo quanto aos valorosos camaradas da Armada.


No lado esquerdo da nossa páginas poderás encontrar as nossas regras e objectivos do Blogue, nada de transcendente, apenas normas de bom convívio, respeito pela diferença de opinião, etc.

Fico a aguardar o teu próximo contacto.

Até lá deixo-te um abraço em nome dos editores (Luís Graça, Eduardo Magalhães e Carlos Vinhal) e da tertúlia em geral.

Fico ao teu dispor para qualquer esclarecimento adicional.

O teu camarada,
Carlos Vinhal
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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 12 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10654: O nosso livro de visitas (151): José Lino Oliveira, ex-fur mil, CCS/BCAÇ 4612/74 (Cumeré, Mansoa, Brá, 1974)

(**)  Excerto do blogue Reserva Naval, poste de 7 de maio de 2012:

(...9 Entretanto, a situação no sul da Província tornava-se alvo de preocupação do Comando-Chefe, pois a actividade inimiga na área aumentara à medida que o esforço de guerra se deslocava para a fronteira norte. Em Julho de 1972 (Directiva 10/72 do Comando-Chefe) são atribuídos ao CDMG dois DFE’s para assalto e conquista da parte sul da península do Cubisseco. Esta seria uma tarefa típica de forças terrestres cuja finalidade primordial consistia em recuperar psicologicamente a população. É assim que a instrução de operações emanada pela Comando de Defesa Marítima da Guiné em 21 de Julho determina:

Âmbito da manobra militar socio-económica determinada instalação permanência forças região Cubisseco objectivo primordial recuperação psicológica POP (populações) permita construção próxima época seca reordenamento área. Ocupar tabanca região Cubisseco estabelecendo uma posição da qual possam ser conduzidas acções a fim de aniquilar IN exercendo interna acção psicológica sobre POP/IN com vista à sua recuperação e desequilíbrio de forças.

(...) Para esse efeito foi constituída a CTG5 e, a 24 de Julho, é lançada uma grande operação que se iria arrastar por quatro meses e meio com a finalidade de implantar, numa zona controlada pelo inimigo, uma base de onde seriam desencadeadas operações em todo o Cubisseco de Baixo e Pobreza. Era a Operação “Verga Latina”, onde se encontraram empenhados os dois Destacamentos de Fuzileiros Especiais Africanos.

O DFE 21, transportado pela LFG “Hidra”, desembarcou às 07:30 na Ponta Nalu, e o DFE 22 que se encontrava a bordo da LDG “Bombarda”, desembarcou às 06:30 junto às tabancas de Mansabá, reunindo-se os dois destacamentos no dia seguinte próximo da Tabanca Nova, onde foi montado estacionamento; continuando no local com trabalhos de desmatação e instalação, montaram de maneira expedita um aquartelamento que passou a ser designado por “Tabanca Nova da Armada”.

Enquanto os Destacamentos Africanos se encontravam no Cubisseco entregues à Operação “Verga Latina”, os três DFE’s metropolitanos mantinham-se em patrulhas e emboscadas ao rio Cacheu e seus afluentes, sendo que um em Vila Cacheu e os outros dois em Ganturé.

(...) Em Agosto já o inimigo entendera que a intenção da Marinha era permanecer no Cubisseco, pelo que passaram a ser aguardados fortes ataques à Tabanca Nova da Armada. Havia então necessidade de se preparar a defesa, pelo que se cavaram trincheiras com valas e foram montados redutos de armas pesadas:  um com dois morteiros 120 mm; um com cinco morteiros 81 mm; um com três morteiros 81 mm; outro com dois morteiros 81 mm e um de 60 mm, possuindo mesmo um canhão sem recuo 7.5 capturado ao inimigo.

(...) A 26 de Agosto o estacionamento foi flagelado pela primeira vez em ataques que se repetiriam, com maior ou menor violência, por seis vezes durante o mês de Setembro, mantendo-se os dois Destacamentos em intensa actividade na área, com excelentes resultados.

No dia 27 de Setembro, durante uma acção no Cauto, por heliassalto, o DFE21 entra de novo em combate, ficando gravemente ferido o STEN FZE RN Carvalho Meneses, recém-chegado à Província.

Embora com meios cada vez mais sofisticados, o inimigo continua a adoptar a táctica pura de guerrilha.

«Pareceu-me que o IN não se encontra em força na área. Conhecedor do terreno, sabe escolher os sítios onde pode fazer emboscadas com certo êxito e com elevada margem de segurança. Utiliza grupos pequenos para poder estar em vários lados ao mesmo tempo, cobrindo assim a quase totalidade da área. Mostram-se aguerridos mas cautelosos, pois ao mínimo movimento para manobra cortam o contacto e fogem.»

DFE21, Operação “Verga Latina”, SET72

«Após flagelação a aquartelamento, as nossas tropas (NT) detectaram 9 munições de lança-granadas (LG 8.9) metidas dentro dos respectivos tubos, os quais estavam enterrados até metade e com uma inclinação de 45º na direcção do aquartelamento. Os fios de ignição estavam ligados em paralelo para um possível disparo em simultâneo.»

I.O.M.G. n.º 9/72


(...) Durante o mês de Outubro os dois Destacamentos Africanos que integravam a TG5 continuavam empenhados na Operação “Verga Latina”, acantonados na Tabanca Nova da Armada, durante ess período flagelada por quatro vezes, enquanto os DFE’s metropolitanos se mantinham em acção na fronteira norte, entregues a nomadizações, patrulhas e emboscadas terrestres ou aquáticas, no rio Cacheu e afluentes.

«Pelas 08:50 um grupo de assalto com elementos dos dois Destacamentos desembarcou [...], regressando ao estacionamento onde chegou pelas 18:15, tendo capturado uma espingarda Mauser, munições diversas, material diverso, três homens, onze mulheres e nove crianças. Pelas 18:20 foi este flagelado com fogo de morteiro 82 mm e canhão sem recuo, sem consequências».

Durante o mês de Novembro, o estacionamento de Tabanca Nova da Armada foi flagelado por onze vezes, algumas mesmo junto ao “arame” (perímetro defensivo), permanecendo os DFE’s 21 e 22 naquele estacionamento de onde efectuavam permanentemente patrulhamentos ofensivos na área.

Porém, foi entendido pelo Comando de Defesa Marítima da Guiné que os objectivos que presidiam ao lançamento da Operação “Verga Latina”, que consistiam em “recuperar psicologicamente a população do Cubisseco”, não surtiam os efeitos desejados, já que a pouco numerosa população que vivia na área se encontrava perfeitamente enquadrada e mentalizada pelo inimigo. Foi por isso decidido retirar os dois Destacamentos, dasactivando o aquartelamento. (...)



(...) Comentário de 24/10/2012: 

João Saldanha Meneses disse...

Carlos Alberto Encarnação disse: "...a sua discordância já que ao local escolhido as LDM´s só podiam aceder durante cerca de uma hora no estofo da maré e, por outro lado,  qualquer operação originada naquele local obrigava a passar por uma estreita faixa de terra, sem qualquer protecção , o que permitia às forças do PAIGC conhecer todo e qualquer movimento efectuado, no dizer de um dos oficiais fuzileiros que ali estiveram bastava ao PAIGC ter um polícia sinaleiro instalado no terreno para conhecer os movimentos dos fuzileiros".

Estes comentários foram contrariados pelo CDMG com a seguinte máxima "A minha experiência diz-me que estão errados". A pretensão formulada quanto ao tipo de experiência a que era feita referência não logrou qualquer resposta e foi, mais tarde, considerada provocação. Acrescente-se que os dois oficiais que levantaram dúvidas sobre a correcção da escolha daquele local eram dos presentes aqueles que maior experiência e tempo de permanência na Guiné tinham...."

Concordo totalmente sobre a errada localização da "Tabanca Nova da Armada"  que, como foi dito, estava localizada numa zona isolada por tarrafo ligada ao restante território por uma garganta estreitíssima, fácil de controlar, como se verificou na prática. Acrescento que nos foi dada, para além da missão militar, a missão "psico" de aproximação à população. Esta última missão não se acertava com as actuações e espírito de combate de uma unidade de elite, além de que éramos colocados principalmente em zonas de ataque puro.

Quanto à LFG, (era sim uma LFP) que afirma ter sido afundada, tal não corresponde à verdade pois era uma LFP abatida que foi para ali enviada a pedido, para lhe ser retirado o canhão, que iria servir de defesa (e serviu) ao acampamento.

Não foi, também como foi dito, um  "fiasco". Não serviu a totalidade das suas intenções (psico), mas fez o que lhe foi ordenado, de forma impecável, criando um clima de insegurança ao IN numa zona considerava como controlada. Eramos uma unidade a que o IN tinha muito "respeito", pelas informações que eram difundidas pela rádio confirmado por documentos capturados.  (...)