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quinta-feira, 14 de março de 2024

Guiné 61/74 - P25273: Convívios (983): XXXI Convívio do pessoal da CCAÇ 2381 - "Os Maiorais" - a levar a efeito no próximo dia 13 de Abril de 2024, em Fátima, com concentração na Rotunda dos Peregrinos (José Teixeira / Eduardo Moutinho Santos)


CCAÇ 2381 - OS MAIORAIS

GUINÉ, 1968/70

XXXI CONVÍVIO

FÁTIMA - DIA 13 DE ABRIL DE 2024

Caro irmão “Maioral “

Estamos a comemorar o 54.º aniversário do nosso regresso da Guiné.
Foi no dia 9 de abril de 1970 que chegámos. Lembras-te daquela manhã gloriosa?
Infelizmente não regressámos todos. Houve três camaradas que partiram antes do tempo.
Muitos já partiram de vez. Paz à sua alma.
Alguns desligaram-se completamente desta família de "Os Maiorais". Até hoje não deram sinal de vida. Esperemos que estejam de boa saúde.
Outros, o estado de saúde impede-os de vir ao nosso encontro. Doi o coração, corroído de saudades.
Nós vamos resistindo.

Agora é tempo de conviver no tempo que nos resta. Toca a reunir.
Desta vez será em Fátima, como combinamos no convívio do ano que passou.


XXXI CONVÍVIO “OS MAIORAIS” DE EMPADA

Data: 13 de abril de 2024 (sábado)
Local: Fátima
SDIVINE – FÁTIMA HOTEL
Rotunda dos Peregrinos, 101
Fátima
Telef. 249 532 163

Local de Encontro: ROTUNDA DOS PEREGRINOS (A partir das 10 h.)
FÁTIMA
Custo do almoço 24€/pessoa

TRAZ OUTRO MAIORAL CONTIGO

Escreve ou telefona a confirmar a tua presença, para:
J.Teixeira - Telm: 966 238 626 - Mail: jteixei@msn.com

Nota: O ALMOÇO É SERVIDO EM REGIME DE SELF SERVICE

Agradecemos que confirmes, via telefone ou mail, a presença no convívio até ao dia 6 de Abril.

Se não puderes estar presente, telefona a gritar: Não posso ir, mas estou vivo e de boa saúde.

Aguardando as tuas notícias, aceita um fraternal abraço dos camaradas

José Teixeira
Eduardo Moutinho Santos (capitão)

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Nota do editor

Último post da série de 11 DE MARÇO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25262: Convívios (982): 55º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha: Algés, quinta feira, 14 de março de 2024 ... Uma das novidades é a presença pela primeira vez dos "nova-iorquinos" João Crisóstomo e a filha Cristina

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24975: Boas Festas 2023/24 (6): Presente de Natal do nosso camarada José Teixeira


1. Mensagem natalícia do nosso camarada José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da CCAÇ 2381 (Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70):


PRESENTE DE NATAL

Antes de dar ou receber presentes de Natal,
Eu quero ser Presente de Natal,
Junto das pessoas do meu Mundo.
Presente nos afetos que abrem corações.
Presente nos sorrisos que dão vida à alma.
Presente na dor para dar consolo.
Presente na vida dos que mais precisam.
Presente no combate à solidão que mata
Presente nos abraços que transmitem calor.
Presente em ti meu irmão.

Este “Ser Presente” não têm custo monetário.
Não se gasta nem desgasta
E pode usar-se todos os dias do ano.

Faz de mim uma pessoa feliz
Porque recebo sorrisos gratuitos de felicidade.


UM SANTO NATAL
Para ti que ousaste ler esta mensagem e a vais tentar pôr em prática.
José Teixeira

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Nota do editor

Último poste da série de 19 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24974: Boas Festas 2023/24 (5): As crianças de Suzana desejam-vos Boas Festas (Manuel Rei Vilar / Associação Anghilau)

domingo, 10 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24938: Estórias do Zé Teixeira (61): Crónica de uma tarde, em sábado de Festas Natalícias (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da CCAÇ 2381)

1. Mensagem do nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), com data de 9 de Dezembro de 2023:

Olá Carlos e Luís
Espero que este sábado esteja a correr bem - é Natal.
Junto uma crónica do que me aconteceu hoje ao sair da Tabanca de Matosinhos depois do nosso almoço de Natal.
Se entenderdes que merece ser publicada, estai à vontade.

Aproveito para dar a infausta notícia da morte da Zélia Neno, a ex-esposa do falecido Xico Allen.

Um Grande abraço e continuação de bom fim de semana.

José Teixeira


Crónica de uma tarde, em sábado de Festas Natalícias

Não sei se a culpa foi do “pisca” que se recusou a acender, se foi do automóvel que usualmente por defeito, costuma não trazer “piscas” ou… talvez os seus condutores não se lembrem que os “piscas” são para usar sempre que necessário. Talvez tenha sido o homem que orgulhosamente, pensou que os “piscas” são para os outros usarem… Talvez não tenha acontecido nada disto.

O certo é que, deparei com dois carros parados, com os piscas apagados, atravessados na autoestrada, ao sair da cidade e dois homens engalfinhados na relva húmida da berma. Uma outra viatura, tinha parado. Vi dois/três homens a aproximarem-se e parei. Saltei da viatura e juntei-me ao grupo, com os meus respeitáveis setenta e tantos anos, e conseguimos afastá-los.

As línguas soltaram-se e espalhavam brasas por todo o lado:
- Seu filho deste… olha o pisca… (e mais uma tentativa de aproximação).
- O pisca, o carvalho, seu fils de…

Ora agora, insultas tu, ora agora, insulto eu, num vai e vem de palavras, que não constam no dicionário por serem ocas e vazias de sentido, mas que ferem e incendeiam o ego… e matam… se matam!

- Olha que eu, …seu (ver no dicionário) – e mais uma tentativa de chegar a roupa ao pelo do outro… mais uma corridinha… mais uma barreira. – O pisca está lá é para se usar! Seu…

Logo de seguida trava-se uma investida do outro, que está muito nervoso. Leva tudo à frente, mas… é melhor parar e dar mais duas de língua.
Qual deles está com mais medo? Não sei. Estranhamente, eu sinto-me sereno, como quando estava na Guiné, depois de apanhar com as primeiras, que me atiravam para o chão.

- Calma! Calma! Vamos ficar por aqui! Não estrague a sua vida… entre para o carro… vá, vá-se embora... despreze quem não respeita a Lei.

…E havia no meio de tudo isto havia um “pisca” de um dos carros que não tinha acendido na devida altura. Pelo andar da contenda, creio que o proprietário continuava sem saber que o “pisca” estava lá nos comandos da viatura para ele utilizar.

No meio de tudo isto, havia dois carros parados no meio da estrada, sem se tocarem, a olhar espantados para tudo isto, a apreciarem este espetáculo.
E o raio dos “piscas” continuavam apagados.

O mais gratificante para mim, foi sentir a gratidão de um dos contendores, que ajudei a acalmar. Ao partir, já mais sereno, olhou-me nos olhos e disse: OBRIGADO.

Entrei no meu carro. Dei dois murros no volante e deixei-me invadir pela comoção.

9 de dezembro, depois de um almoço de Feliz Natal na Tabanca de Matosinhos.
José Teixeira

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Nota do editor

Último poste da série de 9 DE SETEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23602: Estórias do Zé Teixeira (60): O Senhor Augusto - Parte III (Conclusão) (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da CCAÇ 2381)

sábado, 25 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24884: Nota de leitura (1637): "O universo que habita em nós: estórias com vida”, do nosso camarada José Teixeira, um talentoso contador de histórias e criador de personagens (Luís Graça)

1. Texto, da autoria do nosso editor LG, que foi lido pelo Eduardo Moutinho Santos (foto à esquerda), na sessão de lançamento do último livro do Zé Teixeira, no passado dia 18, em Leça do Balio, Matosinhos (*), e que publicamos agora como "nota de leitura" (**)


Conheço o Zé Teixeira desde finais de 2005, altura em que ele passou a integrar o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, também conhecido como Tabanca Grande. Passados 18 anos, ele é dos nossos autores mais prolíferos, ativos, proativos, ecléticos e generosos, com mais de 4 centenas de referências. 

E já não falo dele como comentador: é-me impossível contabilizar o número dos seus comentários a textos de outros autores. Em cerca de 25 mil postes (ou postagens), temos pertíssimo de 100 mil comentários (em média, 4 por poste). Algumas centenas serão seguramente do Zé.

Parte da sua vida, desde então, também está escrita no nosso blogue… Por exemplo, foi o cofundador da primeira tabanca da Tabanca Grande, a Tabanca Pequena de Matosinhos, um caso notável, pela sua originalidade e longevidade, de tertúlia de antigos combatentes… Fez parte da ONGD Tabanca Pequena, responsável por várias iniciativas de ação solidária na Guiné-Bissau, país que conhece muito bem das várias viagens que entretanto fez, desde 2005 (se não erro).

É autor de várias séries no nosso blogue, de que destaco, por serem das mais notáveis:

(i) “Estórias do Zé Teixeira”: tem 60 publicadas no blogue, de dez 2005 a set 2022;

(ii) “O meu diário”: tem 2 dezenas de publicações entre janeiro e março de 2006;

(iii) “Crónicas de uma viagem à Guiné-Bissau: de 30 de abril a 12 de maio de 2013: reencontros com o passado (José Teixeira)”: publicou 13 crónicas, entre maio e agosto de 2013.

Tem, além disso, inúmera colaboração avulsa, entre prosa, poesia e
fotografia, noutras séries como “Álbum  fotográfico”, “Ser solidário”, “Convívios”, “Blogpoesia”, “Fotos à procura de… uma legenda”,“(Ex)citações”, "(In)citações”, “Os nossos enfermeiros”, etc., etc.

Este preâmbulo, já extenso, serve apenas fundamentar aquilo que eu
escrevi em 2022 no prefácio ao seu anterior livro, de poesia, “Palavras (e)levas o vento”. Deixem-me citá-las porque continuam a ser justas, pertinentes e atuais:

“E desde logo (isto é, desde que o conheci por altura do Natal de 2005, na Madalena, Vila Nova de Gaia) o defini como um homem de palavra e da palavra: afável, comunicativo, talentoso, mas também coerente, solidário e generoso. E tem uma qualidade que não abunda por aí, nos tempos que correm, de feroz individualismo e competição: a sensibilidade sociocultural, a abertura aos outros que são diferentes, quer sejam os sem-abrigo a quem vê como irmãos, quer sejam os fulas, muçulmanos, da Guiné-Bissau com quem conviveu durante a guerra colonial”…

E também disse, sem qualquer favor ou lisonja, que ele era uma vocação literária “tardia” mas já “amadurecida” e até “consolidada”.

Este último livro (a que me cabe o prazer e a honra de apresentar) 
comprova-o: o Zé é um talentoso contador de histórias e criador de 
personagens, para além de cronista. São sobretudo os seus microcontos que me encantam. Mas também o registo mais intimista do seu diário…

Recordo-me de ter escrito, há 11 anos atrás, o seguinte a propósito das páginas do seu diário da Guiné:

(…) “São apontamentos que o Zé foi escrevendo num caderninho, durante a sua comissão na Guiné (1968/70). É um notável documento humano onde, para além de dados factuais (colunas, operações, baixas, topónimos...), também vêm ao de cima as dúvidas, as contradições e a angústia do português, do homem, e do cristão (praticante que ele sempre foi). Nesse Agosto de 1968, em Aldeia Formosa (hoje, Quebo), o Zé, enfermeiro, escreve, dilacerado pelo absurdo daquela guerra: 'Ainda não dei um tiro. A minha missão é curar. Jamais darei um tiro nesta guerra. Matar não, nunca. Vou tentar passar esta guerra sem fogo ' " (...).

 Vem também ao de cima o poeta que ele é: veja-se a ternura de poema que ele escreveu sobre "As Mãos de Minha Mãe" (…)

O artesão da palavra, como eu gosto de o definir, não é de agora, mas é ainda mais visível neste seu último livro, “O Universo que Habita em Nós”, que tem como subtítulo: “Estórias com vida”.

Não vou repetir o belíssimo e elegante, para além de sintético e magistral prefácio do prof Júlio Machado Vaz, que o leitor deverá ler no princípio e reler no fim. Ele definiu bem em três palavras o essencial destes textos: “candura, transparência e doçura”. 

O Zé Teixeira, para quem o conhece, está aqui, inteiro, de corpo e alma, nas histórias que nos conta e nas personagens que lhes dão autenticidade, humanidade e consistência, a começar pelo Miguelito que tem muito de “alter ego”, nascido na Lousada, onde ainda, cem anos depois, pairava o fantasma do Zé do Telhado, e cujas histórias ele ouve, da boca da avó, dividido entre o temor maravilhado e a interiorização dos valores dominantes.



Capa do livro do José Teixeira, "O universo que habita em nós". Lisboa: Astrolábio Edições, 2023, 230 pp. (Prefácio de Júlio Macahdo Vaz) (Disponível na Livraria Atlântico: preço de mercado: 17 € (em papel) ou 5 €(ebook); pode também ser comprado "on line" na FNAC, ou pedido diretamente ao autor: Jose Teixeira: jteixei@msn.com )


Não podendo nem querendo ultrapassar as quatro páginas A4 que me foram pedidas, quero tão apenas destacar algumas das singularidades e originalidades deste livro:

(i) do princípio ao fim, o narrador (sempre ou quase sempre na primeira pessoa do singular) está implicado no enredo: diremos que há um recurso, em geral bem conseguido, à técnica da observação participante, seja quando se fala das vivências da infância e depois da guerra, seja das histórias dos que não tem história;

(ii) está dividido em duas partes (Zé, falta-lhe um índice, lapso que podes corrigir na 2ª edição…): “este meu mundo escondido” e “esta minha cidade escondida”;

(iii) na introdução (pp. 11/13), o autor explicita e fundamenta muito bem esta dicotomia cidade aberta / cidade escondida: há um “universo recôndito que está dentro de nós” e que “é a base da construção da nossa cidade”, que deve ser (ou queremos que seja) “bela, acolhedora e cativante” (sic), projeto em que cada um de nós tem de ser um “operário ativo” (pág. 12);

(iv) a “cidade escondida” é como a outra face da lua”, a que não vemos ou não queremos ver, a dos homens e mulheres, social e espacialmente discriminados e segregados, e a que pomos o epíteto (estigmatizante) de prostitutas, alcoólicos, drogados, marginais, sem-abrigo, loucos, indigentes…

(v) podia haver amargura, azedume, revolta, ajustes de contas com o passado,  mas não: há ali muito amor, ternura, carinho, poesia,  ingenuidade, cumplicidade, serenidade, empatia, compaixão… no regresso ao passado, duro, da infância, mesmo quando falta uma importante peça do puzzle da nossa identidade, a figura do pai… ou do seu substituto, ou quando a hipocrisia social diaboliza a figura da mãe solteira;

(vi) o autor recorre a poetas para, num verso ou num pensamento sincrético,  nos dar uma chave de leitura para a suas histórias ou personagens. Por exemplo, “A minha mãe (…) era o vulto que à noite se recorta” (Vasco Graça Moura); “Faz que cada hora da tua vida seja bela. O mínimo gesto é uma lembrança futura” (Claude Aveline”); ou “O mais terrível dos sentimentos é o sentimento de ter a esperança perdida” (Frederico Garcia Lorca); noutros casos, recorre ao exemplo de vida de amigos, que admirava, como o saudoso luso-guineense Carlos Schwarz (Pepito): “Desistir é perder, recomeçar é ganhar”;

(vii) algumas histórias podem ser pícaras,  mas sempre muito humanas e surpreendentes: por exemplo, “Madrinha de guerra” (pp.79/85), “As aventuras do Marcelino” (pp. 87/92) ou “Morreu, morreu o cobrador!” (pp.221/226);

(viii) o autor pertence a uma geração de portugueses, que apesar de tudo foi “win-win”, não se resignou com o destino que lhe coube, foi à luta, resistiu, sobreviveu, conseguiu apanhar o "elevador social", valorizar-se intelectual, social e profissionalmente… Ou em suma: sair do círculo da pobreza e da iniquidade em que nasceu, quando 120 em cada 1000 crianças morriam antes de chegar ao 1º ano de vida; a tuberculose era uma das principais causas de morte; a escola primária (e muito menos o liceu e a universidade) não era para todos; andava-se descalço ou de chancas; e uma criança com 6 anos guardava as ovelhas do “regedor”, em troca, à noite, de um caldo quente, um pedaço de broa e, em dias de festa, uma cabeça de sardinha frita…

Há histórias e personagens tocantes, neste livro, desde a Áurea, sem-abrigo, ao Senhor Augusto; ou o Salvador que transporta em si os fantasmas e os pesadelos de toda uma geração que fez a guerra colonial…

Como eu já disse, não há muito tempo, e a propósito da história do Senhor Augusto, que já tinha lido no blogue: sabemos que nos podem roubar ou tirar-nos tudo, a casa, a terra, o país… Não se escolhe onde se nasce, muito menos pai e mãe... Ninguém pode, todavia, roubar-nos a memória, incluindo as memórias da infância e as nossas geografias emocionais (Buba, Mampatá, Chamarra, Aldeia Formosa, etc.). E a infância tanto pode ser uma rua, como um bairro, ou uma quinta, um lugarejo, um lugar, uma aldeia, uma vila como um rosto ou um estória...

Em “O universo que nos habita”, estão lá muitas das memórias impressivas e das vivências mais fortes do autor, a começar pelas paisagens da infância, sofrida mas também maravilhada, que, mesmo que tenham desaparecido fisicamente, continuam a ter cores, sabores, cheiros, rostos, personagens, homens e bichos, dos casebres dos pobres, os "cabaneiros", às casas dos “fidalgos”; o duro, trágico, mas também às vezes pícaro, lado da guerra colonial na Guiné; e, por fim, um terceiro “filão”, não menos duro mas seguramente nobre, que é também uma missão, a de dar voz a quem não a tem.

Mas o Zé, além de marido, pai, avô, educador, cidadão, também, foi dirigente escuteiro, gerente bancário, andou nas lutas dos moradores das ilhas do Porto… Em suma, ele que é humilde, também pode dizer, com propriedade e sem bravata, como o grande Pablo Neruda: “Confesso que vivi”…E isso dá-lhe o direito e o dever de memória… A escrita é também uma das formas de explorar essa inesgotável matéria-prima com que (re)construímos o universo que nos habita …

Neste Natal, far-nos-á bem a todos ler e reler estas “estórias de vida”, por que são também “estórias com vida”, o mesmo é dizer de esperança.

Parabéns, Zé. E obrigado pelo teu talento, empatia e amizade.

Luís Graça, editor do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

(Nota de LG: Um especial agradecimento ao camarada Eduardo Moutinho Santos por, na sessão do dia 18, me ter "emprestado a voz", o mesmo é dizer, ter tido a gentileza e a nobreza de ler o meu texto...)

  

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Simpósio Internacional de Guiledje > 1 de Março de 2008 > O Zé Teixeira com a Cadidjatu Candé (infelizmente já falecida), filha do valente alferes de 2ª linha e comandante de milícias no Quebo, Aliu Sada Candé,  preso, condenado à morte e assassinado lentamente pela juventude do PAIGC depois do fim da guerra (com "um prego espetado na cabeça, uma morte lenta, dolorosa, horrível").
 
Foto (e legenda):  © José Teixeira (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar:Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Para o Zé Teixeira, um camarada e um amigo, 
 um homem bom e solidário (**)

por Luís Graça

Não, não és um amigo do tu cá tu lá,
Não somos amigos de infância, ai que pena,
Conhecidos só de um Natal da Madalena,
Passei pelo Saltinho e tu, em Mampatá.

Não foi preciso pedir a ninguém licença,
Entraste pela Tabanca Grande adentro,
Sem quereres ser do mundo o umbigo e o centro,
Para partir mantenhas e mostrar a crença,

Nessa grande camaradagem de outrora,
Temperada na Guiné da paz e da guerra,
Sempre pensando no dia de ir embora.

O nosso blogue foi traço de união,
E ponte com essa nossa segunda terra:
Mereces por isso o meu chicoração!


Lourinhã, 6 de fevereiro de 2021

Parabéns do Luís (e da Alice), em dia de anos (***)
_____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 23 de novembro de 2023 >  Guiné 61/74 - P24874: Agenda cultural (845): a minha festa, em Leça do Balio, no passado dia 18: o lançamento do meu livro "O Universo que habita em nós" (José Teixeiira, Matosinhos)

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24879: As nossas geografias emocionais (16): Empada: a Fonte Frondosa (1946), revisitada em 2011... e os amigos que lá deixámos, eu e o Eduardo Moutinho Santos (José Teixeira)



Foto nº 1A > Guiné-Bissau > Região de Quínara > Empada > 2011 > O Eduardo Moutinho Santos e o Zé Teixeira na Fonte Frondosa, inaugurada em 1946... Sessenta e cinco anos depois ainda funcionava e a lápide em azulejo ainda lá estava.


Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Região de Quínara > Empada > 2011 > A visita obrigatória do Eduardo Moustinho Santos e o Zé Teixeira à Fonte Frondosa,


Foto nº 2 > Guiné-Bissau > Região de Quínara > Empada > 2011 > Outra perspetiva da bela fonte de Empada.


Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Região de Quínara > Empada > 2011 > A janta à Fula, para alegria dos mais jovens e prazer dos mais velhos.


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região de Quínara > Empada > 2011 > Moutinho Santos e o Braiama a saborear um bom momento de reencontro passados 41 anos.


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Região de Quínara > Empada > 2011 > O último abraço do Braiama (já faleceu).


Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Região de Quínara > Empada > 2011 > A alegria estampada no rosto que a câmara do meu filho colheu.


Foto nº 7 > Guiné-Bissau > Região de Quínara > Empada > 2005> O Kebá vestido de cor rosa, o Braima e o Xico Allen (1950-2022)

Fotos (e legendas): © José Teixeira (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70; tem mais de 400 referências no blogue; régulo, juntamente com o Eduardo Moutinho Santos, da Tabanca de Matosinhos): 

Data - segunda, 30/10/2023, 12:07

Assunto - Fonte Frondosa

Luís e Carlos.
Bom dia.

A propósito das Fontes espalhadas pela Guiné (*), junto um artigo, para publicar se entender que vale a pena.

Fraterno abraço do Zé Teixeira



Fonte Frondosa, em Empada

por Zé Teixeira


Era o local onde se tentava “matar” todas as sedes.

Era a fonte mais linda de todas as fontes. Á água era fresca, límpida, inodora e não contava que trouxesse coliformes fecais ou outros que tais, mas se trouxesse a sede era tão grande que matava toda a bicharada.

Estava situada, num baixio, um pouco atrás da casa do Chefe de Posto, o tal que foi corrido (só não foi a tiro, porque apareceu o capitão), mas esteve quase. Ousara dar ordem de prisão a um pobre sofredor, o Kebá, que vira duas das suas mulheres e seus filhos serem apanhados pelo IN.

o Kebá  Uns tempos mais tarde, encheu-se de coragem e foi ao interior da mata tentar recuperá-los e estes negaram-se a regressar a Empada, voltando ele de mãos a abanar. Era muito estimado dentro do quartel, como auxiliar de enfermeiro e tradutor, mas recusava-se a vestir uma farda e combater, e nós compreendíamos as razões.

Pois o Kebá não tinha dinheiro para pagar o imposto de palhota, ou do pé descalço, como também se chamava, e foi detido. Como castigo tinha de ir buscar todos os dias vários barris de água à fonte Frondosa para uso na casa do Chefe de Posto e regar o seu frondoso jardim.

Quando os militares descobriram a situação em que se encontrava o Kebá, alguns, entre os quais, este que vos está a relatar a situação, pegaram na G3 e cercaram a casa do homem. Valeu-lhe o Eduardo Moutinho Santos, então a comandar a cmpanhia,  que, alertado, apareceu e acalmou as hostes, mas o Chefe de Posto seguiu no dia seguinte sob prisão para Bissau, por ordem do Governador Spínola, e Empada só ganhou, pois, o capitão foi nomeado Chefe de Posto e as mudanças para melhor bem-estar da população, começaram a notar-se.

Mas voltemos à Fonte Frondosa. Manhã cedo, as bajudas, recolhiam as roupas dos militares e dirigiam-se para a fonte, o tal lugar sagrado para “matar” todas as sedes. Os nossos rapazes, sentavam-se no alto da pequena colina com todos os sentidos em alerta máximo. As bajudas desvencilhavam-se das roupas que as impediam de se meterem na água, deixando o “deusificado” corpo à vista, para mergulharem as camisas, as cuecas, as calças, etc. e as baterem bem batidas nas rochas circundantes e assim tentarem lavar as nossas roupas tão carregadas de suor e outros detritos acumulados pelo uso. Apenas uma pequena tarja lhe cobria as partes púdicas. 

Entretinham-se numa “algarviada” que os mirones não entendiam, mas sentiam ser de gozo, pela aproximação e desejos libidinosos bem expressos nos olhares, posicionamento do corpo, e expressões verbais. Os olhos eram o espelho do estado de espírito e brilhavam ao apreciar o fruto proibido imanado daqueles jovens corpos de tez escura, bem torneados e de beleza infinita, e sonhavam… se sonhavam! Alguns ousavam aproximar-se para tentar um toque de magia, um apalpão, mas recebiam um sonoro “nega”, “nega memo” e eram afastados ao empurrão, para gáudio dos camaradas.

A água para o quartel era retirada da Fonte Frondosa e, eu mesmo, e tantos outros, antes de sairmos para o mato, sempre que havia tempo, íamos lá encher o cantil de água bem fresquinha. Para matar a sede, quantas vezes, me debrucei sobre a bica para aparar a água na concha da mão e a saborear com deleite!

Passados quarenta e um anos (2011), eu, os meus dois filhos e o Capitão voltamos à procura da água da Fonte Frondosa para matar a sede, reviver e recontar aos vindouros as nossas histórias, e que belas histórias!

Os tempo de guerra também tem bons momentos de bem-estar e alegria que são (ou devem ser) recordados com saudade e alegria.

Já não encontramos o Kebá, tinha falecido em 2007, mas ainda conseguimos dar um abraço ao Braima, com cerca de 90 anos. Era o último dos combatentes locais, e enfermeiro, do tempo da CCaç 2381 (1968/70).

José Teixeira (**)

____________

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24874: Agenda cultural (845): A minha festa, em Leça do Balio, no passado dia 18: o lançamento do meu livro "O Universo que habita em nós" (José Teixeira, Matosinhos)


Foto nº 1 > Matosinhos > Leça do Balio > Centro Cultural > 18 de novembro de 2023 > Apresentação do livro "O universo que habita em nós" > "Na Mesa da Presidência, além do autor e do meu filho Tiago estavam o Eduardo Moutinho Santos, camarada e amigo dos tempos da Guiné, e sua esposa, a Maria José"... A sessão foi iniciada com um momento musical.


Foto nº 2 > Matosinhos > Leça do Balio > Centro Cultural > 18 de novembro de 2023 > Apresentação do livro "O universo que habita em nós" > O Eduardo Moutinho, além de ter feito a sua intervenção própria, falando sobre o autor, seu velho amigo e camarada dos tempos da Guiné, também aceitou de bom grado e com grande nobreza ler o texto da apresentação do livro à comunidade, da autoria do nosso editor Luís Graça, que por razões pessoais, não pôde estar presente no evento.


Foto nº 3 > Matosinhos > Leça do Balio > Centro Cultural > 18 de novembro de 2023 > Apresentação do livro "O universo que habita em nós" > Aspeto da assistência: perto de oitenta participantes


Foto nº 4 > Matosinhos > Leça do Balio > Centro Cultural > 18 de novembro de 2023 > Apresentação do livro "O universo que habita em nós" > Outro aspeto da assistência, onde se encontravam muitos amigos e alguns camaradas da Guiné


Foto nº 5 > Matosinhos > Leça do Balio > Centro Cultural > 18 de novembro de 2023 > Apresentação do livro "O universo que habita em nós" > Sessão de autógrafos. Um combatente, vendo-se à sua esquerda o Capitão Leite Rodrigues, da Tabanca de Matosinhos.


Foto nº 6 > Matosinhos > Leça do Balio > Centro Cultural > 18 de novembro de 2023 > Apresentação do livro "O universo que habita em nós" > Sessão de autógrafos. Um jovem amigo que veio de Mira para dar um abraço.


Foto nº 7 > Matosinhos > Leça do Balio > Centro Cultural > 18 de novembro de 2023 > Apresentação do livro "O universo que habita em nós" > Sessão de autógrafos. Familiares. O Prof. Marques dos Santos e esposa.


Foto nº 8 > Matosinhos > Leça do Balio > Centro Cultural > 18 de novembro de 2023 > Apresentação do livro "O universo que habita em nós" > Encontro de amigos. O Dr. Carlos Gonçalves, meu médico assistente e a esposa.


Foto nº 9 > Matosinhos > Leça do Balio > Centro Cultural > 18 de novembro de 2023 > Apresentação do livro "O universo que habita em nós" > O Prof. Nuno Carvalho que colaborou nas campanhas de angariação de fundos poços de água, na Guiné.


Foto nº 9 > Matosinhos > Leça do Balio > Centro Cultural > 18 de novembro de 2023 > Apresentação do livro "O universo que habita em nós" > A Armanda em amena cavaqueira com o Eduardo e a esposa, Maria José


Foto nº 10 > Matosinhos > Leça do Balio > Centro Cultural > 18 de novembro de 2023 > Apresentação do livro "O universo que habita em nós" > O escritor e combatente José Ferreira, à esquerda, e um amigo de infância.

Fotos (e legendas): © José Teixeira (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Capa do livro
José Teixeira


1. Mensagem do nosso amigo, camarada e escritor José Teixeira (Matosinhos):

Data - segunda, 20/11/2023, 21:34
Assunto - Apresentação do livro

Passou o dia, passou a romaria,

...mas ficou um coração deslumbrado pela amizade que me rodeou, e carregado de belas e esfuziantes emoções.

Assim foi a linda tarde de sábado passado no Centro Cultural de Leça do Balio, no lançamento do meu livro – !O Universo que habita em nós".

O Salão Nobre de Leça do Balio estava praticamente cheio. Cerca de oitenta pessoas, amigas e amantes da leitura de bons livros, quiseram honrar-me com a sua presença.

Na Mesa da Presidência, além do autor e do meu filho Tiago, estavam o Eduardo Moutinho Santos, camarada e amigo dos tempos da Guiné e sua esposa, a Maria José, que eu tive o gosto de conhecer e admirar pela coragem de ir passar o Natal de 1969 com o marido e com a comunidade militar estacionada no Sul da Guiné. Uma presença feminina, apenas com 19 anos que deu uma vida nova ao último Natal que passei na Guiné.

Ausente da mesa, mas com lugar reservado no meu coração e de alguns dos convidados, estava o Luís Graça, que por razões pessoais, não pode estar presente para fazer a apresentação do livro à comunidade, tendo delegado no Eduardo Moutinho essa tarefa.

Com a sala cheia e o meu coração a transbordar de emoções, iniciou-se a Sessão de apresentação do livro, com dois trechos de música clássica, que os jovens alunos da Escola de Música, Teatro e Artes da Paróquia de Custóias nos presentearam.

De seguida, o Eduardo Moutinho, falando em seu nome, contou um pouca das suas vivências com o autor desde os tempos em que foi seu comandante em Empada na Guiné, já lá vão cinquenta e quatro anos.

A apresentação do livro remeteu-a para o texto que iria ler a seguir, por mandato, do amigo comum, Luís Graça, que segundo ele, diz tudo sobre as quinze histórias contidas no livro.

Obrigado, Eduardo, pelas tuas palavras e pela profunda amizade que nos une desde há longo tempo e tem vindo a ser enriquecida pelos anos fora.

Sobre o Luís Graça e antes de transcrever, com a devida vénia, as palavras que escreveu, quero afirmar e ao mesmo tempo agradecer a sua amizade, e por ter sido um dos principais responsáveis pela minha caminhada pela escrita dentro.

Mal nos conhecemos em 2005 e logo comecei a escrever por sua “pressão” para o Blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné. Foi num pós-jantar em casa da sua cunhada, de saudosa memória na Madalena – Gaia, juntamente com um grupo de combatentes: O Marques Lopes, o saudoso Xico Allen, o Albano Costa presente na sala, e seu filho. Nunca mais me largaste Luís, e por isso, te estou mais uma vez muito grato.

Um chi-coração muito apertadinho para ti, meu “ermon”, e para a Alice, tua querida companheira das longas aventuras da vida.

Para entender a sua mensagem, nada melhor que transcrever o texto que o Luís teve a amabilidade de escrever. 
[Será apresentado aqui em próximo poste, como nota de leitura (LG).]

A Maria José, esposa do Eduardo, dissertou sobre o papel da mulher na sociedade, e a forma como eu enquadro as mulheres, pela positiva, no livro que escrevi.

Seguiu-se um momento musical.

De seguida o autor encerrou a Sessão, agradecendo aos intervenientes, aos presentes e ausentes, alguns por doença, outros por afazeres ou compromissos assumidos.

Seguiu-um Porto de honra e convívio entre os presentes.

A todas as pessoas que me honraram com a sua presença, e sobretudo os camaradas da Guiné, a minha profunda gratidão

José Teixeira
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Nota do editor: 

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24857: Lembrete (45): Convite para o lançamento do novo livro do nosso camarada José Teixeira, "O Universo Que Habita Em Nós", a levar a efeito no próximo dia 18 de Novembro de 2023, pelas 16h30 horas, no Centro Cultural de Leça do Balio, sito no Largo do Mosteiro de Leça do Balio

C O N V I T E

Mensagem do autor:

Cada um de nós ao nascer, transporta dentro de si um Universo a construir – a sua vida. Com o desenrolar do tempo e com a ajuda ou desajuda de quem nos rodeia – Mãe, pai, avós, mestres, professores, amigos, vizinhos e colegas do café e tantos outros agentes educativos – vamos desenvolvendo as nossas capacidades, formando o nosso carácter, estabelecendo a nossa forma de ser e estar na vida, ou seja, construído o nosso Universo pessoal.

As histórias que vos ofereço neste livro, ajudam cada um(a), a compreender este fenómeno maravilhoso da vida, como escreve o Prof. Júlio Machado Vaz, com candura, transparência e doçura.

Com um abraço de amizade
José Teixeira


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Notas do editor:

Vd. poste de 4 DE NOVEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24823: Agenda cultural (844): Convite para o lançamento do novo livro do nosso camarada José Teixeira, "O Universo Que Habita Em Nós", prefaciado pelo Prof. Júlio Machado Vaz, a levar a efeito no próximo dia 18 de Novembro de 2018, pelas 16h30 horas, no Centro Cultural de Leça do Balio, sito no Largo do Mosteiro de Leça do Balio, com apresentação a cargo do Prof Luís Graça

Último poste da série de 10 DE JANEIRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P23969: Lembrete (44): Lançamento do livro "ANTIGOS COMBATENTES, Humilhados e Abandonados", por José Maria Monteiro, dia 14 de Janeiro de 2023, pelas 12,00 horas, no Manuela Borges Eventos, Rua Principal Fonte do Feto, 2835, Santo António da Charneca - Barreiro

terça-feira, 7 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24827: Manuscrito(s) (Luís Graça) (240): Zé do Telhado (Penafiel, 1816 - Angola, Malanje, 1875): um caso de "banditismo social"? Entre o mito e a realidade - Parte VII

 

Fotograma nº 1 > "De herói a vilão", eis a história do Zé do Telhado, aqui, sargento patuleia, recebendo  a mais alta condecoração do país, a Torre e Espada, das mãos do general Sá da Bandeira, a quem salvou a vida, em combate, na Guerra da Patuleia (out 1846 / jun 1847), que se seguiu à Revolta da Maria da Fonte.

Fotograma nº 2 >  O fantasioso (no filme) assalto à Casa do Carrapatelo, Marco de Canaveses, sita nas faldas da serrra de Montedeiras e na margem direita do rio Douro, a escassos quilómetros na nossa casa em Candoz.


Fotograma nº 3 >    Um destacamento dos Granadeiros da Rainha, em perseguição, mal sucedida,  do Zé do Telhado e do seu bando, em 1852

Fotograna nº 4 >  Um filme "romântico" mas também um "western à portuguesa" onde há de tudo:  amor, perdição, ciúme, traição, nobreza, camaradagem, ação, coragem, assaltos, tiroteiro, loucas correrias a cavalo, duelo,  morte... Foi uma época, a da consolidação da monarquia constitucional, nas décadas de 20, 30, 40 e 50 do séc. XIX, violenta, pautada por sucessivos episódios de guerra civil (as chamadas "lutas liberais": dos liberais contra os absolutistas, dos liberais entre si)... Calcula-se que mais de 20 mil portugueses tenham morrido às mãos de portugueses... Estamos muito longe, portanto, do país de "brandos costumes" dos nossos contos de fadas e príncipes encantados...


Fotograma nº 5 > O "duelo de morte" com o José Pequeno, o "vilão da história", que traiu o bando, e aquem,  diz o Camilo, o Zé do Telhado,  cortou a língua com uma tesoura depois de morto. 

Mas o "ajuste de contas final" entre os dois teria sido na Lixa, e não na serra, como  vemos no filme de 1945 que, de resto, é considerado um "remake" do filme mudo, de 1929, realizado por Rino Lupo, com exteriores filmados no Solar de Beirós, São Pedro do Sul; o guião, por sua vez, tem como fonte  o livro de Eduardo Noronha (1859-1948), "José do Telhado: Romance Baseado sobre Factos Históricos" (1923)(As cenas do exterior deste primeiro filme, o de 1929, foram rodadas em diversos sítios por onde andou o "nosso herói": Amarante, Vila Meã, Lixa, Marco de Canaveses, Felgueiras, Serra do Marão, Sobreira em Caíde de Rei, Lousada, e na casa onde nasceu José do Telhado, em Recesinhos, no lugar do Telhado, Penafiel. Fonte:  Penafiel, Terra Nossa).

Fotogramas do filme "José do Telhado" (1945).  disponível no You Tube, na conta "MusaLusa". 

Uma das raras fotos da época (pormenor) do Zé do Telhado, de seu nome de batismo José Teixeira da Silva (c. 1816-1875), aqui com o seu irmão Joaquim Telhado, também ele bandoleiro, à sua direita. 

Fonte:   Manuel Vieira de Aguiar, "Descrição Histórica, Corográfica e Folclórica de Marco de Canaveses" (Porto: Esc Tip Oficina de S. José. 1947, 439 pp).   , 1947,  pág. 273. (Foto extraída do livro de Sousa Costa, " Grandes dramas judiciários: tribunais portuguees", Porto, O Primeiro de Janeiro, 1944)



Contracapa do livro de Camilo Castelo Branco, “Memórias do Cárcere”, II  Vol,  8ª ed. Lisboa, Parceria A. M. Pereira, Lda, 1966, (1ª ed., Porto, 1862) (Coleçáo "Obras de Camilo Castelo Branco,  Edição Popular, 54")


1. Comentários de alguns dos nossos leitores sobre estes escritos do editor Luís Graça com referência ao Zé do Telhado, cujo "fantasma" ainda paira pelos vales do Sousa e do Támega e pelas serras à volta (Montemuro, Marão, Montedeiras...) (*)


(i) Francisco Baptista:

Amigo Luís Graça, já poucos escrevem, poucos comentam. Estamos todos a ficar com as pilhas gastas. Tu és dos poucos que continuas a dar grandes provas de vitalidade.

Gostei de saber por ti do Zé Telhado, de quem pouco sabia, como a maioria dos portugueses, sabem o nome e a fama de bandoleiro, que roubava aos ricos e dava aos pobres. Nem sabia que sobre ele já tantos escritores tinham escrito.

É natural que ele também te motivasse a ti pois além do mais era de perto de Candoz a outra terra que tu amas mais. Gostei de ler e espero por mais capitulos. Estou a pensar comprar também " As Memórias do Cárcere", de Camilo.

Obrigado. Grande abraço

22 de outubro de 2023 às 19:15 


(ii) Fernando Ribeiro:

Estou um pouco como o camarada Francisco Baptista. No Porto, o Zé do Telhado é uma referência vaga, de uma espécie de Robin dos Bosques à portuguesa, que passou pela Cadeia da Relação da cidade antes de ser deportado para Angola. Só se fala nele quando se visita a cadeia (atual Centro Português de Fotografia) e se espreita a cela onde Camilo Castelo Branco viu o Rio Douro aos quadradinhos. Nessa ocasião fala-se de Ana Plácido, como não podia deixar de ser, e por arrastamento fala-se do Zé do Telhado também.

O encontro entre Camilo Castelo Branco e o Zé do Telhado na cadeia não terá sido o primeiro que eles tiveram. Muito tempo antes, o próprio Camilo foi assaltado pelo Zé do Telhado, numa ocasião em que viajava de diligência entre Vila Real e o Porto! O próprio Camilo fala no assalto num dos seus incontáveis livros (não me recordo de qual) e chama patife, facínora, ou outros nomes equivalentes, ao seu assaltante. Mal sabia ele que iria encontrar-se de novo com o antigo salteador na cadeia e que iria refazer a imagem que tinha feito dele.

Durante a minha comissão militar em Angola nunca ouvi falar do Zé do Telhado, nem uma só vez. Inclusivamente, no meu grupo de combate havia dois militares negros naturais de Malanje e nunca os ouvi fazer qualquer referência a ele. Já os brancos de Angola admiravam outras personagens, que não o Zé do Telhado; admiravam Paulo Dias de Novais, Salvador Correia de Sá, Silva Porto, Norton de Matos, etc.

23 de outubro de 2023 às 02:02

(iii) José Teixeira;

O Zé do Telhado tinha bem demarcada a sua zona de atuação. Do Marco de Canavezes a Vila Real até Cete, Paredes, sobretudo na orla da estrada real. A conhecida estrada Porto a Vila Real com uma variante para a Régua. Era a estrada por onde passavam os grandes comerciantes do Vinho Fino, vulgo, Vinho do Porto. 

A minha avó falava muito do Zé do Telhado, dado que o meu visavô foi contemporâneo dele. O Lugar da Árvore em Caíde, um entroncamento de estradas,  era um dos sítios onde ela costumava fazer as emboscadas. Recordo-me de em criança passar por lá várias vezes a caminho de Vila Meã. Havia sempre uma história contada pela minha avó sobre o meliante. A admiração que os mais velhos tinham pelo Zé do Telhado ia assim passando para os mais novos. Para a minha avó o Sr. José do Telhado tinha sido um grande homem. Ele roubava aos ricos para dar aos pobres e havia sempre mais uma história para contar.

20 de setembro de 2023 às 22:42 

(iv) Valdemar Queiroz:

Quanto ao apelido/alcunha "do Telhado", há três versões.

A mais conhecida é a de ser um salteador que entrava pelo telhado, outra que a casa do pai era a única com telhado de telhas em vez de colmo como as outras e a que parece mais lógica era de ser natural do aldeia/lugar de Telhado e assim ser conhecido quando foi viver para os lados de Lousada.

Antes de ser assaltante era castrador de animais e já lhe chamavam o Zé do Telhado.

No filme "Zé do Telhado", com Vergílio Teixeira, há uma cena em que ele, numa taberna, aperta a mão a outro bandidolas provocando-lhe dores.

Foi uma grande treta, o outro bandidolas era Juvenal Araújo que eu conheci, já dentro dos cinquenta anos, mas quando fez o filme era um matulão que ganhava apostas por rasgar uma lista telefónica fechada, o que deixaria o Vergílio Teixeira com as falanginhas e falangetas partidas.

15 de setembro de 2023 às 14:49

(v) Luís Graça:

O mito do país dos brandos costumes é uma invenção do salazarismo: "antes de nós o dilúvio, depois de nós o caos"... Não é por acaso que o séc. XIX era pura e simplesmente ignorado na escola (e na universidade, pouco ou nada investigado pelos historiadores)...

O que é que a gente sabia sobre o século em que a liberdade e a justiça passaram a ser também uma bandeira, pela qual muitos portugueses se bateram e morreram?!... Afinal, o século em que passámos a ter uma constituição, se consolidou a monarquia constitutucional, se derem passos importantes no processo de "modernização", se aboliu a escravatura e a pena de morte...

13 de outubro de 2023 às 12:37

Em 1945 fizeram um "western" à portuguesa em que o nosso Zé do Telhado (interpretado pelo galã Virgílio Teixeira) é um perfeito oficial e cavalheiro. (Só dei uma rápida vista de olhos ao filme disponivel no You Tube, parte dos exteriores terão sido rodados na nossa serra de Montedeiras.)

O filme está disponível aqui, na conta : https://www.youtube.com/watch?v=i_6MmOOrDh4

O cinema também serve para falsificar ou reinventar  ou reescrever a história... (O filme de 1945 não pretende ser  "uma biografia, mas  uma obra livremente inspirada na vida do célebre salteador"...)




Cartaz do filme "José do Telhado" (1945), a preto e branco, 98 minutos: produzido e realizado por Armando de Mirando, e contracebado por Virgílio Teixeira e Adelina Campos, nos dois principais papéis. Os exteriores foram filmados em Vouzela, em 1945. O filme foi estreado no Porto (Coliseu, em 15/12/1945), e emLisboa (Polteama, 16/1/1946). Fonte: Cinept / UBI (com a devida vénia...)



2. Vamos reproduzir mais alguns excertos das "Memórias do Cárcere" (1ª edição, 1862), em que o Camilo Castelo Branco traça um retrato-robô, lisonjeiro, quase hagiográfico, sobre o seu  companheiro de infortúnio (mas também precioso "guarda-costas" ...), nos calabouços do Tribunal da Relação do Porto, retrato esse que de algum modo ficou, acriticamemte, para a posteridade, criando-se assim o mito do "Robin dos Bosques português"... Afinal, também temos direito a ter um... A tradição popular, outros escritores, menores,  o cinema e a televisão (veja-se a série da RTP, "João Semana")  têm contribuido para reforçar o mito do "banditismo social"..  (Convém lembrar que Camilo não era historiógrafo, era um ficcionista, um "folhetinista", que escrevia muito, em pouco tempo, e em função do seu "nicho de mercado", que era uma clientela urbana ou urbanizada, letrada, que lia jornais,  "folhetins" e alguns livros,  com poder de compra, em suma, a pequena e a média burguesia liberal socialmente em ascensão.)

Os excertos aqui reproduzidos são os da 8ª edição (Camilo Castelo Branco, “Memórias do Cárcere”, II  Vol,  8ª ed. Lisboa, Parceria A. M. Pereira, Lda, 1966)

(...) “Este nosso Portugal é um país em que nem pode ser-se salteador de fama, de estrondo, de feroz sublimidade! Tudo aqui é pequeno: nem os ladrões chegam à craveira dos ladrões dos outros países! Todas as vocações morrem de garrote, quando as manifestam e apontam a extraordinários destinos (...) (pág. 83)

(…) "Na noite de 22 de Maio [de 1852] (**) deu José do Telhado batalha campal à tropa no local denominado Eira dos Mouros [freguesia de Santa Cristina de Figueiró, concelho de Amarante, distrito do Porto] (**)

O destacamento de infantaria 2  (***) conseguira capturar dois salteadores e descera com eles a uma estalagem,  para descansar. Aí o surpreendeu a horda com o chefe montado em fogosa égua. Chegou ele ao terreiro da estalagem, e exclamou: "Carregai com quartosn (****),  rapazes, que está aqui José do Telhado." 

Saiu fora a tropa, e empenhou-se um tiroteio,  que rematou pela retirada do destacamento. O chefes sustentou sempre a vanguarda da avançada, fazendo fogo de pistola e clavina. 

Estavam os dois saltadores prisioneiros na cavalariça da estalagem: um fugira logo que rompeu o fogo, o outro ficara na impossibilidade de erguer-se sobre as pernas cortadas de balas.

− Vem!   − disse o capitão ao salteador ferido.

− Não posso; matem-me que eu estou sem pernas.

− Faz o ato de contrição  − retrucou o chefe.

 O ferido resmuneou o acto de contrição ,  e a estalajadeira verteu lágrimas piedosas. 

José dos do Telhado  estirou-a com uma bofetada, e  desfechou contra o peito do camarada, dizendo;

− Acabaram-se-te os teus trabalhos,  e os meus  estão em  começo. Adeus!    

O cadáver não podia responder a este saudoso vale do seu chefe. (pp. 95/96)


(…) Noutra noite, cercou-lhe a  tropa a casa, estando ele no primeiro sono. Despertou-o  a mulher, e ajudou-o a vestir muito de seu vagar. Caminhou para uma porta transversal, e retrocedeu a ir buscar o  relógio esquecido, e a dar ordens ao criado para lhe conduzir de madrugada o cavalo a designado sítio. Abriu uma janela,  e disse para os soldados:

− Que tal está a noite, rapazes ? 

Retirou da janela, e  abriu a pequena porta, que defrontava com uma cortinha para a qual relevava saltar por cima de um quinchoso.  Aí estavam postados três soldados. José Teixeira aperrou a clavina  de  dois canos, e disse: 

− Agachem-se, que quero saltar.  Os dois primeiros que se moverem, passo por cima deles mortos. 

Os soldados agacharam se, e ele saltou.  Já de dentro da cortinha, atirou dois pintos (*****) aos soldados, e e disse-lhes:

−  Tomai lá para matar o bicho à saúde do José do Telhado.

E foi seu caminho pacífica e detidamente como se andasse espreitando a toupeira no seu meloal.  Teria ele tempo de palmilhar um oitavo de légua, quando lhe deram uma descarga. (...) (pág. 97)

(...)  José Teixeira folgava de entremeter incidentes cómicos nas suas assaltadas. A uma dama de Carrapatelo dera ele um beijo de despedida, e à mulher do senhor Camelo perguntara de que lhe servia o dinheiro, se não podia comprar uma cara mais nova e menos feia

O senhor Bernardo José Machado, muito conhecido comerciante  do Porto, ia um dia para Cerva [Ribeira de Pena, no Alto Tâmega] , sua terra natal , e alcançara,  a distância curta do Torrão, um cavaleiro bem posto no seu corpulento cavalo, e acamardou-se com ele na jornada. Falavam vários assuntos, e caiu a propósito os perigos de jornadear por tais sítios infestados pelo terrível  Zé do Telhado. 

O cavaleiro mostrou-se também horrorizado pela hipótese de o encontrarem,  e ouviu da bocado  senhor Machado a história dos flagicídios do célebre bandoleiro.  Apearam  numa estalagem, e jantaram o mais lautamente que podia ser.  O cavaleiro mudara de estrada.  e despediu-se do senhor Machado, que lhe ofereceu os seus préstimos. Pediu o comerciante a conta à estalajadeira,  e soube que o outro sujeito pagara a despesa. Perguntou o viajante, quem era aquele cavalheiro, e a mulher respondeu que era o José do Telhado. 

É bem de ver que o senhor Machado, em vista do panegírico com que o brindara,  não foi muito a seguro de o topar adiante com outra cara, ocasionando lhe um facto novo para realçar a história. (...) (pág. 99),


(...) O libelo cerra a meda dos crimes do José do Telhado om a tentativa de evasão para reino estrangeiro sem passaporte. 

A morte de José, denominado o pequeno, por antifrase, não vem incluída na acusação.

José Pequeno era agigantadado de estatura, e  o mais cruel da malta, comandada por José do Telhado.

Custava muito ao chefe refrear-lhe o instinto sanguinário; mas com melindre o fazia,  porque o parceiro era o único de quem  ele se receava em luta de braço a braço.

Andava José Pequeno cogitando no expediente mais azado a livrar-se de perseguições,  e tentou-o o demónio a atraiçoar os companheiros. Foi a malta surpreendida, estando  ausente o denunciante. Comandava a força o destemido Adriano José de Carvalho e Melo, Administrador do Marco de Canaveses. 

Carregou tão brava a polícia sobre a chusma dos ladrões,  que lhes foi remédio a fuga. Aí recebei José Teixeira uma bala nas costas a qual, segundo ele diz, o fizera saltar dez passos avante contra sua vontade. A bala  produziu-lhe  na coluna vertebral um choque elétrico meramente. 

Ao outro dia, José Teixeira teve de evidência que seu companheiro o denunciara.  Ao anoitecer foi à Lixa [concelho de Felgueiras]  onde pernoitava o traidor, entrou-lhe em casa,  e disse-lhe:

− Não te quero matar â traição; previne-te  como quiseres, que um nós há de morrer aqui.

− Ou ambos!  − disse o José Pequeno, lançando mão da faca.

−  Ou isso ! −  redarguiu o José do Telhado,  sacando de uma tesoura. E acrescentou:

−  Hei de  cortar-te com ela a língua. 

A primeira arremetida que se fizeram, apagaram a luz da vela,  e arcaram peito a peito. Revolveram-se na escuridade um quarto de hora, rugindo alternadamente injúrias e pragas ferozes. 

José Teixeira já tinha um braço rasgado; mas José Pequeno expedira o último rugido pela fenda que a tesoura lhe abria na garganta. O chefe ergueu o joelho sobre o peito do cadáver, quando  os dois gumes da tesoura se encontraram ao través da língua que o denunciara. 

O homicida aparecer na Lixa ao outro, e disse a multidão parada à porta do morto:

− Se não sabem quem matou este traidor, aqui o têm.

 E passou adiante. obrigando o cavalo a garbosa upas. 

Coisa é digna de reparo, que o ministério público não desse querela contra o assassino. Bem pensada a irregularidade, dá de si que a moral pública, representada pela polícia criminal e administrativa, propôs um voto de gratidão ao matador do formidável celerado da Lixa. (...) (pp. 100-102)

In: Camilo Castelo Branco, “Memórias do Cárcere”, II  Vol,  8ª ed. Lisboa, Parceria A. M. Pereira, Lda, 1966, (1ª ed., Porto, 1862) (Coleçáo "Obras de Camilo Castelo Branco,  Edição Popular, 54")~

(Seleção / revisão e fixação de texto / negritos / parênteses retos: LG)

Este obra está disponível em formato pdf, no sítio da Imprensa Nacional- Casa da Moeda, Lisboa, 2020, 232 pp, edição de Ivo Castro e Raquel Oliveira,  distribuição gratuita. (Segue a 2ª edição, revista pelo autor, Porto, 1864.)

https://imprensanacional.pt/wp-content/uploads/2022/03/Memorias-do-Carcere.pdf?btn=red

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(**) Vd. José Manuel de Castro - José do Telhado- Vida e aventura, a realidade. a tradição popular. Ed. autor, 1980, 193 pp., il. (Tipografia Guerra, Viseu).

(***) Vd. Wikipedia: Na época(1852) era conhecido por Regimento de Granadeiros da Rainha, unidade de elite criada em 1842, responsável pela guarda pessoal da Rainha D. Maria II; em 1855, o regimento adopta a actual designação de RI2 - Regimento de Infantaria 2, com sede em Lisboa. Quando Camilo escreveu as "Memórias do Cárcere" já era RI 2,

(****) O "quarto" era um equena bala de chumbo, de forma angular.

(*******) Na época o "pinto" valia cerca de 480 réis. Também era conhecido como "cruzado novo".