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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10364: Tabanca Grande (359): José Fialho, alentejano de Portimão, ex-1º cabo radiotelegrafista (CCAÇ 4641/72, Mansoa e Ilondé, 1973/74)


Guiné > Região do Oio > CCAÇ 4641/72 (1973/74) > Braia (?) > "Maravilha, o grande Alferes Silva e o escriturário da treta, o Fialho"...




Guiné > Região doOio > CCAÇ 4641/72 (1973/74) > "O Nosso Natal de 1973 em Mansoa"... A CCÇ 4641/72 passou à disponibilidade em 1 de setembro de 1974, no quartel do RALIS, em Lisboa. [O José Fialho é o primeiro à direita].

Fotos (e legendas): © José Fialho (2012). Todos os direitos reservados.


1. Do nosso camarada José Fialho, quer pertenceu à CCAÇ 4641/72 (Mansoa e Ilondé, 1973/74) , criador do do blogue Mansoa, alentejano, a viver em Portimão:

 Data: 9 de Setembro de 2012 22:42

Assunto: CCAÇ 4641/72

 Amigo Luís Graça,

Só não sou tabanqueiro porque nunca pensei merecer tal honra e porque não sei o que devo fazer. Diga-me como faço e é já.

O Mexia disse-me para ir passando por cá mas... O Caseiro??? O [Vitor] Caseiro é uma macaco do caraças que só ontem no almoço da companhia [, em Estremoz,] me falou que andava por aqui.

Caseiro, Almeida e Magalhães, malta 5 estrelas.

Faça-me chegar o que devo fazer porque já me considero tabanqueiro

Luís, se algum texto do meu blog tiver algum interesse, disponha

Abraçosssssssss
Fialho


2. Apresentação, à Tabanca Grande,  do 1º ex-cabo radiolegrafista José Fialho, CCAÇ 4641/72 (Mansoa e Ilondé, 1973/74) :

Por que há 35 anos estávamos em Mansoa na Guiné, na guerra de todas as guerras...

Revolta

Ao politico e letrado
Aqui deixo esta mensagem,l
Era animal amestrado
No meio da camuflagem.

Quando estava em gestação,
A meus pais não ajudaram,
Cresci e fui então
Que p´ra guerra me enviaram.

Ainda de tenra idade,
P´ra terras dalém parti,
É certo, fiz amizades,
Mas sem saber combati

Angola era meu destino
Mas á Guine fui parar,
Com idade de menino
Ensinaram-me a matar.

Despacharam-me p´ra Mansoa
Com a arma à bandoleira,
Um canhão a voz entoa,
Era á boa maneira.

Mas deste susto refeito,
P´ra Braia fui enviado,
Como toupeira sem jeito
Sob o chão fui colocado-

Como era telegrafista,
No posto rádio fiquei.
A guerra ficou á vista
Sem saber então chorei.

Muitos meses se passaram,
Quinze mais concretamente,
Em Abril nos libertaram
Dessa servidão pungente.

No ano da liberdade,
Em Setembro dia um,
Passei à disponibilidade,
Dei a farda, fiquei nu.

Na camisa que vesti,
Foice e martelo se via,
Nem sei bem o que senti,
Gritei à Democracia.

Algum tempo já passou,
Mas ao jovem quero dizer
Sem saber porque lutou,
É muito triste morrer.

Fialho
Maio/84

Nem que fosse só pelo terminar do martírio da juventude de então...



3. Apresentação da CCAÇ 4641, segundo o o nosso grã-tabanaqueiro Vitor Caseiro (ex-fur mil):

(i) Quando estava colocado no RI 14 em Viseu, saiu em ordem de serviço a minha mobilização para Angola (26 de Setembro de 1972);

(ii) Apresentei-me no RI 16 em Évora para formar a CCaç 4641;

(iii) Entretanto, no início de Maio, a Companhia foi informada do embarque para Angola agendada para o dia 8 de Junho de 1973;

(iv) Em 23 de Maio às 12h recebemos ordens para nos apresentarmos às 6h do dia seguinte, no aeroporto de Figo Maduro;:

(v) No dia do embarque, quando nos preparávamos para entrar no avião, fomos informados que já não iríamos para Angola, mas sim para a Guiné;

(vi) Depois de várias manifestações de revolta da nossa parte, tentámos recusar o embarque: foi quando chegou um pelotão da PM. e nos forçou a entrar no avião;

(vii)  Após o desembarque na Guiné, o oficial superior que nos fez a receção, informou-nos que a nossa Companhia era a primeira de outras que vinham em reforço do contingente militar na Guiné;

(viii) Daí seguimos para o Cumeré para fazer novo IAO e mais tarde para Mansoa substituindo a 3.ª Companhia do Batalhão 4612 que foi deslocado em apoio de Gadamael, que estava a ferro e fogo (...);

(ix) Ao fim de 13 meses de Guiné, a minha Companhia foi deslocada para Ilondé, onde passámos a fazer colunas de abastecimento de Bissau para Farim;

x) O final da nossa comissão, foi fazer segurança e proteção ao Palácio do Governador.


4. Comentário de L.G.:

Meu caro Fialho: Nunca um pedido  ingresso na magnífica, gloriosa, solidária, velhinha Tabanca Grande (a caminho das cinco comissões de serviço!) foi tão rapidamente aceite e deferido...Na realidade, tu já fazias partes desta comunidade virtual, com a apresentação do teu blogue, que criaste e tens mantido discretamente, mas com humor e amor, unindo e mantendo vivos os bravos da CCAÇ 4641... 

Sobre o teu  blogue já aqui escrevemos em tempos (*): 

(...) O blogue da CCAÇ 4641 (Mansoa e Ilondé, 1973/74) foi criado em 2007 e é editado pelo 1º cabo radiotelegrafista  José Fialho, um alentejano dos quatros costados que vive em Portimão. Como ele diz o seu perfil, no Blogger, 'sou daqueles, que enquanto não me entalar, vou colocando por estes espaços sem teias nem peias aquilo que sou'. (...)

Fico feliz por saber que o último encontro anual do pessoal foi há  dias em Estremoz e que o organizador  evento  foi o nosso (e vosso)  Joaquim Sabido, alentejano, alferes que também esteve ligado à CCAÇ 46141... E feliz continuo por  chegares ao conhecimento do nosso blogue através do leiriense e também nosso grã-tabanqueiro Vítor Caseiro.

Na coluna do lado esquerdo do nosso blogue, podes ler: 

"Camarada, ex-combatente da Guiné! Onde quer que hoje estejas, longe ou perto, na Pátria ou no estrangeiro, entra em contacto connosco!... Manda-nos um mail. Também podes telefonar. Costumamos dizer que O Mundo É Pequeno e a Nossa Tabanca... É Grande. Todos cabemos cá com o que nos une e até com o que nos separa. Este blogue é teu. Preço de ingresso (mínimo): duas fotos tipo passe (uma antiga e outra actual) + 1 história...É importante que te registes para poderes sentar-te à sombra do frondoso e fraterno poilão da nossa Tabanca Grande e poderes participar no blogue, partilhando fotos e outras memórias".

Pois então, o que tinhas a fazer, já eu fiz por ti!... Estás formalmente aceite e integrado na nossa Tabanca Grande.És o grã-tabanqueiro nº 576 (Podes ver o teu nome na lista alfabética dos 576 magníficos amigos e camaradas da Guiné, constante da coluna do lado esquerdo do nosso blogue).

Só te peço que (i) nos digas a data do teu nascimento (embora isso seja facultativo...) para a gente de poder dar os parabéns todos os anos, e (ii) nos envies uma foto atual,  com mais resolução do que aquela que tens no Blogger. Quando tiveres algo de novo para publicar no teu blogue (notícias, fotos, histórias...), manda também para nós, através do nosso endereço de email.

Sê bem vindo! Estás em casa! E muito bem acompanhado!

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9470: Blogues da nossa blogosfera (49): CCAÇ 4641 (Mansoa e Ilondé, 1973/74) do nosso camarada José Fialho, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CCAÇ 4641/72







1. É o blogue da CCAÇ 4641 (Mansoa e Ilondé, 1973/74), criado e editado pelo 1º cabo radiotelegrafista  José Fialho, um alentejano dos quatros costados que vive em Portimão. Como ele diz o seu perfil, no Blogger, "sou daqueles, que enquanto não me entalar, vou colocando por estes espaços sem teias nem peias aquilo que sou". O blogue foi criado em 2007, tem cerca de 3 dezenas de postes...

Desta companhia só temos um representante na nossa Tabanca Grande: o Vitor Caseiro, recém-chegado.  Mas eles ainda apanharam lá, em Mansoa, o nosso camarigo Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil Op Esp, CCAÇ 15... Do dia 6 de março de 2010,  há um poste em, que se conta uma história que mete ao barulho o nosso Mexia Alves. Vale a pena reproduzi-la aqui, com a devida vénia:


1. Mexia Alves, por José Fialho > Sábado, 6 de Março de 2010

Mexia Alves... Hoje ao vaguear pela grande estrada da informação, na tentativa de ouvir uns faduchos, dei de caras com este vídeo que me trouxe de imediato à memória a nossa passagem por Mansoa, Guiné.

Mexia Alves, pelas mais variadas razões, era do tipo de indivíduo que não passava despercebido. Um belo dia, do alto do seu elevado porte, patente (alferes) e vozeirão…tentou identificar um grupo que fora de horas cantava alentejano, perguntando quem era o mais graduado.

Como pensávamos que fosse para apanharmos uma porrada, éramos todos soldados rasos…como é óbvio, não conseguiu identificar ninguém. Fazendo parte do tal grupo, passados uns dias dou de caras com o Alferes Mexias e, como não gosto de trazer coisas mal resolvidas, pergunto:
- Alferes, afinal o que queria do grupo??? - Responde ele:
- O nosso Alferes [ou tenente]  médico faz anos e gostava que vocês fossem à festa para animarmos aquilo…- Resposta pronta:
 - Fazem parte do grupo, eu (o Fialho) , o Raposo, e... [outros que agora já não me recordo].

Combinámos, no dia marcado lá estávamos e o resto é fácil de adivinhar: muita comida, bebida às carradas até que o nosso amigo Raposo já estava cheio até aos olhos e necessitava de mijar. A cantina onde tudo se passou, era a cantina que ficava em frente do escritório da nossa Companhia. Como habitual, existiam valas para o caso de ataque nos protegermos, essas valas eram circundadas por garrafas de cerveja com o gargalo enterrado.

Conto este pormenor para se perceber o que quero contar a seguir. O Raposo estava tão bêbado que, não conseguindo passar a vala, sentou-se e começou a mijar sentado, mas a magana era tal que caiu para o lado e bateu com a cabeça de lado numa das garrafas que por azar estava partido.

Como é obvio, uma ferida enorme, os médicos e enfermeiros em plena festa - bêbados??? Hummm …não acredito -, tinham de tratar do desgraçado. Resumindo, o Raposo foi cozido, ficou com uma cicatriz tipo, bola de futebol das antigas, ao Fialho calhou-lhe segurar na caixa das compressas e, passado o susto tudo ficou bem, apesar do Raposo dar pinotes ao ser cozido a frio.

A haver culpados… só podiam ser um, o Mexia Alves, porque se não nos desassossega o nosso amigo Raposo, já falecido, não tinha mijado sentado e tão pouco tinha caído para o lado. Mexia Alves, obrigado por nos teres desassossegado, porque sem ti não tinha esta história para contar 36 anos depois. Se passares por aqui e te recordares de alguma coisa, deixa aqui o teu testemunho.


2. Segue-se um comentário, àquele poste,  do J. Mexia Alves, com data de 9 de março de 2010:

Meu caro Fialho:  Obrigado por esta tua mensagem. Confesso que tenho uma vaga ideia desta história mas que não sei se foi provocada pela leitura ou por realmente me lembrar. Não tenho dúvidas que seria uma atitude minha! Disso não tenho dúvidas! O médico não era um individuo "gordo", que era julgo eu de Guimarães, talvez Ferreira, e tinha uma pequena Honda? Se era esse, era realmente um indivíduo excepcional com quem eu me dava muito bem. Lembro-me por exemplo que o Alferes Mendes que estava comigo na CCaç 15, tocava clarinete. Essa cantina seria a da CCaç 15?

Confesso que o meu período de Mansoa é aquele que mais dificuldade tenho de recordar, muito provavelmente porque, estando em fim de comissão, a minha cabeça já estava "aos caídos", depois de uma temporada de quase 9 meses no destacamento de Mato Cão.

Quando vires que há o almoço do blogue do Luís Graça e, se puderes, inscreve-te, (sou eu que organizo), e assim podemos lembrar-nos de todo esse período.Virei visitar o teu blogue de quando em vez.Abraço amigo do Joaquim Mexia Alves.

3. Comentário do José Fialho > 9 de Março de 2010 09:23

Caro Mexia Alves, nada melhor que um Domingo à tarde meio chuvoso para recordar as nossas peripécias em Mansoa. Escreveste tu que: “Confesso que tenho uma vaga ideia desta história mas que não sei se foi provocada pela leitura ou por realmente me lembrar.” E eu,  se escrevi o que escrevi, foi porque um belo dia a deambular pelo meu Alentejo profundo na descoberta de azeite, azeite daquele de lagar, fiz tudo bem feito menos ter levado vasilhame apropriado para transportar o azeite, isto antes da existência da ASAE, agora em vez de azeite tens óleo de beterraba, por aí… mas voltando ao azeite, indicaram-me uma lojeca ao cimo da rua, isto em Beringel, onde vendiam os garrafões que necessitava.

Entro na loja, meio despassarado como sempre e… e de imediatos caí nos braços do nosso amigo Raposo, o tal da bebedeira medonha que,  mesmo a mijar sentado,  caiu para o lado e deu origem à historia contada [acima]. Ele fez o favor de me contar o que se lembrava e eu fui-lhe recordando,  já que ele, bêbado como é obvio, não se lembrava do pormenor. Dai, a história ter alguma veracidade…

A cantina não sei se era a da CCaç 15, era uma cantina que ficava entre duas casernas e em frente aos escritórios da CCaç 4641, a minha companhia. O nome Mendes como a mota Honda diz-me alguma coisa, mas também não sei se o Médico era este. Sabes que mais??? Ser velho é uma merda, eheheheh. Mexia, um grande abraço e vai escrevendo alguma coisa. Ao Raposo, onde quer que esteja,  um GRANDE bem HAJA.

4. O Zé Fialho (que  ainda não é nosso tabanqueiro, mas fica desde já convidado), está a seguir, além do nosso blogue,  um outro blogue da CCAÇ 4641, editado pelos camaradas J. Magalhães, L. Almeida e  A. Fernandes, a quem saudamos.

É um blogue sobretudo para arquivo e divulgação de fotos. Tomamos a liberdade de reproduzir duas,  de Infandre:


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Nota do editor:

Último poste da série > 20 de dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9242: Blogues da nossa blogosfera (48): O sítio do Ministério da Defesa Nacional: Encerramento, pela ADFA, da evocação dos 50 anos do início da guerra colonial...