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sexta-feira, 14 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17583: (De) Caras (83): Gente boa, brava e chã da Tabanca dos Melros em dia de apresentação das "Memórias Boas da Minha Guerra", volume II, do José Ferreira: restaurante "Choupal dos Melros", Fânzeres, Gondomar, 8 de julho de 2017 - Parte I (Fotos e texto: Luís Graça)


Foto nº 1 > Gondomar > Fânzeres > Quinta dos Choupos > Restaurante Choupal dos Melros > Tabanca dos Melros > A bandeira da Tabanca dos Melros e o seu régulo Carlos Silva. Esta tabanca alberga os ex-combatentes naturais do concelho de Gondomar, como é o caso do Carlos Silva, embora viva em Massamá, concelho de Sintra; acolhe naturalmente todos os demais combantentes da região, de todo Norte, e de todo o Portugal d'aquém e d'além mar; reune-se todos os segundos sábados de cada mês.


Foto nº 2 > A Tabanca dos Melros está sediada na Quinta dos Choupos, restaurante Choupal dos Melros.  É um belíssimo complexo, inserido numa quinta que há foi em tempos uma das maiores e melhores casas agrícolas da região. Por herança, está na posse do nosso grã-tabanqueiro Gil Moutinho, ex-fur nul piloto aviador  BA12, Bissalanca, 1972/73, anfitrião e outro dos  régulos da Tabanca dos Melros. O Gil mantém a parte agrícola e faz a gestão do restaurante, especializado em eventos (casamentos, batizados, festas...). Abre, ao público, aos domingos.



Foto nº 3 > Há já um pequeno nucleo museológico sobre a guerra colonial, constituído por objetos (fardas, guiões, crachás, bandeiras, mapas, medalhas, fotografias, e até armas) doados por antigos combatentes. Um dos mais entusiásticos e generosos doadores tem sido o Rui Vieira Coelho, ex-alf mil médico que esteve integrado nos BCAÇ 3872 e  BCAÇ 4518 (Galomaro, 1973/74).



Foto nº 4 > Mais uma peça de museu: o saco de viagem da TAP oferecido aos militares que vinham de licença de férias à metrópole. Oferta do Carlos Silva.


Foto nº 5 > Outra peça de museu, a farda (amarela) do nosso grã-tabanqueiro, Santos Oliveira



Foto nº 6 > A placa de homenagem do Jorge Teixeira (Portojo) (1945-2017), o "bandalho-mor" do Bando do Café Progresso, que prematura nos deixou. Era um dos mais entusiásticos frequentadores da Tabanca dos Melros, seu cofundador e editor do respetivo blogue, juntamente com o Carlos Silva e o Carlos Vinhal.


Foto nº 7 > Um dos muitos sítios aprazíveis da quinta: uma latada de "americano"...




Foto nº 8 > O antigo "quinteiro" da Quinta dos Choupos, onde estão alojados vários serviços de apoio ao restaurante Choupal dos Melros.


Foto nº 9 > A moderna cozinha do restaurante, com fogão... a lenha!... Tudo o que saí daqui é tem o sabor tradicional da nossa melhor cozinha regional portuguesa....



Foto nº 10 >  Gondomar > Fânzeres >Tabanca dos Melros > 8 de julho de 2017 > Sessão de apresentação do II Volume do livro "Memórias Boas da Minha Guerra", de José Ferreira (Lisboa, Chiado Editora, 2017) > Aspeto da decoração da sala (um telheiro) onde foi apresentado o livro: um manequim, com a farda nº 2, e as divisas de furriel, e uma pistola metralhadora Uzi (réplica)... A decoração esteve a cargo do nosso grã-tabanqueiro Ricardo Figueiredo, que tem um sonho: construir uma réplica de um aquartelamento de uma subunidade de quadrícula (companhia), típico do TO da Guiné, no âmbito do seu ambicioso projeto Museu Vivo da Guerra Colonial.



Foto nº 11>  Gondomar > Fânzeres >Tabanca dos Melros > 8 de julho de 2017 > Sessão de apresentação do II Volume do livro "Memórias Boas da Minha Guerra", de José Ferreira (Lisboa, Chiado Editora, 2017) > Aspeto geral da assistência



Foto nº 12 >  Gondomar > Fânzeres >Tabanca dos Melros > 8 de julho de 2017 > Sessão de apresentação do II Volume do livro "Memórias Boas da Minha Guerra", de José Ferreira (Lisboa, Chiado Editora, 2017) > O anfitrião, Gil Mourinho, tendo ao lado as esposas dos nossos camaradas Carlos Vinhal e Carlos Silva.


Foto nº 13>  Gondomar > Fânzeres >Tabanca dos Melros > 8 de julho de 2017 > Sessão de apresentação do II Volume do livro "Memórias Boas da Minha Guerra", de José Ferreira (Lisboa, Chiado Editora, 2017) > Um dos oradores, o Jorge Teixeira, chefe do Bando do Café Progresso, fazendo o elogio do autor (o Zé Ferreira, em segundo plano) e da obra. É um camarada de fino trato e humor à moda do Porto. tal como de resto o outro Jorge Teixeira, de alcunha, Portojo (1945-2017).

(Continua)

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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Nota do editor:

Último poste da série > 29 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17522: (De) Caras (88): O fur mil inf Hércules Arcádio de Sousa Lobo, natural da ilha do Sal, Cabo Verde, foi gravemente ferido pelo primeiro fornilho acionado no CTIG, às 9h00 do dia 3 de julho de 1963, na estrada São João-Fulacunda, vindo a morrer no HMP, em Lisboa, no dia 16, devido às graves queimaduras. Eu era o comandante da coluna (António Manuel de Nazareth Rodrigues Abrantes, ex-alf mi inf, CCAÇ 423, São João e Tite, 1963/65)

domingo, 14 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17355: In Memoriam (297): Homenagem póstuma a Jorge Teixeira, na Quinta dos Melros, sede da Tabanca dos Melros, ontem, dia 13 de Maio de 2017 (Carlos Vinhal)



HOMENAGEM PÓSTUMA A JORGE PORTOJO
TABANCA DOS MELROS
13 DE MAIO DE 2017

O segundo sábado de cada mês é dedicado ao Convívio da Tabanca dos Melros. O dia de ontem, 13 de Maio de 2017, foi diferente porque o habitual almoço foi antecedido por uma pequena, mas sentida, homenagem ao malogrado camarada Jorge Teixeira (Portojo), Secretário General do "Bando do Café Progresso, das Caldas até às Guiné", recentemente falecido.

A iniciativa partiu de dois camaradas, o Dr. Rui Vieira Coelho e o Luís Bateira, à qual se juntou a "Tabanca dos Melros" e demais camaradas da Guiné que habitualmente frequentam a Quinta dos Melros nestes sábados de saudável convívio.

Do momento ficam estes instantâneos registados pelos camaradas presentes:

Quinta dos Melros, 13 de Maio de 2017 - A primeira intervenção esteve a cargo do Dr. Rui Vieira Coelho

Quinta dos Melros, 13 de Maio de 2017 - A segunda intervenção foi patrocinada pelo Jorge Teixeira, Presidente dos Bandalhos

Quinta dos Melros, 13 de Maio de 2017 - A lápide foi descerrada pelos responsáveis da Tabanca dos Melros e do Bando do Café Progresso, respectivamente Carlos Silva e Jorge Teixeira


Os textos lidos, a lápide que perpetua a memória do Jorge Portojo  (1945-2017)e a bandeira dos Melros


A lápide


Os textos lidos

Os dois mentores da iniciativa: Luís Bateira e Rui Vieira Coelho

OBS: O Dr. Rui Vieira Coelho exibe na lapela o pin (crachá) da Tabanca Grande oferecido momentos antes pelo editor deste Blogue ali presente.


Parte dos presentes durante o almoço


Intervenções do Dr. Rui Vieira Coelho e do Presidente Bandalho, Jorge Teixeira 
Vídeo da autoria de Carlos Silva
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Nota do editor

Último poste da série de 14 de Maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17353: In Memoriam (296): Clara Schwarz (1915-2016), a "mulher grande", foi homenageada pelas Rádios Sol Mansi e Voz de Klelé... As suas cinzas repousam finalmente ao lado do seu filho mais novo Carlos Schwarz da Silva, 'Pepito' (1949-2014) e do seu "cretcheu" Artur Augusto Silva (1912-1983) (Catarina Schwarz, neta)

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Guiné 61/74 - P17288: Parabéns a você (1244): Rui Vieira Coelho, ex-alf mil médico, CCS/BCAÇ 3872 (Galomaro, 1971/74)... "Desejo-lhe um dia muito feliz junto dos seus e sábado no nosso almoço anual, desta vez em Fátima, vamos cantar-lhe os parabéns e beber um copo à sua saúde" (Juvenal Amado)


Guiné > Zona Leste > Guiné > Zona leste > Setor L5 (Galomaro) >  BCAÇ 3872 (1972/74 > Saltinho > 1973 > O alf mil médico num dos rápidos do Rio Corubal. Integrou o BCAÇ 3872 (1972/74) e o BCAÇ 4518 (1973/74).
Foto (e legenda): ©  Rui Vieira Coelho  (2014). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Galhardete do BCAÇ 3872 (Galomaro, 1972/74)


Convívio > 8 de maio de 2016 > Os drs. António Pereira Coelho e Rui Vieira Coelho, à esquerda e ao centro; o  Juvenal Amado, à direita.


Foto (e legenda): © Juvenal Amado  (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso camarada Juvenal Amado, com data de hoje, às 16h38:

O dr Vieira Coelho que prestou serviço no BCAÇ 3872 [, Galomaro, 1971/74], faz hoje anos mas eu só agora soube.

Ele substituiu o dr António Pereira Coelho,  um grande homem, que teve como substituto outro grande homem, que também não foi só o médico do batalhão, foi um amigo numa amizade que se prolongou até aos dias de hoje. (*)

Desejo-lhe um dia muito feliz junto dos seus e Sábado no nosso almoço anual, desta vez em Fátima, vamos cantar-lhe os parabéns e beber um copo à sua saúde. (**)
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(**) Vd. poste de 14 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17136: Convívios (782): XXII Encontro do Pessoal do BCAÇ 3872, dia 29 de Abril de 2017, em Fátima (Juvenal Amado)

sábado, 15 de abril de 2017

Guiné 61/74 - P17247: In Memoriam (295): Mário Vasconcelos (1945- 2017), ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, COT 9 e CCS/BCAÇ 4612/72, Mansoa, e Cumeré, 1973/74.... O velório é hoje na ipreja das Dominicas, Guimarães


O Mário Vasconcelos, foto recente, do Juvenal Amado



O Mário Vasconcelos é o primeiro da direita. Foto de Juvenal Amado (o terceiro a contar da direita)... O Eduardo Campos é  o primeiro da esquerda.





1. Mensagem do Juvenal Amado com data de ontem, às 23h32:

Este ano está a ser terrível pois não paramos de ser confrontados com o desaparecimento físico dos nossos camaradas.

O nosso camarada Mário Vasconcelos que foi alferes transmissões no batalhão 3872 ( substituto do ex alferes Mota, falecido com 10 meses de comissão) acaba de nos deixar hoje pelas 19 30 horas.

Ele tinha avisado na nossa página do Facebook que se ia submeter a uma operação cirúrgica e que contava estar bem para o nosso almoço anual.

Infelizmente não foi assim.

À família enlutada quero desde já deixar os meus mais sentidos pêsames, Ele que Fique em paz e que terra lhe seja leve.

Juvenal Amado



2. Mensagem do Rui Vieira Coelho na página do Facebook da Tabanca Grande:


Caro Luis Graça:  o ex-allferes Mario Vasconcelos, oficial de transmissões do BCAÇ  3872, sito em Galomaro,  Guiné, 1972/74, faleceu hoje na cidade de Guimarães, pelas 17horas e trinta minutos do dia 14 de Abril de 2017 . Paz á sua Alma.

3. Comentário do editor LG:

Infelizmente, a triste notícia foi-nos confirmada pelo filho, Nuno Vasconcelos, devendo o velório ser feito hoje, sábado, na capela das Dominicas em Guimarães. O nosso camarada Mário Vasconcelos era casado, vivia em Guimarães, era prof ref da Escola Secundária Escola Secundária Francisco de Holanda. Estudou Engenharia Electrotécnica em Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto; tinha andado a escola Escola Secundária Francisco de Holanda.
No CTIG, foi alf mil trms,   CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, COT 9 e CCS/BCAÇ 4612/72,Mansoa, e Cumeré, 1973/74.

Tem 37 referências no nosso blogue.

Em nome da Tabanca Grande, apresentamos à família e aos amigos e camaradas mais próximos as nossas  condolências.

PS - Informação adicional do Juvenal Amado:  "O Mário Vasconcelos nasceu, segundo informação do ex-furriel transmissões Rui Marques, em 29 de Outubro de 1945. portanto faria em Outubro 72 anos de idade."


quinta-feira, 19 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16110: Convívios (747): Almoço do pessoal da 3872, onde se encontraram dois grandes médicos, o Dr. Pereira Coelho e o Dr. Rui Vieira Coelho (Juvenal Amado)

 

1. Mensagem nosso camarada Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), com data de 11 de Maio de 2016, com o rescaldo do Convívio do pessoal do BCAÇ 3872, ocorrido no passado dia 8:


Almoço do 3872

No dia 8 de Maio realizou-se mais um Encontro da CCS do 3872 onde se juntaram alguns elementos em especial da 3491 - Dulombi e 3490 - Saltinho, que já vão sendo hábito marcar presença. Não foi dos mais concorridos pois vão as preferências geográficas do pessoal participante por de zonas mais ao centro do país.

Foi no entanto um grande convívio, onde inesperadamente revi camaradas que já não via há muito tempo e presenciei reencontros de camaradas, que por estranho que pareça, não se reconheceram. O Cabo Enfermeiro Correia não reconheceu o Cabo Enfermeiro Catroga. Valeu a pena ver a estupefação genuína após a minha pergunta para adivinhar quem ali vinha. Ele não conseguiu reconhecer até eu desvendar o segredo. Depois, foi o que se esperava com abraços e conversas de nunca mais acabar.

O almoço foi bem condimentado com as nossas recordações como de costume. Também de costume se falou dos ausentes, reviveram-se as estórias com nuances e versões, que o tempo burilou onde o mesmo acontecimento é contado de várias formas.
Mas que interessa isso? Não se está a escrever a História mas sim a relembrar estórias.

A talhe de foice, acabou por vir à baila um dos nomes mais acarinhados, que por doença não pode estar presente.
Todos os que lidaram com ele têm estórias mirabolantes de que foi protagonista e como dava a volta ao tenente, que tinha por ele uma estima paternal.
Falo do Alfredo (estofador), que era um daqueles camaradas que tinha sempre uma piada, uma partida e sendo ele de riso fácil, o tornava contagiante espalhando-o pela assistência.

Em conversa com o primo, que foi furriel da ferrugem e por conseguinte superior no nosso pelotão, a respeito da doença (AVC) que o acometeu, diz este:
- ”O estofador não fala o que é uma grande injustiça”.

Como grande comunicador que era, ao perder o dom da fala, fica limitado no poder que tinha para espalhar a sua boa disposição. A sua forma de se expressar, com tiques de malandragem lisboeta, fazia dele uma companhia sempre desejada.

O tenente tinha-se arvorado em “padrinho” e protector. Passava a vida a ralhar por tudo e por nada. Mandava-o chamar a todo o momento para as tarefas mais disparatadas, facto esse que motivava o desaparecimento do “estofa” por largos períodos das vistas do nosso tenente. Mas o nosso superior deitava a mão a qualquer um que passasse junto à secretaria, mandava-o chamar a toda a hora e a todo o momento. Também lhe cortava a idas a Bafatá, o que motivava que ele se desenfiasse para a bolanha e aí apanhava boleia da coluna onde tinha sido proibido de participar.
Tal exagero quase perseguição, veio-se a saber que se devia à promessa do Alfredo “estofa”, de vir a integrar a Guarda-Fiscal, ou Republicana, após a desmobilização. E assim o tenente garantia que o nosso extrovertido camarada não apanhasse alguma porrada, que lhe sujasse a folha de serviços.
Nesse jogo de “sedução” o Alfredo tinha o que queria do tenente, mas também lhe tinha que aturar as reprimendas.

Assim se chegou ao fim da comissão sem que o “estofa” assinasse os benditos papeis que o tornaria membro dessas pouco prestigiadas, na altura, forças da ordem.

Já tínhamos os carros preparados com a bagagem para rumar ao Xime e embarcarmos para Bissau. A cerveja corria a rodos e todos bem bebidos, lá andava o tenente à procura do arredio camarada que não queria de maneira nenhuma ser apanhado e assinar os tais papeis.

Mas o imponderável aconteceu e o bem bebido Alfredo, entre a enfermaria e o edifício do comando, dá-se de frente com o até ali “benfeitor”. Levou um ralho a que os vapores do álcool fizeram responder assim mais ao menos:
- Raios parta o homem, que não larga da mão!
- O que é que disseste? Queres ver que levas já nas trombas?

O Alfredo embalado como estava e com voz distorcida responde:
- Dê-me sim, que logo vê o que lhe acontece!

O tenente ficou estarrecido. Era impensável o que acabara de ouvir do seu protegido. Desta vez, o nosso camarada tinha transposto a barreira do inaceitável até de um pai para filho.
A coisa ia acabar mal e logo chamamos o Alfredo à razão, que entre os vapores do álcool começou a aperceber-se do que tinha acabado de fazer. No dia seguinte partiríamos logo cedo para o Xime e urgia que o “estofa” arranjasse forma de pedir desculpa ao tenente, atribuindo que não sabia com quem estava a falar, pois para além dos copos, ali entre as viaturas carregadas estava escuro, etc. etc. etc.
Escapou à justa. O tenente não deve ter engolido as desculpas esfarrapadas e assim se acabou a amizade, bem como a entrada do Alfredo para a GNR ou congénere Guarda-Fiscal.
Parece que ainda vejo o Alfredo a contar isto imitando o nosso tenente e a fazer-nos rir até às lágrimas.

Compreende-se que seja uma injustiça ter perdido o dom da fala, ver os esforços que ele faz para nos comunicar, a coisa mais básica e insignificante sem o conseguir.
Este ano não foi ao encontro pois no ano passado emocionou-se de tal forma, que o médico desaconselhou a sua participação no deste ano. Para o ano talvez, e faço votos que ele esteja melhor para juntos recordarmos as peripécias de que ele era pródigo.

Um abraço
JA

 Drs. Pereira Coelho e Rui Vieira Coelho

 Enfermeiro Catroga e Ussumane Baldé

Momento do encontro dos dois grandes médicos do 3872
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Nota do editor

Último poste da série de 14 de Maio de 2016 Guiné 63/74 - P16086: Convívios (746): 22.ª edição (2016): Pessoal de Bambadinca, 1968/71 (CCS/BCAÇ 2852, CCAÇ 12, Pel Rec Daimler 2046, Pel Rec Daimler 2206, Pel Caç Nat 63, e outras subunidades adidas) - Coimbra, 28 de Maio de 2016 (António Damas Murta, ex-1.º Cabo Op Cripto, CCAÇ 12, 1969/71)

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14738: Os nossos médicos (85): Memórias do Dr. Rui Vieira Coelho, ex-Alf Mil Médico dos BCAÇ 3872 e 4518 (15): Africanização Portuguesa

1. O nosso camarada Mário Vasconcelos (ex-Alf Mil TRMS da CCS/BCAÇ 3872 - Galomaro, COT 9 e CCS/BCAÇ 4612/72 - Mansoa, e Cumeré, 1973/74) enviou-nos a mensagem que se publica, com mais um texto de Memórias do Dr. Rui Vieira Coelho [foto à esquerda], (ex-Alf Mil Médico que esteve integrado nos BCAÇ 3872 e 4518, Galomaro, 1973/74).

Como se uma ordem fosse, encaminho, retransmitindo, o texto entregue pelo ilustre amigo e camarada Dr. Rui Vieira Coelho, ex-Alf Médico, dos BCAÇ 3872 e 4518, sediados em tempos idos, em Galomaro-Guiné.
O texto aborda a problemática da "Africanização do Exército Português no CTIG".
Adicionam-se algumas fotos em sintonia com o escrito recebido.

Abraço e saudações nossas para todos os camaradas.
Que a saúde, e a alegria de vida, sempre vos acompanhe.
Mário Vasconcelos




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Notas do editor:

- As fotos referidas chegaram ao blogue sem o mínimo de qualidade para serem publicadas. Aguarda-se o envio de outras em substituição.

Último poste da série de 22 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13782: Os nossos médicos (84): Memórias do Dr. Rui Vieira Coelho, ex-Alf Mil Médico dos BCAÇ 3872 e 4518 (14): Onde se fala de doenças sexualmente transmissíveis (con destaque para a blenorragia) mas também de perturbações psíquicas como a depressão e o stresse pós-traumático de guerra

terça-feira, 12 de maio de 2015

Guiné 63/74 - P14602: Ser solidário (182): Vamos apoiar, com material de escritório, a Associação Fidju di Tuga, com sede em Bissau


Guiné-Bissau > Bissau > Eles são o rosto da associação da solidariedade dos filhos e amigos dos ex-combatentes portugueses na Guiné-Bissau (FIDJU DI TUGA) (*)... São dois elemento da direção, da direita para a esquerda, (i) Fernandinho da Silva (telef + 5880597), presidente, e (ii) José Maria Indequi (telef + 5218200 e + 6612146), secretário...[Foto que nos foi enviado pelo saudoso amigo Pepito (1949-2014), que apoiou com muito carinho esta associação, tal como a jornalista Catarina Gomes tem apoiado, sendo merecedora do nosso melhor apreço e amizade]



Blogue da associação Fidju di Tuga, em construção... O livro de visitas já tem duas mensagens de camaradas nossos, o Rui Vieira Coelho e o Manuel Oliveira Pereira


Segundo os seus fundadores, trata-se de um "blogue colectivo, criado e editado por a diretoria da Fidju di Tuga, com o objectivo de reagrupar e fortalecer os filhos dos ex-combatentes portugueses,  na Guiné-Bissau,  a reencontrar os pais familiares portugueses; pedir às autoridades de Portugal a paternidade; pedindo parceiria com os ex-combatentes, para reviver mesmo com dores as experiências do tempo colonial e o drama social dos filhos após-colonização até hoje"



1.  Mensagens da Catarina Gomes, jornalista do "Público" e escritora,  do camarada  Zé Saúde e do editor Lis Graça:

1.1. Catarina Gomes, 6 de maio de 2015

Caro Luís Graça:

(...) Vou voltar à Guiné no final deste mês, desta feita sozinha e à minha conta. Acha que não se consegue desencantar o que a associação de filhos de tuga pediu: um portátil, um gravador e uma máquina fotográfica? 

Eu estou a tentar arranjar o computador com um sponsor mas ainda não tive resposta. Também estou a ver se eles têm uma conta para poderem receber donativos de cá.

Parto dia 29 de Maio,  por isso já não resta muito tempo.

1.2. Luís Graça, 6 de maio de 2015:

Para José Saúde (c/c Catarina Gomes):


Zé: Tu que és o pai dos "filhos do vento" (metaforicamente falando), tu grafaste a expressão, não queres ser tu, a através do blogue e em articulação com a Catarina), a liderar uma pequena campanha de donativos para a associação ?...

 Podias abrir uma conta, aí em Beja, e numa semana ou duas, víamos o que se podia arranjar... Também se podia apoio em géneros (um gravador, um portátil, uma máquina fotográfica digital ou outro material)... Não queres escrever um texto bonito para esta causa ?...

Acho que no geral a malta vai reagir bem... Eu evito estas campanhas no blogue... Não é a nossa vocação, temos ONG (de antigos combatentes) a trabalhar no terreno, etc.

Que te parece ? Dou conhecimento à Catarina, que é uma mulhjer generosa... Abraço. Luis

1.3. José Saúde, 11 de maio de 2015

Catarina, vou aguardar que me digas algo mais. Claro que sei o que é viver com a tal ansiedade em conhecer alguém que é um ser do seu sangue. Próximo de si. Sabes, eu sou muito susceptível a esta questão e as crianças, hoje homens e mulheres, não têm culpa de leviandades sexuais de jovens a viver intensamente o clima de guerra. Não foi por um mero acaso que coloquei este tema na opinião pública. Talvez pelos meus muitos anos, mais de 30, a viver por perto a comunicação social que arrisquei trazer a temática ao lume, arriscando opiniões contrárias, algumas nefastas, mas que foi o alerta para uma realidade que muitos tentaram, e tentam, esquecer.

Hoje, sinto-me lisonjeado pelo o impacto que o tema "Filhos do Vento" originou. Para ti Catarina também vão os meus votos de felicidade pela forma como a reportagem foi elaborada e pelo o seu sucessivo interesse. "Fidju de Tuga" poderá ser o princípio de uma maior aproximação.

No Vietname os americanos chamaram-se "filhos do pó",

1.4. Catarina Gomes, 11 de maio de 2015

Caros Luís Graça e José Saúde,

Quando estiver na Guiné penso que vou conseguir que a associação tenha uma conta sem custos no BAO, Banco da África Ocidental, por enquanto não existe conta e penso que seria delicado estar a criar uma em Portugal com custos [, 150 euros para abrir uma conta bancária para recolha de fundos, segundo informação do José Saúde]  e sem forma expedita de lhes fazer chegar o dinheiro.

Nesta fase eu pedia se alguém quererá doar mesmo o que eles precisam em bens, para poderem estar em contacto com o mundo (neste caso Portugal): 

(i) um portátil,  mesmo que não seja novo;

(ii)  já consegui o gravador;

(iii) falta uma máquina fotográfica daquelas pequeninas mas que também faça pequenas filmagens;

(iv)  e eu diria uma impressora. 

Penso que para arrancarem seria o suficiente e eu podia levar essas coisas comigo, dando depois conta do momento da entrega no vosso blogue.

Eu sei que este tema é melindroso mas acreditem que não há mês em que eu não receba um email de um filho de um ex-combatente a pedir para eu os ajudar a conhecer o irmão/irmã que sempre souberam que tinham. Acho que era importante unir os dois lados, apenas os que assim o desejarem, claro.

A associação tem um blogue ainda embrionário mas estão a mexer-se: http://fidju-di-tuga.webnode.com/

1.5. Catarina Gomes, 12 de maio de 2015

Caro professor,

No blogue da associação há dois militares militares que se ofereceram para ajudar a associação mas penso que eles, por dificuldades de comunicação, não lhes responderam. Conhece algum deles?

Abraço Catarina


Manuel Oliveira Pereira,  09-05-2015

Estive na Guiné-Bissau no entre 25 de Março de 1972 a Julho de 1974. A sede do meu Batalhão (BCaç 3884) esteve sediada em Bafatá. As companhias operacionais estivavam em Contuboel (CCaç 3547),  Geba (CCaç 3548) e Fajonquito (CCaç 3549) e Destacamentos em Bambandinca Tabanca, Sonaco, Catacunda, Sare Uali e Sare Bacar. Reforçamos outras unidades nomeadamente em Galomaro, Dulombi, Nova Lamego (Gabú) e Medina Mandinga. Estas foram as localidades onde estivemos durante a nossa permanência no vosso país.

Faço minhas as palavras de R. V. COELHO (comentário anterior) daí peruntar: Em que posso ser útil?

Rui Vieira  Coelho,  21-09-2014

Estive na Guiné a cumprir serviço militar obrigatório, de 1972 a 1974,  e li o artigo publicado no Público assim como todo desenvolvimento dado no Bloguew Luis Graça &  camaradas da Guinê . Todos vós sois filhos de nós todos, os que passamos pela Guiné e da qual todos nós,  salvo raras excepções, temos saudades e amamos os nossos irmãos guineenses, tentando ajudar, das formas mais diversas,  para poderem ter um futuro mais promissor.

Eu, como muitos outros Tabanqueiros,  gostaríamos de vos poder ajudar monetariamente para vos equiparem e poderem prosseguir com os vossos propósitos.

Qual o NIB da conta bancária para onde devemos enviar os donativos?

1.6. Luís Graça, 12 de maio de 2015

Sim, Catarina, são dois grã-tabanqueiros, dois bons camaradas, membros do nosso blogue, o Manuel Oliveira Pereira e o Rui Vieira Coelho. Dou-lhes conhecimento da mensagem (...)
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Notas dos editores:

(*) Vd. postes de;

 21 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12616: Filhos do vento (26): A direcção da A Associação FIDJU DI TUGA: Fernandinho da Silva, presidente, e José Maria Indequi, secretário.

14 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12289: Filhos do vento (24): Associação de Solidariedade dos Filhos e Amigos dos Ex-Combatentes Portugueses na Guiné... Uma associação sem sede, sem sítio na Net, sem email, que precisa da nossa ajuda (Catarina Gomes, jornalista do Público)

(**) Último poste da série 27 de abril de  2015 > Guiné 63/74 - P14533: Ser solidário (181): Orquestra Geração nos Dias da Música, CCB, Lisboa, 26 de abril, 18h... Um projeto pedagógico inovador que é uma prática social exemplar: "aprendendo música para tocar vidas"

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Guiné 63/74 - P14124: X Encontro Nacional da Tabanca Grande, 18 de Abril de 2015 (2): Divulgação da Ementa, preços, prazos para as inscrições e outras informações (Joaquim Mexia Alves / Miguel Pessoa / Carlos Vinhal)

Monte Real, 14 de Junho de 2014 > Foto da Grande Família do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné
Foto: © Manuel Resende  (2014). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem da Organização do X Encontro Nacional à Tertúlia:

Ontem mesmo o camarada Joaquim Mexia Alves (para nós o camarigo Joaquim), mandou ao Blogue a ementa (publicada mais abaixo)  do X Encontro Nacional da Tabanca Grande, que se vai realizar já no dia 18 de Abril no Palace Hotel de Monte Real.

Como dissemos no primeiro Poste, o Hotel vai manter os preços dos anos anteriores, coisa que nos tempos que correm nos apraz registar, que é de 30€ para adultos e 15€ para os mais pequenos. 
Incluem, como é hábito, o Almoço e o Lanche. E ainda... a possibilidade de ocupar (pacificamente) as belíssimas instações desta Unidade Hoteleira, e bosque adjacente, pela tarde dentro, desfrutando do convívio entre camaradas.

Como os assíduos frequentadores dos nossos Convívios sabem, o Hotel disponibiliza aos participantes que o solicitarem na altura da inscrição, alojamento e pequeno almoço a preço especial:
Quarto duplo - 60€
Quarto Single -  55€
A reserva deve ser feita atempadamente, através da Organização do Encontro, sendo confirmada, logo que possível, de acordo com a disponibilidade do Hotel.

Vamos abrir as inscrições no dia 15 do próximo mês de Fevereiro, que se prolongarão até 10 de Abril, pelo que temos pela frente um mês de reflexão e mais dois para acção.
Como sempre, pedimos que não se deixem para o fim para facilitarem a vida a quem tem em mãos a coordenação das reservas de pernoita e das inscrições para o almoço, no caso, o amigo Joaquim Mexia Alves.

Fica aqui também a notícia de que este ano o camarada Miguel Pessoa vai enviar aos participantes no X Encontro um modelo de crachá, personalizado, que servirá também para futuros Convívios, e outras ocasiões, onde os seus possuidores se queiram identificar como pertencentes à Tertúlia do nosso Blogue.
Assim, no próximo ano (XI Encontro Nacional) serão distribuídos cartões só aos novos participantes e àqueles que perderam o cartão enviado este ano, a seu pedido expresso. A "multa", para estes últimos, será pagar o Almoço ao criador do nosso bonito crachá, o nosso brilhante designer Miguel Pessoa.
Porque, como dizemos, o crachá não é exclusivo para os Encontros Nacionais, quem da tertúlia quiser obter um para outros fins, deverá solicitá-lo.

Voltamos a lembrar que no acto da inscrição devem identificar a/o vossa(o) acompanhante, mencionarem de onde se deslocam e se querem pernoitar no Hotel.

Relembramos que este Convívio é destinado à tertúlia do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, acompanhantes por eles inscritos (amigos e/ou familiares), extensivo a todos os camaradas que tenham cumprido a sua comissão de serviço na Guiné, ou a pessoas que de alguma maneira se sintam ligadas à actual Guiné-Bissau, por exemplo: cooperantes, naturais e outros.
A Organização poderá rejeitar a inscrição de pessoas que não se encontrem nas condições acima descritas.

Continuamos ao vosso inteiro dispor no email carlos.vinhal@gmail.com para qualquer esclarecimento adicional.

Os Organizadores:
Luís Graça
Joaquim Mexia Alves
Miguel Pessoa
Carlos Vinhal

E M E N T A


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2. Em Abril de 2015, além de completarmos 10 Encontros consecutivos no dia 18, festejaremos o 11.º aniversário do Blogue no dia 23, já que neste dia de Abril do ano de 2004, o fundador e editor principal, Luís Graça, publicou o post n.º 1 - Guiné 63/74 – P1: Saudosa(s) madrinha(s) de guerra (Luís Graça).

Entretanto o Blogue foi crescendo, e aderiram à Tertúlia centenas de ex-combatentes da Guiné e alguns amigos  tertulianos que fazem nós um efectivo superior a um Batalhão Militar. As armas bélicas, já as entregámos há muito, mas continuamos armados da nossa perseverança, empenhados nesta luta para que não sejamos relegados ao esquecimento. 
Porque cabe a todos nós esta tarefa e sabendo que há imensos camaradas que nos lêm e não se dispõem a "dar a cara", aqui fica o desafio para que se juntem anós. Hoje somos 676 (destes, alguns já nos deixaram fisicamente, infelizmente), mas em Abril próximo seremos 700, assim o queiram.

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3. Aproveitamos para deixar aqui esta mensagem do nosso camarada Rui Vieira Coelho, médico, (ex-Alf Mil Médico que esteve integrado nos BCAÇ 3872 e 4518, Galomaro, 1973/74), enviada no passado dia 4 de Novembro de 2014 ao nosso Blogue:

Provavelmente irei e com muito gosto, conviver com toda uma Malta que passou e comeu o pão que o diabo amassou, e que após o 25 de Abril, tão maltratado foi e quase olhado como criminosos colonialistas. Cabe-nos no entanto acreditar, como foi durante estes 40 anos, em nós e ter sempre a esperança de que a história mais tarde ou mais cedo, nos iria dar razão, como tem sido todo o desenvolvimento político medíocre, que nos calhou democraticamente .

Será pois além de tudo uma troca efectiva de ideias lúcidas e que mostra o sentido gregário de todos os ex-combatentes da Guiné, e que continuam a lutar pelo desenvolvimento desta Terra que a todos marcou. A Missão que nos foi confiada, levou a inúmeros sacrifícios, saudades, quebras e separações mas sempre norteadas pelo desenvolvimento das populações onde estávamos estacionados e pela harmonia necessária e a equidade de tratamento entre 23 etnias, pelas quais éramos o denominador comum e o factor de uma união difícil, tanta a diversidade cultural, religiosa, linguística, educacional, nos modos e costumes de gentes tão diferentes, que nós sentíamos como nossas, com direitos e deveres iguais aos nossos.

O desenvolvimento foi enorme enquanto lá estivemos e foi um retrocesso brutal das condições sócio-económicas quer no campo da saúde, educação, justiça com um aumento brutal da criminalidade organizada, ligada ao narcotráfico, e matança indiscriminada dos nossos camaradas africanos, perpretada no tempo de Luís Cabral, ignorada pelos políticos portugueses da altura que fizeram vista grossa perante este hediondo crime contra a Humanidade. Tudo isto nos leva a acreditar e a ter esperança que tudo isto vai mudar, e que no futuro os erros cometidos jamais voltarão a determinar as nossas vidas e a dos nossos filhos e netos.

O desenvolvimento da CPLP e dos Palop's, será determinante no desenvolvimento económico e do emprego em Portugal e devemos divergir da Europa para a qual fomos empurrados, pois desta só vemos austeridade, esvaziamento de ideias, não solidariedade, perseguição, aproveitamento de emigração de qualidade, esbulhamento das nossas melhores empresas, e perda da soberania por dependência económica. A nossa Vocação Marítima será determinante historicamente no reencontro com os nossos Povos Irmãos e no Desenvolvimento Comum interrompido, por tantos Países e tantos Políticos míopes e dos quais a História não deixará de os excluir.

Um alfa bravo do camarigo
Rui
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Nota do editor

Poste anterior de 4 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13846: X Encontro Nacional da Tabanca Grande (1): Foi já feita a reserva para a nossa festa de 18 de Abril de 2015 no Palace Hotel de Monte Real (Joaquim Mexia Alves / Carlos Vinhal)

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13782: Os nossos médicos (84): Memórias do Dr. Rui Vieira Coelho, ex-Alf Mil Médico dos BCAÇ 3872 e 4518 (14): Onde se fala de doenças sexualmente transmissíveis (con destaque para a blenorragia) mas também de perturbações psíquicas como a depressão e o stresse pós-traumático de guerra




Guiné > Zona leste > Setor L5 (Galomaro) > c. 1973 > BCAÇ 3872 (1072/74) > A camimnho de Cancolim e posto médico de Cancolim.


Fotos do álbum do ex-alf mil médico Rui Vieira Coelho, disponíveis na página do grupo (fechado) do Facebook Galomaro, destino e passagem (Criado em 23/3/2011, e editado pelo Rui Vieira Coelho, tem já cerca de 90 membros, pretendendo "convergir pelo trato afectivo todos os ex-militares que permaneceram em Galomaro, na Guiné-Bissau, ou por lá passaram em trânsito").


Fotos (e legenda): © Rui Vieira Coelho (2014). Todos os direitos reservados [Edição de L.G.]


1. Quartz e última parte do texto de Rui Vieira Coelho, desta vez correspondendo a uma "sugestão", minha,  de 17 do corrente, para nos falar das doenças sexualmente transmíssíveis:


Rui, estou encantado com a tua "frescura" de memória... É verdade que "só esquece a quem não sabe"... Mas há aqui uma riqueza de informação médico-sanitária, que só agora consegui reunir, a parrtir de uma fonte autorizada (que é um médico com o teu saber, sensibilidade e experiência)...

É um testemunho muito importante da tua parte, para esta série "Os nossos médicos"... Também não é por acaso que tu, para além de médico do batalhão, não ficavas fechado no quartel, e foste subdelegado de saúde do Cossé (, regulado donde provinha uma parte dos meus soldados, fulas, da CCAÇ 12, constituída em 1969)...

Sem querer abusar da tua paciência, diz-me mais coisas:

(i) Então, e quando a rapaziada aparecia com o vulgaríssimo "esquentamento" ou blenorragia (, na tropa não se falava caro) ? Eu sei que a malta se desenrascava melhor com o enfermeiro, já que a doença era sempre vista como "vergonhosa" à luz da nossa cultura judaico.cristã... Eventualmente havia outros problemas de doenças sexualmente transmissíveis mas já existia a "bala mágica", o antibiótico, a penicilina, coisa que não existia em Cabo Verde, no Mindelo, no tempo do meu pai (1941/43), e onde a sífilis era um problema sério...

ii) E os problemas do foro psíquico, depressões, perturbações emocionais, surtos psicóticos, parassuicídios, automutilações...? A população à tua guarda era pequena, mas de risco...

(iii) Sei que tu eras um jovem médico, provavelmente ainda com pouca experiência clínica... Galomaro (e por extensão a Guiné) foi uma escola para ti ? Temos ouvido mais os cirurgiões, que faziam "milagres", nomeadamente no HM 241, em Bissau..


Rui Vieira Coelho, médico reformado, ex-alf mil médico BCAÇ 3872 e BCAÇ 4518 (Galomaro, 1973/74, e subdelegado de saúde da zona de Galomaro-Cossé [, foto à direita, em 1973, no Saltinho]] (*). Texto enviado em 20 do corrente:



2. Em relação a doenças de transmissão sexual, já falei de Pediculus Pubicus, Piolho do Púbis, ou vulgo Chato em português vernáculo.

A situação mais frequente era a blenorragia, com a sintomatologia habitual com dificuldade de micção, ardência uretral e supuração em que o seu agente era a Neisseria Gonorreia. A terapêutica á base de Penicilina resultou sempre eficazmente nesta patologia.

Por vezes aparecia uma ulceração na glande peniana o que pressupunha de imediato o diagnóstico de uma sífilis com a sua lesão primária (cancro duro) e que era imediatamente tratado com Penicilina Benzatinica 1200000( 1 milhão e duzentas mil unidades ) em injecção intra-muscular por semana durante 3 semanas seguidas.

Por vezes associada a estas situações apareciam as prostatites que na maioria dos casos tratavam-se de infestações por múltiplos agentes, como Neisseria, Estreptococos, Clamydia Trachomatis, Echerichia Cólica. etc, etc.

O Cancro Mole ou vulgo Mulas produzido pelo Bacilo Ducrey era pouco frequente na zona onde estava inserido

O Herpes genital já era mais frequente e com uma certa regularidade com irritação balano-prepucial, prurido e com rasgadas e escoriações. Na altura tínhamos a tintura de iodo ,e a solução álcool iodada (ardia até de mais)-. Tinha uma característica recidivante e não havia terapêutica como hoje em dia com o Aciclovir.

Da parte do pessoal não havia,  como dizes, uma grande reserva em relação ao Médico, no encobrimento da patologia sexualmente transmitida, isto no que me dizia respeito. Fui sempre aberto a todas as situações e nunca manifestei qualquer desagrado ou dei qualquer sentido pecaminoso a uma necessidade quasi fisiológica e de escape e de desanuviamento do pessoal militar tão novo.

Confiavam em mim e no segredo profissional a que estava subordinado, servindo de intermediário válido entre eles e o comando e sempre que necessitavam de aconselhamento.

O medo e em alguns a ansiedade permanente levavam por vezes a depressões, quase todas de carácter reactivo, á situação de guerra por que passavam, que se agravava exponencialmente, com mortos e ou feridos como resultado de ataques, com a falta de notícias dos familiares ou dos amigos, doenças e stress por antecipação. O sentido de perigo constante fazia com que entre camaradas a amizade e a solidariedade fossem a melhor terapêutica para um bom equilíbrio emocional, não obstante o stress pós traumático de guerra seja uma realidade.

Não é por acaso que o pessoal militar que passou pela Guiné, tem um sentido tão gregário,  é uma solidariedade por vezes sem limites, veja-se a quantidades de Tabancas existentes em Portugal . E também não é por acaso que nestas "Tabancas",  apesar de tudo o que sofreram,  se crie um desejo de ajudar "onde estivemos", e  é por essa gente que é no fundo humana como nós, com ideias e culturas tão diferentes,mas com um desejo enorme de não ter fome, de ter cuidados de saúde, de aprender, de ter esperança no futuro.

Também não é por acaso que se formam ONG ,a partir das "Tabancas" e no fundo o " Encontro de um Caminho " solidário, é por vezes uma Terapêutica Comportamental para o Stress pós traumático de que muitos foram e são vítimas, mas encontram um sentido,  é um objectivo de real importância para as suas vidas,que se sobrepõem aos factores negativos do psico-drrama que a querra lhes trouxe. Tudo serve como catarse para uma Integração plena e o readquirir de uma auto-eEstima perdida por todos nós, uns mais que outros.

O suicídio existia como solução final para pôr cobro a todos os problemas que uma guerra de guerrilhas trazia, nos deprimidos, pelo isolamento, pela solidão, pelo temor e medo constante, pela incerteza, pelo reviver de situações de emboscadas, de explosões, de mortos e feridos que com ele conviveram de perto, por exaustão e perda de fé fosse no que fosse.

Quanto a auto-mutilações,na Guiné enquanto estive no mato não tive conhecimento de nenhuma. Já na metrópole foram-me referidas algumas como secções de dedos do gatilho para não serem mobilizados para o Ultramar.

Espero ter respondido a tudo o que pediste e envio-te um Grande Alfa Bravo

Rui Vieira Coelho
Enviado do meu iPad
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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 19 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13759: Os nossos médicos (83): Memórias do Dr. Rui Vieira Coelho, ex-Alf Mil Médico dos BCAÇ 3872 e 4518 (15): Todos (ou quase todos) apanhámos o pé de atleta, a flor do Congo, onicomicoses, chatos, matacanhas... Mas o que me preocupa hoje, como amigo daquele povo, é a doença por vírus Ébola... Vamos ajudar a ONGD "Ajuda Amiga" a mandar um contentor suplementar no 1º trimestre de 2015, com sabão, sabonetes e lixívia!... NIB: 0036 0133 991 000 251 3826