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domingo, 3 de fevereiro de 2019

Guiné 61/74 - P19466: Agenda cultural (670): As Rotas da Escravatura, série de 4 episódios na RTP 1: 2ª feira, dia 4/2/2019, 4º (e último) episódio > 1789-1888: As Novas Fronteiras da Escravatura




RTP1 | 2ª feira, 4 Fev 2019 | 23h43

Género > Documentário - História


1789-1888: As Novas Fronteiras da Escravatura 
| Episódio 4 de 4 | 

Duração: 53 min


Sinopse>

Em 1790, o tráfico negreiro atinge o seu zénite. Mais de 100 000 cativos são deportados todos os anos.

No advento do séc. XIX, a violência dos negreiros dita a condenação do tráfico transatlântico. Doravante, a Europa terá de encontrar um meio de enriquecer sem recorrer a este tráfico, agora, imoral.

Nos anos que se seguem à proibição do tráfico, os europeus vão fazer recuar as fronteiras da escravatura.

O Brasil guarda nele a herança dos últimos anos da escravatura.

No momento em que o comércio de escravos é proibido, uma segunda vaga de deportações de cativos chega à Baía do Rio de Janeiro.

Com mais de dois milhões de escravos desembarcados no séc. XIX, o Rio tornou-se o maior porto de tráfico do mundo.


Rever últimos episódios no RTP Play

1620-1789: Do Açúcar à Revolta  | Episódio 3 | 28 Jan 2019


Ficha Técnica

Título Original: Les Routes de l´esclavage
Realização: Daniel Cattier, Juan Gelas, Fanny Glissant
Produção: Compagnie des Phares et Balises, ARTE France, Kwassa Films, RTBF, LX Filmes, RTP, Inrap
Música: Jérôme Rebotier
Ano: 2017
Duração de cada episódio: 53 minutos

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sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19438: Agenda cultural (669): As Rotas da Escravatura, série de 4 episódios na RTP 1: 2ª feira, dia 28/1/2019, 3º episódio > 1620-1789: Do Açúcar à Revolta




Na primeira década do séc. XVI, um em cada dez habitantes de Lisboa era negro, ou seja,  de origem africana, sem contar com os seus descendentes... Igual proporção foi encntrada em outras cidades da península ibérica, como Sevilha, Barcelona, Málaga... Fotogramas do 2º episódio (com a devida vénia)




1. A história da escravatura do séc. VII até aos dias de hoje: documentário em 4 episódios, na RTP1... Absolutamente a não perder. Trata-se dum série documental francesa, de que a RTP é umas das produtoras... Levou mais de cinco anos a fazer, e teve a colaboração de quatro dezenas de especialistas.

Pode ler-se no "Público", de 21 de janeiro de 2019, o seguinte sobre os realizadores da série:

(...) Os três autores, Daniel Cattier, Juan Gélas e Fanny Glissant, têm ligações ao tema em causa. Daniel Cattier, filho de pai belga e mãe zimbabueana, tem colocado África e a exploração das questões de identidade no centro da sua filmografia, em que se inclui o documentário animado Kongo: Grand Illusions​.​ Juan Gélas tem no currículo Noirs de France, série documental sobre a História da população negra de França. Já Fanny Glissant, descendente da relação entre uma escrava e o seu proprietário, tem aqui a sua estreia na realização. Há também segmentos animados, uma bem-vinda companhia para os depoimentos recolhidos e para as imagens de arquivo, a cargo de Olivier Patté.(...) 

(...) No segundo episódio, 1375-1620: Por Todo o Ouro do Mundo, o foco são os portugueses. São entrevistados, entre outros, investigadores e historiadores como António de Almeida Mendes, da Universidade de Nantes, Isabel Castro Henriques, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Filipa Ribeiro da Silva, do Instituto Internacional da História Social, em Amesterdão, bem como Izequiel Batista de Sousa, da Universidade de Reunião, que vem de São Tomé, uma ilha muito importante nesta parte da história. Ao longo das próximas duas semanas, analisar-se-ão as plantações de açúcar e algodão, os Estados Unidos e os tempos em mudança que trouxeram com eles a abolição. (...) 


As Rotas da Escravatura

2º episódio disponível "on ine" (durante 7 dias, desde 21 de janeiro de 2019)  >

1375-1620: Por Todo o Ouro do Mundo, 52m

Documentários - História

RTP 1 > 2ª feira, 21 janeiro de 2019

Sinopse:

No século XIV, a Europa abre-se ao mundo e apercebe-se de que se encontra à margem da mais importante zona de trocas comerciais do planeta.

Este mapa, o "Atlas catalão", aguça o apetite de conquistas dos europeus. Mapa dos ventos, o Atlas guia os marinheiros como viajantes por terra firme. Mapa político faculta informações sobre as forças em presença. Por fim, como mapa económico, indica as rotas comerciais com destino a África e aos seus recursos.

Um pequeno reino é o primeiro a lançar-se ao assalto das costas africanas: Portugal. Na sua esteira, desenha-se uma nova rota da escravatura.


Próximos episódios:





1620-1789: Do Açúcar à Revolta

A escravatura moldou a nossa história. Na Ilha de São Tomé, os portugueses inventaram um modelo económico de rentabilidade inigualável: a plantação de cana-de-açúcar.


No século XVI, toda a Europa procura imitá-los. Uma demanda pelo lucro que vai mergulhar todo um continente no caos e na violência. Perto de 13 milhões de africanos são apanhados nas redes da escravatura e levados para o Novo Mundo onde ingleses, franceses, espanhóis e holandeses esperam tornar-se ricos... imensamente ricos. Mais viciante do que a pimenta ou a canela, o açúcar alastra pela Europa como um rastilho de pólvora. A partir do séc. XVII, o alimento raro e dispendioso faz virar as cabeças.


Episódio 3 > 28 Jan 2019




1789-1888: As Novas Fronteiras da Escravatura


Em 1790, o tráfico negreiro atinge o seu zénite. Mais de 100 000 cativos são deportados todos os anos.

No advento do séc. XIX, a violência dos negreiros dita a condenação do tráfico transatlântico. Doravante, a Europa terá de encontrar um meio de enriquecer sem recorrer a este tráfico, agora, imoral.

Nos anos que se seguem à proibição do tráfico, os europeus vão fazer recuar as fronteiras da escravatura.

O Brasil guarda nele a herança dos últimos anos da escravatura [, que só será abolida em 1888, no grande país sul-americano...].

No momento em que o comércio de escravos é proibido, uma segunda vaga de deportações de cativos chega à Baía do Rio de Janeiro.

Com mais de dois milhões de escravos desembarcados no séc. XIX, o Rio tornou-se o maior porto de tráfico do mundo.


[... Mas a escravatura não se extinguiu: haverá ainda 40 milhões de escravos, em todo o mundo,  segundo as estimativas das Nações Unidas.]

Episódio 4 > 5 Fev 2019

domingo, 16 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16604: Manuscrito(s) (Luís Graça) (99): Ó pra cima, ó pra baixo, na colina de Santana


Lisboa > Colina de Santana > Academia Militar > Palácio da Bemposta ou Paço da Raínha, na Rua do Paço da Rainha > Pormenor do busto, no exterior, da Catarina de Bragança (1638-1705), rainha consorte de Inglaterra (1662-1685), pelo seu casamento com Carlos II, da casa dos Stuart. Foi ela que mandou construir o palácio da Bemposta.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2016). Todos os direitos reservados.



Lisboa > Colina de Santana > Academia Militar > Palácio da Bemposta ou Paço da Raínha, na Rua do Paço da Rainha > 12 de setembro de 2015 > Festival Todos 2015 > Visita  à Capela do Paço > Foto nº 1 >  Tela do altar-mor, figurando a padroeira, Nª. Sra. da Conceição,  atribuída ao pintor italiano José Troni. Foi depois  colocado um friso de retratos de elementos da família real, atribuídos ao retratista irlandês Thomas Hickey.

A origem do Paço da Bemposta destinado a residência de D. Catarina de Bragança, filha de D. João IV,  e viúva de Carlos II de Inglaterra,  remonta ao finais do séc. XVII / princípios do séc. XVII. O arquitecto é João Antunes. Sofreu sérios danos com o terramoto de 1755, a capela foi reconstruída  de raíz mas mantendo o enquadramento primitivo. (É Monumento Nacional.)


Lisboa > Colina de Santana > Academia Militar > Palácio da Bemposta ou Paço da Raínha, na Rua do Paço da Rainha > 12 de setembro de 2015 > Festival Todos 2015 > Visita  à Capela do Paço > Foto nº 2 >  Retábulo do altar-mor > Pormenor:  O Portugal do "antigo regime": no altar-mor, o quadro com a família real, D. Maria I e o seu filho D. João VI entre a corte (do lado direito), e com apresentação iconográfica de Lisboa e o seu povo (lado direito), vendo-se ao longe o Castelo de São Jorge. Aqui viveu o D. João VI (1767-1826), depois do seu regresso do Brasil, e aqui morreu.


Lisboa > Colina de Santana > Academia Militar > Palácio da Bemposta ou Paço da Raínha, na Rua do Paço da Rainha > 12 de setembro de 2015 > Festival Todos 2015 > Visita  à Capela do Paço > Foto nº 3 >  Retábulo do altar-mor > Pormenor:  três mulheres do povo, um das quais uma espantosa negra, de olhar postado nas figuras régias... Um dos mais belos quadros da nossa pintura... Quem seria esta mulher de origem africana? Talvez uma guineense, descendente de escravos...

Na realidade, Lisboa é e sempre foi , desde o séc. XV, uma cidade "africana"... [Henriques, Isabel de Castro; Leite, Pedro Pereira; e Fantasia, Ana (fotos) - Lisboa cidade africana: Percursos de Lugares de Memória. Lisboa: Marca d’ Água: Publicações e Projetos 1ª edição, Junho 2013 ISBN- 978-972-8750-17-6].
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados.


Ó pra cima,
 ó pra baixo, 
na colina de Santana


por Luís Graça






Pela colina de Santana acima,
lá vamos nós, malta,
atrás da banda,
em bando,
sonâmbulos,
funâmbulos,
a quatro patas,
dando vivas à liberdade!


Sete colinas tem a cidade
onde cabem todos,
ou quase todos,
os poucos, afinal,
que não naufragaram
nas praias dos sete mares.


Vamos amnésicos,
e já protésicos,
velhos gaiteiros,
pândegos,
infantes e artilheiros,
com muito mundo e poucas vidas,
mal sabendo que, no alto da colina,
são boas as vistas das avenidas,
novas,
e melhores os ares.


Este país é como a lesma,
agora, ó pra cima,
é o povo, canhestro,
quem mais manda,
mas se é outra a banda
e novo o maestro,
a música é sempre a mesma,
fandanga.

Quer mude ou não o clima,
todos querem ficar por cima!
Valha-nos, ao menos, Deus
que ao rei e ao borracho
vai pondo a mão por baixo.


E quem não salta, ó malta,
vai no elevador do Lavra,
é a ralé
das vilas e pátios,
a caminho das manufaturas reais,
e alguns, de baraço ao pescoço,
degredados para São Tomé.

Se fores senhor com privilégio,
valido ou por valer,
ou até doutor em leis e cânones,
não tens nada que saber,
segue fora dos carris,
apanha o cortejo régio,
colina de Santana abaixo
até ao Terreiro do Paço.


Bem formosas e melhor seguras
nas suas reais patas
vão as açafatas
da Rainha,
Catarina,
que foi de Inglaterra,
senhora de etiqueta e de berço,
que sabe pôr os pontos nos ii.
No palácio da Bemposta, 
meninas,
as leis podem, ser duras
mas são leis,
depois do chá e do chichi, o terço
que todas vós rezareis.


Ladinas e engraçadas,
essas açafatas,
à noite escapam-se,
encapuçadas,
para a sétima colina.
É a movida, qual má vida ?!
Já que não temos os doces prazeres terrenos
de Versalhes,
joguemos, ao menos,
o jogo do gato e do rato,
com o pescoço no fio de aço da guilhotina.


Cortesão não é criado,
mas criatura,
nunca mostra má catadura,
vai respeitoso,
na procissão da Senhora da Saúde,
cabisbaixo,
devidamente ataviado,
ordeiro,
e nunca é o primeiro a ladrar
como um vulgar cãocidadão.
E muito menos dá a palavra
à canalha que desce o Lavra,
alvoraçada,
a caminho do Rossio
onde o poder pode estar por um fio.


Continuará a ir de liteira o nobre
e de chinela no pé o baixo clero,
e aos dois enchendo a barriga
o pobre, o coitado, o proletário,
regista, veemente e fero,
o poeta panfletário.

Com tanto palácio, convento e hospital
em redor,
não sei o que nos move,
senhor físico-mor
do reino de Portugal,
dos Algarves
e de além-mar em África…


Não me atrevo a perguntar ao cardeal,
que é o santo inquisidor-mor,
porque aos grandes deste mundo
não  calam fundo
as perguntas que não têm fácil resposta.


Num país de alarves,
não quero dizer asneira,
mas, citando o grande António Vieira,
direi que, primeiro, a caridade,
depois a esperança,
que é sempre a última a morrer,
e por fim a fé,
ou a fezada,
que é irmã da sorte
que protege os audazes.

Mas mais do que as três virtudes teologais
é a força da forca
e o terror de morte
que nos faz correr,
a todos nós, simples mortais…
E, no último minuto, a piedade
que a corda do carrasco faz suster.


Somos um povo piedoso,
meu irmão,
mas finge que olhas, discreto,
para a ostentação dos ricos,
sem a sombra do pecado da inveja.


Em Lisboa
que tem arte barroca e forca em cada esquina,
não sigas pelo cume da airosa colina,
foge da Carlota Joaquina,
enfia-te pela viela escura e porca
sem que ninguém te veja.


Esta é a nossa terra,
Pátria amada, camarada,
diz a letra do fado
do Velho do Restelo,
quem vai à guerra
perde o couro e o cabelo.


E logo mais à frente a  tabuleta
com a verdade que dói 
e reconforta:
Gomes Freire, de traidor a herói,
hoje fuzilado,
amanhã condecorado.


O rei, esse já ninguém o leva a sério,
não será imperador do Brasil,
acabou de perder a coroa e o império,
no casino do Estoril.
De roleta em roleta,
o país foi para o maneta,
cobre-se de ervas e do silêncio do cemitério
o campo dos mártires da Pátria.


A gente aqui no sobe e desce
e a economia que não cresce,
avisa o FMI no Telejornal.
Mas vamos indo,  menos mal,
vendendo aos turistas Portugal,
só não temos  é tempo para nada,
e, quando o tivermos,
é para morrer.


E o cruzeiro, amor,
que queríamos fazer
aos fiordes da Noruega ?
Deixa lá, querido,
há-de vir a retoma
e o aumento da reforma,
antes de eu ficar velha e cega…


Pela colina de Santana abaixo
lá vamos nós,
sonâmbulos,
funâmbulos,
a toque de caixa,
pró Aljube…
Deixem lá,
veteranos,
daqui a cinquenta anos
já não  estaremos cá,
mas haverá de novo festa na urbe,
e os cravos, as rosas e os jasmins
voltarão a florir nos jardins.


Lisboa, Festival Todos 2016,
Colina de Santana, 10/9/2016

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Nota do editor:

Último poste da série > 2 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16546: Manuscrito(s) (Luís Graça) (98): Requiem para Iero Jaló, um bravo soldado

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4561: Blogpoesia (49): História de Portugal em sextilhas (Manuel Maia) (VI Parte): IV Dinastia (Brigantina) (até 1755)

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cantanhez > Cadique > Destacamento da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610 (1972/74) > O novo cais de Cadique... Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cantanhez > Cafal Balanta > Destacamento da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610 (1972/74) > "Foto tirada à partida de Sintex para Cufar ou Cadique em busac de correio e uns frescos... Estava vestido com a minha farda mais usual (fora do regulamento) e, para não destoar, as botas eram dos Fuzas (trpa extraordinariamente especial) a quem troquei (um sargento) por um par meu".

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cantanhez > Cafal Balanta > Destacamento da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610 (1972/74) > "Parte da frota da Marinha de Guerra do PAIGC, algures no Cantanhez"...

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cantanhez > Cafal Balanta > Destacamento da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610 (1972/74) > "Eis-me aqui devidamente uniformizado com fardamento do Exército Português, ams pago por mim, e onde até as divisas de bico para baixo lá estavam... Mais tarde, já depois do 25, haveriam de fazer com fizeram com tudo, virando-as do avesso, de bico para cima, ainda a propósito das ditas...

"Felizmente não sou desse tempo embora tivesse apanho um episódio cariacto que relatarei depois noutro local...

"E digo-as que as coloquei para não ser confundido com algum major general. Eram modestinhas mas merecidas"...

Fotos (e legendas): © Manuel Maia (2009). Direitos reservados.

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VI parte da História de Portugal em Sextilhas, escritas pelo Manuel Maia, licenciado em História (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74) (*).


QUARTA DINASTIA ("BRIGANTINA")


168-A nova Brigantina dinastia
qu´el rei D.João IV inicia,
de todos mereceu a confiança.
Em Cortes de Leiria se reitera
o apoio que o bom povo já lhe dera
por ser oitavo duque de Bragança...


169-Espanha instiga a lusa fidalguia,
usando o suborno como via
p´ra torpe e vil real conspiração.
Tramóia detectada, a forma achada
foi cepo e gume frio de uma espada,
salvou-se,apenas, bispo, com prisão...


170-É urgente defender a lusa terra,
daí preparativos para a guerra
que el-rei D.João IV impõe agora.
Matias de Albuquerque, indigitado
fronteiro-mor do reino restaurado,
arranca muito firme,sem demora...


171-Em Campo Maior cria um baluarte,
muralhas d´Olivença faz com arte,
prepara armada com mais caravelas.
Dez naus,quatro navetas,três fragatas,
com pinhos,cedros,destas lusas matas,
vilacondense é o pano cré das velas...


172-Empreender depressa a ofensiva,
ficar na rectaguarda à defensiva,
opiniões divergem, cada dia...
Fronteiro-mor avança,peito rijo,
bem junto a Badajoz,até Montijo
que cede ante a surpresa da ousadia.


173-Optou então Matias p´lo regresso
-garante não havia p´ro sucesso-
do ataque a Badajoz, com poucas gentes...
Molligen emboscou seus batalhões
que atacam furiosos,quais leões,
armados totalmente, até aos dentes...


174-Foi grande o dizimar no corpo luso,
deixando em euforia,mas confuso,
o imprudente Paco, distraído...
Reservas que esquecera, o luso tinha,
p´ra usar no seu avanço em toda a linha,
vencendo o que parecia estar perdido...


175-Urgia agora pois recuperar
perdidos territórios d´além-mar
que gentes holandesas usurparam.
D´Angola e S.Tomé se expulsou
piratas que o Brasil também expurgou,
e as terras ao pendão luso voltaram...


176-Colonos não respeitam liberdade
dos índios do Brasil,valha a verdade,
é urgente informar rei do incumprimento.
Do alto do seu púlpito, Vieira,
o padre Jesuíta, vê maneira
de criticar colonos no momento...

177-Com peixes vai fazer analogia
p´ra crítica mordaz que se pedia,
difícil e perigosa, impõe coragem...
Modelo de oratória foi então
de S.tº António aos peixes,um sermão,
colonos entenderam a mensagem...

178-Na teia das palavras a excelência,
é urdida com rigor e minudência,
Vieira quer sedosa e viva a escrita...
Estudo jesuítico é bagagem
do brilhantismo ímpar na linguagem
que o padre em seus sermões sempre exercita...

179-Passavam quatro anos sobre a data
do sacudir do jugo e malapata
do filipino mando em Portugal...
Marquês de Torrecusa vai cercar
a praça d´Elvas,p´ra fazer vergar,
mas lusos resistiram no local...


180-E quando D.João enfrenta a morte,
já o filho Teodósio, mesma sorte
tivera anos antes tão maldita.
Sucede-lhe Afonso, algo incapaz,
feitio airado,um jeito contumaz,
a ter por fado vida de desdita...


181-Catorze anos volvidos e de novo
a ideia de domarem este povo,
assalta os maus vizinhos cá da Ibéria...
Luis de Haro agora é o comandante
da numerosa força sitiante,
disposta a levar Elvas à miséria...


182-Cidade vê colinas ocupadas,
nascerem linhas bem fortificadas,
cercando o velho burgo, totalmente...
Durante o dia bombardeios vários,
co´a peste engrossam óbitos diários,
espectro do desaire é eminente...


183-Seria D.António de Meneses
a agrupar milhares de portugueses
p´ra ajuda aos elvenses, sitiados.
Vitória esmagadora lusitana
obriga Haro a fuga algo temprana,
total a humilhação dos derrotados...


184-Estrondosa esta vitória ganha asinha,
(marquês o fez depois, sua rainha...)
de Cantanhede é conde este Meneses.
D.Sancho Manuel é agraciado
de conde Vila Flor foi titulado
por infligir à Espanha tais revezes...


185-Castela, com João de Áustria, agora,
reverte a seu favor, e sem demora,
vitórias no contexto desta guerra...
Tomando Juromenha,Alter do Chão,
Monforte,Crato,Évora,acha então,
que é tempo de ocupar toda esta terra...


186-Do lado luso surge uma mudança,
pois Marialva deixa a liderança,
ignoram-se as razões do afastamento.
O conde Vila Flor vai p´ro comando
com Jacques Magalhães acolitando
ao lado de Schomberg e seu talento...


187-Caíram eborenses sitiados,
vem tarde Magalhães com seus soldados
bem como Vila Flor,Sancho Manuel.
Ameixial sorriu às lusa gentes,
fazendo os castelhanos mais descrentes
que largam cerco e fogem em tropel...


188-Bem junto a Borba,lá p´ra serra d´Ossa,
Castela,em Montes Claros, sofreu mossa,
pesada e decisiva,a derradeira.
Sete horas foi o tempo da peleja
que mostra um Marialva que deseja
provar supremacia da bandeira...


189-Marquês de Caracena,derrotado,
fugiu p´ra Badajoz, bem humilhado,
largando os presos feitos na jornada.
Os mortos que abandona, são milhares,
cavalos,asnos,centos de muares,
derrota fez ditar a paz selada...


190-Castelo Melhor logo se insinua
na vida do monarca que actua
de forma ao seu cognome fazer juz.
Nas linhas d´Elvas ou Ameixial,
em Montes Claros com vitória tal
que à paz definitiva,isso conduz.


191-El-rei Vitorioso ora retoma
a anglo aliança e paga soma
doando Tanger,também Mombaím.
Pesado dote p´ra irmã Catarina
a quem rumo da Albion determina,
casar-se com rei Carlos foi seu fim...


192-Afonso da cabeça era doente,
não tendo sucessor,por impotente (?),
daí medida imposta p´lo conselho.
O trono lhe é cassado e passa então
p´ras mãos de Pedro que era seu irmão,
p´ra este o conservar até ser velho...


193-A Pedro a força inglesa impõe tratado,
que obriga o reino luso a ser mercado
como absorsor da lã e seus tecidos...
E p´ro vinho do Porto há no momento,
promessa de um mesmo tratamento,
consumidores ingleses garantidos...


194-A Espanha luta pela sucessão,
inglese usam Pedro a peão
no jogo de xadrez que põe a nú,
que apoio ao austríaco intento,
apenas foi manobra de momento
pois ...já lhes serve mais Filipe Anjou...


195-Perdura impasse até surgir o dia
das partes requererem acalmia,
que UTRECHT desenhou em boa hora...
Mudança aconteceu em Portugal,
D. Pedro teve morte natural,
p´ro seu lugar o filho vem agora.

196-Seu nome era João,Quinto na História,
ufano peito tão prenhe de glória
que quer cumprir missão de Portugal.
Combate ao Otomano se sucede,
e entrando em Matapã, ao Papa acede,
destroça turcos em luta naval...


197-Magnânimo explora os diamantes
seguindo o pai que usara os bandeirantes
no avanço do Brasil, por terra adentro.
De Vera Cruz virá grande riqueza
p´ra dar à capital rara beleza
que a impõe na velha Europa,como centro...


198-Partiu então o rei p´ro eterno sono,
ficando D.José,filho, no trono,
sujeito à pombalina influência.
Impõe governação,dura,absoluta,
imprime a violência na conduta,
que aos Távoras tirou a existência.


199-Foi obra de Pombal a atrocdade
révanche ineludível,vil maldade,
manchando obra importante que deixou.
Sentida rejeição de amor sem sorte
gerou,para a família,ódio de morte,
que a História,horripilada, registou ...


200-Um forte abalo arrasaa capital
Lisboa vê ruir,para se mal,
as casas que se esvaem,por sumiço...
Desgraça vai mostrar à evidência
capacidade,engenho,inteligência,
do homem que o rei tinha ao seu serviço...


© Manuel Maia (2009)

[Fixação / revisão de texto: L.G.]

_________


Nota de L.G.


(*) Vd. postes anteriores desta série:

2 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4274: Blogpoesia (43): A história de Portugal em sextilhas (Manuel Maia)

3 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4278: Blogpoesia (44): A história de Portugal em sextilhas (II Parte) (Manuel Maia)

6 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4290: Blogpoesia (45): História de Portugal em Sextilhas (Manuel Maia) (III Parte): II Dinastia, até ao reinado de D. João II

15 de Maio de 2009 >Guiné 63/74 - P4351: Blogpoesia (47): História de Portugal em sextilhas (Manuel Maia) (IV Parte): II Dinastia (De D.Manuel, O Venturoso, até ao fim)

3 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4456: Blogpoesia (48): História de Portugal em sextilhas (Manuel Maia) (V Parte): III Dinastia (Filipina)