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sábado, 14 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14256: Homenagem da Tabanca Grande à nossa decana: a "mindjer grande" faz hoje 100 anos... Clara Schwarz da Silva, mãe do Pepito (8): Mensagens da Tertúlia

 
MENSAGENS DE FELICITAÇÕES DA TERTÚLIA A PROPÓSITO DO CENTENÁRIO DA NOSSA GRÃ-TABANQUEIRA E MULHER GRANDE DO NOSSO BLOGUE SENHORA DONA CLARA SCHWARZ


1. Mensagem do nosso camarada Domingos Gonçalves, (ex-Alf Mil da CCAÇ 1546/BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68):

Cem anos, - que linda Idade!
Tantas histórias para contar!
À grande tabanqueira,
Tão querida,
Só posso desejar
Outros cem anos de vida.

Domingos Gonçalves

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2. Mensagem do nosso camarada Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72):

Senhora D. Clara:
Pelo grande respeito e admiração que aprendi a ter por si, através de testemunhos deste blogue, neste dia em que faz cem anos, sendo a "Mulher Grande" desta Tabanca eu sinto-me tão pequeno que me apetece pedir-lhe a bênção como pedia à minha mãe, quando era jovem.

Desejo-lhe muita saúde e felicidade junto das pessoas que lhe são queridas, filhos, netos e amigos.

Sei que já sofreu muito, tantos familiares mortos sem justiça, numa guerra selvagem, só por serem diferentes na religião ou nos costumes. Além desses outros familiares próximos partiram sendo o último o seu filho Carlos, esse homem bom, que tanto fez pelo bem das gentes da Guiné-Bissau que tanta falta lhe sentirão.

É duro, é cruel, para uma mãe ver partir um filho mas D. Clara deve pensar na grande obra que ele realizou e na admiração, respeito e amizade que conquistou, o Carlos continua a viver, nessa obra, nas boas recordações que deixou e sobretudo no coração dos guineenses.

O Carlos continua vivo também nas semelhanças de carácter, de modos, no sorriso franco, nos gestos dos seus filhos e dos seus netos.

D. Clara, neste dia em que faz cem anos, que todos os seus amigos da Tabanca Grande festejam, assim como os seus familiares e amigos mais próximos, deixe que lhe chame mãe e que lhe envie com muito carinho os mesmos beijos que gostaria de dar à minha mãe, que já não me pode ler ou ouvir, porque já partiu.

PARABÉNS! MUITOS BEIJOS MÃE!

Francisco Baptista

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3. Mensagem do nosso camarada Fernando de Jesus Sousa (ex-1.º Cabo da CCAÇ 6, Bedanda, 1970/71):

Uma saudação muito especial, com estima e consideração para esta grande Senhora.

Desejo-lhe um feliz aniversário repleto de amizade e carinho.

Parabéns e muitas felicidades.
Fernando Sousa


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4. Mensagem do nosso camarada Manuel Luís Nogueira de Sousa (ex-Fur Mil Art da 1.ª CART do BART 6520/73, Bolama, Cadique e Jemberém - 1974):

Muitos parabéns á estimada e lutadora "centenária", meta alcançada por poucos.
Que acrescente muitos mais e com qualidade de vida.

MSousa



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5. Mensagem do nosso camarada José Casimiro Carvalho (ex-Fur Mil Op Esp da CCAV 8350 e da CCAÇ 11) - Gadamael, Guileje, Nhacra e Paúnca, 1972/74):

De forma indelével, o "Pepito" está ligado umbilicalmente a mim. Por isso e por ter sido gerado por essa menina, quero desejar, como ex-combatente ("tuga") e como apaixonado por esse POVO um bom aniversário e que ainda viva assista ao fim das atrocidades , entre elas a excisão feminina.

Parabéns BAJUDA.
José Carvalho,
ex-militar de Guiledje (Guileje)

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6. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70):

Luís,
A Sr.ª D.ª Clara Schwarz da Silva, Primeira Dama desta confraria, é nome memorável diferentes títulos: pelas sementes que deixou naquele ponto dos trópicos; por pertencer a uma estirpe familiar que deu a um grande escritor, seu marido, um grande artista e um desenvolvimentista humanitário, seus dois filhos já falecidos; e por dispor de um património de memória de que a Guiné não devia abdicar, pela fertilidade e pela luminosidade do seu exemplo.

Escrevo-lhe com o pedido especial de que não se esqueça de que não há futuro sem aprofundar o conhecimento do passado, é deste que despontam valores, princípios, matrizes da identidade de um país que vive finalmente um tempo de esperança e de pacificação.
E mando-lhe um beijinho, as mulheres grandes são por inerência caudais de sabedoria, archotes da experiência e expoentes de bravura.
E como tu observas, é mesmo inspiradora de todos nós, sei o que é perder um filho.

Que Deus a conserve e nos guie com o seu exemplo, a rasgada admiração do
Beja Santos

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7. Mensagem do nosso camarada José Lima da Silva (ex-Soldado da CCAÇ 1496/BCAÇ 1876, BissumPirada e Bula, 1966/67):

Os meus parabéns para a Senhora Dona Clara Schwarz, e se a saúde deixar, que vais mais alguns anos.

Um beijo para ela
José Lima da Silva


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Nota do editor

Último poste da série de 14 de Fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14255: Homenagem da Tabanca Grande à nossa decana: a "mindjer grande" faz hoje 100 anos... Clara Schwarz da Silva, mãe do Pepito (7): José Eduardo Reis Oliveira (Tabanca de São Martinho do Porto)

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11524: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (41): Respostas (nº 81/82/83): Cândido Morais, ex-Fur Mil da CCAÇ 2679 (Bajocunda, 1970/71); Manuel Luís Nogueira de Sousa, ex-Fur Mil do BART 6520/73 (Bolama, Cadique e Jemberém, 1974) e Aires Ferreira, ex-Alf Mil da CCAÇ 1686/BCAÇ 1912 (Mansoa, 1967/69)

1. Respostas ao questionário do nosso camarada Cândido Morais, ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71:

(1) Quando é que descobriste o blogue? 
R - Há já bastante tempo. 

(2) Como ou através de quem? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada) 
R - Por informação do camarada José Dinis. 

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia)? Se sim, desde quando? 
R - Há cerca de meio ano. 

(4) Com que regularidade visitas o blogue? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) 
R - De tempos a tempos. 

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)? 
R - Já mandei dois artigos e gostaria de mandar mais, de acordo com o tempo de que disponho. 

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça]? 
R - Não. 

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue? 
R - Eu não acedo ao facebook. 

(8) O que gostas mais do Blogue? E do Facebook? 
R - Gosto de ler alguns artigos e gosto de ver fotografias de sítios da Guiné. 

(9) O que gostas menos do Blogue? E do Facebook? 
R - Eu penso que não há nada que goste menos. As intervenções podem ser mais ou menos interessantes, mas trata-se de coisas que gosto sempre de ler. 

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...) 
R - Não. 

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti? E a nossa página no Facebook? 
R - Representa a permanência de uma fase da nossa vida, que certamente marcou a todos. Eu sei que, ao fim de muitos anos, o blogue acabará por fenecer, juntamente connosco. Contudo, a vida vive-se enquanto estamos vivos... 

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais? 
R - Não. 

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real? 
R - Este ano ainda não posso. 

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar? 
R - Neste momento, penso que se encontra com bastante força anímica, suportado por alguns entusiastas. 

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer. 
R - Nada me ocorre como crítica. Endereço, apenas, uma palavra de ânimo a quem mais se dedica a esta causa.

Cândido Morais

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2. Respostas do nosso camarada Manuel Luís Nogueira de Sousa (ex-Fur Mil At Art da 1ª CART do BART 6520/73, Bolama, Cadique, Jemberém, 1974):

1 - Entre 5 e 6 anos 

2 - Através de informações de camaradas 

3 - Considero-me membro e participo regularmente com comentários/opiniões 

4 - Em média será uma vez por semana 

5 - Tenho mandado 

6 - Sim 

7 - Alterno sem tendência definida 

8 - De acompanhar as diversas opiniões e relatos de factos vividos em pleno TO 


9 - Não tenho opinião negativa, a não ser a lentidão que é frequente 

10 - No acesso não, mas com referi a excessiva lentidão 

11 - É uma fonte de actualização e renovação de contactos com os ex-camaradas 

12 - Ainda não, embora este ano já tenha estado em 2 encontros da companhia e do batalhão 

13 - Provavelmente não por várias razões uma delas ainda estar na vida activa em regime de turnos

14 - Sim, parar é morrer. Se necessário fazer renovações no sentido de o tornar mais ágil e atrativo 

15 - Em resumo dos parágrafos, devemos prosseguir este caminho, tornando-o mais largo de forma a crescer o caudal de camaradas a participar/colaborar, em suma comunicar que é uma fonte de vida saudável 

OBS: A foto anexa mostra a chegada a Cadique pelo rio Cumbijã da 1.ª CART e CCS do BART 6520/73 

Um abraço a todos, um bom 1º de Maio (há 39 anos estava no TO da Guiné - Bolama) 
Manuel Luís Nogueira de Sousa

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3. Mensagem do nosso camarada Aires Ferreira (ex-Alf Mil da CCAÇ 1686/BCAÇ 1912, Mansoa, 1967/69), com as suas respostas ao nosso questionário:

1 - Descobri o blogue no princípio de 2007

2 - Descobri o blogue por acaso, ao navegar na Net 

3 - Sou membro desde 12 de Julho de 2007 

4 - Visito o blogue todos os dias 

5 - Já enviei material para o blogue, mas ultimamente não 

6 - Não conheço o Facebook 

7 - Resposta anterior 

8 - Gosto dos temas que cheirem a pólvora 

9 - Poesias, aniversários, etc. 

10 - Tenho tido dificuldades porque o blogue não cabe no Meu monitor, tenho que utilizar o zoom 95 

11 - O blogue representa para mim o reviver de uma fase muito importante da minha vida 

12 - Participei no encontro da Ameira 

13 - Este ano também não vou. A minha vida em 2010 deu Uma volta de 180º e a minha saúde é escassa 

14 - Acho que o blogue tem que continuar. Representa muito Para alguns de nós, sobretudo para aqueles que se apaixonaram Por aquela terra e por lá deixaram algo de si 

15 - Não tenho críticas a fazer. Cada um de nós tem feito o melhor que Pode e sabe. A estrada está picada, mas por favor não vão todos Em cima da mesma viatura 

Um abraço a todos os camaradas desta magnífica tabanca
Aires Ferreira
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Nota do editor

Último poste da série de 2 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11519: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (40): Respostas (nº 78/79/80): Carlos Pedreño Ferreira, ex- Fur Mil Inf Op COMBIS e COP 8 (Bissau e Nhacra, 1971/73); Alcides Silva, ex-1.º Cabo Estofador, BART 1913 (Catió, 1967/69) e Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil da CCAV 703 (Cufar e Buruntuma, 1964/66)

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10555: O nosso livro de visitas (150): À procura de camaradas da 3ª C / BART 6520/73 que estiveram no inferno de Jemberém, em maio/junho de 1974 (Norberto G. Pereira, ex-fur mil)

1. O nosso editor Luís Graça recebeu, em 21 do corrente, na sua caixa de correio profissional, a seguinte mensagem do nosso leitor (e camarada) Norberto Pereira:

De: Norberto Pereira [norbertogpereira52@gmail.com]

Enviado: domingo, 21 de Outubro de 2012 21:09

Assunto: Combatentes da Guiné

Estive em Jemberém, Guiné,  de princípios de Maio a 3/4 de junho de 1974, ao serviço do exército, na 3ª C/ BART 6520/73. 

Tinha o posto de furriel. Abandonámos o destacamento à revelia dos comandos de Bissau,  sendo apoiados na retirada pela Marinha Portuguesa, em  LDG [, Lancha de Desembarque Grande]. 

Atracámos em Cacine. O abandono foi provocado por uma ameaça de ataque ao arame por uma força de 150/200 militares do PAIGC. Depois de nos ter sido negado qualquer apoio na defesa de Jemberém, tivemos que fazer a retirada abruptamente,  com o apoio da Marinha Portuguesa. Antes disso, rebentámos com alguns abrigos subterrâneos e construções ali existentes...

Como vinha dizendo, a  retirada foi considerada um ato de insubordinação, perante os comandos de Bissau, da qual resultou na transferência do todos militares, as praças que foram transferidas por pelotões, e os sargentos e oficiais que  foram transferidos individualmente. 

Assim, gostava de rever militares que foram camaradas nesse destacamento, como contactá-los, enfim, trocar opiniões, dissertar sobre a nossa permanência na Guiné. 

 Aguardo contacto com novidades. Um abraço.

Norberto G. Pereira

2. Comentário de L.G.:

Norberto, muito obrigado pela visita. Temos muito gosto em acolher-te nesta fabulosa família de antigos combatentes e demais amigos da Guiné, a Tabanca Grande, que se reunem aqui à sombra de um simbólico mas mágico poilão. Para tal, tens que aceitar as regras que nos regem (constantes da coluna do lado esquerdo) e pagar o ingresso no blogue, que são 2 fotos (uma atual e outra do teu tempo de tropa) + 1 história passada na Guiné...

Quanto aos camaradas que procuras, deixa-te dizer-te que este é o local ideal para o fazeres. Pertenceste à 3ª C/ BART 6520/73... Para já, tens aqui dois camaradas do teu batalhão (e um da tua companhia), inscritos na nossa Tabanca Grande, que passaram por Jemberém, a seguir ao 25 de abril de 1974, e que têm ainda muito para contar, tal como tu:

(i)  Manuel Luís Nogueira de Sousa, ex-Fur Mil At Art da 1ª CART do BART 6520/73 (Bolama, Cadique e Jemberém - 1974);

(ii) Joaquim Sabido, ex-Alf Mil Art, 3.ª CART/BART 6520/73 e CCAÇ 4641/73, Jemberém, Mansoa e Bissau, 1974).


Guiné > Carta de Cacine (Escala 1/25000) > Posição relativa de Cadique, Jemberém e Cacine, em pleno Cantanhez
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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10402: O Nosso Livro de Estilo (5): O que fazer com este blogue ? (Parte I) : Depoimentos de H. Cerqueira, L. Graça, A. Branquinho, J. Manuel Dinis, J. Mexia Alves, J. Amado, Manuel L. Sousa, José Martins, Hélder Sousa e Eduardo Estrela



Marco de Canavezes > Paredes de Viadores > Candoz  >  Quinta de Candoz  > 24 de agosto de 2012 > As nossas ferramentas de trabalho...


Fotos: © Luís Graça  (2012). Todos os direitos reservados 


1. Cerca de duas dezenas mensagens circularam, por estes dias tórridos de setembro, no correio interno da Tabanca Grande, e na caixa de comentários do poste P10368, à volta da questão  O Que Fazer Com Este Blogue ?... Eis alguns excertos das dez primeiras  mensagens, com o apreço e o reconhecimento dos editores :


(i) Luís Graça, 12/9/2012:

Amigos e camaradas: Deixem-me partilhar esta conversa, entre mim e o Henrique Cerqueira, que não é um "particular", uma "conversa a dois", é afinal um "desabafo", em voz alta, em plena caserna... Comentários serão bem vindos... Luís Graça.

Adicionar legenda
(ii) Henrique Cerqueira, 12/9/2012 (em comentário ao poste P10368)

Camaradas e ex-combatentes da Guiné e outras ex-provincias: Este nosso Blogue tem servido e muitíssimo bem para expormos e contarmos a nossa passagem pela Guerra do Ultramar. Eu já sou um autêntico "dependente" desta espaço e como tal eu dou comigo a pensar: "Não será altura de começarmos a olhar para 'dentro' deste nosso país? Estamos todos os dias a ser [delapidados]  dos nossos bens, literalmente roubados nas nossas reformas e direitos de cidadania, já não mandamos em nosso Portugal. Afinal,  porque andámos nós pela Guiné, Angola Moçambique...perdemos a nossa soberania em África (com razão ou sem ela, não está aí agora a questão). E por cá como é???"...

Desculpem lá,  eu sei que o blogue não foi criado para esse fim, mas nós,  ex-combatentes e ex- militares,  continuamos caladinhos? Eu penso que ainda temos idade e força para podermos intervir. Não me acredito que estamos tão acomodados que só se discuta os problemas da Guiné.

Caro Luís Graça,  desculpa lá,  o teu blogue (nosso) já tem expressão e credebilidade mais que suficiente para que possa haver alguma intervenção e,  quem sabe,  um dia os nossos netos digam que afinal não só lutámos na Guiné mas sim e também cá em Portugal e desta vez com a... Arma da Escrita.

Perdoem todos,  estou demais revoltado por estar constantemente a ser roubado e não poder fazer nada. Um abraço, Henrique Cerqueira.

(iii) Luís Graça, 12/9/2012  (em comentário ao poste P10368)

Meu caro Henrique: Li e entendi, com todo o respeito E apreço, o sentido, a força e a justeza do teu grito... O que queres dizer é... que é preciso salvar Portugal!

Quantas vezes eu próprio falo para os meus botões: "Porra, a Guiné foi há 40/50 anos, estás aqui a falar de um país que já não existe, de um Altântida perdida na tua memória!... Estás p'ra aqui a exorcizar fantasmas do passado quando tudo à tua volta se está a desmoronar... O país que conheceste, o país que foi o teu berço já não é mais o mesmo, o mundo onde nasceste e cresceste já não é mais o mesmo... Porra, estás cercado, e na iminência de colapso das muralhas da tua cidade... e tu discutes o sexo dos anjos, como os sábios bizantinos aquando do cerco de Constantinopla pelos otomanos em 1453!"...

Henrique, percebo e respeito a tua indignação... É preciso salvar a Guiné, é preciso salvar Portugal, quiçá a Europa (envelhecida, decadente, impotente...), e o resto do mundo, o Ártico, a Gronelândia, a Amazónia, os oceanos, o clima, a África, os leões, o planeta...

A hora é de pessimismo, mas quem teve 20 anos e passou pela Guiné também teve direito a esses "estados de alma"... Dois milhões de portugueses nos anos 50/60/70 sairam dos seus buracos e fizeram-se à vida!...

Acontece que este blogue é o que é: não é de opinião, não é generalista, não fala (ou não deve falar) de política, de religião e de futebol, foi criado para reunir uma comunidade virtual, os combatentes da guerra colonial que estiveram no TO da Guiné... Serve basicamente para partilhar memórias desse tempo... Com afeto, sem ressentimentos, sem ira, sem gritos de vingança, sem rancores, sem ajustes de contas...

Essas regras não as posso eu mudar ou violar de motu proprio..., embora a mudança seja uma constante da vida...

A Tabanca Grande tem uma página no Facebook onde não estás limitado pelo espartilho das nossas "10 regras de ouro"... Confesso que não vou lá todos os dias, mas muitos camaradas, grã-tabanqueiros, frequentam-na, assiduamente... Tens aí um bom meio para deixar falar a tua alma sobre a hora que passa... e que eu só espero que não se eternize... Não vou dizer, como o outro safado, que me piro... mas essas decisões são do foro pessoal, do domínio da cidadania... Se algum dia decidir pirar-me, anuncio a decisão com antecedência a todos os meus amigos e camaradas, a começar pelos que se reunem aqui, todos os dias ou quase os dias, sob o poilão da nossa Tabanca Grande.

Na realidade, há limites para a resistência humana, para o stress físico e mental, para a intolerância, a arbitraiedade, a incerteza, o medo...

Todas as hipóteses podem e devem ser ponderadas... Quando este blogue deixar de fazer sentido e ficar às moscas, é por que deixámos cair as muralhas e fomos derrotados pela amnésia, a lassidão ou o desespero...

Henrique, somos um povo bipolar, com altos e baixos, tal como as ondas... Somos um povo dado a euforias e a depressões... E neste vaivém já se passaram mil anos, 40 gerações...

Terei sempre orgulho em ser português, isto é, falar, ler e escrever (n)a minha língua materna, e reconhecer-me neste pedaço do mundo, nas formas, nos cheiros, nos sabores, nas cores, deste pequeno rectângulo da península ibérica que será sempre nosso (mesmo que hipotecado)... Na realidade, podem roubar-te tudo menos os afetos e as memórias...

Olha, fez-me bem o teu intempestivo comentário... Um abração.


(iv) Alberto Branquinho, 12/9/2012

Luís e, por arrastamento e maioria de razão, também o Henrique Cerqueira: Essa raiva, revolta, necessidade de acção, fazer parte de uma mudança quanto ao que está a acontecer em Portugal neste momento, acompanhado de um sentimento de frustração por não estarmos a fazer nada para que este estado de coisas se altere, NADA TEM A VER COM ESTE BLOGUE.

Este blogue não é o espaço para ser feita qualquer coisa nesse sentido. Com esse sentido, tentado dar corpo a esse estado de espírito e chamando à acção, há muitos blogues por aí, procurando protagonismo - uns mais, outros menos.

E não é por termos sido ou não combatentes que temos mais ou menos obrigação, mais ou menos aptidão para esse efeito. O que quer que possa ser feito, poderá ser fora dos partidos políticos, que já chateiam e... demais. 

Por exemplo:  a condição de reformados ou pensionistas, que quase todos nós temos ou estamos, rapidamente, em vias de ter, poderia dar origem a uma associação, um lobby de pressão, procurando que essa condição (no fim da vida) não seja tão pisada, esquecida, prejudicada, por não ter representantes, por não estar integrada num "colectivo" (não partidário ou susceptível de ser partidarizado). (...)

Abraços, Alberto Branquinho 

(v) José Manuel Dinis, 12/9/2012 (em comentário ao poste  P10368)

Camaradas: O Cerqueira lançou um desafio ao Luís e à Tabanca para que o blogue passe a acolher textos de intervenção política. Já o fizémos no âmbito de acções relacionadas com a Guiné (autonomia de manifestação pelo 10 de Junho, e comparência na inauguração da Alameda General Spínola). 

Compreendo muito bem o desabafo do Cerqueira neste ambiente de camaradagem. No entanto, tenho que considerar que tal abertura poderia tornar-se divisionista, pelo que concordo com a resposta do Chefe.

No entanto, posso sugerir que em Portugal, as pessoas assumam uma capacidade de intervenção cívica, pela organização de fóruns onde debatam os problemas, e tomem decisões. Poderá ou não constituir-se um núcleo coordenador desses fóruns, e desencadear-se a partir dessas acções um Movimento nacional de cidadania, à defesa dos partidos, ou dos vira-casacas, que congregue a generosidade e a participação em situações públicas sempre que necessário.

E parece-me ser a solução necessária e pacífica, para dar vazão às ideias mais sensatas e realistas, no que respeita à tomada de conhecimento da realidade do país, às medidas de poupança necessárias, às medidas com vista ao desenvolvimento tecnológico e ao progresso económico e social, tendo em conta que perdemos empresas, perdemos meios financeiros desviados para off-shores (muitos milhares de milhões), perdemos competitividade, e existe um exército de desempregados que pressiona os níveis salariais.

Abraços fraternos, JD

(vi) Joaquim Mexia Alves, 12/9/2012

Caro Luís: Sabes o que penso! Já passámos por isto mesmo no tempo do Mário Soares. As pessoas têm memória curta! Pois, a cor era diferente!!!!

Também não concordo com algumas destas medidas e já o fiz público no meu espaço do facebook.
Se é para discutir politica, é mais um blogue entre muitos! Para isso, nesse espaço não contam comigo e então retirar-me-ei definitivamente,  o que também não incomoda ninguém com certeza.

 Um abraço amigo do
Joaquim Mexia Alves


(vii) Juvenal Amado, 13/9/2012

Embora eu esteja de acordo com o H. Cerqueira quanto às nossas preocupações, que devem ser direcionadas para o combate aos polí9ticos corruptos e contra este tipo de política que nos está a enterrar vivos, a minha opinião é que é muito arriscado.

Olha,  sinceramente eu penso que o blogue está a fazer o percurso para que foi criado. Quando muitos de nós falamos do antes e do durante já é dificil, mas falar do presente nestas páginas é correr o risco de trazer para o blogue, o mais primário extremismo tanto de esquerda como a direita mais reacionária. (...)

 Um abraço, Juvenal.

(viii) Manuel Luís Sousa, 13/9/2012

 Bom dia, camaradas:
- Permitam que dê a minha opinião sobre o teor do comentário do “camarada Henrique”, que desde já cumprimento,  manifestando a minha solidariedade na revolta que mostras sentir.

- Eu parti para a Guiné no dia 01 de Abril de 1974, vivi o efeito psicológico do 16 de Março de 1974, tendo já nesse dia o nosso batalhão manifestado da forma possível, estar disponível e solidário com os revoltosos das Caldas. Como forma de agradecimento o cmdt do batalhão sugeriu a sua colocação na zona mais critica do TO, Cantanhz/Cadique/Jemberem.

- Mas como já o referi no blogue, no final de Abril na ilha de Bolama onde decorreu o IAO, retribuímos a “simpatia do cmdt” despachando-o para Bissau.

- Isto serve para nos situarmos no tempo, nas nossas capacidades, disponibilidades, na saturação provocada pelo “ar bafiento/podre/ que se respirava”, e como a fruta “estava demasiado maduro e tinha de cair” com o aplauso e mobilização de mais de 90% da população.

- O tempo que vivemos caminha a passos largos nessa direcção, não apenas no nosso pequeno rectângulo àbeira-mar plantado, mas em escala mais ampla, e o que está para chegar vai ser doloroso e destruidor.

- Aguardemos serenamente o amadurecimento da situação, os sinais de ruptura e pré conflito surgem de todas as direcções, e os principais intervenientes vão ser como sempre os jovens, desiludidos, sem expectativas de futuro e sem o amparo dos idosos que vão partindo.

Recomenda-se serenidade e paciência….

Um abraço a todos, MS


(ix) José Martins, 13/9/2012



Caro Luis & Camaradas:  Li e entendi, qualquer um dos textos destes mails. É o estado de alma presente, infelizmente, mas é.

O "grito" do Henrique Cerqueira é legitimo. Tão legítimo que assino por baixo. A tua resposta é "única", não por ser única mas por ser a única possivel no nosso espaço: Blogue e Facebook.

De vez em quando há "pequenos desvios" mas, pelo que tenho visto noutras páginas, o nosso caminho tem sido "muito certinho"

Abraço
M@rtin'5 (simbiose de Martins + net + ccaç 5)


(x) Hélder Sousa, 14/9/2012 (em comentário ao poste P10368)

Caros camaradas: Este poste, com este tema e suas implicações, veio também 'agitar as águas' mais um pouco. Embora se tenha corrido o risco de criar condições para nos imiscuirmos na 'vida interna' de um país soberano (alegadamente, mas também por esse aspecto a soberania portuguesa não se pode ficar a rir), acho que valeu a pena. Adiantaram-se argumentos, pontos de vista e trocaram-se opiniões.

O Blogue, este Blogue, em si mesmo, não deve enveredar pelo caminho do fórum político. Em pouco tempo estaria mortalmente inquinado e liquidado, perdendo-se assim (quase) todo o trabalho de recolha e divulgação que tem vindo a ser feito. (...)

Para expor teses político-partidárias existe o Facebook. É de leitura mais rápida, pode-se 'amandar' bocas à vontade e há à disposição para todos os gostos.

Abraços, Hélder S.


(xi) Eduardo Francisco da Cruz Estrela, 15/9/2012

Acabo de ler a mensagem do companheiro, amigo e camarada Henrique Cerqueira, bem como a tua resposta,  Luis!
Não me quero alongar em comentários, mas tão sómente deixar um abraço de solidariedade fraterna e juntar o meu ao grito de revolta do Henrique. 
Preserve-se no entanto a isenção do Blogue, respeitando os fins para o qual foi criado.
 
Para todos um grande abraço.
Eduardo Estrela

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Nota do editor:

Último poste da série > 15 de agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8675: O Nosso Livro de Estilo (4): O que nós (não) somos... Em dez pontos!


quarta-feira, 27 de junho de 2012

Guiné 63/74 – P10081: Convívios (457): 5º Encontro da 1ª CART do BART 6520/73, Penafiel, 21 de Abril de 2012 (Manuel Sousa)

1. O nosso Camarada Manuel Luís Nogueira de Sousa, que foi Fur Mil At Art da 1ª CART do BART 6520/73, Bolama, Cadique e Jemberém - 1974 -, enviou-nos a seguinte mensagem com uma pequena e curiosa estória, e notícias do último encontro da sua companhia.


“Operação” realizada no IAO. Bolama, 14 de Abril de 1974  (Domingo de Páscoa) 

Camaradas,

Nesse dia, encarregaram-me de comandar uma secção, que foi destacada para fazer de inimigo no referido IAO.

Após preparação prévia, tínhamos como missão efectuar um ataque à 2ª companhia, cerca das 22h30.  A companhia depois de 1 dia de muito desgaste físico, alimentada a ração de combate, estava posicionada no tradicional "grande alto", com sentinela garantida por 1 elemento de cada secção.

Ao aproximarmo-nos do objectivo, em pleno interior da ilha em que as elevadas e densas copas das árvores e restante vegetação tornavam a progressão lenta, com todos os homens muito ligados, comigo à cabeça (porque tinha sido eu a fazer o reconhecimento do local).

Quando estávamos a cerca de 1 quilómetro, cruzou-se, poucos metros à nossa frente, uma numerosa coluna em linha de vultos escuros (africanos ou portugueses?).  Ficamos imobilizados, protegidos/escondidos por um tronco de uma árvore de grande porte e não chegámos a saber quem seria aquela gente.

Para uma secção com apenas com 10 dias de Guiné, foi uma experiência estranha que nunca esqueceremos.

O ataque que efectuamos com a táctica do quadrado (também conhecida por Fidel Castro), permitiu demonstrar a quase nula atenção das sentinelas (talvez devido ao cansaço, inadaptação ao clima, etc.), o que teria permitido, caso assim o tivéssemos pretendido fazer, inclusive levar-lhes as respectivas G3.

Na madrugada seguinte, cerca das 05h00, foi a vez dessa companhia executar um golpe-de-mão sobre a nossa, no local onde pernoitamos junto ao mar/praia sob uma paragem/abrigo em muito mau estado, mas protegeu-nos do cacimbo da noite.




5º Encontro da 1ª CART/BART 6520/73 

No passado dia 01 de Abril de 1974, realizamos o 5º Encontro da nossa companhia, que incluiu uma visita à “casa” de onde partimos para a nossa “aventura” africana.

A carta/roteiro do encontro teve como objectivo principal recordar a instalação/Unidade, onde formamos o batalhão e sentimos o 1º pulsar da revolução que viria a verificar-se no dia 25 de Abril de 1974.

Como já fiz referência em relato já publicado no poste P9875, o ensaio (?) da revolta das Caldas do dia 16 de Março de 1974, contou com a adesão praticamente total do meu batalhão, e, como “prémio” desta nossa postura,  foi trocada a zona do TO que nos estava destinada.

Assim, em vez da localidade de Tite, fomos colocados no Cantanhez - Cadique/Jemberém.  Como o nosso CMDT - Tenente-Coronel Virtuoso, não gostou da nossa “brincadeira”, uma vez chegados à Ilha de Bolama,  retribuímos-lhe a amabilidade e “despachamo-lo” para Bissau.

O programa do evento iniciou-se no ponto de reencontro - o ex-RAL5 / Penafiel -, entre as 11h00 e as 11h30.

Seguiu-se a recepção e uma visita à Unidade, que agora está atribuída à GNR, guiada pelo seu actual CMDT, tendo os presentes recordado alguns momentos mais marcantes da nossa passagem por aquele quartel.

Constatámos a existência de várias placas alusivas à passagem de outras Companhias e Batalhões, que estiveram no ultramar, ficando também ali assumido, por nós, o compromisso de, em Abril do próximo ano, colocarmos uma placa do nosso Batalhão.

Cerca das 13h30, caminhámos para o habitual convívio/almoço no restaurante "Ramiro de Pieres", relativamente próximo da cidade, que satisfez plenamente o grupo.


Frente à porta de armas (da esquerda para a direita): Fur Mil Ferro, Capitão Carvalho, Fur Mil Couto, Fur Mil Sousa, Fur Mil Arnaldo, Fur Mil Paulino, Alf Mil Espada, Fur Mil Saraiva e Alf Mil Ramos. 

Um abraço para todos,
Manuel de Sousa
Furriel Miliciano da 1ª CART do BART 6520/73
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em 24 de junho de 2012 > Guiné 63/74 – P10068: Convívios (456): 6º Encontro-Convívio do pessoal das unidades adstritas ao BART 2917, Guimarães, 23 de Junho de 2012 (Benjamim Durães)

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9875: Tabanca Grande (337): Manuel Luís Nogueira de Sousa, ex-Fur Mil At Art da 1ª CART do BART 6520/73 (Bolama, Cadique e Jemberém - 1974)



    1. Mais um Camarada se perfila junto a nós nesta Unidade virtual, desta vez é o Manuel Luís Nogueira de Sousa que foi Fur Mil At Art da 1ª CART do BART 6520/73, Bolama, Cadique, Jemberém - 1974 -, que nos enviou a seguinte mensagem.
Camaradas, 


Chegamos ao Cumeré em 01 de Abril de 1974, com o “cheiro” a mudança no ar (a movimentação de 16 de Março de 1973, liderada pelo tenente Varela – meu comandante de companhia no RI5 -, nas Caldas da Rainha). Do Cumeré seguimos para Bolama onde decorreu o IAO e vivemos o momento histórico do 25 de Abril de 1974. No meu caso, festejei alegre e incontidamente, fazendo eu, para o “filme” de elemento IN. Os festejos decorreram conjuntamente com a 2ª CART, de forma muito emotiva. 



O meu batalhão deixou marcas na passagem por Bolama, que mais tarde, e com o contributo de outros militares, poderá aqui ser retratada. 



No início de Maio fizemos a viagem em direcção á zona que nos estava destinada, o Cantanhez. 


Fomos finalmente colocados em Cadique/Jemberém, que, segundo soubemos pelos relatos que tenho lido neste “blogue” de militares que nos antecederam, era uma das zonas de maior risco na Guiné, sofrendo ataques e flagelações constantes com os graves danos materiais e humanos que todos sabemos. 

Felizmente para nós que, nessa altura em que lutávamos pela sobrevivência, se deu a muito desejada e já mencionada revolução de abril, que contribuiu para o fim da guerra que tantas marcas de dor e luto deixou em muitas famílias portuguesas. 

Relativamente ao camarada do blogue - Magalhães Ribeiro -, com quem já conversei pessoalmente, verifiquei que temos um traçado muito semelhante, nascemos ambos em 1952, eu regressei da Guiné com 10 dias de diferença (cheguei no dia 05 de Outubro) e estamos na mesma empresa – a EDP -, eu na DNDAT e ele no PHMN, e estamos na Boavista/Porto.



Saudações a todos os Camaradas,

Apresento-me agora, com grande satisfação e emoção pessoais, comprometendo-me a contribuir com a minha experiência vivida em pleno teatro de guerra, felizmente já no seu “defeso”.

Sinto-me, a cada dia que passa, pressionado psiquicamente a dar também a minha perspectiva dos sentimentos e análises sobre as acções/reacções que vivi/senti naqueles cruciais e angustiantes momentos do fim da guerra.

Creio bem, que saímos engrandecidos e nos reafirmamos como um povo de valores, que não esquece o sofrimento de todos aqueles que, com os seus temores, destemores e sacrifícios, deram o seu melhor para que o 25 de Abril/74 tivesse êxito no terreno.

Quero expressar aqui um bem-haja de homenagem a todos os Camaradas e familiares, cujas marcas físicas e psíquicas permanecem bem vivas e os acompanharão até ao fim nesta longa “viagem” que todos fazemos.

Passo a resumir o trajecto deste meu último batalhão a sair do ex-RAL5 (Penafiel), em direcção ao teatro de guerra na Guiné.

No dia 1 de Abril partimos de Lisboa (avião) rumo a Bissau e dali para o Cumeré. No dia 4 seguimos para Bolama onde decorreu o IAO (durante cerca de 1 mês).

Como já referi, o 25 de Abril foi ali vivido de forma eufórica (fazendo eu o papel de IN na festa comemorativa). Festejos que realizamos conjuntamente com a 2ª CART, até altas horas da noite.

Este acontecimento já era por nós expectável, na sequência dos acontecimentos do dia 16 de Março de 1973 (o célebre golpe das Caldas liderado pelo então tenente Varela, que era meu comandante de companhia).

O nosso batalhão reagiu favorável e satisfatoriamente à movimentação da malta das Caldas, sendo este um 1º ensaio de revolta, e, em consequência, foi-nos alterado o local que nos estava destinado na Guiné - Tite -, que passou a ser Cadique.

Foi o prémio da nossa postura, que também contrariava o modo de pensar do nosso comandante de batalhão, que se opunha a “revoluções” e estava contra o 25 de Abril, dando a entender que todo o batalhão se opunha também.

Obviamente esta sua posição não convenceu ninguém.

Então, já em pleno centro de Bolama, “despachamos” o comandante, e passamos a viver 100% com o espírito “abrilista”.

Seguiu-se a chegada à zona de Cadique-Jemberém… etc., com a recepção aos elementos do PAIGC, onde encerramos a nossa presença com a troca de contactos com os sues guerrilheiros (sem complexos), arriamos a nossa bandeira nacional e eles hastearam a nova bandeira da Guiné-Bissau, com parada e guarda de honra.

Penso que todos os relatos que possamos fazer, nunca deverão deixar de realçar o sofrimento vivido no terreno, e que poderia e deveria ter sido evitado pelos políticos da época, se tivessem sido perspicazes e sensíveis aos acontecimentos vividos no continente africano, como foi o caso de outras potências colonizadoras (bem mais potentes que Portugal), cujos dirigentes gostavam mais do seu povo.

Hoje, longe da guerra, lendo e analisando os relatos dos que nos antecederam em Cadique, adivinho o muito sofrimento, dor e sangue que derramaríamos naquelas terras. 

 No regresso, a bordo do navio UIGE

 Ainda a bordo do navio UÍGE

Na ilha de Bolama 

Obs: Já tenho registado, ao longo dos últimos tempos aqui no blogue, curtos comentários.

Um abraço para todos,
Manuel de Sousa
Furriel Miliciano da 1ª CART do BART 6520/73

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Notas de M.R.: 

Amigo e Camarada Sousa, em nome do Luís Graça e restantes Camarada deste Blogue, quero desejar-te as boas vindas a este nosso “quartel” virtual e transmitir-te que contamos contigo para nos contares tudo aquilo que te lembrares dos teus tempos na Guiné (bom e mau).

Como já reparaste além das histórias, também gostamos de publicar (quando os há claro), fotos e documentos daqueles perigosos conturbados tempos  

Ainda muito recentemente se juntou a nós também o nosso colega da EDP, o Leopoldo Correia (ver poste P9840).

Assim, bem-vindo e um abraço Amigo