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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25152: O Nosso Blogue como fonte de informação e conhecimento (105): Na Morte do Coronel Nuno Rubim (Alfredo Pinheiro Marques / Centro de Estudos do Mar)

Cor Nuno Rubim (1938-2023). Foto de Luís Graça (2006)

1. Ainda a propósito do falecimento do Coronel Nuno Rubim, recebemos a seguinte mensagem com data de 31 de Janeiro de 2024, enviada pelo Director do CEMAR, Doutor Alfredo Pinheiro Marques:
De: CEMAR
Date: quarta, 31/01/2024 à(s) 11:17
Subject: Na Morte do Coronel Nuno Varela Rubim

Prezado Doutor Luís Graça, e demais responsáveis do Blog "Luís Graça & Camaradas da Guiné":
Nesta mensagem e na seguinte remetemos um reencaminhamento das mensagens que enviámos para a lista de "mailing" do CEMAR acerca do falecimento do nosso Ex.º Amigo Coronel Nuno Varela Rubim, e em que nos socorremos de, e citámos, muita da informação que, pela V. parte, disponibilizam no vosso Blog (uma vossa iniciativa meritória, e merecedora dos maiores elogios, e pela qual felicitamos, e desejamos os melhores votos de continuidade do bom trabalho)


Com as melhores e mais cordiais saudações, e votos de tudo de bom neste novo ano 2024
Alfredo Pinheiro Marques
Director do Centro de Estudos do Mar e das Navegações Luís de Albuquerque - CEMAR
(Figueira da Foz do Mondego - Praia de Mira)


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2. Início da mensagem reencaminhada:

De: INFORMAR
Assunto: Na Morte do Coronel Nuno Varela Rubim
Data: 30 de janeiro de 2024, 01:01:12 WET
Para: mail@cemar.pt

NA MORTE DO CORONEL NUNO VARELA RUBIM

Só agora tomámos conhecimento, através de notícias publicadas no Blog "Luís Graça & Camaradas da Guiné" (o principal fórum de informação e discussão sobre a história da Guerra portuguesa no teatro de operações da Guiné-Bissau), na "Revista de Artilharia", e em outras fontes, da triste notícia do falecimento do nosso Ex.º Amigo, Coronel de Artilharia, Comando, na situação de reforma, Nuno José Varela Rubim (1938-2023), historiador militar que tivemos a honra de contar no número dos membros do Conselho Consultivo e Científico do CEMAR - Centro de Estudos do Mar, e pelo qual sentimos, e manifestámos, sempre, uma extraordinária admiração e um profundo respeito, em termos científicos e em termos humanos.

Nuno José Varela Rubim - a que as populações africanas chamaram o "Capitão Fula" (e cuja morte ocorreu, agora, no passado dia de Natal… em 25.12.2023) - foi um homem extraordinário, e com uma vida invulgar, e extraordinária, de heroísmo, de coragem, de lucidez e de inteireza.
Uma vida apontada, ao mesmo tempo, quer para o serviço militar quer para a compreensão do mundo e do seu país: para a História e para a investigação histórica. Provindo de uma tradição familiar apontada para o serviço do Exército Português, e mais concretamente para a Artilharia, ele veio a ser um militar de grande coragem, detentor de uma folha de serviços invulgar, e um historiador de grande lucidez e criticismo, o mais competente nas matérias específicas de História Militar a que se dedicou. De grande coragem científica, para além da coragem pessoal e humana.

Em nove anos em África, com quatro comissões de serviço, foi um dos militares mais condecorados do Exército Português no terrível teatro de operações da Guiné-Bissau, o mais duro e difícil para os Portugueses, na segunda metade do século XX. Comandou, lá, em comissões de serviço sucessivas, como Capitão, duas Companhias de Caçadores (CCaç 726, e CCaç 1424), e uma Companhia de Artilharia (CArt 644), e foi o criador, formador, e comandante, lá, dos "Comandos da Guiné" do Exército Português, entre 1964 e 1966.
As Companhias que comandou estiveram localizadas no aquartelamento de Guileje (Guiledje), na parte desse território que foi a mais problemática para os Portugueses, nas regiões do "Corredor da Morte" de Guileje, Gadamael e Guidaje, e das Matas do Cantanhez, e de Madina do Boé (onde, por fim, em 1973, o PAIGC acabou por proclamar unilateralmente a sua independência). Nessas regiões tiveram lugar alguns dos momentos mais penosos para o Exército Português. Nomeadamente quando, em Maio de 1973 (alguns anos depois de Rubim já lá não ser comandante), esse aquartelamento de Guileje chegou a ser abandonado pelas tropas portuguesas, e ocupado temporariamente pelas tropas do PAIGC (o único caso desse tipo, nas guerras africanas portuguesas da segunda metade do século XX).
Depois disso, entre 1972 e 1974, Nuno Varela Rubim ainda desempenhou também funções no Quartel-General português em Bissau, em serviços secretos de informações, transmissões e criptografia (CHERET), e já então promovido ao posto de Major (e, nessas funções, os serviços portugueses conseguiram decifrar os códigos das comunicações militares dos países vizinhos).
Esteve presente, desde o primeiro momento, lá, na Guiné, na conspiração do "Movimento dos Capitães" que levou ao 25 de Abril de 1974.
Depois, em Portugal, nas convulsões políticas do pós-25 de Abril, esteve envolvido nas difíceis situações que confluíram no 25 de Novembro (1975), no seguimento do qual viu a sua carreira militar ser bloqueada, e esteve preso em Custóias e em Caxias. Alguns anos depois, reconstituída essa carreira, e concedida a mais do que merecida promoção a Coronel (sem ter tido que ser, como então disse, "a título póstumo"…), foi passado à reserva e veio a dedicar-se sobretudo à sua paixão pela História e pela investigação de temas militares, sobretudo de História da Artilharia.

Foi Director de Investigação no Museu Militar de Lisboa, exerceu funções de docência na Academia Militar, na Universidade de Lisboa, etc. (de facto, exerceu-as em toda a espécie de escolas, desde escolas universitárias até humildes escolas primárias e profissionais). Publicou na "Revista de Artilharia" e em outras revistas militares. Organizou exposições e instalações museológicas de grande significado e qualidade (Museu da Escola Prática de Artilharia em Vendas Novas, Artilharia da Fragata Dom Fernando II e Glória, Artilharia do Forte de Oitavos em Cascais, etc.). Deu-nos a honra de, na Figueira da Foz, ter sido um dos membros do Conselho Consultivo e Científico do nosso Centro de Estudos do Mar e das Navegações Luís de Albuquerque (CEMAR), desde Novembro de 2012.
Teve, sobretudo, um interesse muito especial, e competente dedicação, à história do "Príncipe Perfeito", o Príncipe e Rei Dom João II "próprio e verdadeiro coração da República" (nomeadamente à sua invenção do tiro naval rasante), à arquitectura naval, e às fortificações marítimas costeiras (Torre de Belém, etc.).

Na primeira década do século XX (em 2006-2008) — em parceria com a organização de cooperação AD-Acção para o Desenvolvimento, com o supracitado Blog "Luís Graça & Camaradas da Guiné" dedicado aos combatentes portugueses e guineenses da guerra da Guiné-Bissau, e com entidades oficiais desse país independente de Língua Oficial Portuguesa —, Nuno Rubim esteve presente na celebração no Projecto Guiledje, de reencontro entre Portugueses e Guineeenses, nas suas várias vertentes ("triunfo da vida sobre a morte, da paz sobre a guerra, da memória colectiva sobre o esquecimento e o branqueamento da historia"...).
Esteve presente, nomeadamente, no Simpósio Internacional de Guiledje, em Março de 2008, em Bissau (onde foi um dos oradores), e na criação de um Núcleo Museológico de Guiledje (Guileje), para o qual construiu carinhosamente, pelas suas próprias mãos, e levou consigo, para oferecer, um precioso diorama constituído por um modelo à escala 1/72, de grandes dimensões, do aquartelamento português de Guileje tal como ele era na década de 60 do século XX (1966), quando ele próprio, e muitos dos combatentes de ambos os lados dessa guerra, lá haviam estado, e lá haviam combatido.

O Coronel Nuno José Varela Rubim teve um carinho muito especial pela Guiné, e pelas suas gentes, onde havia vivido durante uma década. E teve como esposa uma Ex.ª Senhora africana, de lá originária, que agora deixou viúva, e à qual devemos apresentar as mais sentidas condolências.

Quando, em 2008, voltou à Guiné, e regressou a Guileje e Mejo, foi reconhecido e acarinhado por muita gente que ainda se lembrava dele de há 41 anos atrás (!), e se lembrava da sua sensibilidade e proximidade com as populações locais, que logo então haviam dado origem ao seu cognome de então, de "Capitão Fula".

E, em Bissau, visitou o cemitério, onde estão sepultados centenas de militares do Exército Português, e alguns desconhecidos, e alguns pertencentes a Companhias que por ele haviam sido comandadas.

Muita informação sobre este notável militar e historiador português, e homem de grande carácter, pode ser encontrada em muitas das páginas do tão meritório Blog na Internet, criado por Luís Graça, que já aqui citámos "Luís Graça & Camaradas da Guiné" (em https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com).


Filmes com parte da sessão do Simpósio Internacional de Guilege, em Março de 2008, em Bissau, com Nuno Varela Rubim e Carlos Matos Gomes, ambos Coronéis, Comandos, do Exército Português, em que o primeiro explica o isolamento em que foi deixado cair o quartel português de Guileje e o aparecimento no teatro de operações da Guiné dos mísseis terra-ar Strela que iriam mudar o curso da guerra, e o segundo explica o agravamento da situação militar no ano de 1973 para as tropas portuguesas, nas vésperas do 25 de Abril de 1974:

https://www.youtube.com/watch?v=rd8O523REL4
https://www.youtube.com/watch?v=CceUuqHQCc4


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"HISTÓRIA, MEMÓRIA E EXEMPLO DO PASSADO, PARA LIBERTAÇÃO DO FUTURO"

"(…) Ser ignorante do Passado é como ser uma criança para sempre (…)”… [ Marco Túlio Cícero, 106 a.C - 43 a.C]
"(…) Que os homens não aprendem muito com as lições da História é a mais importante de todas as lições que a História tem para ensinar (…)”… [ Aldous Huxley, 1959 ]

https://www.youtube.com/user/CentroEstudosDoMar


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Centro de Estudos do Mar - CEMAR
Rua Mestre Augusto Fragata, 8 - Buarcos
3080-900 - FIGUEIRA DA FOZ - PORTUGAL
e-mail: cemar@cemar.pt
tel.: (351) 969070009
(telemóvel)
tel.: (351) 233434450
(chamada para a rede fixa nacional)

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Nota do editor

Vd. post anterior de 8 de Fevereiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25149: O Nosso Blogue como fonte de informação e conhecimento (104): O Coronel Nuno Varela Rubim e o CEMAR (Centro de Estudos do Mar)

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25149: O Nosso Blogue como fonte de informação e conhecimento (104): O Coronel Nuno Varela Rubim e o CEMAR (Centro de Estudos do Mar)

Cor Nuno Rubim (1938-2023). Foto de Luís Graça (2006)


No dia 30 de Janeiro de 2024, recebemos uma mensagem do Centro de Estudos do Mar Centro de Estudos do Mar e das Navegações Luís de Albuquerque (CEMAR), lembrando a importância e a coragem do trabalho científico do nosso ilustre camarada, Cor Nuno Rubim, falecido no dia de Natal de 2023. Aqui fica a sua transcrição:

De: INFORMAR

Assunto: O coronel Nuno Varela Rubim e o CEMAR: "coragem científica"…
Data: 30 de janeiro de 2024, 23:55:11 WET
Para: mail@cemar.pt


"(…) Desde há muito que se tem feito, em Portugal e no estrangeiro, uma apologia do Infante D. Henrique que consideramos "hiper-inflacionada". Naturalmente que a sua acção foi importante, mas para nós não ultrapassou o quadro mercantil, participando também em algumas acções no Norte de África, cujos méritos se nos afiguram muito duvidosos. Por contraste, a figura do Infante D. Pedro, o motor da modernidade de Portugal, cujas ideias não conseguiram infelizmente vingar, é praticamente ignorada. Muitos poucos historiadores se deram ao trabalho de tentar restabelecer a verdade. Nos últimos tempos só Alfredo Pinheiro Marques teve a coragem científica, pois é assim que eu defino a sua atitude, de rebater as teorias anquilosadas dos "velhos do Restelo". Porque, é preciso dizê-lo, que alguns poucos deles ainda sobrevivem e continuam a querer "ditar" as leis pelas quais a historiografia portuguesa se deve reger! E na maioria das vezes com total cobertura institucional… Coube ao "Príncipe Perfeito" tentar repôr o país na devida senda do progresso. E ainda o conseguiu em vida… Pinheiro Marques também explicou muito bem a conjuntura então verificada no seu livro sobre D. João II (…)

COR. NUNO VARELA RUBIM, A Organização e as Operações Militares Portuguesas no Oriente (1490-1580), vol. I, Lisboa: Comissão Portuguesa de História Militar, 2012, p. 112

Como historiador, o Coronel de Artilharia, 'Comando', Nuno Varela Rubim foi o nosso melhor especialista da história da Artilharia Antiga, e dedicou-se também a outras várias áreas da Armaria em geral, e da organização e operações militares nos séculos XV-XX. Teve, sobretudo, um interesse muito especial, e competente dedicação, à história do "Príncipe Perfeito", o Príncipe e Rei Dom João II "próprio e verdadeiro coração da República" (nomeadamente à sua invenção do tiro naval rasante), à arquitectura naval, e às fortificações marítimas costeiras (em que estudou a Torre de Belém e outras fortificações do estuário do Tejo, as do Sado, etc.). Tudo isso com uma perspectiva histórica crítica e independente.

Desde a sua passagem à reforma, dedicou-se à investigação histórica, por conta própria, ainda que não tendo para isso apoios significativos, heroicamente suportando os seus próprios custos de investigação e de publicação das suas obras. Exactamente como nós também estávamos a fazer, desde há muito.

Apesar dessas dificuldades, foi Director de Investigação no Museu Militar de Lisboa, exerceu funções de docência na Academia Militar, na Universidade de Lisboa, etc. (de facto, exerceu-as em toda a espécie de escolas, desde escolas universitárias até humildes escolas primárias e profissionais). Publicou na "Revista de Artilharia" e em outras revistas militares. Organizou exposições e instalações museológicas de grande significado e qualidade (Museu da Escola Prática de Artilharia em Vendas Novas, Artilharia da Fragata Dom Fernando II e Glória, Artilharia do Forte de Oitavos em Cascais, etc.). Deu-nos a honra de, na Figueira da Foz, ter sido um dos membros do Conselho Consultivo e Científico do nosso Centro de Estudos do Mar e das Navegações Luís de Albuquerque (CEMAR), desde Novembro de 2012.

A sua foi uma visão muito crítica da História de Portugal, recusando e enfrentando — com a mesma coragem e frontalidade com que outrora havia desenvolvido a sua acção militar na Guiné — todos os mitos e mentiras políticas que, desde há muito, reinam e pontificam na historiografia portuguesa, oficiados por tanta pantomineirice universitária e académica, e sempre perpetuando e trombeteando os rituais, os cultos e as liturgias dos "Descobrimentos" e do Infante Dom Henrique, etc..

Por isso esse investigador de História Militar chegou ao contacto, na Figueira da Foz, com o Centro de Estudos do Mar (CEMAR) e com Alfredo Pinheiro Marques, o autor de "A Maldição da Memória…", e assim estabelecemos um diálogo futuro, o qual infelizmente não pôde desenvolver-se tanto quanto quereríamos, devido às dificuldades com que, sempre, ambas as partes nos debatemos, para trazer alguma verdade e alguma utilidade à historiografia portuguesa e à História de Portugal.

O grande projecto de Nuno Rubim era o da publicação integral dos cinco volumes da sua grande obra A Organização e as Operações Militares Portuguesas no Oriente 1498-1580, da qual, nos dias da sua vida, ainda conseguiu publicar os primeiros dois volumes, o primeiro em 2012, sobre "Geografia e Viagens", com a chancela da Comissão Portuguesa de História Militar, e o segundo em 2013, sobre "Navios e Embarcações", já numa editora privada (e, na verdade, heroicamente suportado pelo próprio autor).

E, infelizmente, ficaram por editar os volumes seguintes.

No primeiro volume (quando ainda nem sequer conhecia pessoalmente Alfredo Pinheiro Marques e o CEMAR) havia escrito: 

"(…) Desde há muito que se tem feito, em Portugal e no estrangeiro, uma apologia do Infante D. Henrique que consideramos "hiper-inflacionada". Naturalmente que a sua acção foi importante, mas para nós não ultrapassou o quadro mercantil, participando também em algumas acções no Norte de África, cujos méritos se nos afiguram muito duvidosos. Por contraste, a figura do Infante D. Pedro, o motor da modernidade de Portugal, cujas ideias não conseguiram infelizmente vingar, é praticamente ignorada. Muitos poucos historiadores se deram ao trabalho de tentar restabelecer a verdade. Nos últimos tempos só Alfredo Pinheiro Marques teve a coragem científica, pois é assim que eu defino a sua atitude, de rebater as teorias anquilosadas dos "velhos do Restelo". Porque, é preciso dizê-lo, que alguns poucos deles ainda sobrevivem e continuam a querer "ditar" as leis pelas quais a historiografia portuguesa se deve reger! E na maioria das vezes com total cobertura institucional… Coube ao "Príncipe Perfeito" tentar repôr o país na devida senda do progresso. E ainda o conseguiu em vida… Pinheiro Marques também explicou muito bem a conjuntura então verificada no seu livro sobre D. João II (…)

(NUNO VARELA RUBIM, A Organização e as Operações Militares Portuguesas no Oriente - 1490-1580, vol. I, Lisboa, 2012, p. 112).

Para a publicação do segundo volume trocámos correspondência, e pela parte do CEMAR demos alguma colaboração com vista à organização dessa sua edição, compartilhando a experiência que tínhamos de edições "heróicas", nesses termos (pagas por nós próprios…)… Também nós, então, em 2012, estávamos já na situação de dificuldade material para conseguirmos continuar a editar livros tradicionais, em papel e tinta, impressos, e pagos, em tipografia, como havíamos feito desde 1995, durante dezassete anos (1995-2012)… 

Esse seu segundo volume já veio a ser editado por uma editora privada (Falcata Editores), suportado pelo próprio autor. E a edição dos volumes seguintes constatamos que já não foi possível. Assim foi deixada por publicar uma obra notável e meritória, e restou um espólio inédito que se faz votos de que possa ser salvo e preservado para o Futuro, para que possa chegar aos vindouros, e iluminar esse Futuro. O Exército Português tem disso obrigação, e fazemos votos de que a cumpra.

A correspondência que então trocámos com Nuno Rubim, a partir de 2012, reflecte estas dificuldades, mutuamente sentidas, para se conseguir fazer e publicar trabalho válido e útil (e desinteressado), num país e num mundo em que o que constatamos que existe é, sempre e cada vez mais, sobretudo, ignorância e oportunismo, e dissipação de dinheiro público. E em que, por isso, aquilo que cada vez mais se pode sentir é indignação e revolta por essa miséria e por essa vergonha. Alguma dessa correspondência merece ser aqui transcrita, e continuar a ser divulgada para o futuro.

Em 19.07.2013 Alfredo Pinheiro Marques escreveu: 

"Meu caro Coronel Nuno Rubim, e querido Amigo: Num momento importante, como este, em que vejo que o meu caro e Exº. Amigo, contra ventos e marés (com coragem, e com teimosia, e com brio, e com amor...) teimou, e teimou mesmo… e -- mesmo pagando do seu bolso…! (tal como eu próprio tenho vindo a fazer, desde há muitos anos...), -- conseguiu que fosse mesmo editado, e saísse dos prelos, para o público, o segundo volume, sobre "Navios e Embarcações", da sua grande obra "A Organização e as Operações Militares Portuguesas no Oriente", daqui lhe envio imediatamente um grande abraço de solidariedade, e de felicitações. Este é um exemplo -- é mais um exemplo, da sua parte (e... quantos mais exemplos o meu Exº. e querido Amigo já não deu, na História e na historiografia de Portugal…? -- um exemplo, enfrentando, e lutando, contra esta situação em que todos nós nos encontramos, no meio deste descalabro e desta vergonha em que tudo isto veio a cair (no meio desta miséria e desta anedota trágica daquilo que é hoje em dia considerado como sendo a "comunidade científica historiográfica portuguesa", bizantinamente instalada no "dolcefarniente" das entidades públicas e universitárias, gastando em ordenados e em congressos e em vaidades e em insignificâncias doutorais, pseudo-eruditas e incompetentes, os últimos dinheiros públicos de um país infelizmente falido, mendigo, e de mendigos). Aceite um grande abraço, deste seu amigo Alfredo Pinheiro Marques".

Nuno Varela Rubim respondeu, nesse mesmo dia: 

"Muito obrigado pelas suas considerações amigas. Pode ter a certeza que continuarei a "lutar" pelos propósitos que afinal nos animam a nós dois: dar a conhecer aquilo que os "soi disant" "sábios" deste pobre país não conseguem produzir porque não estudam e não estão para trabalhar, apenas copiam, sentados que estão a comer à borla nas manjedouras do estado ... Grande abraço. Nuno Rubim".

Em 27.07.2013 o Centro de Estudos do Mar (CEMAR), numa sua nota de informação publicamente divulgada, acerca desse livro, escreveu: 

"(…) Os trabalhos históricos do Coronel Nuno José Varela Rubim (o especialista da História da Artilharia, e de outras matérias da História Militar Portuguesa) são de uma superior qualidade e utilidade, e só num país tão desgraçado como aquele em que, infelizmente, se tornou Portugal é que é possível que as obras de um investigador como este (o nosso melhor especialista, na sua própria área científica!), tenham que andar a ser meritória (e heroicamente…) pagas em grande medida pelo próprio Autor (!) (para, assim, apesar de tudo, poderem sair para a luz do dia…!), enquanto tantos e tantos dinheiros públicos, desde há tantos e tantos anos, andam a ser dissipados, e deitados à rua, para pagar tantas e tantas pantomineirices bizantinas e pós-modernas, ditas "culturais" e "científicas", ou "artísticas", só porque são "universitárias" e "académicas" e utilizadas para o "regular funcionamento das instituições" (mas cuja epocalidade e insignificância, na verdade, estão à vista de toda a gente… e de que o futuro só vai rir…). (…)".

Em 31.07.2013, numa mensagem pessoal, Alfredo Pinheiro Marques escreveu: 

"(…) Muitos e muitos parabéns pelo seu livro (e agradecimentos pela oferta). Recebi-o, hoje, de manhã… e, neste momento, já o tenho quase todo lido…! (tive que parar, pois já me doem os olhos, de os usar ininterruptamente…). Quando a leitura é verdadeiramente interessante, é assim que eu funciono. O meu caro Amigo está de parabéns, por tudo, e só é pena é que neste desgraçado país tenhamos que andar assim, com o nosso próprio esforço, e sem os meios que vemos, à nossa volta, a ser dissipados, miseravelmente, sempre pelos mesmos, do costume, que nada sabem, e nada de bom e de útil vão nunca fazer. (…)".

Em 27.04.2022, numa última mensagem que lhe enviámos, escrevemos: 

(…) saber como vai, e de conversarmos também sobre as formas possíveis de divulgarmos e chamarmos a atenção para a importância dos seus trabalhos históricos sobre a artilharia, as tapeçarias de Pastrana, etc., e assim contribuirmos para ajudarmos a divulgá-los e fazê-los chegar ao futuro, bem acima, e fora, desta miserável "comunidade científica" que reina mediocremente em Portugal, sempre enredada nas encenações do respectivo teatrinho corporativo, e incapaz de dar valor às obras e às pessoas que verdadeiramente o têm. (…).

A proximidade, o intercâmbio e o diálogo com o Cor Art 
Com Nuno José Varela Rubim, e a sua presença no nosso Conselho Consultivo e Científico, são algo de que o Centro de Estudos do Mar (CEMAR) e o seu director se orgulham, e que consideramos como das satisfações mais honrosas e saborosas que tivemos ao longo destas décadas. E só lamentamos não ter podido desenvolver mais (também devido às nossas próprias dificuldades, que se foram sempre avolumando, devido às censuras e silenciamentos que contra nós foram sempre também sendo movidas).

Em 1995 o livro de Alfredo Pinheiro Marques "A Maldição da Memória do Infante Dom Pedro e as Origens dos Descobrimentos Portugueses", nas suas páginas iniciais, teve uma dedicatória em que se afirmou que ele era dedicado, também, e sobretudo, 

"Aos combatentes de todas as guerras ultramarinas portuguesas, particularmente as que, como as marroquinas e as africanas, se arrastaram para além de toda a razoabilidade, sem sentido e sem horizontes, desligadas da população, impostas pelas conveniências mesquinhas de elites anacrónicas, justificadas e legitimadas pelos historiadores ao serviço do Poder".

Pode, portanto, dizer-se, com inteira propriedade, que esse livro foi, sobretudo, então, desde logo (embora ainda não o conhecessemos…) oferecido e dedicado a Nuno Varela Rubim.

A menção acerca de Alfredo Pinheiro Marques que, depois, esse oficial do Exército Português deixou escrita no seu livro de 2012 "A Organização e as Operações Militares Portuguesas…", tem, desde então, sido considerada pelo autor de "A Maldição da Memória…" como uma das mais honrosas da sua carreira historiográfica, ao longo de quarenta anos.

E o sentimento e a apreciação são mútuos: "coragem científica" foi a do oficial do Exército Português Nuno Varela Rubim, na historiografia portuguesa.

"HISTÓRIA, MEMÓRIA E EXEMPLO DO PASSADO, PARA LIBERTAÇÃO DO FUTURO"

"(…) Ser ignorante do Passado é como ser uma criança para sempre (…)”… [ Marco Túlio Cícero, 106 a.C - 43 a.C ]

"(…) Que os homens não aprendem muito com as lições da História é a mais importante de todas as lições que a História tem para ensinar (…)”… [ Aldous Huxley, 1959 ]

https://www.youtube.com/user/CentroEstudosDoMar

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25052: (De) Caras (201): O cap art 'comando' Nuno Rubim (1938-2023): fotos do meu álbum (Virgínio Briote, ex-alf mil 'cmd', cmdt Gr Diabólicos, Brá, 1965/67)

 

Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 4A


Foto nº 5


Foto nº 6


Foto nº 7


Foto nº 8


Foto  nº 9

Foto (e legenda): © Virgínio Briote (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Virgínio Briote, ex-allf mil da CCAV 489 (Cuntima) e alf mil 'cmd',  
cmdt do Grupo "Diabólicos",  CCmds CTIG, Brá; 1965/67). Cartão de identificação,
com a assinatura do cap Nuno Rubim 


1. Mensagem do nosso coeditor jubilado Virgínio Briote, com data de 1 do
corrente, às 17:14:

Boa tarde, Caros Carlos Vinhal e Luís Graça, envio-vos as fotos que tenho do cap Nuno Rubim e nota com algumas legendas. (*)

Abraço e Obrigado pelo vosso trabalho.
VBriote



Cap Art 'Cmd' Nuno Rubim,
Bissau, 1965

Legendas  > Fotos com  o cap art 'cmd' Nuno Rubim  (1938-2023),   setembro de 1965 e depois;

Foto n.º 1 > Cerimónia da imposição dos crachás de Cmds em Brá. 4Set1965. A CCmds do CTIG apresenta-se ao Gov Geral,  gen Schulz, ao Cmdt Militar e a dois chefes das Repartições do QG. O Nuno Rubim está à direita do gen Schulz.

Foto n.º 2 > Passagem em revista dos Gov Geral e Cmdt Militar,  seguidos pelo cap Maurício Saraiva (de óculos escuros e camuflado) e cap Nuno Rubim.

Foto n.º 3 > Entrega do crachá ao fur mil João Parreira, o cap Rubim está de costas e o cap Saraiva, de perfil, ao lado, de camuflado.

Fotos n.º 4 e 4A > O Cap Rubim bem destacado no meio do Gr Cmds Diabos,  na BA 12, Bissalanca, antes do embarque do Grupo no Dakota para Bafatá com deslocação por outros meios para o Xitole – operação ao Galo Corubal.

Foto n.º 5  > 1.º cabo Júlio Costa Abreu na despedida de final de comissão entre o cap Rubim e o alf Caldeira.

Foto n.º 6 > O cap Rubim de costas entre vários militares do QG e o Gov Geral,  gen Schulz, numa cerimónia nos Cmds em Brá, em fins de 1965.

Foto n.º 7 > O cap Rubim, cmdt da CCmds, no Palácio do Gov Geral.

Fotos n.ºs 8 e 9 > Cmds com comissão finda em despedida. No grupo destes, o da esquerda,  é o sold António Kássimo que veio a continuar nos Cmds quase até ao final da guerra.
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Nota do editor LG;

(*) Último poste da série > 9 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24464: (De) Caras (200): Crónica pícara de uma noite de copos no Chez Toi e no Pilão, que meteu alguns dos nossos melhores e que até chegou, truncada e pirateada, à terra de um deles, Melgaço (Paulo Santiago, ex-alf mil, cmdt Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72)

sábado, 6 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25040: Tabanca Grande (554): Alberto Pires, "Teco", natural de Angola, ex-fur mil da CCAÇ 726 (Guileje, out 64/ jul 1966): passa a sentar-se à sombra do nosso poilão, no lugar n.º 883


Alcobaça > São Martinho do Porto > Tabanca de São Martinho do Porto > 21 de agosto de 2010> O Alberto Pires, o Teco, ex-Fur Mil, CCAÇ 726 (Guileje, 1964/66): passa a integrar a nossa Tabanca Grande, sob o n.º 883.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2010). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Lisboa > Fundação Mário Soares > 12 de Novembro de 2007 > Um encontro inesperado: o nosso coeditor Virgínio Briote com o Alberto Pires ("Teco")  e o Carlos Guedes... Estes dois últimos estiveram em Guileje, na CCAÇ 726 (Outubro de 1974 / junho de 1966), sob o comando do cap art Nuno Rubim... Voltaram mais tarde, em 2006-2008,  a colaborar juntos no desenho e construção do diorama de Guileje (*)... Além de colaboradores, o Nuno Rubim teve neles dois grandes amigos. O "Teco", que é natural de Angola, tem um fabuloso arquivo fotográfico desse tempo (mais de 500 fotos); o Guedes saiu da CCAÇ 726 para se oferecer, como voluntário, para os Comandos do CTIG, onde foi camarada do Briote... 

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados. [Edição:: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 726 (Out 64 / Jul 66) > O pessoal em operações militares: na foto, acima, transporte às costas de um ferido, evacuado para o HM 241, em Bissau, por um helicóptero Alouette II (versão anterior do Alouette III).


Guiné> Região de Tombali > Guileje  > CCAÇ 726 (Out 64 / Jul 66)  > Vista aérea do aquartelamento e tabanca, após violento ataque do PAIGC, em 4 de dezembro de 1964 (diz a legenda da foto, mas pode ter sido a 29 de novembro de 1964... Diversas instalações civis (moranças) e militares foram destruídas e metade da companhia foi ferida.


Guiné> Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 726 (out 1964/jul 66) > O sold José Fidalgo (falecido em 2005), contemplando a imagem de uma santa da sua devoção (por certo a  Virgem Maria)
 
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Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 726 (Out 64 / Jul 66) > O temível morteiro 81, o "Botabaixo" (bem manobrado, fazia razias entre o pessoal atacante, num raio até 6 km)


 Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 726 (Out 64 / Jul 66) > A célebre e heróica Fox, de matrícula MG-36-24, que resistiu a tudo e todos, acabando ingloriamente, como ferro velho, nas mãos do PAIGC em 25 de maio de 1973 (após a retirada de Guileje, três dias antes). 

O historial da  Fox MG-36-24 também merece ser aqui relembrado: pertenceu aos Pipas, foi sendo sucessivamente rebaptizada: BêbedaDiabos do Texas... Segundo Nuno Rubim, "a matrícula da Fox é a mesma que consta numa fotografia tirada por elementos do PAIGC em maio de 1973, quando ocuparam o quartel! Portanto a Bêbeda (que vai ficar para a história, representada com essa mesma inscrição no diorama de Guileje (**) ....) terá servido desde 1965 até 1973, integrada nos sucessivos Pel Rec Fox que por lá passaram"...  

Fotos (e legendas): © Alberto Pires (Teco) (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O Alberto Pires, mais conhecido por "Teco" já devia, por direito próprio, ser membro da Tabanca Grande, teve 13 referências no nosso blogue, e dezenas de fotos, da sua autoria publicadas. Foi fur mil da CCAÇ 726 (Guileje, out 64 / jul 66), tal como o Carlos Guedes (**).


Do seu álbum fotográfico da Guiné (com mais de 500 fotos) pôs à disposição do Núcleo Museológico Memória de Guiledje, e do nosso blogue mais de 6 dezenas. 

Encontrámo-nos duas vezes, e estava convidado para integrar a Tabanca Grande. As fotos não traziam legenda, mas estavam agrupadas por 5  temas:

(i) CCAÇ 726 (Guileje); 
(ii) construção de abrigos (Guilje); 
(iii) destacamento de Mejo; 
(iv) operações militares:
(v) guerrilheiros mortos.

Já aqui reproduzimos uma boa parte na série "Álbum fotográfico do Alberto Piores, 'Teco' (...) (***).

Corrigimos hoje uma pequena injustiça. O Alberto Pires ("Teco") passa a ser o primeiro grãotabanqueiro do ano de 2024 (****). Infelizmente não temos tido notícias dele (nem do Carlos Guedes), Esperemos que ambos estejam bem, e de saúde.


2. Fichas de unidade : Companhia de Caçadores n.º 726

Identificação:  CCaç 726
Unidade Mob: RI 16 - Évora
Cmdt: Cap Inf Joaquim Manuel Martins Cavaleiro | Cap Inf Arménio Augusto da Silva Teodósio | Cap Inf Joaquim Manuel Martins Cavaleiro | Cap Art Nuno José Varela Rubim
Divisa: -
Partida: Embarque em 060ut64; desembarque em 140ut64 | Regresso: Embarque em 07Ago66

Síntese da Actividade Operacional

Após o desembarque, substituíu a CArt 676 no dispositivo e manobra do BCaç 600, efectuando simultaneamente uma instrução de adaptação operacional na região de Quinhámel sob orientação da CCaç 508 e deslocando entretanto dois pelotões para Guileje, em 280ut64 e 17Nov64.

Em 25Nov64, a subunidade foi toda colocada no sector de Guileje, então criado, na dependência do BCaç 513 e depois do BCaç 600 e ainda do BCaç 1861, anteriormente ocupado por um pelotão da CArt 495. 

Tomou parte em diversas operações do sector e executou diversas acções de emboscadas e patrulhamentos no corredor do Guileje, em coordenação com outras subunidades. 

Por períodos variáveis, destacou ainda pelotões para reforço temporário das guarnições de
Gadamael e Cacine.

Em 30Mar95, na sequência da operação "Arpão", ocupou a povoação de Mejo, onde foram instalados dois pelotões.

Em 27Jan66, cedeu dois pelotões para reforço da CCaç 1424, que se instalaram em Cachil, na zona de acção do BCaç 1858.

Em 02Ju166, por rotação com a CCaç 1424, passou a integrar o dispositivo e manobra do BCaç 1858, assumindo a responsabilidade do subsector de Cachil mantendo no entanto um pelotão no destacamento de Mejo. 

Em 16Ju166, foi substituída pela CCav 1484 e seguiu para Catió, até à chegada da CCaç 1587.

Em 06Set66, após chegada a Catió da CCaç 1587, seguiu para Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

Observações - Não tem História da Unidade. Sabemos que teve as seguintes baixas em combate de Novembro de 1964 a Junho de 1966:  Mortos: 9 |  Feridos: 80 (sobretudo no ataque de 29/11/1964). 

Fonte: Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: fichas das unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 333.
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 5 de janeiro de  2024 > Guiné 61/74 - P25037: E as nossas palmas vão para... (24): Nuno Rubim (1938-2023), autor do Diorama de Guileje, uma pequena obra-prima, que levou dois anos de trabalho, paixão, rigor... Foi oferecido, em 2008, ao Núcleo Museológico Memória de Guiledje   

(**) Vd. poste de 24 de maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6464: Tabanca Grande (221): Carlos Guedes, Fur Mil Arm Pes Minas e Armadilhas, CCAÇ 726 e Comandos do CTIG (Guileje e Brá, 1964/66)

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25037: E as nossas palmas vão para... (24): Nuno Rubim (1938-2023), autor do Diorama de Guileje, uma pequena obra-prima, que levou dois anos de trabalho, paixão, rigor... Foi oferecido, em 2008, ao Núcleo Museológico Memória de Guiledje





Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Núcleo Museológico de Guiledje (em preparação) > 2008> Planta do quartel em 1966. Reconstituição de Nuno Rubim, coronel de artilharia, na reforma; realização plástica de Carlos Guedes, ex-fur mil. Um e outro fizeram parte da CCAÇ 726 (Guileje, 1964/66), o primeiro como comandante.

Foto ( e legenda): © Pepito / Acção para o Desenvolvimento (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
 


Guiné > Região de Tombali > Guileje > Núcleo Museológico de Guiledje (em preparação) > 2008 >  Diorama do quartel (à data de 1996):  dois anos de trabalho... do Nuno Rubim  (1) e de um pequeno "grupo de combate" de gente valorosa e solidária, guineenses e portugueses (2), com destaque naturalmente para o Pepito e a sua esquipa da ONGD  AD - Acçãio Para o Desenvolvimento


Guiné-Bissau  > Região de Tombali > Guileje > Núcleo Museológico de Guiledje (em preparação) > 2008 > Diorama: planta
 
O Nuno Rubim a trabalhar no diorama, em casa (Seixal, Portugal) 

Fotos (e legendas) : © Nuno Rubim / Pepito / Acção para o Desenvolvimento (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
 

Lisboa > Fundação Mário Soares > 12 de Novembro de 2007 > Um encontro inesperado: o nosso coeditor Virgínio Briote com o Teco e o Guedes... Estes dois últimos estiveram em Guileje, na CCAÇ 726 (Outubro de 1974 / junho de 1966), sob o comando do cap art Nuno Rubim... Voltaram agora a colaborar juntos no projecto Guileje (3)... Além de colaboradores, o Nuno Rubim tem neles dois grandes amigos. O Teco, que é natural de Angola, tem um fabuloso arquivo fotográfico desse tempo (mais de 500 fotos); o Guedes saiu da CCAÇ 726 para se oferecer, como voluntário, para os Comandos do CTIG, onde foi camarada do Briote... 


O saudoso cap José Neto (1929-2007), à esquerda, com o Pepito, foi um dos primeiros grandes entusiastas da Iniciativa de Guiledje... Eles e outros camaradas que passaram por Guileje e outros aquartelamentos do sul, na região de Tombali, contribuiram em muito para enriquecer o espólio documental da AD - Acção para o Desenvolvimento. Teria muito orgulho se fosse vivo, em "voltar a ver e a visitar o seu quartel e a sua tabanca", à escala de 1/72... 
   
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados. [Edição:: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
  


Guiné-Bissau > Bissau > Hotel Palace > Simpósio Internacional de Guiledje (1 a 7 de Março de 2008) > O cor art ref Nuno Rubim, entre o cor cav ref Carlos Matos Gomes e o "Gringo de Guileje", o ex-fur mil Zé Carioca, da CCAÇ 3477 (Guileje, Nov 1971/Dez 1972), explicando pormenores da sua obra-prima que foi o diorama de Guileje...

Guiné-Bissau > Bissau > Hotel Palace > Simpósio Internacional de Guiledje (1 a 7 de Março de 2008) > Dia 5 de Março de 2008 > Painel 3 >" O pós-Guiledje: efeitos, consequências e implicações político-militares do assalto ao aquartelamento". Moderador: Mamadú Djau (Director do INEP) > Comunicação de Nuno Rubim, português, cor art ef > 17h30 – 18h00 > "A batalha de Guiledje: uma tentativa de reconstituição histórica em dioramas"

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados. [Edição:: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Organização > Núcleo Museológico > Diorama  de Guileje

Adaptado da página oficial do Simpósio Internacional de Guiledje  (páginaa dcscontinuada, mas em parte disponível aqui: 

Desde 2006, o Nuno Rubim (que faleceu em 25 de dezembro de 2023)  pôs, apaixonadamente, voluntariamente, sem qualquer contrapartida, o melhor de si, a sua reconhecida competência, a sua visão histórica, o seu rigor de investigador, e o seu gosto pela bricolage, na concepção do Núcleo Museológico de Guiledje e, em especial, do diorama do quartel de Guiledje, uma obra ímpar que ele ofereceu à Guiné-Bissau, na pessoa do Pepito, Carlos Schwarz da Silva (Bissau, 1949 - Lisboa, 2012), engº agrónomo, cofundador e diretor da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, e "alma-mater" do Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7  de março de 2008).

É algo "que nos enche de orgulho, a todos quantos se abalançaram a esta iniciativa", disse na altura o Pepito. As fotografias que permitiram a feitura do diorama foram cedidas, na sua grande maioria, por Teco (Alberto Pires), ex-fur mil da CCAÇ 726, o qual foi incansável na sua pesquisa. Outras foram enviadas por Carlos Guedes, também da mesma Companhia (mais tarde, Comando). (O Carlos Guedes é membro da nossa Tabanca Grande; o Teco ainda não, por lapso nosso: será o primeiro do ano de  2024.

Ambos também forneceram informações preciosas sobre vários aspectos importantes da configuração do quartel. Foram também aproveitadas várias fotografias do saudoso cap SGE  José Afonso da Silva Neto, da CART 1613 (Junho de 1967/maio de 1968) (Na altura, 2.º sargento, sendo o comandante o cap Eurico Corvacho).

Foi igualmente importante a colaboração de vários membros do nosso blogue, que forneceram informação relevante ao autor do diorama. Muitos colaboradores, guineenses e portugueses, contribuiram para este resultado, que também deve muito ao entusiasmo e energia do Pepito e da sua equipa de gente magnífica.

Seria injusto, por exemplo, não mencionar aqui a importância que teve, para a conceção do diorama, o levantamento topográfico efectuado em Guileje em 2005, por Fidel Midana Sambú, colaborador da AD- Acção para o Desenvolvimento.

2. A título meramente exemplificativo apresentamos aqui uma seleção de algumas miniaturas que compõem o diorama do quartel de Guileje. Os nossos parabéns ao autor da obra, que vai ficar no Núcleo Museológico Memória de Guiledje (sic), com muito orgulho (e uma pontinha de inveja) dos... tugas.
 

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Núcleo Museológico de Guiledje (em preparação) > 2008> Posto de transmissões (miniatura)
 
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Núcleo Museológico de Guiledje (em preparação) > 2008> Edifício dos oficiais e comando (miniatura)

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Núcleo Museológico de Guiledje (em preparação) > 2008> Posto de primeiros socorros, centro cripto e cantina (miniatura)

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Núcleo Museológico de Guiledje (em preparação) > 2008> Caserna do Pelotão de milícias da Companhia de Milícias n.º 12 (miniatura)
 
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Núcleo Museológico de Guiledje (em preparação) > 2008> Cozinha e refeitório das praças (miniatura)

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Núcleo Museológico de Guiledje (em preparação) > 2008> Outro pormenor da cozinha (miniatura)
 
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Núcleo Museológico de Guiledje (em preparação) > 2008> Um abrigo (miniatura)

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Núcleo Museológico de Guiledje (em preparação) > 2008>Uma palhota (miniatura)
 
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Núcleo Museológico de Guiledje (em preparação) > 2008> Uma viatura Daimler (miniatura)

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Núcleo Museológico de Guiledje (em preparação) > 2008>Uma vaitura GMC (miniatura)

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Núcleo Museológico de Guiledje (em preparação) > 2008> Um jipe (ou jeep) (miniatura)

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Núcleo Museológico de Guiledje (em preparação) > 2008>Uma vitura White (miniatura)
 
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Núcleo Museológico de Guiledje (em preparação) > 2008> Uma avioneta DO 27 (miniatura) 
 
Fotos (e legendas) : © Nuno Rubim / Pepito / Acção para o Desenvolvimento (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Concepção do Diorama 

(i) A povoação de Guileje  (lê-se: Guiledje)  teve ali instalada unidades militares portuguesas desde fevereiro de 1964 até 22 de maio de 1973, altuar em que foi abandonada e ocupada, momentaneamente, três dias depois, pelo PAIGC. 

(ii) Assumida a decisão de ser feito um diorama, foi necessário determinar a data que o mesmo iria representar, dado que ali estiveram instaladas 11 Companhias, além de outras unidades menores (Pelotões de cavalaria, de artilharia, de caçadores nativos, de mílicias...) 

No decurso desse período e sobretudo a partir de 1969, o aquartelamento sofreu alterações significativas (por exemplo, contrução de abrigos pela Engenharia Militar). 

  • CCAÇ 495 (Fev 1964/jan 1965) 
  • CCAÇ 726 (Out 1964/jul 1966) (contactos: Teco e Nuno Rubim) 
  • CCAÇ 1424 (Jan 1966/dez 1966) (contacto: Nuno Rubim ) 
  • CAÇ 1477 (Dez 1966/jul 1967) (contacto: cap Rino) 
  • CART 1613 (Jun 1967/mai 1968) (contacto: cap Neto) [infelizmente já desaparecio, José Neto, 1929-2007] 
  • CCAÇ 2316 (Mai 1968/jun 1969) (contacto: cap Vasconcelos) 
  • CART 2410 (Jun 1969/mar 1970) (contacto: Armindo Batata) 
  • CCAÇ 2617 (Mar 1970/fev 1971) > Os Magriços (contacto: Abílio Pimentel) 
  • CCAÇ 3325 (Jan 1971/dez 1971) (contacto:cap  Jorge Parracho); 
  • CCAÇ 3477 (Nov 1971 /dez 1972) > Os Gringos de Guileje (contacto: Amaro Munhoz Samúdio); 
  • CCAV 8350 (Dez 1972/Mai 1973) > Os Piratas de Guileje (contacto: José Casimiro Carvalho ) 

(iii) Foi decidido escolher a data de 1965-66 pela seguinte razão: foi nessa altura que aí esteve sediada a unidade que ali permaneceu mais tempo, a CCAÇ 726 que, com a unidade que se lhe seguiu, a CCAÇ 1424, foi também a Companhia que efectuou mais operações no sector e sofreu mais baixas em combate.

(iv) O Diorama, ou maqueta, pretende pois representar o aquartelamento e a tabanca nesse período. 

(v) A escala escolhida foi a de 1/72, pois isso permitiria adaptar modelos em miniatura comercializados. 

(vi) Após aturado trabalho de estudo, e da recolha e análise de fotografias e declarações de ex-militares que ali estiveram no período em causa, foi possível desenhar um plano à escala para aí serem inseridas as localizações de edifícios, cubatas, abrigos e outros detalhes.

(vii) Estes, depois de também serem desenhados à escala, foram construídos utilizando plástico, madeira, metal e resina, e depois pintados de forma a representá-los tão exactamente quanto possível. 

(viii) No diorama poderão ser pois observados, além das infraestruturas, modelos de viaturas (GMC, Fox, Daimler, White...), depósitos, diversos utensílios etc…

(ix) E também um DO-27, a aeronave que proporcionava talvez o único momento de alegria para as tropas, pois era quem trazia e levava o correio e alguns frescos...

As nossas palmas vão para o nosso saudoso Nuno Rubim (1938-2023) (4)
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Notas do editor L.G.: 


(...) "Comandei em Guileje, sucessivamente (de castigo !..., eu qualquer dia conto esta estória) as CCAÇ 726 e 1424, depois de ter também comandado a CART 644 em Mansabá e a CCmds em Brá. O que foi a minha vivência em Guileje, fazem os amigos ideia... Foram de facto perto de 10 meses infernais, com mortos, feridos, estropiados, de ambos os lados, enfim o triste rosário de uma guerra que Portugal nunca devia ter travado. Tinha também um Grupo de Combate em Mejo, de que pouco tenho ouvido falar. Quando terá sido desactivado esse pequeno aquartelamento ? E ainda voltei à Guiné em 1972-74, mas isso é outra história..., que meteu o início da conspiração que levou ao 25 de Abril, entre outras coisas" (...).

Vd. ainda o poste de 18 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2554: Guileje: Simpósio Internacional (1 a 7 de Março de 2008) (21): Chegou o Nuno Rubim, em Mejo o Capitão Fula (Pepito)

(2) Vd. postes de:



10 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLV: Projecto Guileje (7): recuperação do quartel














(4) Último poste da série > 30 de abril de 2023 > Guiné 61/74 - P24269: E as nossas palmas vão para ... (23): Inês Allen, hoje nossa tabanqueira nº 875: Devolveu a Empada, em fevereiro de 2023, a efígie de "Os Metralhas", divisa da CCAÇ 3566 (1972/74), e nome do clube de futebol local, dando cumprimento à última vontade do pai, Xico Allen (1950-2022)