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quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Guiné 63/74 - P16532: (In)citações (102): As outras cartas da guerra... Do Umaru Baldé, da CART 11 e CCAÇ 12, para o Valdemar Queiroz (Parte IV): "Viva Médicas e Médicos Portugueses. Viva Portugal com os Negros Unidos" (sic) (carta de 15 de novembro de 2000)


Foto: © Fernando Andrade Sousa (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Torres Vedras > Barro > O Fernando Andrade Sousa, ex- 1º cabo aux enf da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71), em véspera de ir passar umas férias à Tunísia, mais o Umaru Baldé, já doente, no Hospital do Barro, nas imediações de Torres Vedras, em agosto de 2000 (e não de 2007, como erradamente foi indicado no poste P16382) (*). Foi a última vez que o Fernando (com a esposa) esteve com ele.

O Hospital do Barro (, instalado num antigo convento do séc. XVI), hoje desativado, fazia parte do Centro Hospitalar Oeste - Unidade de Torres Vedras. O Fernando lembrar-se de ele, Umaru,  ter desaconselhado, ao casal,  a viagem à Tunísia. Durante 24 anos, de 1975 a 1999,  o Umaru Baldé andou em bolandas pela África subsariana e pelo norte de África,  tentando chegar a Portugal, o que só conseguiu em 15/4/1999.

Esteve internado no Hospital do Barro em 2000 e, ao que parece, terá voltado para lá para morrer (no final do ano de 2004, segundo informação do António Fernando Marques, que foi ao seu funeral;: está sepultado do cemitério do Lumiar em Lisboa, no talhão dos muçulmanos) (**).









1. Carta do Umaru Baldé, "ex-1º Cabo [da] Força Armada Porttuguesa", datada de 15 de novembro de 2000, de agradecimento a quem o apoiou no momento difícil da sua doença (**):

(i) "obrigado minha médica [do] HJMAJ, TV - Hospital [dr.] José Maria Antunes Júnior, de Torres Vedras, ou Hospital do Barro, hoje desativado (, pertencia ao Centro Hospitalar do Oeste), a pneumologista dra. Paula Raimundo;

(ii) os drs. Júlio e Félix,  do Hospital de Pulido Valente, Centro Hospitalar de Lisboa Norte,  Lisboa (onde o Umaru foi operado em 11/10/2000) [julgo tratar-se, respetivamente, do dr. Júlio Semedo, pneumologista,  coordenador da unidade de pneumologia de intervenção; e do dr. Francisco José Pimenta Félix, que dirige o serviço de Serviço de Cirurgia Torácica];

(iii)) antigos camaradas portugueses na Guiné, ex-alf mil Mário Pina Cabral (CART 11, 1969/70), ex-fur mil [António Fernando] Marques e ex-sold radiotelegrafista João Ramos [CCAÇ 12,  1969/71) (com quem trabalhou na Somague, durante 8 meses);

(iv) e ainda povo da freguesia  de Ventosa, Torres Vedras;

A carta,  escrita no dia em que teve alta do Hospital  Pulido Valente, termina com dois vivas;

"Viva Médicas e Médicos Portugueses";
"Viva Portugal com os Negros Unidos" (sic).

O Umaru Baldé diz explicitamente que teve "10 meses" internado nos hospitais portugueses, entre o Hospital Curry Cabral (, especializado em doenças infetocontagiosas) e o Hospital do Barro. de retaguarda (onde funcionava um serviço de pneumologia). O Umaru Baldé não esconde a gravidade da sua doença: a dra. Paula Raimundo, do Centro Hospitalar Oeste,  tratou-o durante 9 meses da doença pulmonar de que sofria, já estava "curado" há 2 meses dos pulmões, quando surgiu outra "doença muito grave", tendo sido referenciado para o Hospital Pulido Valente.

Na carta o Umaru Baldé diz que, desde que chegou a Portugal, em 15/4/1999,  esteve 12 meses sem trabalhar, sem tendo sequer título de residência.

Mais diz que, ao ao fim no seu exílio de 24 anos (desde que saíra da sua terra natal. em finais de dezembro de 1974),  nunca tivera confiança em hospitais que não fossem portugueses...

Tratado em Portugal, acabou por sobreviver mais alguns anos: não sabemos exatamente a data da sua morte, mas pensávamos que teria ocorrido em finais de 2004 (e não em 2007/2008, como indicado erradamente em postes anteriores).

A última carta que o Valdemar Queiroz, seu instrutor no CIM de Contuboel em março-maio de 1969, recebeu dele, tem a data de 18 de abril de 2003, quando o Umaru estava a tentar arranjar dinheiro para a viagem de regresso à sua terra, cada vez mais doente, sem trabalho e sem esperança... Seriam também os seus antigos camaradas (da CART 11 e da CCAÇ 12) que se quotizaram para lhe pagar o bilhete de regresso a Portugal, possivelmente já em 2004.

Não temos a certeza se morreu no antigo Hospital do Barro onde, ironicamente, haveria de morrer, anos mais tarde,    Luís Cabral (1931-2009), também ele vítima de doença prolongada... O Umaru esteve no Hospital do Barro seguramente em 2000, falta confirmar se lá voltou depois do seu regresso da Guiné-Bissau (c. 2003/2004).

Não se encontraram, mas poderiam hipoteticamente ter-se encontrado (e essa seria uma ironia da História!), no "terminal da morte" que era então o Hospital de Barro, a "vítima" (Umaru Baldé) e o "carrasco" (Luís Cabral)...

Foi sob o regime de Luís Cabral que se assistiu à perseguição, prisão, tortura  e, em muitos casos, execução brutal, sumária, de antigos militares guineenses que integraram as nossas NT (incluindo milícias e polícia administrativa). Estes crimes, qualquer que seja a sua tipificação (crimes de guerra, crimes contra a humanidade, etc.) não podem prescrever... Pelo menos na nossa memória e no nosso blogue, não prescrevem... (LG)

_____________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 12 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16382: Álbum fotográfico de Fernando Andrade Sousa (ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 12, 1969/71) - Parte III: Lembrando, com saudade, o "puto" Umaru Baldé

 (**) Vd. postes anteriores:

27 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16530: (In)citações (101): As outras cartas da guerra... Do Umaru Baldé, da CART 11 e CCAÇ 12, para o Valdemar Queiroz (Parte III): E a propósito...o Umaru Baldé e o Luís Cabral que eu conheci... Eventualmente por uma diferença de alguns anos não se encontraram, no "terminal da morte" que era então o Hospital do Barro, em Torres Vedras, a vítima (Umaru Baldé, c. 1963-2005) e o carrasco (Luís Cabral, 1931-2009) (Abílio Duarte, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70)

27 de setembro 2016 > Guiné 63/74 - P16527: (In)citações (100): As outras cartas da guerra... Do Umaru Baldé, da CART 11 e CCAÇ 12, para o Valdemar Queiroz (Parte II): "Portugal, os portugueses e os políticos que querem esquecer os passados" (sic)... Ou a Pátria portuguesa que lhe foi madrasta...

26 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16525: (In)citações (99): As outras cartas da guerra... Do Umaru Baldé, da CART 11 e CCAÇ 12, para o Valdemar Queiroz (Parte I): "Filho único e menino, minha mãe chorou quando, em 12 de março de 1969, alferes me foi buscar a Dembataco para defender a pátria portuguesa"

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Guiné 63/74 - P16530: (In)citações (101): As outras cartas da guerra... Do Umaru Baldé, da CART 11 e CCAÇ 12, para o Valdemar Queiroz (Parte III): E a propósito...o Umaru Baldé e o Luís Cabral que eu conheci... Eventualmente por uma diferença de alguns anos não se encontraram, no "terminal da morte" que era então o Hospital do Barro, em Torres Vedras, a vítima (Umaru Baldé, c. 1963-2004) e o carrasco (Luís Cabral, 1931-2009) (Abílio Duarte, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70)

1. Comentário de Abílio Duarte ao poste P16525 (*)


[Foto à direita; Abílio Duarte , ex-fur mil, CART 2479, mais tarde CART 11 e, finalmente, já depois do regresso à metrópole do Duarte, CCAÇ 11, a famosa Companhia de “Os Lacraus de Paunca” (Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70); est+a reformado como banc+ario do BNU - Banco Nacional Ultramarino]:


Olá,  Luís,

Num almoço,  aqui uns anos atrás, realizado em Coimbra, pelo nosso canarada Aurélio Duarte, o Umaru Baldé esteve presente, não sei quem o levou, mas quem o trouxe para a Amadora fui eu.

Tenho algumas fotos em que ele está, mas não consegui encontrá-las, mas continuarei a procurar, caso o Valdemar tenha ou outro camarada nosso, principalmente o alf  [Mário] Pina Cabral ou o [1º cabo] cripto Leonel.

Vem este meu comentário, porque ao ler acima as tuas questões (*), veio-me á lembrança, a grande conversa que tivemos, os dois,  desde Coimbra.

Contou-me todas essas aventuras, que já estão relatadas, e das dezenas de vezes que tentou entrar em Portugal, segundo me disse que quando veio para Portugal, veio da Líbia, onde conheceu alguém que o levou a trabalhar para a construção civil, e que trabalhou para a SOMEC. aquando da EXPO 98.

Pela primeira vez ouvi relatos do que aconteceu aos antigos nossos camaradas de armas, especialmente Fulas, e o assassínio de vários militares em armazéns de Bambadinca.

Penso que o alferes a que ele se refere é o alf [Mário]  Pina Cabral, que foi o seu comandante, durante a instrução em Contuboel [, no CIMC - Centro de Instrução Militar de Contuboel], e a quem , pelo que ele me contou, escreveu muitas cartas. Foi com uma Carta de Recomendação, daquele Camarada, que ele veio para Portugal [, em 15/4/1999].

Naquela altura em que foi este almoço, ele já não trabalhava, estava doente e em casa, aqui na Amadora. Na altura deixou o seu NIB bancário para que o pudessem ajudar, o que felizmente alguns de nós fizeram.

Quando encontrar as fotos enviarei.

Agora um aparte, sobre uma conversa que tive com o ex-presidente Luís Cabral, quando este foi corrido pelo 'Nino', e veio, como outros, para Portugal!!!

Ele e o Vitor Saúde Maria e mais alguns, ficaram como exilados politicos numa casa que aqui há na Amadora, para o efeito.

Um dia deu-me na tampa. O Luís Cabral era cliente do BNU - Banco Nacional Ultramarino, na Amadora, eu estava lá colocado, e cada vez que via o dito, dizia para mim, "Porra, este gajo anda sempre bem disposto e a rir, parece que a ele não aconteceu nada". Então ele veio ter comigo, que estava a espera de uma transferência, referente a comissões de um negócio qualquer, tratei-me de informar e disse-lhe  o que havia... Ao despedir-se, pedi-lhe para me dar um minuto de atenção, e perguntei-lhe se achava bem o acolhimento que o Governo Português, lhe estava a dar, comparado com aquilo qque o PAIGC fez aos soldados africanos PORTUGUESES, na Guiné.

A resposta foi:  pegou-me na mão, olho-me com aquela cara de sorriso eternamente satisfeito, e afirmou: "A vida e a politica dá muitas voltas". E assim foi na sua paz de alma.

E nós a aguentar isto, depois dele foi o 'Nino' que foi corrido [do poder], e também veio para Portugal.

Só os nossos camaradas que juraram a nossa Bandeira, é que ficaram indefesos, nas mãos destes criminosos.

Por hoje um abraço.

Abílio Duarte´


Lourinhã, Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Da direita para a esquerda, o Pinheiro e o Pina Cabral.

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz & Renato Monteiro (2015). Todos os direitos rservados (Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

2. Comentário do editor:

O nosso "puto" Umaru Baldé, como eu lhe chamava, levou 24 anos (!)  a chegar a Portugal [desde que, perseguido, foi forçado a sair  da sua terra natal, em 31/12/1974, governada então por Luís Cabral (1931-2009)]...

Depois da última (?) estação do calvário, a Líbia, conseguiu por fim um visto para entrar na "Pátria Portuguesa" que ele tanto amava, .... Chegou doente a Portugal... Esteve internado cerca de 10 meses, ao longo do ano 2000, nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, mesmo sem título de residência, segundo ele conta numa das suas cartas.  Acabou por sobreviver mais cinco anos,  tendo morrido, ao que sabemos, em finais de 2004 (, segundo o nosso amigo, camarada e grã-tabanqueiro, António Fernando Marques, ex-fur mil at inf, CCAÇ 12, Contuboel e Bambabinca, 1969/71. que deu em vida todo o apoio possível ao Umaru Baldé e que foi ao seu funeral).

Sabemos que o Umaru voltou à Guiné-Bissau, em 2003,  e regressou, cada vez mais doente,  a Portugal, para morrer no antigo Hospital do Barro (ou no Hospital Curry Cabral ?), onde, ironicamente, haveria também de morrer,  cinco anos mais tarde, em 30/5/2009, o antigo presidente da Guiné-Bissau,    igualmente vítima de doença prolongada, como o Umaru Baldé...

Hipoteticamente, poder-se-iam ter encontrado, no "terminal da morte" que era então o Hospital de Barro (hoje desativado), a "vítima" (Umaru Baldé) e o "carrasco" (Luís Cabral)... Há um forte simbolismo nesta eventual coincidência... De qualquermkodo, os dois passaram pelo Hospital do Barro, "terminal da morte", memso que em épocas diferentes, o Umaru Baldé, pelo menos em 2000, e o Luís Cabral, em 2008...

Não é preciso recordar  que foi no tempo de Luís Cabral.  que se assistiu à perseguição, prisão, tortura  e, em muitos casos, execução brutal, sumária, pública ou clandestina, de antigos militares guineenses que integraram as nossas NT (incluindo milícias e polícia administrativa).

Não é preciso recordar que Luís Cabral, o primeiro presidente da Guiné-Bissau independente, foi derrubado por um golpe de Estado de 14 de novembro de 1980, levado a cabo pelo seu camarada  'Nino' Vieira (1939-2009).

Aberta a "caixa de Pandora" da violência revolucionária, os guerrilheiros no poder começaram, eles próprios, a matar-se uns aos outros. 'Nino' ´é cruelmente assassinado em 2/3/2009, dois meses antes da morte "natural" de Luís Cabral, exilado em Portugal e que o nosso camarada Abílio Duarte conheceu como "simples cliente" da agência do BNU na Amadora....

Enfim, ironias da História!... De resto, eu acredito mais na justiça dos homens (leia-se, da História) do que na justiça divina...  Se há um "juízo final", é o da História,  é a História que nos vai julgar a todos... (LG)

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Nota do editor:

Postes anteriores da série:

27 de setembro 2016 > Guiné 63/74 - P16527: (In)citações (100): As outras cartas da guerra... Do Umaru Baldé, da CART 11 e CCAÇ 12, para o Valdemar Queiroz (Parte II): "Portugal, os portugueses e os políticos que querem esquecer os passados" (sic)... Ou a Pátria portuguesa que lhe foi madrasta...

26 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16525: (In)citações (99): As outras cartas da guerra... Do Umaru Baldé, da CART 11 e CCAÇ 12, para o Valdemar Queiroz (Parte I): "Filho único e menino, minha mãe chorou quando, em 12 de março de 1969, alferes me foi buscar a Dembataco para defender a pátria portuguesa"

Guiné 63/74 - P16527: (In)citações (100): As outras cartas da guerra... Do Umaru Baldé, da CART 11 e CCAÇ 12, para o Valdemar Queiroz (Parte II): "Portugal, os portugueses e os políticos que querem esquecer os passados" (sic)... Ou a Pátria portuguesa que lhe foi madrasta...



Guiné > Setor de Bafatá > Centro de Instrução Militar de Contuboel > Março de 1969 > Umaru Baldé, fula, natural de Demba Taco, regulado de Badora, da incorporação de 1969 soldado recruta nº mec 82115869










1. Continuação da publicação das cartas do Umaru Baldé, que nos chegaram por mensagem, de 17 do corrente, do nosso grã-tabanqueiro Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70; instrutor do CMI Contuboel] [, foto à esquerda]

Esta segunda carta que publicamos não tem data, mas deve ser posterior  a 2000 (ano em que o Umaru Baldé foi internado no Hospital Curry Cabral e operado a um pulmão).

Durante um ano e meio (talvez 2001/2002) trabalhou num estaleiro de construção civil, da empresa Edificadora Luz & Alves Lda  num posto de trabalho "melhorado", compatível com as limitações de saúde.

Creio que foi um antigo camarada da CCAÇ 12, o ex-sold radiotelegrafista João Gonçalves Ramos, residente na Quinta do Conde / Barreiro, que o ajudou muito nesta fase. Disseram-me, há tempos atrás, que ele foi "um pai para o puto Umaru Baldé".

Depois o Umaru perdeu o emprego, conseguiu voltar à sua terra natal (por volta de 2003), acabando por voltar a Portugal, para morrer em finais de  2004... (Entretanto, a Edificadora Luz & Alves, com sede na av 5 de Outubro, Lisboa, irá à falência em 2011, como muitas outras grandes empresas de construção civil).


O "puto" Umaru Baldé, em Bambadinca, 1970.
Talvez por ser o "menino de sua  mãe" era
acarinhado  por toda a malta da CCAÇ 12
Foto de Benjamim Durães
Nesta carta, dirigida a Portugal, aos portugueses e aos políticos portugueses que querem "esquecer os passados" (sic), o Umaru Baldé continua a reivindicar, com orgulho, a sua antiga condição de militar português ao serviço do exército de Portugal na Guiné (de 1969 a 1974), e defender os seus direitos.

Relata que foi alvo de perseguições na Guiné-Bissau, a seguir à independência, o que o obrigou a fugir para o Senegal, no final do ano de 1974...

Já vimos, na carta anterior (*), alguns dos países subsarianos por onde ele andou, refugiado..., Ficamos a saber que a sua longa diáspora incluiu também países como a Líbia e o Níger.

Através do antigo ex-alf mil da CART 2479 / CART 11, Mário Pina Cabral, que foi seu instrutor no CIM de Contuboel, tal como o fur mil Valdemar Queiroz, consegue obter um visto para entrar em Portugal (, o que ocorre finalmente em 15/4/1999, vinte e quatro anos depois do início do seu calvário ou odisseia...).

Não sabemos como sobreviveu estes anos todos, e para mais doente. Em Portugal, conheceu a miséria, a solidão e o agravamento da doença.  tendo sido ajudado por antigos camaradas e tratado no Serviço Nacional de Saúde.

Mas, no essencial, nunca conseguiu,como tanto outros ex-camaradas  nossos guineenses, o que pretendia,  o seu reconhecimento como antigo combatente... A Pátria Portuguesa, que ele tanto amava, foi-lhe  madrasta. (LG)



Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Nova Lamego > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > O Valdemar Queiroz ao lado do alf mil Pina Cabral e o 4º.Pelotão... Os soldados guineenses desta subunidade fizeram a recruta no CMI de Contuboel na mesma altura que o Umaru Baldé (que foi para a CCAÇ 12).


Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Castro Daire > Freguesia de Monteiras > Zona Industrial da Ouvida > Restaurante P/P > 30 de Maio de 2009 > 15º Convívio do pessoal de Bambadinca, 1968/71, CCS do BCAÇ 2852, CCAÇ 12 e outras subunidades adidas >  O ex-sold radiotelegrafista João Gonçalves Ramos, residente na Quinta do Conde / Barreiro, que, segundo me disseram, foi um pai para o puto Umaru Baldé, que veio morrer a Portugal, de Sida e de Tuberculose, no antigo Hospital do Barro, Torres Vedras...

Foto (e legenda): © Luis Graça (2009). Todos os direitos reservados



Portugal > Resende > 1999 > Num dos convívios do pessoal de Bambadinca, de 1968/71, o Umaru Baldé. já com 46 anos, e acabado de chegar há poucas semanas (em 13/4/1999) parece ter mais de um metro e noventa de altura... Ao centro o Fernando Andrade Sousa e outro camarada da CCAÇ 12 que não é possível identificar. Em 1969, com 16 anos, chamávamos-lhe o "puto Umaru"...

Foto (e legenga): © Fernando Andrade Sousa (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].