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sábado, 15 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12719: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (17): Já, em 1970, eu fiz o meu levantamento do património histórico da cidade de Tavira e, à falta de máquina fotográfica, tomei uns apontamentos a tinta da china, de que é exemplo paradigmático o da fachada do nosso querido Quartel da Atalaia (Mário Miguéis, ex-fur mil rec inf, Bissau, Bambadinca e Saltinho, 1970/72)


Tavira, 1 de fevereiro de 2014 > Antigo Convento de Nossa Senhora da Graça, agora pousada (Monumento de Interesse Público).  Localização: Largo Dr. Jorge Correia, Tavira. No meu tempo,era o quartel da Graça... que servia de apoio ao Quartel da Atalaia: enfermaria militar, campo de instrução física, pista de obstáculos... Foi esactivado em 1974. Diz-me o César Dias, que esteve 6 meses em Tavira (no 2º semestre de 1968, no 1º e 2º ciclos do CMS):

"Luís Graça, na Graça deves ter subido aquela corda que nunca mais terminava, quanto a esse das messes [de sragentos e oficiais, no quartel das Olarias,] também nunca la fui."


Foto: © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados


(...) O Convento de Nossa Senhora da Graça, de Tavira é um dos edifícios mais importantes do centro histórico da cidade, pela sua implantação na colina genética, mas também pelo enorme impacto visual na paisagem, destacando-se bem acima da muralha. O edifício religioso veio ocupar uma zona relativamente periférica do primitivo recinto muralhado, onde até ao século XV se localizou a judiaria, precisamente a área oposta à Alcáçova e à principal porta da cidade.

Em 1497, no processo de expulsão dos Judeus que levou à fuga de uns e à conversão de outros, D. Manuel I ordenou a extinção das sinagogas e sua conversão em igrejas ou em edifícios para outros fins. Daqui resultou a desocupação do espaço onde mais tarde Frei Pedro de Vila Viçosa veio a fundar o convento, em 1542, o qual resulta da trasladação de um outro convento que teve vida efémera na praça africana de Azamor.

As obras, todavia, não se iniciaram antes de 1569, dado que os primeiros anos de vida da instituição foram fortemente marcados pela figura de Fr. Valentim da Luz, intelectual que assumia algumas posições protestantes, tendo acabado por ser acusado pela Inquisição e morto num auto de fé em Lisboa.

Dessa primeira construção pouco resta à exceção do claustro, que mantém a estrutura original, de planta quadrangular e realizado a partir de uma conceção renascentista algo erudita, pelo cuidado estilístico colocado na feitura de bases, colunas e capitéis toscanos. Também a igreja, edificada segundo princípios chãos, deve a sua estrutura atual ao primitivo templo da segunda metade do século XVI, embora tenha sido adulterada ao longo dos séculos.

As obras de construção do edifício conventual foram lentas, prolongando-se até ao século XVII. No século seguinte, temos muito poucas notícias acerca da sua história, mas parece certo que o convento entrou precocemente em decadência, uma vez que logo pelos meados do século XVIII é referido em estado ruinoso, muito particularmente o seu claustro.

A campanha barroca do edifício conventual iniciou-se em 1749, precisamente no claustro. Esta intervenção, contudo, respeitou a anterior traça renascentista do espaço, resumindo-se a copiar o modelo de suporte definido pela construção quinhentista.
Diferente foi o caso das alas conventuais, integralmente remodeladas numa grandiosa campanha realizada entre 1758 e 1778. Da responsabilidade do arquiteto algarvio Diogo Tavares, figura marcante da arquitetura do tempo barroco na província, e de Mestre Bento Correia, esta campanha encarregou-se de atualizar as dependências, destacando-se a escadaria monumental e a porta de acesso à hospedaria, com o seu tímpano interrompido por frontão triangular. A qualidade e amplitude desta obra encontram-se bem patentes na grandiosa fachada principal do convento, virada a Sul e organizada simetricamente. Definida a dois registos, possui duas poderosas torres retangulares nos limites, sendo os panos intermédios compostos por grandes janelões de molduração barroca.

A partir de 1839, com a extinção das ordens religiosas, o edifício ficou afeto ao Ministério da Guerra, que aqui instalou sucessivas unidades militares.

Em 2003 o conjunto foi adquirido pela Câmara Municipal de Tavira, e posteriormente cedido à ENATUR, que aí instalou uma Pousada. Esta obra possibilitou a intervenção arqueológica no espaço, processo que permitiu já a identificação de um bairro islâmico material do século XIII. (...)


Fonte: IGESPAR.Reproduzido, com da devida vénia, do sítio da Câmara Municipal de Tavira.


1. Comentário, ao poste P12716, da do Mário Miguéis [ex-Fur Mil Rec Inf, Bissau,Bambadinca e Saltinho, 1970/72; bancário reformado; talentoso cartoonista e artista gráfico; vive em Esposende) [, foto à direita,]:


Caro Luís:

Serve a presente para apresentar enérgicos protestos em relação à peregrina ideia que tiveste de desafiar o Vinhal a falar e a promover um "passatempo literário" sobre as cidades e vilas que mais amadas ou odiadas foram pela malta durante o nosso percurso militar anterior à Guiné, protestos estes igualmente extensivos a esta espécie de crónica ilustrada que dá pelo título de "Gostei de voltar a Tavira", que até já vai na sua "Parte IV". Ora, toda esta acção concertada e insensata está a contribuir para o descalabro do honesto e difícil trabalho em que estou envolvido: chama-se a isto, no mínimo, concorrência desleal.

Para ser mais directo, que é como quem diz,para maus entendedores, informo que estou, de há uns meses a esta parte, a dedicar as minhas horas de maior tranquilidade à reconstituição do percurso militar atrás referido - no que a mim diz respeito, claro está! - que, naturalmente, abarca esta passagem pelas Caldas e por Tavira. Ora, com esta vossa intromissão no tema em causa, sinto-me, com a razão que, por certo, me darás, , prejudicado com este plagiar por antecipação, já que, para além de apresentardes fotografias que há muito tenho gravadas nas minhas "pen-drive" de estimação, chegais ao cúmulo de utilizar adjectivos idênticos aos utilizados por mim mesmo nas legendas e na própria narrativa, de que destaco a palavra "ronceiro", para caracterizar o pobre comboio que, coitadito, tinha que percorrer aquelas linhas de ferro do Oeste, Alentejo e quejandas.

Pois, meu caro, olha que, quanto a vistas de Tavira, já, em 1970, eu fiz o meu levantamento do património histórico da cidade, e, à falta de máquina fotográfica, tomei uns apontamentos a tinta da china, de que é exemplo paradigmático o da fachada do nosso querido Quartel da Atalaia, ao qual me liga um episódio com uma certa graça, que me dispenso de contar, por não ser este o espaço mais adequado,nem eu estar interessado em pôr em causa o interesse futuro dos meus potenciais leitores.

E, pronto, meu caro Luís, depois deste comentário brincalhão, resta-me, agora a sério, agradecer-te a ideia que, em boa hora, te iluminou, e ao Vinhal a pronta sequência que, com o seu próprio contributo e com o contributo de vários dos nossos tabanqueiros - comentadores incluídos - muito tem contribuído para um recordar e esclarecer de pormenores que a minha débil memória já não comporta (refira-se que, tempos atrás, sugeri a inclusão de um consultório no nosso blogue, tipo consultório sentimental da "crónica feminina", onde, periodicamente (publicação quinzenal ou mensal), se pudessem colocar questões de ordem técnica e outras ("quantos recrutas estiveram presentes no 4º turno de 69?!...; a que horas era o toque de alvorada?!..."). Enfim, perguntas singelas às quais não faltariam prestáveis camarigos a dar pronta e correcta resposta - admito que a vaga não era,na altura (e aqui altura tem duplo sentido), a mais favorável.

Daqui a nada, com tanta conversa da treta, aproveito para transcrever este comentário para o meu livrinho em embrião - sempre enche mais uma paginazita!...
Como - não sei porquê - me sinto algo generoso nesta noite de gripe e muita chuva, vou remeter ao Vinhal um dos desenhos que ilustram a minha passagem pelas Caldas, pode ser que ele goste. A ti, não ofereço nada, mas felicito-te pelas belíssimas fotografias que tens vindo a publicar.

Um grande abraço,

Mário Miguéis

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Nota do editor:

Último poste da série > 9 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12699: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (16): Não gostaria de regressar ao passado e muito menos em Tavira (Manuel Luís Lomba, ex-fur mil, CCAV 703 / BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66)