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terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25219: As nossos geografias emocionais (23): O Hospital Militar Principal (HMP), à Estrela, e o Anexo, a Campolide, que eu conheci (Carlos Rios / Rogério Cardoso / Jorge Picado / Antóno Tavares / Armando Pires)

Guiné > Bissau > Hospital Militar 241 > O saudoso Carlos Filipe (Porto, 1950-Lisboa, 2017), radiomontador, CCS/BCAÇ 3872 (Galomaro, 1972/74): esteve internado 32 dias em Bissau, no HM 241, antes de ser evacuado, com hepatite, para o Hospital Militar da Estrela em Lisboa, onde iria permanecer 173 dias...

Foto (e legenda);  © Juvenal Amado (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Eis alguns comentários (que republicamos) de camaradas nossos que conheceram o Hospital Militar Principal (HMP), à Estrela, e o seu anexo, em Campolide, na Rua da Artilharia Um, vulgo "Texas".

Antes, porém, convém lembrar que o HMP era constituído nos anos 60/70 por várias áreas fisicamente separadas (*), incluindo o Anexo, a Campolide, na rua  Artilharia 1.



Figura 1 – Esquema do HMP, evidenciando as três áreas geograficamente separadas:  a área 1 (o "núcleo histórico"), na Calçada da Estrela, contíguo ao Jardim da Estrela; a área 2 (nas traseiras da Basília da Estrela); e a área 3, delimitada pelo início da Av Infante Santo (no sentido descendente) e a Rua de Santo António à Estrela (que inclui o edifício de 12 pisos, a Casa de Saúde da Família Militar, construído já 8 em 1973).  O Anexo, a Campolide, não consta aqui desta figura.

(Com a devida vénia... Fonte: Anuário do HMP de 2004, citado por major Rui Manuel Pereira Fialho, "Alterações na estrtutura do Hospital Militar Principal", Revista Militar n.º 2566 - Novembro de 2015, pp 909 - 918. (Disponível aqui em pdf: https://www.revistamilitar.pt/artigopdf/1064).


Carlos Rios, ex-furriel mil, CCAÇ 1420 (Fulacunda, 1965/67)

(…) Fui dos que passou pelas instalações e sofri as piores atribulações [n]aquelas miseráveis e desumanas instalações, principalmente o anexo (Texas), do Hospital Militar Principal (HMP).

Ali passei seis anos com imensas operações, vindo a ficar estropiado, de 1966 a 72. 

O director era um déspota bem como a maioria do pessoal ligado àquilo que deveria ser o lenitivo para as misérias que nos atingiam mas que afinal se vinha a transformar como que um castigo por termos sido feridos. De tal maneira que já no Depósito de Indisponíveis, onde se encontrava o pessoal em tratamentos ambulatórios, termos sido metidos nas escalas de serviço, como se os doentes em tratamento estivessem numa Unidade.

Imagina um Oficial de dia,  quase maneta,  e eu próprio, já coxo, a fazer o içar da bandeira na porta de armas, vindo ao exterior a comandar a guarda e dar ordens militares para o caso. Fui um espectáculo macabro, eu só consigo andar com uma bengala. Calcula o ridículo.

No decrépito anexo não havia um espaço onde pudessemos ter um bocadinho de lazer, havendo apenas uma horrorosa cantina pequena para largas centenas de todo o tipo de doentes, cegos, amputados, loucos, etc...tudo á mistura. 

Não podiamos estar nas camas depois das nove horas nem sair para o exterior antes das catorze, exceptuando os acamados. Era-nos sugerido, quase obrigado, que não andássemos fardados. 

Enfim atribulações e peripécias dos pobres que eram arrancados às familias para servir alguém. (...) (**)

Rogério Cardoso, ex-fur mil, Cart 643, Águias Negras (Bissorã, 1964/66)

(…) Também eu passei as passas do Algarve no chamado Texas [na Rua da Artilharia 1]. Estive lá de fevereiro de 1966 a meados de 1967.

De facto o Director era uma pessoa intragável, assim como muito do pessoal lá destacado. Voltando ao director, assisti uma vez, ele dar uma bofetada num 2º sarg enf por ele não ter chamado á atenção de um fur mil que estava deitado em cima da cama, pelo meio da manhã. O homem até chorou, pela humilhação sofrida. (…)

 (…) Estou lembrado de mais uma cena humilhante. Nós, sargentos, instalados no anexo Texas,  frequentemente tínhamos consultas no HMP, à Estrela, estou a falar no ano 1966. A deslocação era feita numa carrinha Mercedes, salvo erro de 18 lugares. 

Até aqui tudo bem, mas a nossa vestimenta era pior do que a de um recluso. Calças de cotim com dezenas de carimbos com uma estrela, com os dizeres HMP, camisa branca sem colarinho tipo moço de estrebaria, também com carimbos, casaco cinzento de golas largas (capote cortado a 3/4) e barrete branco de algodão, igual aos que os velhotes usavam para dormir no século XIX, além de sapatilhas brancas.

A nossa vestimenta era mais do que ridícula, os reclusos eram uns "pipis" comparando. Era o tratamento a que os combatentes que tiveram azar, eram sujeitos. (…)  (**)


Jorge Picado, ex-cap mil, CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, na CART 2732, Mansabá e no CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72


(...) No Hospital, Anexo (ou "Texas"),  existente na Rua de Artilharia 1, tive as primeiras visões horríveis, do que me poderia esperar, qualquer que fosse o TO que me saísse na rifa. 

Isto aconteceu talvez nos finais de setembro de 1969, quando estava a frequentar o CPC em Mafra. Aí funcionavam, não sei se outras, as consultas de Ortopedia, para onde fui encaminhado pelo Oficial Médico mil da EPI, face aos problemas da coluna lombar de que já padecia.

Para chegar à zona das consultas tinha de percorrer vários corredores (ou seria só um muito comprido, mas dividido por várias portas?), atulhados com macas ocupadas por estropiados brancos e negros, meio ao "Deus dará". 

Da primeira vez fiquei meio "zonzo" com aquelas cenas e nas seguintes procurava chegar rapidamente ao local olhando par o ar...

Quanto ao Cap Med do QP, chefe da Ortopedia, fiquei com as piores recordações, respondendo-lhe "torto" e chamando-lhe a atenção que não estava a falar para um analfabeto, mas sim para um licenciado como ele, mas isso são outros contos. (...)(**)


António Tavares, ex-fur mil, CCS/BCAÇ 2912 (Galomaro, 1970/72)


 (...) Em Janeiro de 1969 estive internado no anexo do Hospital Militar Principal, Rua Artilharia 1, onde vi e assisti a episódios sem classificação...

Impossível a sua descrição. (...) (**)

Armando Pires, ex-fur mil enf, CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã, 1969/70

(...) Conheci o Hospital Militar Principal, à Estrela, e o Anexo, na Rua de Artilharia Um, a Campolide, em dois momentos diferentes da minha carreira militar: primeiro como internado (Março a Maio de 67) e a seguir como enfermeiro (Junho/67 a Outubro/68).

 Em Outubro iniciei a formação do Batalhão  [BCAÇ 2861] e em Fevereiro parti para a Guiné. 

Vamos ao Hospital. 

(i) A Estrela [HMP], após o início da guerra, foi equipada  com o que de melhor havia e nela trabalhava obrigatoriamente a nata da classe médica portuguesa. 

(ii) O Anexo de Campolide [na Rua Artilharia Um] funcionava como centro de recuperação para os mutilados, para os necessitados de apoio psiquiátrico e psicológico, também como linha de apoio a várias especialidades médicas da chamada "medicina geral", e ainda como "depósito de feridos ou doentes de guerra" em regime ambulatório... porque era preciso criar vagas para os casos mais graces no Hospital Principal.  

Sim, têm razão quase todos os comentários que aqui foram produzidos sobre o Anexo. Decrépito, sem dignididade hospitalar, refeitório de miserável qualidade alimentar e roupas militares próximo da indigência humana. 

Mas, atenção, o chamado serviço 6, no topo norte do Anexo, onde eram recebidos para convalescênça os mutilados, era um lugar à parte. Digno! 

E já agora o pessoal. Por favor, não confundir os militares que ali eram colocados em serviço de linha com o pessoal médico e enfermeiros.

Sim, de acordo, o Director era uma besta! 

E já agora, nada de exageros. Ali não eram despejados cadávares e feridos. Os mortos tinham uma capela enorme para os manter em ambiente de dignidade antes dos funerais. 

Os feridos iam sempre, em primeiro lugar, ao Hospital Principal. 

Muito, mas muito, haveria para dizer. Mas este é apenas o espaço de comentário e pareceu-me haver aqui algum exagero e alguma injustiça. Só isso. As minhas desculpas e o meu abraço,  camarada. (...) (***)

 ____________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 26 de fevereiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25215: As nossas geografias emocionais (22): O antigo Hospital Militar Principal (HMP), Lisboa, Estrela

(**) 1 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8455: Memória dos lugares (156): Texas, o anexo do Hospital Militar Principal, na Rua da Artilharia Um, em Lisboa (Carlos Rios / Rogério Cardoso / Jorge Picado / António Tavares)

(***) Vd. poste de 22 de junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8459: (Ex)citações (142): Em defesa do Hospital Militar Principal (Armando Pires, ex-Fur Mil Enf, CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã, 1969/70)

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16780: Inquérito 'on line' (87): A "batota" que fazíamos quando em operações, no mato: a votação termina no domingo, dia 4, às 18h42... E já temos 28 respostas: "emboscar-se perto do quartel" (50%) é a forma mais referida, seguida de "começar a 'cortar-se', com o fim da comissão à vista" (46%)... Comentários: José Martins, César Dias, Rogério Cardoso



Guiné  > Região do Oio > Bissorã > CART 643/BART 645 (Bissorã, 1964/66) > "Roncos": armas apreendidas ao IN, numa operação com a CCaç 564 . Fotos do álbum do fur mil manut Rogério Cardoso,  A CART 643 teve 7 Cruzes de Guerra e dezenas de louvores. (*)

Fotos (e legendas): © Carlos Brito / Rogério Cardoso (2009). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




I. INQUÉRITO 'ON LINE':

"A BATOTA QUE FAZÍAMOS NA GUERRA"... ASSINALAR UMA OU MAIS FORMAS




Resultados preliminares (n=28 respostas, até ao meio dia de hoje)

As formas mais frequentes de 'batota'...


2. Emboscar-se perto do quartel > 14 (50%)

17. Começar a “cortar-se", com o fim da comissão à vista > 13 (46%)


1.“Acampar” na orla da mata, ainda longe do objetivo  > 9 (32%)

10. Falsas justificações para perda de material  > 9 (32%)

3. “Andar às voltas” para fazer tempo  > 8 (28%)

16. Falsificar o relatório da ação  > 8 (28%)

14. Simular problemas de saúde  > 6 (21%)


As formas menos frequentes de 'batota'...

6. Alegar dificuldades de ligação com o PCV  > 5 (17%)

9. Sobrevalorizar o nº de baixas causadas ao IN  > 5 (17%)

11. Reportar “enganos” do guia nos trilhos  > 5 (17%)

15. Regresso antecipado ao quartel p/ alegados problemas de saúde> 5 (17%)

18. Outras formas  > 5 (17%) 

4. Evitar o contacto com o IN (não abrindo fogo)  > 4 (14%)

7. Enganar o PCV sobre a posição das NT  > 4 (14%)

8. Outros problemas de transmissões  > 3 (10%)

5. Provocar o silêncio-rádio  > 2 (7%)


As formas de 'batota' ainda não referidas...

12. Deixar fugir o guia-prisioneiro  > 0 (0%)

13. Liquidar o guia-prisioneiro  > 0 (0%)


II Os três primeiros comentários dos nossos camaradas (**):



(i) José Marcelino Martins

Por serem muitas as operações desenvolvidas, por muitas subunidades, agora podem contar-se "por muitas" as batotas feitas.

Uma das causas mais apontadas, eram as transmissões que, por "esgotamento dos equipamentos" e as más condições de propagação rádio, [falhavam por vezes].

Ao ler os relatórios das operações, somos obrigados a "relembrar" algumas habilidades.


(ii) Cesar Dias

Na resposta nº 17ª  estão inseridas várias das primeiras, mas era sempre um risco não cumprir o objectivo, principalmente quando as coisas corriam mal e era necessário bater a zona com os obuzes. Isto aconteceu.


(iii) Rogério Cardoso

Pouco tempo depois da chegada à Guiné,  em 1964, soubemos de uma bronca, que se passou numa companhia, pertencente ao BCAV  490, e que serviu de exemplo ao BART 645, Águias Negras. Um comandante de  secção saiu com os seus homens para uma patrulha, mas passados 1 ou 2 km, simularam uma emboscada, sendo "a arma do inimigo a FBP", e claro voltaram para o quartel, que salvo erro era em Farim, a correr.

O cmdt do BCAV 490, Fernando Cavaleiro, que era um grande conhecedor da matéria, quis ir ao local, e assim aconteceu. Deparou com as cápsulas de 9 m/m com a inscrição Braço de Prata [BP] e,  como o crime nunca é perfeito, apanhou o infrator logo à primeira.

Segundo me contaram, mandou reunir a companhia  ou o batalhão  e deu um par de bofetadas no furriel, não sabendo eu se ele foi despromovido ou não.

Ora bem, foi esta história,  que não tenho a certeza se foi veridica, que nos chamou à atenção, e posso garantir que pelo menos a CART 643, cumpriu a 100% todas as ordens do seu valoroso cap.Ricardo Silveira,,,

Só não cumpriu a entrega dos prisioneiros na sede do batalhão,  porque os primeiros apanhámo-los pouco tempo depois com armas na mão, tendo o nome de recuperados. Então eramos nós que faziamos o interrogatório, para as saidas serem o mais rápido possivel.

Portanto o questionário,  para nós,  não se aplica.

PS _ Desculpem, mas acrescento mais, aos militares da CART 643, foram atribuidas 7 Cruzes de Guerra e dezenas de louvores, atribuidos pelo Com de Sector, tudo isto não foi conquistado com "ronha".

_________



(**) Últimos postes da série:

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Guiné 63/74 - P11769: Os nossos médicos (54): Respostas ao questionário: José Colaço (CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) , Fernando Costa (BCAÇ 4513, Aldeia Formosa, mar73 / set74) , e Rogério Cardoso (CART 643 / BART 645, Bissorã, 1964/66)

1. Respostas ao questionário sobre os nossos médicos (*):

José Colaço [, ex-Soldado Trms, CCAÇ 557, CachilBissau e Bafatá, 1963/65]

  Luís, não tenho fontes credíveis que possam contrariar o camarada J. Pardete Ferreira mas,  do que se passou com a minha companhia,  parece-me que em princípio iam quatro médicos por batalhão, porque o que retenho na memória é que em cada companhia ia um médico: no caso da minha companhia fazia parte integrante o tenente médico miliciano Dr. Rogério da Silva Leitão e creio que a 555 também tinha um médico e a 556 também e com a CCS seguia também um médico,  creio que com a patente de capitão.

 Em referência à CCAÇ 556 podes colher informações através do ex-alferes Jorge Rosales e da CCAÇ 555 através do ex-furriel Norberto Gomes da Costa, ambos elementos da tertúlia. 

Quanto à CCS do  batalhão 558,  foi para Moçambique mas sei que se reúnem em almoços anuais de convívio.

Se isto puder ajudar,  faz uso dele.

Um abraço
Colaço

PS - No arquivo geral do exército é possível saber se as companhias iam integradas de médico ou não e o José Marcelino Martins com os conhecimentos que tem e a ajuda da Teresinha,  da Liga dos Combatentes, desenleia essa meada,  de certeza.


Fernando Costa [, ex-fur mil trms, CCS/BCAÇ 4513, Aldeia Formosa, mar73 / set74]

Amigo Luís Graça,

O Batalhão 4513 (Guiné 73/74) só tinha um médico, que estava em Aldeia Formosa. Não havia 3,  como vem  referido no texto.

Fernando Costa
Ex-Furr Mil CCS/BCAÇ 4513

Rogério Cardoso  [, ex-fur mil, CART 643 / BART 645, Bissorã, 1964/66]

Camaradas, vou responder pela ordem:

(i) 4 médicos no Batalhão;

(ii) Ficaram toda a comissão

(iii) Cart 642- Drº Raul Silva, Otorrino-Porto (falecido);

 Cart.643- Dr. Manuel Lourenço R. Campos, Albergaria na Velha:

Cart.644 - Dr. José Luis Barbosa, Espinho;


(iv) Fui consultado várias vezes.

(v) Não havia enfermaria.

(vi) Ao HM 241, fui uma única vez.

(vii)  Sim,  fui evacuado para o HMP, por ferimentos em combate.

(viii) Não.

(ix) Sim,  a população era atendida diariamente.

(x) Centenas,  por mês.
________________


24 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11756: Os nossos médicos (52): Com o pessoal do meu batalhão, partiram, em 24/4/70, no T/T Carvalho Araújo, très alf mil médicos: Vitor Veloso, José A. Martins Faria e Eduardo Teixeira de Sousa (António Tavares, ex-fur mil, CCS/ BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72)

19 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11731: Os nossos médicos (51): O BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) teve pelo menos 4 médicos e prestava assistência à população civil (Benjamim Durães)

18 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11724: Os nossos médicos (50): Os batalhões que passaram pelo setor de Farim tinham um número variável de médicos, de 1 a 4... Quanto ao HM 241, era só... o melhor da África Ocidental (Carlos Silva, 1969/71)

14 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11704: Os nossos médicos (47): Qual era a dotação médica de um batalhão ? Três médicos por batalhão, diz-nos o ex-alf mil méd J. Pardete Ferreira (CAOP1, Teixeira Pinto; HM 241, Bissau, 1969/71)

(...) Questões:

(i) Quantos médicos seguiram com o vosso batalhão, no barco ?

(ii) Quantos médicos é que o vosso batalhão teve e por quanto tempo ?

(iii) Lembram-se dos nomes de alguns ? Idades ? Especiallidades ?

(iv) Precisaram de alguma consulta médica ?

(v) Estiveram alguma vez internados na enfermeria do aquartelamento (se é que existia) ?

(vi) Foram a alguma consulta de especialidade no HM 241 ?

(vii) Foram evacuados para a metrópole, para o HMP ?

(viii) Tiveram alguma problema de saúde que o vosso médico ou o enfermeiro conseguiu resolver sem evacuação?

(ix) O vosso posto sanitário também atendia a população local ?

(x) (E se sim, o que é mais que provável:) Há alguma estimativa da população que recorria aos serviços de saúde da tropa ?...

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10571: (Ex)citações (202): A coragem que muda a vida dos outros (Juvenal Amado)

1. Mensagem do nosso camarada Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), com data de 20 de Outubro de 2012:


A CORAGEM QUE MUDA A VIDA DOS OUTROS 

A coragem é um acto não programável difícil de entender e mais difícil de explicar

Este texto é motivado pelo o último poste do Tony Borié* do qual transcrevo aqui um excerto dedicado ao ex Furriel Roger:

“Estas simples palavras são uma homenagem, em nome daqueles que ele tinha a esperança de salvar, ao atirar para longe a granada, embora já estivesse ferido, com desprezo pela sua própria vida, pois nesse momento sentia o dever da sua responsabilidade como líder, embora já não pudesse mover as suas pernas, destroçadas e cobertas de sangue”. 
Tony Borié

Rogério Cardoso (Roger) junto da sua autometralhadora Paulucha, viatura batizada com este nome em homenagem a sua filha Paula

O heroísmo é um acto não programável, é difícil de entender e mais difícil de explicar. Não tem idade, quem a pratica não é por ser bonito ou feio, não tem boa o má forma física, nem grau académico e por fim não tem causas pois pode-se ser corajoso mesmo numa causa errada.

Tem muitas fardas, mas também existe na ausência delas, não sei se existe algum estudo aprofundado, que daí resulte um padrão que enquadre quem a pratica. É ponto assente que o heroísmo aparece na beira de um rio, no mar em terra, em combate, num salvamento e é sempre um momento de dádiva supremo, porque tem risco da própria vida.

Será heroísmo a ausência do medo? Por outro lado sem o medo também não há heróis. Não faltariam heróis .

Haverá algum treino psicológico para o efeito? Penso que ninguém decide quando vai ser corajoso para além do racional.

“Não há outra saída”
“Não posso deixar o nosso camarada ali”
“Não posso deixar de ir”

Será que a ocasião fará o “ladrão”?

Quantos actos heróicos nasceram de uma certa insensatez, que faz o individuo desprezar as mais elementares regras da sua própria sobrevivência? Há dias a falar com um camarada que combateu na Guiné, contou-me como tinha caído numa emboscada com feridos e um morto. Retiraram deixando o morto no terreno. No quartel reorganizaram-se e formaram um grupo de combate só com voluntários para voltar ao local. Dos tinham caído na primeira emboscada só dois se ofereceram. Ao chegar ao local nova emboscada com mais feridos e mortos, sendo um deles um dos que já tinham caído na primeira emboscada.

O que levou aqueles homens a oferecerem-se para lá regressar?
Solidariedade?
No fundo era-lhes intolerável deixarem os outros irem e eles protegerem-se no quartel?

Em Alcobaça temos um ex combatente da Guiné com várias condecorações e entre elas a Cruz de Guerra. Numa das minhas deslocações lá, tentei falar com ele. Quis saber de viva voz como tinha acontecido, o que tinha sentido e o que o tinha levado a passar de soldado normal, para o patamar dos heróis.

Não quis falar do que lá se passou, o seu estado físico e depressivo denunciam um profundo desgosto pela vida que tem presentemente. Gostaria que ele tivesse falado comigo, porque na altura era ideia minha escrever a sua estória para o blogue. De qualquer forma, sabemos que ele contribuiu com a sua coragem para evitar maiores desgraças para si e seus camaradas.

Talvez ainda faça mais uma tentativa sem melindrar o camarada. Quanto aos nossos heróis muita coisa se poderá escrever sobre eles, é que muitos de nós, devemos muito, a muito poucos.

Diz o Tony no fim do seu texto:
“Felizmente, ainda está vivo [O Roger], e faz parte dos nossos, que cada vez somos menos, os antigos combatentes.”

Eu congratulo-me por ele estar vivo e aproveito para lhe enviar um abraço.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 20 de Outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10549: Do Ninho D'Águia até África (19): Furriel Roger, o Herói

Vd. último poste da série 25 DE OUTUBRO DE 2012 > Guiné 63/74 - P10569: (Ex)citações (201): Não me lixem com o Pifas! (Salvador Nogueira)

sábado, 20 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10550: Parabéns a você (485): Rogério Cardoso, ex-Fur Mil da CART 643/BART 645 (Guiné, 1964/66)

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Notas de CV:

Com o meu pedido de desculpas ao camarada Rogério Cardoso, publico agora o seu poste de aniversário. Em seu lugar apareceu indevidamente o camarada Inácio Silva que não está interessado em festejar o seu aniversário duas vezes no mesmo ano.
O meu muito obrigado ao camarada Manuel Marinho, que mais uma vez me alertou para o meu lapso.

Vd. último poste da série de 20 de Outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10548: Parabéns a você (484): Fernando Súcio, ex-Soldado Condutor Auto do Pel Mort 4275 (Guiné, 1972/74)

Guiné 63/74 - P10549: Do Ninho D'Águia até África (19): Furriel Roger, o Herói (Tony Borié)

1. Décimo nono episódio da narrativa "Do Ninho de D'Águia até África", de autoria do nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), iniciada no Poste P10177.


Do Ninho D'Águia até África (19)

Furriel Roger, o herói!



Lisboa, 10 de Junho de 1966 > Na foto, o Fur Mil Rogério Cardoso*, na fila de trás, assinalado com o círculo, antes de ser condecorado com a Cruz de Guerra. Em primeiro plano, à esquerda, também assinalado com um círculo, o seu Comandante, o Coronel Braamcamp Sobral.
Foto de Rogério Cardoso. Legenda de Carlos Vinhal


O carro dos doentes, como é conhecido no aquartelamento, vai ao hospital, que fica na capital da província, uma vez por semana.

Mais propriamente à sexta-feira.

A viatura é igual a outras que já aqui descrevemos. Quatro bancos corridos descobertos. Se chove, pouca diferença faz, até refresca.

Os doentes, são aqueles que necessitam de tratamento periódico, ou adoecem mesmo, com qualquer enxaqueca, e vão à consulta, previamente marcada. Se for ferimento grave, ou qualquer outra causa de emergência, são evacuados de helicóptero. Pelo menos é o que tem acontecido.

Sempre acompanha a viatura, uma secção de combate, que normalmente viaja em dois jeeps, um atrás e outro na frente. Desta vez, os militares vão mais confiantes, pois quem comanda esta secção de combate é o furriel miliciano “Roger”, era por este nome que era conhecido, um bom guerreiro e líder, entre os militares de acção, e está estacionado num aquartelamento onde quase tudo é improvisado, numa povoação mais a oeste, em plena zona de combate. Neste momento, vai com a G3 numa mão, de pé, em cima do jeep, seguro com a outra mão, a apanhar a aragem fresca no corpo, como de uma dádiva se tratasse.

O Cifra lembra-se, não só pelas mensagens, que na altura lhe passaram pelas mãos, mas o que era voz corrente entre militares de acção, pois este bravo militar, que pertencia a uma companhia do batalhão, cujo comando, estava estacionado no aquartelamento de Mansoa, se não estou em erro era o Batalhão de Artilharia 645, mais tarde, foi considerado um herói, pois foi evacuado, ainda vivo, da zona de combate, com as pernas bastante danificadas, pois uma granada, atingiu-o, não explodiu, e ele ferido com o impacto, ainda teve coragem de arremessar a granada para longe, com receio que explodisse e ferisse os seus colegas, que angustiados e desesperados debaixo de fogo intenso, enquanto tivessem munições, usavam “puta da G3”, alguns gritando, com os olhos vermelhos de fúria e alguma raiva, outros protegendo-se, tentando sobreviver, sem pensarem em mais nada, que não fosse manterem-se vivos.

O furriel Roger foi um dos militares que ficaram no pensamento de muitos, a sua fotografia foi colocada no quadro de honra, que existia no aquartelamento em frente às instalações do comando a que o Cifra pertencia, para exemplo de todos, e em especial de tropas novas, e a sua história faria páginas e páginas. Até foi motivo de uma certa rivalidade, em mensagens trocadas com o comando territorial na capital da província, pois ambos os comandantes, tanto o do comando a que o Cifra pertencia, como o do seu batalhão, o queriam apresentar como sendo seu militar.

A guerra para ele acabou, começou outra guerra, que era a sua possível reabilitação. Depois de tratado, com os meios que na altura havia no hospital da capital da província, foi evacuado para a Metrópole, como então se dizia, de onde andou de hospital em hospital. Mais tarde, depois dessas rivalidades entre comandantes, o comandante do Cifra, propôs uma cruz de guerra ao Roger, que recebeu mais tarde, por altura do dia 10 de Junho, em Lisboa. O furriel Roger, além de ser uma pessoa alegre, e popular, pois tinha uma alegria e entusiasmo contagiantes, era decidido e corajoso, e fazia parte de um grupo que “ia a todas”.

Fotografia do Roger, tirada em plena zona de guerra, na região do Oio, sempre sorridente, sentado numa viatura auto, com o registo MG-21-29. Foto tirada na estrada, rodeada de matas, que naquela altura não era mais que um carreiro, entre Bissorã e o Olossato.

Estas simples palavras são uma homenagem, em nome daqueles que ele tinha a esperança de salvar, ao atirar para longe a granada, embora já estivesse ferido, com desprezo pela sua própria vida, pois nesse momento sentia o dever da sua responsabilidade como líder, embora já não pudesse mover as suas pernas, destroçadas e cobertas de sangue.

Felizmente, ainda está vivo, e faz parte dos nossos, que cada vez somos menos, os antigos combatentes.
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Notas de CV:

(*) Rogério Cardoso foi Fur Mil na CART 643/BART 645 que esteve em Bissorã nos anos de 1964 a 1966

Vd. último poste da série de 16 de Outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10536: Do Ninho D'Águia até África (18): O clima do Equador (Tony Borié)

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10104: O Nosso Livro de Visitas (140): António Rés Borié, ex-1º cabo cripto, Cmd Agr nº 16, Mansoa, 1964/66, camarada da diáspora, vive na Florida, EUA, e procura camaradas do seu tempo


1. Mensagem do nosso leitor (e camarada) António Rés Borié, que vive nos EUA:

De: António Borié [tonisaborie@gmail.com]

Data: segunda-feira, 2 de Julho de 2012 13:52

Assunto: Comando de Agrupamento nº 16, Mansoa, Guiné, 1964/66


Caro camarada, Luis Graça:

Não calcula como fiquei comovido, por saber alguém com coragem, que fez vir ao de cima milhares de vozes de camaradas que passaram por essa guerra colonial do então ultramar português, que nos marcou para o resto das nossas vidas. 


Eu,  António, mais conhecido na guerra, no meu aquartelamento, por "O Cifra", pois era primeiro cabo cifra, fui mobilizado para a província da Guiné, no ano de 1964 onde permaneci até 1966. 

Durante a minha estadia na então provincia, andei por diversas zonas onde a guerra se começava a desenrolar, mas estacionei a maior parte do tempo na vila de Mansoa, onde iniciamos a construção do aquartelamento, que seria no futuro um forte posto avançado, para o interior da província. 

Agora com 70 anos de idade, uma das razões que me faz sobreviver, são as recordações, dessa guerra maldita, onde deixei um dos meus melhores amigos, e que me marcou para o resto dos meus dias. 

Tenho um livro escrito, mas ainda não publicado, onde conto alguns pormenores dessa guerra, que no tempo em que estive na província, estava a começar, e por isso era traiçoeira e imprevista, e nós sem muita preparação, e sem medicamentos de primeira necessidade, sofríamos emboscadas, e algumas vezes mortes, que mais tarde creio que seriam evitadas. 

Gostaria de saber se ainda existem camaradas vivos, que fizeram parte do Agrupamento 16, que esteve na Guiné de 1964 a 1966 em Mansoa. Mais uma vez o felicito pela sua coragem, e com todo o respeito, sou António Rés Borié, estou a viver os meus últimos anos de vida na Florida, nos Estados Unidos, o meu email é: tonisaborie@gmail.com, para onde me pode contactar, se o desejar.


Bem haja.





Blogue do camarada João Valentim, algarvio de Olhão, ex-casapiano, ex-1º cabo escriturário da CCS/BART 645, Mansoa, 1964/66. Este blogue merece uma visita mais demorada... De qualquer modo, trata-se de um contemporãneo do António Borié. Será que ele é capaz de o reconhecer, à distância de quase 50 anos ? O João Valetim tem mais oito (8) blogues, além deste...




Guiné > Região do Oio > BART 645 (1964/66) > "As trazeiras da Igreja. Um dos poucos edifícios de pedra e cal e talvez o mais alto."






Guiné > Região do Oio > BART 645 (1964/66) > "Mansoa , 1965. O depósito de água dentro do quartel".


Fotos (e legendas): João Valentim (2009) (Com a devida vénia...)


2. Comentário do editor:

Querido camarada Tony (julgo que é assim que te tratam na Florida): Antes de mais, tenho que te bater a pala!...Para já. entre camaradas, tratamo-nos por tu, o que simplifica muita coisa... Por outro lado, a antiguidade,  aqui, no nosso blogue,  é apreciada e respeitada. Pouca gente do teu tempo (, comparativamente com os mais novos, os piras da 1ª metade de 1970...)  se sente afoita para aparecer por estas bandas, contando as suas histórias, as suas alegrias e as suas mágoas... 

Com 70 anos e a  viver na Florida, és um jovem! Nada de discursos derrotistas ou pessimistas. Espero que tenhas muita saúde, longa vida e os dólares suficientes para viveres a tua 4ª idade com dignidade e qualidade...


Fico orgulhoso de ti e da tua ousadia de escrever um livro sobre a tua experiência de guerra na Guiné, há meio século atrás... Ficas desde já convidado a integrar a nossa Tabanca Grande: como mandam as regras, basta-te mandar duas fotos digitalizadas, uma do teu tempo de tropa (pode ser de Mansoa) e outra atual, da Florida...  Se assim o entenderes, tens o lugar nº 564 à tua espera, debaixo do frondoso e fraterno poilão da nossa Tabanca Grande. Como vês, já somos mais do que um batalhão...

Manda-nos também um a pequena história passada lá na região do Oio... O facto de teres sido cripto também significa que tivestes acesso a informação outrora classificada... Há coisas que estás muito mais à vontade para partilhar hoje, com todos os teus camaradas, quer os do teu tempo (1964/66) quer os piras que fecharam a guerra... 



Infelizmente não encontro ninguém do teu Comando de Agrupamento nº 16... Mas sobre Mansoa temos mais de 250 referências... E, em contrapartida, encontrei, por aí, o João Valentim, que foi 1º cabo escriturário da CCS/BART 645, e que portanto esteve contigo em Mansoa, na mesma época. Dá uma espreitadela ao blogue dele, onde há muitas fotos dele, nessa época. Vê se te lembras dele e dos sítios...


Por certo que vamos encontrar gente que esteve nessa época contigo, embora pertencente a outras unidades... Ficas também à vontade para publicar, no nosso blogue, alguns excertos do teu livro. Seria uma honra para nós. E vais ter aqui os teus mais entusiastas e apaixonados leitores. Isso garanto-te eu. Já saíram daqui, no nosso blogue, diversos livros e aqui nascem bons e grandes escritores... Pensa nisso. Recebe um grande abraço. E até à próxima. LG


PS 1 - O Comando de Agrupamento nº 16 foi mobilizado pelo RI 1. Partiu para o TO da Guiné em 23 de maio de 1964 e regressou a 14 de maio de 1964. Nesse tempo cumpriam-se dois anos de comissão... Esteve em Bissau e em Mansoa. Foi seu comandante o cap inf José Augusto Henriques Monteiro Torres Pinto Soares.


PS 2 - Sobre o BART 645 (´"Águias Negras") temos mais de 20 referências no nosso blogue. Sabemos que o seu pessoal há mais de trinta anos.O mais ativo dos seus representantes no nosso blogue é o Rogério Cardoso (ex-Fur Mil, CART 643/BART 645, Bissorã, 1964/66).


Mobilizado pelo RI 1, o BART 645 partiu para a Guiné em 4 de março de 1964 e regressou a 9 de fevereiro de 1966. Esteve em Bissau e em Mansoa. Teve dois comandantes: ten cor art António Braamcamp Sobral, e maj art Raul Pereira Baptista. Subunidades de quadrícula: CART 642 (Mansoa, Mansabá, Bissau(, CART 643 (Mansabá, Bissorã, Bissau) e CART 644 (Mansabá, Mansoa).
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Nota do editor:


Último poste da série > 15 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10034: O Nosso Livro de Visitas (139): Investigação sobre Guiledje (TCorEng José Berger)

sábado, 28 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9820: O Nosso Livro de Visitas (134): Rogé Henriques Guerreiro, que vive em Cascais, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 4743 (Gadamael e Tite, 1972/74)






VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> O Jorge Rosales, régulo da Tabanca da Linha, e a Giselda Pessoa.

Foto: © Manuel Resende (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados




1. Telefonou-me ontem o Rogé Henriques Guerreiro, que vive em  Cascais, manifestando o seu desejo de entrar na Tabanca Grande. Conhece o Fernando Santos (ex-militar da Marinha, segundo percebi, que terá passado também pelo TO da Guiné) e o Rogério Cardoso, os quais têm insitido com ele para entrar para o blogue. Ainda não se sente muito à vontade com o computador e a Internet. A mulher tem ido à nossa página no Facebook. Disse-me que ela tinha enviado o pedido para lá...


Mas vamos por partes: o Rogé é algarvio de Albufeira, mas vive há mais de meio século em Cascais. Foi 1º cabo cripto da açoriana CCAÇ 4743 (Gadamael e Tite, 1972/74). Ele esteve lá, na batalha de Gadamael. "Felizmente está vivo", mas  como cripto  passou mensagens com "mais de vinte nomes" de camaradas mortos, ou com pedidos a Bissau de caixões. Ele estava lá em maio/junho de 1973. Conheceu o inferno de Gadamael, os ataques, a vida nas valas, as deserções, etc. Esteve com os páras. Eram abastecidos por LDG. Tem histórias para contar. A companhia era conhecida por "meninos de Gadamael".  O essencial do pessoal era dos Açores, só os quadros e os especialistas é que eram metroplitanos. Por essa razão o pessoal não se tem reunido ou nunca reuniu.


Palavra puxa palavra, disse-me que tinha jogado à bola, não só em Cacine (faziam jogatanas entre os açorianos de Gadamael contra os madeirenses de Cacine, "parece que só mandavam madeirenses e açorianos lá para o sul"...) como em Cascais. É daqui, da bola, que conhece - embora sem qualquer intimidade - o nosso camarada Jorge Rosales. Falei-lhe da Tabanca da Linha, de que o Rosales é o régulo. Quem, de resto,  não conhece o grande Rosales,  em Cascais ? 


Bom, dei-lhe as dicas para ele entrar no blogue. Aguardo as fotos da praxe. A sua história fica já aqui meio alinhavada. Conta-me que estava inicialmente moblizado para a Angola. Um chico qualquer deu-lhe uma porrada, apanhou dez dias de detenção, o que mudou a sua vida: foi parar à Guiné... e a Gadamael. Também andou por lá perdido, indo a pé até Cacine (se eu bem percebi). Foram depois para Tite, na segunda parte da comissão. Falei-lhe do COP 5 e do Coutinho e Lima, que ele conhecia de nome. Já leu o livro dele. 


Disse-lhe que, infelizmente, temos ainda poucas referências à sua companhia, a CCAÇ 4743. Esperamos que ele contribua para colmatar essa lacuna. Sê bem vindo, Rogé, à nossa Tabanca Grande!
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Nota do editor:


Último poste da série > 24 de  abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9799: O Nosso Livro de Visitas (133): Maximino Guimarães Alves, ex-Radiotelegrafista do STM (Bissau, 1972/74)



domingo, 25 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9267: O nosso sapatinho de Natal: Põe aqui o teu pezinho, devagar, devagarinho... (10): Mensagens de Diana Andringa, Afonso Sousa, José Romão, Júlio César, José Belo, Eduardo Campos, Vacas de Carvalho, Ernestino Caniço e Rogério Cardoso

MENSAGENS DE NATAL DOS NOSSOS CAMARADAS E AMIGOS

1. Da nossa tertuliana, jornalista, Diana Andringa:

Obrigada, Carlos e Dina – e aproveito a “boleia” para desejar a todos Boas Festas e que o Ano Novo seja o melhor possível.

Diana Andringa

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2. Do nosso camarada Afonso Sousa, ex-Fur Mil Trms, CART 2412, Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70:

Aos meus estimados amigos:
Quero desejar-vos um bom Natal no seio das vossas famílias, que o passem com alegria, paz, felicidade e esperança num tempo melhor.

Para todos vós, Boas Festas. Feliz Ano Novo.
Afonso Sousa


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3. Do nosso camarada José Romão, ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, e CCAÇ 16, Bachile, 1971/73:

Desejo a todos os meus amigos e familiares
Um Feliz Natal e um próspero Ano Novo de 2012.

Zeca Romão


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4. Do nosso camarada Júlio César, ex-1º Cabo, CCAÇ 2659/BCAÇ 2905, Cacheu, 1970/71:

Postal de Natal diferente...
...para recordar!

Boas Festas, Feliz natal e próspero Ano Novo para toda a família, são os votos sinceros do Júlio e esposa

Abraços
Júlio César


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5. Do nosso camarada José Belo, ex Alf Mil Inf da CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70, actualmente Cap Inf Ref, a viver na Suécia:

Desde este "extremo do extremo" Norte da Europa, os Votos de um Feliz Natal e Bom Novo Ano para os Camaradas da Guiné e suas Famílias.

Um grande abraço do
José Belo


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6. Do nosso camarada Eduardo Campos, ex-1º Cabo Trms da CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, 1972/74:

Olá, amigos/as.
Como é Natal, e um novo ano vai começar, não queríamos deixar de vos desejar as Boas Festas. Aproveitamos a ocasião para vos desejar um Feliz Natal e Próspero Ano Novo.

Abraços e beijinhos. Festas Felizes.
Eduardo Campos e Manuela


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7. Do nosso camarada José Luís Vacas de Carvalho, ex-Alf Mil Cav e Comandante do Pel Rec Daimler 2206, Bambadinca, 1970/72:

A todos os meus amigos e suas famílias desejo um Natal Feliz e Boas Festas.


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8. Do nosso camarada Ernestino Caniço, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Rec Daimler 2208, Mansabá, Mansoa e Bissau, 1970/72:

Para todos os camarigos votos de


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9. O nosso camarada Rogério Cardoso, ex-Fur Mil, CART 643/BART 645, Bissorã, 1964/66:

Apresenta aos camaradas combatentes da Guiné, e a todos os familiares, os votos de Natal feliz e um Ano 2012 com a chamada crise aliviada.

Um abraço amigo
Rogério Cardoso
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 25 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9266: O nosso sapatinho de Natal: Põe aqui o teu pezinho, devagar, devagarinho... (8): Votos de um novo ano, prenhe de esperanças renovadas, com duas sugestões de leitura (Cherno Baldé)

sábado, 29 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8962: Notas soltas da CART 643 (Rogério Cardoso) (26): Calções da ordem



1. Em mensagem do dia 28 de Outubro de 2011 o nosso camarada Rogério Cardoso (ex-Fur Mil, CART 643/BART 645, Bissorã, 1964/66) enviou-nos esta Nota Solta da CART 643:


NOTAS SOLTAS DA CART 643 (26)

CALÇÕES DA ORDEM


1965-Pista de Bissorã - DO 27


Sabemos perfeitamente que a rapaziada nunca gostou de cumprir o regulamentado pelas Chefias Militares. Estava na vulgarmente chamada "massa do sangue" gostar de fazer o contrário e deste modo marcar a
diferença.

Isto vem a propósito do uso de calções, que no meu tempo da chamada farda amarela, e que segundo o permitido, o seu comprimento deveria ficar a 4 dedos de travessa do joelho, ficando a meia também a 4 dedos de travessa, da parte inferior do referenciado joelho, assim deste modo a zona a descoberto seria muito reduzida.

Com o passar do tempo, a malta começou a encurtar os ditos calções, e se olharmos com alguma atenção no Blogue, com certeza aparecem alguns.

Do pequeno encurtar ao exagero foi um instante, cada um aparecia com os calções mais curtos, que mais pareciam "fatos de banho", uns largos na perna, outros apertados, enfim uma variedade que seria como
vulgarmente se diz - cada cor seu paladar.

Também o uso de cuecas parecia ter os dias contados, sendo o calor o principal culpado.
As noites em meados de Abril de 1964, antes da ida dos Águias Negras para as bandas do Oio, eram passadas na esplanada do Bento, beber uma cerveja, um leite com chocolate ou outra bebida era o normal, além da cavaqueira.

A postura habitual era o traçar de pernas, e eis que com a eliminação da cueca e o encurtamento dos calções, por vezes os "apêndices" tentavam saltar para o exterior, talvez para apanhar um pouco de ar, o
fresco da noite, ou por outros motivos que só eles sabiam.

Aí começaram os problemas, pois a esplanada também era frequentada por senhoras, que estavam em grupo de amigos ou mesmo com os maridos militares sediados em Bissau.

O facto era reparado, havia as que achavam piada pelo descaramento, outras, na sua maioria, com um olhar reprovativo fuzilavam quem tinha esse descaramento.

A partir de então presumo que a PM tivesse tido algum trabalho, não sabendo nós qual o resultado final, motivado pela nossa ida para Bissorã, Mansabá e Mansoa, que durou praticamente até ao embarque para
a Metrópole em Fevereiro de 1966.

Rogerio Cardoso
Ex-Fur.Mil.-Cart.643-AGUIAS NEGRAS
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 14 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6731: Notas soltas da CART 643 (Rogério Cardoso) (25): O meu Irmão Álvaro