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sábado, 7 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13253: Documentos (28): PAIGC Actualités (António Barbosa) (2): O nº 56, de Dezembro de 1973, dedicado à admissão da Guiné como 42º Estado Membro da O.U.A.


 1. O nosso Camarada António Barbosa (ex-Alf Mil Op Esp/RANGER do 1º Pelotão da 2.ª CART do BART 6523, Cabuca, 1973/74, enviou-nos a seguinte mensagem:


Camaradas,

No meu arquivo particular tenho alguns documentos propagandísticos do PAIGC que haviam sido apreendidos pela PIDE, em Cabuca (cadernos e panfletos), e iam ficar abandonados no quartel em 1974, aquando da nossa saída definitiva daquele território.

Hoje envio-vos a segunda digitalização referente ao panfleto PAIGC actualités nº 56, datado de Dezembro de 1973, dedicado à admissão da Guiné como 42º Estado Membro da O.U.A. 

Brevemente enviarei mais algumas digitalizações para publicação, enquanto pensar ser interessante para o blogue este tipo de “material”. 





Cumprimentos
António Barbosa
Alf Mil Op Esp/RANGER do 1º Pel. da 2ª CART/BART 6523.

Imagens: © António Barbosa (2013). Direitos reservados.
Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2010). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em: 

domingo, 18 de agosto de 2013

Guiné 64/74 – P11949: Documentos (26): PAIGC Actualités (António Barbosa) (1): O nº 40, Abril de 1972, dedicado em parte ao ataque à B.A.12, localizada em Bissalanca, acerca de 9 km de Bissau



1. O nosso Camarada António Barbosa (ex-Alf Mil Op Esp/RANGER do 1º Pelotão da 2.ª CART do BART 6523, Cabuca, 1973/74, enviou-nos a seguinte mensagem. 


PAIGC Actualités nº 40 de Abril de 1972 

Camaradas, 

No meu arquivo particular tenho alguns documentos propagandísticos do PAIGC que haviam sido apreendidos pela PIDE, em Cabuca (cadernos e panfletos desdobráveis), e iam ficar abandonados no quartel em 1974, aquando da nossa saída definitiva daquele território.

Hoje envio-vos a primeira digitalização referente ao panfleto PAIGC Actualités nº 40, datado de Abril de 1972, com 4 páginas, dedicado em parte ao “ataque” à B.A.12, localizada em Bissalanca, acerca de 9 km de Bissau. 

Brevemente enviarei mais algumas digitalizações para publicação, caso achem interessante este tipo de “material”. 






Cumprimentos,
António Barbosa
Alf Mil Op Esp/RANGER do 1º Pel da 2ª CART/BART 6523,

Imagens: © António Barbosa (2013). Direitos reservados.
Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2010). Direitos reservados.
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quarta-feira, 20 de maio de 2009

Guiné 64/74 - P4384: PAIGC Actualités (Magalhães Ribeiro) (5): O nº 48, Dezembro de 1972, dedicado à 'visita da OUA às regiões libertadas no sul'




Tradução do nº 48 da revista PAIGC Actualités, um orgão de propaganda política do PAIGC, publicado mensalmente, em francês. Subtítulo: "A vida e a luta na Guiné e Cabo Verde". O nº 48 tem 6 páginas e é datado de Dezembro de 1972. Tradução de Vasco da Gama, a partir de cópia digitalizada fornecida pelo co-editor Eduardo Magalhães Ribeiro.


Recebidos com entusiasmo e esperança pelo povo e pelos combatentes.
Uma Delegação da OUA [, Organização de Unidade Africana,] chefiada pelo comandante M’Bita, secretário executivo do Comité de Libertação Africano (na foto ao centro ), visita as regiões libertadas no sul do nosso país.

O NOSSO PARTIDO EM ÁFRICA E NO MUNDO
Amigos ingleses nas regiões libertadas


(O Sr e Sra Wainright no Hospital Solidariedade, onde conversam com o camarada dr. Boal responsável político do hospital)

Richard Wainright, Presidente do Partido Liberal Inglês e Administrador da Joseph Rowntree Social Trust Service, acompanhado por sua esposa, Joyce Wainright, visitam as obras do Instituto de Amizade e do Hospital da Solidariedade.

Após uma estadia em Dakar e em Ziguinchor, o casal inglês dirigiu-se ao Internato do Norte nas regiões libertadas onde as crianças apresentaram um espectáculo cultural em honra dos nossos ilustres hóspedes que de seguida partiram para a República da Guiné onde visitaram a Escola Piloto e o Jardim de Infância em Conacri e o Hospital de Solidariedade em Boké. Na região de Boé, na parte leste do país, os nossos amigos ingleses foram recebidos na Escola Internato, tendo também contactado as populações das aldeias libertadas.
A fundação Joseph Rowntree Social Trust Service concedeu ao longo deste ano uma ajuda importante às nossas escolas e hospitais.



( O escritor inglês Basil Davidson conversa com a responsável da organização dos Pioneiros do Partido no sul do país Teodora Gomes.)

O escritor e africanista inglês Basil Davidson visita pela terceira vez as zonas libertadas do nosso país. Acompanhado pelo camarada Vasco Cabral, do Comité Executivo, visita o Sul e de seguida o Leste. Nesta última frente reuniu demoradamente com o Secretário Geral do Partido, Amílcar Cabral, que se encontrava na região em visita de inspecção.
Basil Davidson, que foi o primeiro escritor da Europa Ocidental a denunciar os crimes dos colonialistas portugueses, é um amigo do nosso povo, tendo publicado inúmeros escritos sobre a nossa luta, tendo o seu livro Revolução em África sido prefaciado pelo Amílcar Cabral.
Em cima, o escritor inglês Basil Davidson conversa com a responsável da organização dos Pioneiros do Partido no sul do país Teodora Gomes.



(A delegação da NORAD na Escola Piloto na companhia do camarada Aristides Pereira)
UMA DELEGAÇÃO NORUEGUESA, MM. Jensen, director adjunto do Serviço de Desenvolvimento Internacional (NORAD ), visitou o nosso secretário geral em Outubro último.

A delegação da NORAD conversou com o camarada Aristides Pereira da Comissão Permanente do CEL a propósito da ajuda concedida pela Noruega ao nosso Partido, tendo visitado os departamentos do Instituto Amizade em Conacri e o nosso Hospital Solidariedade em Boké.
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Por ocasião da sua presença na sede das Nações Unidas em Nova Yorque, no passado mês de Outubro.

Razão pela qual o nosso líder renunciou ao uso da palavra na Assembleia Geral das Nações Unidas.
O camarada Amílcar Cabral após consulta à Direcção do Partido, explica numa carta dirigida à Assembleia Geral os motivos que o levaram a tomar esta decisão.

Senhor Presidente,
Um numeroso grupo de Estados membros da ONU, entre os quais os países irmãos de África e vários países amigos, expressou o desejo de que nos dirigíssemos à Assembleia Geral, numa sessão plenária, no decurso do debate sobre a descolonização. Esta pretensão encontrou eco favorável no seio da 4ª Comissão que encarregou o seu ilustre Presidente de efectuar junto de Vª. Exª., as diligências necessárias para a sua materialização.




(O Secretário Geral do Partido com Marcelino dos Santos, Vice Presidente da Frelimo, na sede das Nações Unidas em Nova Iorque)

Na sequência de várias consultas realizadas concluímos que uma confortável maioria se inclina a favor desta nossa iniciativa cuja importância ninguém conseguirá subestimar, a não ser a transcendência política, no quadro da luta levada a cabo pelas forças anticolonialistas da ONU contra o particularmente retrógrado colonialismo português.

Tendo em consideração as manifestações de simpatia e de apoio que nos foram directamente transmitidos por parte de uma numerosa delegação presente na sessão, temos a certeza que no caso de ter havido um debate e uma votação sobre esta questão, a Assembleia Geral ter-nos-ia convidado a usar da palavra perante a Assembleia , em sessão plenária. Esta certeza constitui já para o nosso povo africano outro factor de encorajamento no conflito, infelizmente sangrento, que travamos contra o governo colonialista de Portugal sobre quem recai toda a responsabilidade.

Mesmo na minoria que se absteve ou se opôs surgem alguns estados cuja amizade e compreensão são já favoráveis ao nosso povo e também à nossa luta. Por razões que aliás não põem minimamente em causa a nossa possibilidade de nos dirigirmos à Assembleia Geral, esses estados seriam forçados, se houvesse uma votação, a abster-se ou a votar contra.

Escusado será dizer que não é com toda a certeza o caso da ínfima minoria formada pelos aliados do governo colonialista português que se opõe sistematicamente a toda e qualquer iniciativa no sentido de acelerar a liquidação do colonialismo e do racismo em África.





(Sevilha Borja, Presidente do Comité Especial da ONU que visitou as regiões libertadas no sul do nosso país, conversa com o camarada Amílcar Cabral, no decorrer da Assembleia do Conselho de Segurança sobre a agressão das forças colonialistas portuguesas contra a República do Senegal, em Outubro passado)





(O líder do nosso Partido, o primeiro combatente pela liberdade africana a usar da palavra perante a ONU com Koffi Kouamé da Costa do Marfim)

Após consulta à direcção do nosso Partido e informados que foram os representantes dos países irmãos e amigos, que ao tomarem tal iniciativa, a todos os títulos positiva, deram mais uma prova da sua solidariedade concreta para com o nosso povo e a nossa identidade com os princípios e objectivos da O.N.U., expressamos á Assembleia Geral, por intermédio de Vª. Exª. o nosso desejo para que, relativamente a esta questão, nem o debate nem a votação sejam efectuados.

Com efeito, é com a maior alegria que constatamos que uma larga maioria dos Estados Membros reconhecem o direito inalienável ao nosso povo de poder ser escutado através da voz dos seus legítimos e verdadeiros representantes, por todas as instâncias da ONU, incluindo a Assembleia Geral. No entanto não desejamos nesta etapa da nossa luta que países verdadeiramente amigos ou potencialmente solidários com a nossa causa se vejam obrigados publicamente a contradizer os seus próprios sentimentos e princípios. Uma vitória política é um bem demasiadamente precioso para um povo que luta pela sua libertação nacional contra um inimigo sem escrúpulos e fortemente apoiado pelos seus aliados. Acreditamos que, mesmo no caso vertente, há sucessos aos quais é necessário saber renunciar.

Queira aceitar, Senhor Presidente, a expressão dos nossos sentimentos e da mais elevada consideração.

O Secretário Geral do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC)
(assinado) Amílcar Cabral

MOSCOVO: Os camaradas André Pedro Gomes, membro do Comité Executivo da Luta e Comandante da frente NHACRA – Morés, e Júlio Semedo, do Secretariado Geral, participam na capital soviética no encontro internacional da juventude trabalhista.

O jornalista francês LAMBOTTE , do jornal Humanité, visita as frentes Sul e Leste do nosso país.
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Enquanto as populações e os combatentes no Sul do país acolhem calorosa e fraternamente a delegação do Comité de Libertação da OUA.

O NOSSO EXÉRCITO DE LIBERTAÇÃO INFLIGE PESADAS BAIXAS ÀS TROPAS EXPEDICIONÁRIAS PORTUGUESAS.

Uma delegação do Comité de Libertação da OUA constata a importância dos objectivos alcançados através da luta de libertação do nosso povo, sob a direcção do PAIGC.

Guiada pelo comandante M’Bita, Secretário Executivo do referido Comité, a delegação da OUA, que nos visitou em Novembro último, contactou os principais dirigentes políticos e militares do Sul visitando algumas unidades das nossas Forças Armadas, hospitais e postos sanitários instalados na zona, bem como outro tipo de actividades sociais levadas a cabo pelo nosso Partido.

Os nossos ilustres visitantes foram saudados pelas populações libertadas de Balana no decorrer de um grande encontro realizado na sede do Tribunal do sector. Ao dirigir-se à numerosa assistência, o comandante M’Bita após ter felicitado as populações e os combatentes pela sua coragem e determinação, afirmou que a OUA vai colaborar com todos os meios ao seu alcance, no sentido de reforçar a contribuição decisiva de África para uma mais rápida liquidação do colonialismo português no nosso país. A delegação da OUA era composta, entre outros, pelo Secretário Executivo do Comité de Libertação, o comandante Ahmed Sidki do Egipto, o capitão Macaranga da Tanzânia e os tenentes M’Bemba Queita e Komyetá da República da Guiné.

OS NOSSOS COMBATENTES REALIZARAM 75 ACÇÕES DE GRANDE RELEVÂNCIA, DAS QUAIS 60 ATAQUES CONTRA OS CAMPOS ENTRICHEIRADOS DOS PORTUGUESES E 15 EMBOSCADAS BEM COMO OUTRAS IMPORTANTES ACÇÕES.


(No regresso ao nosso país o Comandante M’Bita na companhia dos membros da delegaçã da O.U.A., reencontra o Secretário Geral do nosso Partido, o camarada Amílcar Cabral)


(A delegação do Comité de Libertação observa pormenorizadamente a defesa anti-aérea das nossas posições)

As cidades de Mansoa e Catió foram atacadas por duas vezes. Entre os quartéis atacados estão as importantes guarnições de Xime, Xitole (duas vezes), Cufar (três vezes), Bedanda (duas vezes), Fulacunda, Aldeia Formosa (no sul do país), S. Domingos (três vezes), Olossato, e Mansoa ( no norte) e Pirada no leste.

As baixas entre os colonialistas cifraram-se em 141 mortos confirmados, entre os quais um capitão e vários oficiais subalternos, mais de uma centena de feridos , 6 camiões e um helicóptero destruídos e uma quantidade enorme de material capturado pelos nossos Combatentes, sobretudo em Choquemone, onde a 25 de Novembro [de 1972] uma operação inimiga de grande envergadura se saldou num enorme fracasso.

Face às sucessivas derrotas que os nossos combatentes lhes têm infligido nos últimos meses e cada vez mais furiosos por causa da divulgação dos nossos sucessos a nível internacional, os colonialistas portugueses intensificaram em Novembro os bombardeamentos com napalm nomeadamente no Sul libertado.
Entre outras, as aldeias de Gandua, Timbo, Catchaque, Bari e Santana foram parcial ou totalmente destruídas e as tropas helitransportadas praticaram actos de terrorismo, matando 25 pessoas, sobretudo mulheres e crianças, em Caduco, Cancolia, Gambia, Mandjaque, Gamassampá e Botchebissa, onde os soldados portugueses perpetraram sevícias contra a população e violaram 5 raparigas. Tendo sido repelidos destas aldeias pelas Forças Armadas locais, o inimigo registou pesadas baixas durante os seus actos terroristas.


(No longo e difícil percurso de libertação, os nossos combatentes são filhos dignos do nosso Partido africano)

Sendo o espelho dos sentimentos do nosso povo, do qual são os legítimos representantes, os nossos combatentes dedicam o resultado das suas acções de Novembro ao povo irmão da República da Guiné, em homenagem e reconhecimento da sua histórica vitória contra a agressão imperialista portuguesa em 22 de Novembro de 1970. Novembro de 1972 regista, com efeito, o maior número de acções contra as tropas colonialistas que sofreram neste mês, uma das mais pesadas penas em vidas humanas.



P.A.I.G.C. Actualidades

Boletim de informação editada pela Comissão de Informação e Propaganda do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde. Correspondência: Caixa Postal 298 – Conakry (Rep. Da Guiné) Caixa Postal 239 - Dakar (Senegal)

NOTA: Este documento contou com a preciosa ajuda, na tradução do francês para o português, do nosso camarada Vasco da Gama, ex-Capitão e CMDT da célebre companhia "Os Tigres de Cumbijã", Cumbijã, 1972/74.
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Nota de M.R.:

Vd. postes anteriores desta série em:

2 de Fevereiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3828: PAIGC Actualités (Magalhães Ribeiro) (1): O nº 54, Outubro de 1973, dedicado à proclamação da independência: pp. 1-2

sábado, 16 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4357: Questões politicamente (in)correctas (39): Havia racismo nas Forças Armadas Portuguesas ? ... E no PAIGC ? (Nelson Herbert)

1. Mensagem do Nelson Herbert, nosso amigo Nelson Herbert, nascido na Guiné-Bissau, mas de origem caboverdiana (viveu a guerra colonial como adolescente, em Bissau) e que é editor sénior do serviço em português para a África, da Radio Voice of America, [Voz da América] com sede em Washington ) (*)...


"By 30 April 1968 total U.S. military personnel in Vietnam numbered 543,300. Assuming a nine to one ratio, that is nine service and support for each grunt in the bush characteristic of a modern technology (including technologies of the intellect)-based army, such as we had in Vietnam, and you rapidly conclude that all of the fighting was done by no more than 50,000 men at any one time. What this means is that with a surfeit of bodies in the rear, a critical mass was effected that recreated America in Vietnam. RACISM IN THE REAR WAS ALIVE, WELL AND VIRULENT. Both the Viet Cong and the North Vietnamese would exploit this pernicious flaw in the American Character as a divisive weapon illuminating what the war managers could not seem to grasp--the fundamentally political character of the conflict."


[ Até 30 de Abril de 1968,o total de militares norte-americanos no Vietname atingia os 543300. Assumindo uma relação de um para nove, isto é nove especialistas das áreas de serviço e apoio para um operacional na selva, que é o traço característico de um exército de base tecnológica moderna (incluindo as tecnologias da informação e do conhecimento), como tivemos no Vietname, rapidamente se conclui que o número de combatentes na frente de batalha não terá ultrapassado, de qualquer modo, os 50.000 homens. Isto significou a existência de um excesso de forças na retaguarda, tendo como efeito uma massa crítica que recreou a América no Vietname. O RACISMO NA RECTAGUARDA ESTAVA VIVO; EM FORÇA E ERA VIRULENTO. Tanto o Vietcong e como os norte-vietnamitas iriam explorar essa perniciosa falha na cultura militar dos americanos, como uma arma facturante mostrando aquilo que os gestores da guerra pareciam não compreender – a natureza fundamentalmente política do conflito.][Tr. ingl., L.G.]

in Black Studies, de William M King, Afroamerican Studies Program ,University of Colorado, Boulder, Colorado, USA


Não creio que hajam guerras imunes a problemáticas e conflitos raciais latentes, particularmente quando as forças e os homens nelas envolvidas, de um e outro lado da trincheira, forem de origem multirracial. A guerra americana no Vietname foi disso, um exemplo! A guerra travada por Portugal, nos três cenários africanos, não deverá decerto ter sido uma excepção.

Pois, vem isto a propósito da utilização do termo Nharro, num dos postes do blogue, prontamente contestado pelo bloguista José Macedo, por sinal um antigo companheiro de armas, vosso. Nharro é de facto o mais pejorativo termo feito recurso na Guiné colonial, para se referir a um negro, a um nativo. E não estou aqui a ensinar [o Padre Nosso ao Vigário]!

Termo pejorativo, racista, que, quiçá ao longo dos tempos foi-se desprendendo de toda essa sua carga semântica original. Hoje “expressão de afecto” e não tenho neste particular razões para duvidar ter sido com essa intenção, a sua utilização pelo bloguista Henrique Matos , mas pela polémica que a sua utilização e recurso no blogue podem suscitar ( melhor, já suscitou), deixo aqui um repto, um desafio.. quem sabe, uma temática a abordar: a problemática do racismo nas casernas, nas fileiras militares. Terá esse problema existido e afectado a vossa camaradagem ?

Do lado do inimigo, a então guerrrilha do PAIGC é o que se sabe, com todo o seu dramático cortejo de episódios, de que o assassinato de Amílcar Cabral fora quiçá o cume !

A história e a geração pós-guerra (a que me considero pertencer, apesar de 13 anos de vivência desse conflito), muito agradecem !


Mantenhas

Nelson Herbert

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Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste desra série: 15 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4348: Questões politicamente (in)correctas (38): Os nossos queridos nharros (José Teixeira)

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Guiné 64/74 - P3905: PAIGC Actualités (Magalhães Ribeiro) (4): O nº 54, Outubro de 1973, dedicado à proclamação da independência: pp. 7-8

IV (e última) parte da revista mensal PAIGC Actualités, nº 54, Outubro de 1973, um número histórico de que nos foi enviado uma cópia, digitalizada pelo nosso amigo e camarada Eduardo Magalhães Ribeiro, mais conhecido na Tabanca Grande como o pira de Mansoa.

O Eduardo foi Fur M Op Esp na CCS do BCAÇ 4612 (Guiné, 1974). Como ele gosta de recordar, foi o útimo português a arrear, em 9 de Setembro de 1974, a última bandeira portuguesa no antigo CTIG, no quartel de Mansoa, na presença de representantes do PAIGC que, por sua vez, hastearam a bandeira da nova República da Guiné-Bissau.



As páginas 7 e 8, agora transcritas, foram traduzidas do francês para português pelo Vasco da Gama, ex-Cap Mil da CCAV 8351, os Tigres de Cumbijã (1972/74). (*)







Militante nº 1 do nosso PARTIDO e fundador da nação, AMÍLCAR CABRAL - inspirador e dirigente de todas as mudanças e realizações efectuadas no nosso país durante os últimos dezassete anos, tinha anunciado a 31 de Dezembro de 1972, na sua mensagem de ano novo ao nosso povo e aos novos combatentes, um acto transcendente da história do nosso povo :


O NASCIMENTO DO NOSSO ESTADO SOBERANO
















Foto ( a toda a largura das pp. 7 e 8) (legenda): "Fiéis á memória imortal do nosso Partido, os 120 representantes legítimos do nosso povo completam a tarefa daquele que está nas origens de todas as nossas vitórias".

"No decurso do corrente ano e logo que possível e achado conveniente, reuniremos a Assembleia Nacional Popular da Guiné, para cumprimento da primeira missão histórica de que foi incumbida: a proclamação do nosso Estado, a criação de um executivo para esse Estado e a promulgação de uma lei fundamental - a primeira Constituição da nossa história- que constituirá os fundamentos da vida activa da nossa nação africana.

"Quer isto dizer: Representantes legítimos do nosso povo escolhidos pelas populações e eleitos livremente por cidadãos conscientes e patriotas do nosso povo:servirá para afirmar perante o mundo que a nossa nação africana forjada na luta, está irreversivelmente decidida a caminhar para a independência, sem esperar pelo consentimento dos colonialistas portugueses, e que portanto baseado neste princípio, o Executivo do nosso Estado, será sob a direcção do nosso Partido, o PAIGC, o único, verdadeiro e legítimo representante do nosso povo face a todos os problemas nacionais e internacionais que lhe digam respeito.

"Da situação de colónia que dispõe de um movimento de libertação, cujo povo já libertou durante os dez anos de luta armada a maior parte do território nacional, passamos à situação de um país que dispõe do seu próprio Estado e que tem uma parte do seu território nacional ocupado por forças armadas estrangeiras.

"Esta mudança radical na situação do nosso país corresponde à realidade concreta da vida e da luta do nosso povo da Guiné, baseando-se nos resultados concretos da nossa luta, e tem o apoio firme de todos os povos e governos africanos, tal como de todas as outras forças anti- colonialistas e anti - racistas de todo o mundo.

"Enquadra-se nos princípios da Carta das Nações Unidas e nas resoluções adoptadas por esta organização internacional, nomeadamente na sua XVII sessão.

"Nada, nenhuma acção criminosa ou manobra ilusionista dos colonialistas portugueses impedirá que o nosso povo africano senhor do seu próprio destino e consciente dos seus direitos e deveres, dê este passo transcendente e decisivo em direcção ao objectivo fundamental da nossa luta: a conquista da independência nacional e a construção, na paz e na dignidade reconquistadas, do seu verdadeiro progresso, sob a direcção exclusiva dos seus próprios partidários e sob a bandeira gloriosa do nosso Partido.

«...Futuramente, com a evolução da nossa luta, criaremos igualmente a primeira Assembleia Nacional Popular nas Ilhas de Cabo Verde. A reunião conjunta dos membros destes dois organismos formará a Assembleia Suprema do povo da Guiné e de Cabo Verde".


Total apoio dos Países não-alinhados ao movimento de libertação nacional

O nosso camarada Aristídes Pereira, secretário geral do Partido, assistiu á quarta Conferência magna dos Países não alinhados que teve lugar em Argel de 5 a 9 de Setembro. O nosso dirigente foi indicado para usar da palavra em nome dos movimentos de libertação africanos.

A conferência dos chefes de Estado e dos governos dos países não alinhados, ao tomarem conhecimento que o nosso Partido vai em breve proclamar o Estado da Guiné Bissau, pediu aos estados membros do movimento dos não-alinhados, que apoiem política e diplomaticamente o nosso Estado, logo que este seja proclamado.


PAIGC ACTUALITÉS - Boletim de informação editado pela Comissão de Informação e Propaganda Comité Central do PARTIDO AFRICANO PARA A INDEPENDÊNCIA DA GUINÉ E CABO VERDE. Correspondência: C.P. 298 - Conacri (República da Guiné) - C. P. 2319 - Dacar (Senegal)
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Nota de L.G.:

(*) Vd. postes anteriores desta série:

2 de Fevereiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3828: PAIGC Actualités (Magalhães Ribeiro) (1): O nº 54, Outubro de 1973, dedicado à proclamação da independência: pp. 1-2

5 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3846: PAIGC Actualités (Magalhães Ribeiro) (2): O nº 54, Outubro de 1973, dedicado à proclamação da independência: pp. 3-4

10 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3864: PAIGC Actualités (Magalhães Ribeiro) (3): O nº 54, Outubro de 1973, dedicado à proclamação da independência: pp. 5-6

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3864: PAIGC Actualités (Magalhães Ribeiro) (3): O nº 54, Outubro de 1973, dedicado à proclamação da independência: pp. 5-6

1. Continuação da publicação da revista mensal PAIGC Actualités, nº 54, Outubro de 1973, um número histórico de que nos foi enviado uma cópia, digitalizada pelo nosso amigo e camarada Eduardo Magalhães Ribeiro, mais conhecido na Tabanca Grande como o pira de Mansoa.

As páginas 5 e 6, agora transcritas, foram traduzidas do francês para português pelo Vasco da Gama, ex-Cap Mil da CCAV 8351, os Tigres de Cumbijã (1972/74).




O primeiro executivo do nosso Estado



Foto: (da direita para a esquerda)

- Comandante FRANCISCO MENDES (CHICO TÉ), membro do Secretariado Permanente do CEL, Comissário Principal;

- Comandante JOÃO BERNARDO VIEIRA (NINO), membro do Secretariado do CEL, Comissário para as Forças Armadas;

- Comandante PEDRO PIRES, membro do Secretariado Permanente do CEL, Comissário Adjunto para as Forças Armadas;

- Dr. VASCO CABRAL, economista, membro do CEL, Comissário para a Economia e Finanças;

- Chefe JOSÉ ARAÚJO, membro do CEL, Comissário do Secretariado Geral de Estado;

- Comandante ABDULAY BARY, membro do CEL, Comissário do Interior;

- Chefe FIDELIS CABRAL D’ALMEIDA, membro do CSL, Comissário da Justiça;

- VICTOR SAÚDE MARIA; membro do CEL, Comissário dos Negócios Estrangeiros.

O Comandante Francisco Mendes, membro do Secretariado Permanente do CEL, foi escolhido para presidir ao Conselho dos Comissários de Estado, na qualidade de Comissário Principal.

As atribuições do Conselho dos Comissários de Estado têm como objectivo a elaboração do programa político, económico, social e cultural do Estado, bem como a sua defesa e segurança. Dirige, coordena e controla os diversos Comissários de Estado, os outros Serviços Centrais, os Comités regionais de Estado e os Comités de Sector de Estado. Nomeia e demite os funcionários de Estado.

O primeiro executivo do nosso Estado


Foto: (da direita para a esquerda)

- Eng JÚLIO SEMEDO, Sub-Comissário para o Desenvolvimento dos Recursos Naturais;

- Eng MÁRIO CABRAL, Sub-Comissário para o Controlo Económico e Financeiro;

- ARMANDO RAMOS, membro do CSL – Sub-Comissário do Comércio;

- Comandante MANUEL SATURNINO, membro do CSL, Sub -Comissário para a Educação e Cultura;

- Eng ADELINO NUNES CORREIA, Sub-Comissário para a Juventude e Desportos;

- JOÃO da COSTA, membro do CSL, Sub-Comissário para a Saúde e Assuntos Sociais.


O engenheiro SAMBA LAMINE MANÉ, Sub-Comissário para a Agricultura e Pecuária, e o Dr. LUIZ SANGA, Sub-Comissário para a Estatística e Planificação, que não aparecem nas fotografias, completam a lista dos camaradas que constituem o primeiro executivo do nosso Estado.

Após o discurso de encerramento do secretário geral do PARTIDO, Aristides Pereira, e do hino nacional Esta é a nossa pátria bem amada, cantado por um grupo de pioneiros do Boé, um grandioso desfile das FARP e manifestações populares assinalaram o encerramento da primeira reunião da ANP


Numa mensagem dirigida à Assembleia por Sua Excelência o Presidente Ahmed Sékou Touré em nome do Comité Central do PARTIDO DEMOCRÁTICO DA GUINÉ, e do Governo guineense, lido pelo chefe da delegação da imprensa guineense, senhor Fodé Berété , a República irmã da Guiné reconheceu no terreno o nosso jovem Estado da Guiné Bissau, cujo aparecimento constitui um acontecimento sublime na história da libertação dos povos africanos.


Ao separarem-se, por entre a emoção, o entusiasmo, e a plena consciência das responsabilidades do Partido, os deputados á ANP, os militantes e responsáveis do partido mostraram mais do que nunca a convicção de que o caminho traçado ao nosso povo pelo nosso bem amado líder Amílcar Cabral, é o caminho da liberdade, da dignidade e da glória.

Eis, pois, porque a participação na luta pela liberdade total da Pátria e a defesa da sua soberania, constituem a honra e o dever supremo do cidadão do nosso Estado da Guiné Bissau.


Elevado número de jornalistas e cineastas africanos e estrangeiros assistiram aos trabalhos da ANP que também tiveram a cobertura da nossa RÁDIO LIBERTAÇÃO e de uma equipa de cineastas dos nossos serviços de informação.
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Notas de L.G.:

(*) Vd. postes anteriores desta série:

2 de Fevereiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3828: PAIGC Actualités (Magalhães Ribeiro) (1): O nº 54, Outubro de 1973, dedicado à proclamação da independência: pp. 1-2

5 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3846: PAIGC Actualités (Magalhães Ribeiro) (2): O nº 54, Outubro de 1973, dedicado à proclamação da independência: pp. 3-4

(**) Estes homens seguiram depois percursos diferentes: alguns conheceram a morte, a traição, o exílio... Eis alguns dados biográficos, muito sumários, de alguns dos elementos do Primeiro Governo da República da Guiné-Bissau:

Luís Cabral (n.1931)> Foi o primeiro persidente da Repúblcia da Guiné-Bissau, desde 1973 a 1980, altura em que foi deposto por um golpe de Estado. Vive exilado em Portugal.

Francisco Mendes, Chico Té (1939-1973) > Será assassinado em 7 de Julho de 1988;

João Bernardo Vieira, Nino (n. 1939) > Presidente da República desde 1 de Outubro de 2005;

Pedro Pires (n. 1934) > Presidente de Cabo Verde desde Março de 2001 (Primeiro-ministro, de 1975 a 1991);

Vasco Cabral (1926-2005) > Escapou, por um triz, ao atentado que vitimou Amílcar Cabral; não se opôs ao golpe do 'Nino' Vieira que depôs, em 1980, governo de Luís Cabral;

José Araújo > Caboverdiano, hábil jurista;

Fidelis Cabral de Almada > Terá sido ele quem, após a morte de Amílcar Cabral, propôs o nome de 'Nino' Vieira para secretário-geral do PAIGC;

Abdulai Bari > [ Não se dispõe de elementos];

Vitor Saúde Maria (1939-1999) > Exilado entre 1984 e 1990;

Manuel Saturnino da Costa (n. 1942) > Virá a ser secretário-geral do PAIGC e depois 1º ministro (1994-1997).

Outras fontes > Vd. blogue do Virgínio Briote > Guiné, Ir e Voltar - Tantas Vidas > 18 de Dezembro de 2008 > PAIGC: alguns dos protagonistas

Vd. ainda postes do Virgínio Briote:

18 de Setembro de 2005 > Guiné 63/74 - P2114: Bibliografia de uma guerra (17): Guiné-Bissau e Cabo Verde, uma luta, um partido, dois países (Parte I)(V. Briote)

24 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2128: Bibliografia de uma guerra (18): Guiné-Bissau e Cabo Verde, uma luta, um partido, dois países (Parte II)(V. Briote)

27 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2136: Bibliografia de uma guerra (19): Guiné-Bissau e Cabo Verde, uma luta, um partido, dois países (Parte III) (V. Briote)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3846: PAIGC Actualités (Magalhães Ribeiro) (2): O nº 54, Outubro de 1973, dedicado à proclamação da independência: pp. 3-4

1. Continuação da publicação da revista mensal PAIGC Actualités, nº 54, Outubro de 1973, um número histórico de que nos foi enviado uma cópia, digitalizada pelo nosso amigo e camarada Eduardo Magalhães Ribeiro, mais conhecido na Tabanca Grande como o pira de Mansoa. (*)

As páginas 3 e 4 foram traduzidas do francês paar português pelo Vasco da Gama, ex-Cap Mil da CCAV 8351, os Tigres de Cumbijã (1972/74).


Imagens: © Magalhães Ribeiro / Luís Graça & Camaradas da Guiné (2008). Direitos reservados.




Guiné-Bissau > Região do Boé > 24 de Setembro de 1973 > "O Comandante Paulo Correia, do Comité Executivo da Luta, primeiro vice-presidente do Conselho de Estado, crava no chão, frente à Presidência, a bandeira nacional" . [Paulo Correia, de etnia balanta, será mais tarde julgado e condenado à morte, sendo executado em 1986, juntamente com o jurista Viriato Pã, um e outro acusados serem os autores morais da tentativa de golpe de Estado, que ficou conhecida como o "Caso 17 de Outubro" ou "A rebelião dos balantas". L.G.]




"A ASSEMBLEIA NACIONAL POPULAR, reunida a 23 e 24 de Dezembro, adopta a primeira Constituição da História do nosso povo.

"O PAIGC permanece como força política dirigente da nossa sociedade.

"O LEMA DO ESTADO DA GUINÉ BISSAU É UNIDADE, LUTA, PROGRESSO.

"O Secretário Geral do nosso Partido inaugurou a ANP, perante a qual apresentou um balanço das realizações do nosso Partido que conduziram às eleições e à convocação da ANP de acordo com os planos estabelecidos pelo nosso saudoso dirigente Amílcar Cabral, principal obreiro de todas as vitórias alcançadas pelo nosso povo.

"O camarada Pereira refere-se também às novas perspectivas que se abrem à nossa luta na Guiné e às Ilhas de Cabo Verde, assim como às pesadas e novas responsabilidades que recaem sobre todos os dirigentes responsáveis e militantes do nosso Partido.

"O Estado da Guiné-Bissau é um Estado soberano, republicano, democrático, anti -colonialista e anti - imperialista e tem como objectivos principais a libertação total do povo da Guiné Bissau e Cabo Verde e a construção da união destes dois territórios através da edificação de uma pátria africana forte e rumo ao progresso. A modalidade desta união será estabelecida após a libertação dos dois territórios de acordo com a vontade popular.

"O Estado da Guiné Bissau fixa como dever sagrado agir no sentido de acelerar por todos os meios a expulsão das forças de agressão do colonialismo português da parte do território que ainda ocupam na Guiné Bissau e no sentido de tornar mais forte a luta nas Ilhas de Cabo Verde, parte integrante e inalienável do território nacional do povo da Guiné Bissau e de Cabo Verde. Nas ilhas de Cabo Verde será criada no momento oportuno a Assembleia Nacional de Cabo Verde, tendo em vista a formação de um órgão supremo da soberania total do nosso povo e do seu Estado Unido: A Assembleia Suprema do Povo da Guiné e de Cabo Verde.

"O Estado da Guiné Bissau considera, como um dos princípios base da sua política externa, o reforço dos laços de solidariedade e fraternidade combativa do nosso povo com todos os povos das colónias portuguesas; solidariza-se com os povos em luta pela sua independência na África, Ásia e América Latina e com todos os povos árabes contra o sionismo.

"O Estado da Guiné Bissau é parte integrante de África e luta pela unidade dos povos africanos, respeitando a liberdade, a dignidade e o direito ao progresso político, económico, social e cultural desses povos".

O Conselho de Estado exerce, nas sessões da A.N.P., as funções que lhe são atribuídas pelas leis e resoluções da própria Assembleia. É responsável perante a A.N.P. e compõe-se de quinze elementos, cujo mandato é de três anos, eleitos, entre os deputados à A.N.P. na primeire sessão da sua legislatura.



Foto: "O Camarada Luís Cabral, secretário geral adjunto do nosso Partido, eleito Presidente do Conselho de Estado, seu representante nas relações internacionais, sendo igualmente o comandante supremo das Forças Armadas Revolucionárias do Povo ( FARP)".



Os deputados à ANP prestam juramento nos termos seguintes: “Juro que servirei com todas as minhas forças no sentido de conseguir os objectivos principais da Constituição: liquidação total do regime colonial, unidade da Guiné Bissau e das Ilhas de Cabo Verde, progresso social”.


Os outros membros do Conselho de Estado:

- Comandante Umaru Djalô, Vice-Presidente

- Comandante Lúcio Soares, membro do C.E.L. [Comité Executivo da Luta], Secretário

- Pascoal Alves, membro do C.E.L.

- Otto Schacht, membro do C.E.L.

- Carmen Pereira, membro do C.E.L.

- Paulo Correia, membro do C.E.L.

- Bacar Gassamá, membro do C.E.L.

- E ainda Sr. El-Hadj Fodé Mai Turé, Sra. Chica Vaz , Sra. Mansaba Sambu, Sr. Wangne Tchuda e Sr. Musna Sambu



Foto: "Em primeiro plano e da direita para a esquerda: Os Comandantes Umaru Djalô, membro do C.E.L. , Vice-Presidente de Estado, João Silva, membro do C.S.L. e Constantino Teixeira, membro do C.E.L., eleito no Conselho de Estado".

_________

Nota de L.G:

2 de Fevereiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3828: PAIGC Actualités (Magalhães Ribeiro) (1): O nº 54, Outubro de 1973, dedicado à proclamação da independência: pp. 1-2

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3828: PAIGC Actualités (Magalhães Ribeiro) (1): O nº 54, Outubro de 1973, dedicado à proclamação da independência: pp. 1-2

Capa da revista mensal, editada em francês, PAIGC Actualités (dedicado à vida e à luta na Guiné e Cabo Verde), nº 54, Outubro de 1973. Título (em cima): "Reunida a 24 de Setembro, na região do Boé, a 1ª Assembleia Nacional Popular da história do nosso povo proclamou às 8h55 GMT o Estado da Guiné-Bissau".

A capa traz em grande plano a imagem de Amílcar Cabral, "o líder muito amado do nosso povo", que foi proclamado "fundador da Nação", tendo passado o dia do seu nascimento (12 de Setembro) a ser feriado nacional.

Imagens da cerimónia de proclamação da independência no Boé. Legenda (em cima): "O comandante João Bernardo Vieira, membro do Secretariado Permanente do nosso Partido, foi eleito Presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP)".


Legenda: "Depois de ter pronunciado as palavras históricas que consagraram o nascimento do nosso Estado, o Presidente da ANP recebeu, de um destacamento das nossas Forças Armadas Revolucionárias do Povo, a bandeira nacional do novo Estado: é constituída por três bandas, de superfícies iguais, sendo uma vermela disposta verticalmente e com uma estrela negra nela afixada. As outras duas bandas estão dispostas horizontalmente, a superior de cor amarela e a inferior de cor verde".

Artigos 28, 29 e 30 da Constituição da República da Guiné-Bissau, relativos à Assembleia Nacional Popular (ANP).


Lista dos restantes deputados eleitos para a presidência da ANP. Entre eles, uma mulher, felizmente ainda hoje viva, Carmen Pereira, uma referência moral do PAIGC e uma lenda viva da luta de libertação, que alguns de nós, portugueses, tivemos o privilégio de conhecer pessoalmente em Bissau, por ocasião do Simpósio Internacional de Guiledje (1-7 de Março de 2008).

Tradução do francês: L.G.

Imagens: © Magalhães Ribeiro / Luís Graça & Camaradas da Guiné (2008). Direitos reservados.

1. O nosso camarada Eduardo Magalhães Ribeiro (o pira de Mansoa, como ele gosta de se chamar) tem-nos enviado alguns documentos digitalizados, respeitantes ao PAIGC. Ele tem espírito de coleccionador e gosta de partilhar com os seus camaradas as coisas interessantes que tem no seu espólio, relativas à Guiné e à guerra que lá travámos.

Vamos começar por apresentar as duas primeiras páginas da revista, em francês, PAIGC - Actualités, nº 54, de Outubro de 1973, e que foi dedicada à proclamação da República da Guiné-Bissau, na região do Boé.

O Magalhães Ribeiro, que trabalha da EDP - Porto, tem desde Etembro de 2008 um blogue > Coisas do MR , dedicado a Operações Especiais / Rangers de Portugal / Guerra do Ultramar.

Na sua mensagem aos editores, ele escreveu:

"Anexo o 2º panfleto desdobrável, emitido pelo PAIGC, com o nº 54 com data de Outubro de 1973, que penso ter sido dos mais importantes, que o mesmo parttido africano publicou durante o período da guerra. Este diz respeito à declaração do Estado da Guiné-Bissau e é formado por 8 páginas. Um abraço amigo do Pira de Mansoa, M.R.".

A divulgação, no nosso blogue, deste material (que no passado as NT consideravam como "propaganda do IN"), tem apenas um intuito informativo, documental, historiográfico e cultural. São documentos que interessam aos nossos dois povos, que partilham uma história e uma língua.

Alguns dos nossos camaradas que nessa época estavam na Guiné deram-se conta do acontecimento (a proclamação unilateral da independência da Guiné-Bissau, por parte do PAIGC) e das suas eventuais implicações, diplomáticas, políticas e militares. Sempre bem informado, o António Graça de Abreu, que era Alf Mil do CAOP1, escreveu o seguinte apontamento do seu diário, na véspera de ir de férias à Metrópole, pela terceira (e última vez):

"Cufar, 26 de Setembro de 1974: O PAIGC declarou ontem a independência. Por aqui nada mudou a não ser que agora, oficialmente, somos nós portugueses quem está a ocupar a pátria deles"... (In Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura. Lisboa: Guerra & Paz. 2007. p. 149).