Mostrar mensagens com a etiqueta Tabanca de Candoz. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Tabanca de Candoz. Mostrar todas as mensagens

sábado, 23 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24993: As nossas geografias emocionais (20): Quinta de Candoz, "aguarelas" natalícias, com votos de Boas Festas (Luís Graça)

 




Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Candoz> Quinta de Candoz > 21 de dezembro de 2023 > "Aguarelas" natalícias... No fundo do vale passa a linha do Douro (que liga Ermesinde ao Pocinho, numa extensão de 160 km)... O comboio é nosso vizinho, e funciona como sucedâneo do relógio da torre sineira da igreja que não há aqui em redor... Quando ele passa, apita e "dá as horas"... 

A ponte da Quebradas entre a estação do Juncal (concelho de Marco de Canaveses) e a de Mosteiró (concelho de Baião)  é visível numa das "aguarelas" aqui reproduzidas... A seguir é a Estação de Tormes, no lugar de Aregos, onde começa o Caminho de Jacinto até â Quinta de Tormes... do outro lado da serra (que vemos daqui de Candoz). 

Estamos em plena paisagem que Eça de Queiroz descreveu  tão magistralmemte no seu último romance "A Cidade e As Serras" (publicado postumamemente em 1901, e só parcialamente revisto pelo autor). 

É um dos meus livros de cabeceira, quando cá venho. E desta vez para celebrar antecipadamente o Natal, hoje, 23 de dezembro. (Não o celebramos amanhã porque ainda estamos de luto, por aquela que foi durante 40 anos a rainha de Candoz.

Éramos, entre adultos e canalha, perto de 3 dezenas de comensais, à volta de uma grande mesa em L: não faltaram o bacalhau lascudo, as batatas, as pencas, o ovo cozido, o pão de milho, o espesso molho de azeite, vinagre e alho,  o tinto maduro e o viçoso verde branco (já deste ano)... E, claro, os nossos bons queijos (que são dos melhores do mundo...) e a doçaria (que veio diretamente do céu)...  

Enfim, algumas das pequenas grandes razões para  há 130 anos o principe Jacinto ter trocado o palacete do número 202 dos Campos Elísios em Paris (a Cidade, a Civilização, a Europa) pela Quinta de Tormes (as Serras, a Ruralidade, o Portugal, puro e bruto ).

Caros amigos e camaradas, anónimos leitores: a Tabanca de Candoz deixa-vos aqui os votos de um Bom Natal de 2023 e de um Melhor Ano de 2024. 

Foto (e legenda): © Luís Graça (2023). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

____________

Nota do editor:

Ultimo poste da série > 20 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24980: As nossas geografias emocionais (19): Lisboa: Do Passeio Público à Avenida da Liberdade...

sexta-feira, 21 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24492: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (38): O arroz de lingueirão à moda de Candoz







Marco de Canaveses > Paredes de Viadorees > Candoz > Tabanca de Candoz > 15 de julho de 2023 > Aqui também chegam os sabores do mar...


Fotos (e legenda): © Luís Graça (2023). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1.  Dez dias de "férias & trabalho" na nossa Quinta .de Csndoz, longe da Lourinhã, da fisioterapia e do ginásio,... e do blogue (já que o acesso à Net é reduzido),  não nos impedem, a mim e à Alice, de manter a tradição do petisco... com sabor a mar. 

Ontem foi uma sardinhada, à moda antiga, para 15 pessoas. A Alice juntou cá os manos vivos.  O  Zé Carneiro  trouxe as sardinhas da lota de Matosinhos, e foram as melhores que comemos este ano, assadas em lenha de videira (que é a melhor)... Como se diz aqui, "souberam-nos pela vida"..., independentemente da sua origem (parece que foram pescadas no mar de Sesimbra). E lembraram-se os tempos da "sardinha para très"...

Há dias a "chef" Alice fez um arrozinho de lingueirão (ou navalha)... É um prato simples e delicioso, com arroz de tomate e coentrinhos.  (Podia levar pimentos, mas não  levou para estragar o gostinho a maresia do molúsculo...). 

 O "segredo" é lavar bem o lingueirão (ou navalha). libertando-o de toda e qualquer impureza , em particular a areia (que é extremamente desagradável para os nossos dentinhos e língua). Aproveita-se a "auguinha" onde se coze o molúsculo... 

Quanto ao resto, há para aí muitas receitas na Net, que o leitor pode consultar. Como sempre, estava um arrozinho de comer e chorar por mais...Esta gente aqui é especialista a cozinhar o arroz (de mil e uma maneiras)...

Amigos e camaradas, b0m verão,  e que Deus Nosso Senhor não  vos tire o apetite... Continuamos à espera que os nossos 'vagomestres'  nos mandem ao menos as fotos dos seus "petiscos de verão"... Comam bem (o que não quer dizer muito...)  e partilhem ao menos a vossa fotogaleria... gastronómica.  (LG)

II. Lingueirão, segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa:

lingueirão |güei|
(lin·guei·rão)

nome masculino

1. Língua grande.

2. [Zoologia] Molusco acéfalo bivalve, com concha retangular estreita e longa. = Canivete, Ligueirão,Lingueirão-de-Canudo,Longueirão, Navalha, Navalheira.  

Origem etimológica: língua + -eirão.

"lingueirão", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2023, https://dicionario.priberam.org/lingueir%C3%A3o#google_vignette.

quarta-feira, 26 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24252: Palavras fora da boca... (2): "Prós insultos não há contemplações nem indultos"... e também: "Quem não tem poilão, acolhe-se à sombra do chaparro"... Proverbiário da Tabanca Grande, 5ª edição revista e aumentada:




Tabanca de Candoz > 9 de abril de 2023 > Um dos nossos sobreiros: temos uma meia dúzia nas extremas da quinta, não dão cortiça de qualidade, mas dão bolotas e sombra, abrigam a passarada, e crescem desalmadamente... É a nossa árvore sagrada, como o poilão o é na Guiné-Bissau... E a propósito diz o nosso proverbiário,  agora em 5ª edição (revista e aumentada): "Quem não tem poilão, acolhe-se à sombra do chaparro"...

Foto (e legenda): © Luís Graça (2023). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. O meu pai, meu velho, meu camarada, Luís Henriques (1920-2012), gostava muito de falar em verso, de fazer rimas, quadras, versos de pé quebrado, citar provérbios populares, contar histórias e anedotas, evocar os seus tempos de expedicionário em Cabo Verde durante a II Guerra Mundial ou relembrar os tempos de jogador de futebol, e de treinador de camadas juvenis... Muitas vezes fazia-nos rir, sorrir, pensar... Tenho pena que muita da sua "sabedoria popular" ou "filosofia espontânea"  tenha ido para a cova com ele... Algumas coisas fomos, eu e os seus netos,  registando, filmando, tomando boa nota... E também o "obriguei" a escrever os seus cadernos diários (deixou-nos três, com  centenas de páginas), quando teve, nos últimos anos, de ir para um lar com a minha mãe...

Mas ele era um repentista, um espontâneo, um improvisador, incapaz de repetir, com a mesma precisão e graça, o que acabava de lhe sair da boca... Tudo dependia do contexto, das situações, dos interlocutores, e da disposição e da inspiração de momento... E, claro, fiava-se na sua memória de elefante... Tinha um r
eportório para dar e vender... Nunca o vi escrever um dito, uma história, um verso... Era um homem de palavra e de palavras, que nunca usou como arma de arremesso contra ninguém. Talvez por essa razão não tinha inimigos conhecidos:

Tudo isto vem a propósito de uma quadra que ele gostava muito de citar apropriada para prevenir situações de conflito:

Palavras fora da boca,
São pedras fora da mão,
Tu mede bem as palavras,
Tira-as do teu coração.

Era uma variante da conhecida quadra popular:

Palavras fora da boca,
São pedra fora da mão,
Tu tens me dito palavras
De cortar-me o coração.

2. Também no blogue, em postes e comentários, mandamos às vezes umas "bocas", ora mais felizes ou bem humoradas, ora mais provocatórias e inapropriadas (neste caso, "bocarras"), entre amigos e camaradas. No blogue e sobretudo no facebook... A (in)cultura geral das redes sociais criou, em dada altura, um clima de intolerância e de impunidade propício à violência verbal, ao insulto... Ora, cá entre nós, gostamos de lembrar: "P'rós insultos, não há contemplações nem indultos". 

Palavras fora da boca, falar da boca para fora quer dizer "falar sem pensar", "falar sem certeza do que se diz", "dizer uma coisa sem seriedade"!... "Palavras da boca para fora" são, de acordo com o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, "locuções e frases inteiras que dizemos 'da boca para fora', sem esforço mental aparente (mas com sentido, ainda que inconsciente), [e que] recheiam o nosso discurso, consti[tuindo] uma classe lexical, a das expressões idiomáticas, fraseologias ou sintagmas fixos." In: Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/aberturas/falar-da-boca-para-fora/1979 [consultado em 25-04-2023.]
 
Temos vindo a reunir algumas dessas "frases feitas" para proveito e governo da Tabanca Grande, o mesmo é dizer, dos nossos editores, colaboradores permanentes, autores, leitores, comentadores... Está na altura de fazer uma 5ª edição, revista e aumentada, com algumas dessas expressões idiomáticas ou sintagmas fixos que usamos, uma vez por outra, umas, ou mais frequentemente, outras... Os "insultos", naturalmente, ficam de fora da coleção, embora pedagógico recolhê-los....

Chamámos-lhe, em tempos, "o nosso proverbiário", fazendo já parte do nosso "livro de estilo" (**). Quarenta e nove anos depois do 25 de Abril de 1974, dezanove depois da criação do nosso blogue, queremos continuar a ser a Tabanca Grande, "a mãe de todas as tabancas", mas também um espaço de partilha de memórias (e de afetos) tolerância, verdade, liberdade e responsabilidade,  um espaço, na Net, "onde todos cabemos com tudo o que nos une e até com aquilo que nos separa". Referimo-nos, naturalmente, aos "amigos e camaradas da Guiné", e nomeadamente aos "antigos combatentes do CTIG"...


O NOSSO PROVERBIÁRIO

A blogar é a que a gente... se entende.

A 'roupa suja' lava-se na caserna, não na parada.

Água de Lisboa, "manga di sabi".

Alfero Cabral cá mori!

Ainda pior do que o inferno da guerra, 
é o inverno do esquecimento dos combatentes.

Amigo do seu amigo, camarada do seu camarada.

Amigo traz amigo e amigo fica.

Ao luar, entre nevões, até as renas parecem pavões! (Zé Belo dixit)

Aponta, Bruno!

Aqui o povo é quem mais... "ordenha".

A(r)didos e... mal pagos!

As nossas queridas enfermeiras paraquedistas: 
os anjos que desciam do céu.

As vacas roubadas que andam de mão em mão, acabam sempre comidas em boa ocasião (Salgueiro Maia dixit)

Até aos cem, ainda se aguenta, depois dos cem, só com água benta.

Até aos cem é sempre em frente!... E depois dos cem, 
é só para quem for resiliente...

Até aos entas, bem eu passo, dos entas em diante, 
ai a minha perna, ai o meu braço!...

Até à... próstata!

Bazuca: o que fazia mal ao fígado, fazia bem à alma.

Beber a água do Geba.

Boa continuação da viagem pela picada da vida!... 
Cuidado com as minas e armadilhas!

Bons tempos, Cabral, consigo ia ficando maluco! (Barbosa Henriques, capitão "comando" dixit)... E eu ia ficando comando!... (Alfero Cabral retorquiu)


Brincando por fora, sangrando por dentro.

Cabral só há um, o de Missirá e mais nenhum.

Cabrito pé de rocha, "manga di sabi".

Camarada e amigo... é camarigo!

Camarada não tem que ser amigo: é o que dorme contigo, 
no mesmo buraco, na mesma cama, no mesmo abrigo.

Camarada, mais do que um dever, é uma honra que te é devida, 
ir a Monte Real pelo menos uma vez na vida.

Camarada, que a terra da tua Pátria te seja leve!

Camarada, salvo seja!

Com a sua licença, meu general, a merda... que a gente come!

Combatente um vez, combatente para sempre!

Como camaradas que fomos (e continuamos a ser), tratamo-nos por tu!


Dão-se lições de artilharia para infantes.

Desaparecidos: aqueles que nem no caixão regressaram.

Desarmados, jubilados, reformados, aposentados mas não... arrumados.

Dezanove anos a blogar... são dez comissões na Guiné!

E quem não bebeu a água do Geba, nunca poderá entender 
a vida, o conteúdo e o continente das nossas estórias.

E também lá vamos facebook...ando e andando.

E viva a Pátria! E viva o nosso General!... Puuum!!! (Gasparinho dixit)

É proibido fazer juízos de valor sobre o comportamento de um camarada (do ponto de vista operacional, disciplinar, ético, moral, social).

Encontro Nacional da Tabanca Grande: orar, comer.. 
e amar em Monte Real!

Entra e senta-te à sombra do nosso poilão.

Estás porreiro ou vais p'ró carreiro!?...

Estorninhos e pardais, aqui somos todos iguais.

Exorcizar os nossos fantasmas.

F... e mal pagos.

For the Portuguese Armed Forces from Scotland with love... 
[Da Escócia com amor, para as Forças Armadas Portuguesas.]

Guerra do Ultramar, guerra de África, guerra colonial
(como se queira, ao gosto do freguês).

Guerra ganha, guerra perdida? 
Camarada, não percas tempo com a discussão do sexo dos anjos...

Guiné, da floresta verde e do chão vermelho.

Guiné, terra verde-rubra.

Guiné? ... Não era pior nem melhor, era diferente.

Guiné?... Não, nunca ouvi falar!


Há comentadores e comentadores: alguns são como o peixe e o hóspede, 
ao fim de três dias fedem...

Havia os desertores, os refratários, os faltosos... e nós.

Humor com humor se (a)paga.


In Memoriam: para que não fiques, pobre camarada, 
na vala comum do esquecimento.

Já estás com o bioxene, já estás com os copos, já estás! (Valdemar dixit)

Já estou mal da cachimónia, / E eu aqui no treco-lareco, / A ouvir o próprio eco, / Na Tabanca da Lapónia.

Lá vamos blogando, recordando, (sor)rindo, 
e às vezes cantando, gemendo e chorando!

Lá vamos contando (e cantando) os quilómetros pela picada da vida fora!

Lembras-te, combatente, que és pó e em que em pó hás de tornar-te.

Lembra-te, ó português, a tua bandeira é a das cinco quinas, 
a dos cinco pagodes é na loja... do chinês!

Lugares ao sol, não temos... Só à sombra, do nosso poilão!

Luso-lapão só há um, o Zé Belo, e mais nenhum.


Mais morto de alma do que vivo de corpo.

Mais vale andar neste mundo em muletas do que no outro em carretas.

Mais vale um camarada vivo do que um herói... morto!

Melhor que as bajudas, era a 'água de Lisboa' que nos fazia esquecer as bajudas.

Meu pai, meu velho, meu camarada.

Miguel & Giselda, o casal mais 'strelado' do mundo.

Muita saúde e longa vida, porque tu, camarada, mereces tudo.


Não deixes que o teu espólio de memórias vá parar à Feira da Ladra ou ao OLX.

Não deixes que sejam os outros a contar a tua história por ti.

Não é o Panteão Nacional, é melhor, é... a Tabanca Grande.

Não fazemos a História com H grande, mas a História não se fará 
sem a nossa... pequena história.

Não há tabanca sem poilão.

Nem mais um soldado para as colónias! 

Nem medalhas ao peito nem cicatrizes nas costas.

Ninguém leva a mal: em cima o camarada, em baixo o general.

No céu... não há disto: comes & bebes!


O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!

O nosso maior inimigo: o Alzheimer (de que Deus nos livre!)...

Ó Pimbas, não tenhas medo!

O seu a seu dono: respeita os direitos de autor.

Ó Sitafá, deixa lá, cabeças e rabos de sardinha não são bem a mesma coisa (Alfero Cabral dixit).

O último a morrer, que feche a tampa... do caixão.

Olhe que não, sr. general, olhe que não!

Os bravos não se medem aos palmos.

Os bu...rakos em que vivemos.

Os camaradas tratam-se por tu.

Os camaradas da Guiné dão a cara, não se escondem por detrás do bagabaga.

Os filhos dos nossos camaradas, nossos filhos são.

Os netos dos nossos camaradas, nossos netos são.

Os nossos queridos 'nharros'...


P
ara que os teus filhos e netos não digam, desprezando o teu sacrifício: "Guiné? Guerra do Ultramar? Guerra Colonial? Não, nunca ouvi falar!"...

Partilhamos memórias e afetos.

Patrício Ribeiro, o "pai dos tugas" em Bissau.

Periquito, salta pró blogue, que a velhice já cá está!

Periquitos até aos 6 meses, maçaricos até a um ano... 
e depois vecês (velhinhos comó c...)

Porra, porra, lá iam lixando o Comandante-Chefe (Spinola dixit, quando o seu heli aterrou, por engano, numa "área libertada")

P'rós insultos, não há contemplações nem indultos.

Quando o último eucalipto deste país arder, despeçam o último bombeiro, por extinção do posto de trabalho.

Que Deus, Alá e os bons irãs te protejam!

Quem não faz 69, não chega... aos 100!

Quem não sabe beber, beba merda!

Quem não tem poilão, acolhe-se à sombra do chaparro.

Quem não tem "turpeça", senta-se no chão... e quem "turpeça" também cai.

R
apa o fundo ao teu baú da memória.

Recorda os sítios por onde passaste, viveste, combateste, amaste,
sofreste, viste morrer e matar, mataste,
e perdeste, eventualmente, um parte do teu corpo e da tua alma...


Saber resolver os nossos diferendos, os nossos conflitos... sem puxar da G3!

Santo António de Bissau, / Bravo, meu bem, / De todos o mais casmurro,/ Quer do preto fazer branco, / Bravo, meu bem, / E do branco fazer burro.

Sempre presentes, aqueles que da lei da morte já se foram libertando.

Siga a Marinha!

Só há três coisas de que aqui não falamos: futebol, política e religião.

Somos uma espécie em vias de extinção.

Soubemos fazer a guerra e a paz.

Spinolândia, sim, Guiné, não.


Tabanca Grande: a mãe de todas as tabancas.

Tabanca Grande: onde todos cabemos com tudo o que nos une 
e até com aquilo que nos separa.

Tabanca Grande: onde não há portas nem janelas 
nem arame farpado   nem cavalos de frisa

Tuga, que Deus te livre da doença do... Alemão.

T/T Niassa, Uíge, Ana Rita, Angra do Heroísmo... Os cruzeiros das nossas vidas.


Um blogue de veteranos, nostálgicos da sua juventude (René Pélissier dixit).

Um povo que sabe rir-se de si próprio, não precisa de ir ao psiquiatra.

Uma geração que soube fazer a guerra e a paz.

Uma guerra... a petróleo! (Tó Zé dixit)

Uma noite nos braços de Vénus, três semanas por conta de Mercúrio.  

Vamos à guerra, que a morte é certa.

Volta, Zé Belo, estás perdoado! (disseram  os "sámi" ao régulo que queria "desertar" da Tabanca da Lapónia.


_____________

Notas do editor:


domingo, 26 de março de 2023

Guiné 61/74 - P24170 : Manuscrito(s) (Luís Graça) (219): Na despedida da Terra da Alegria: à minha querida 'mana' Nitas, Ana Ferreira Carneiro Pinto Soares (Candoz, 1947 - Porto, 2023)



Ana Ferreira Carneiro, na sua casa da Madalena, Vila Nova de Gaia, em 19/6/2019, no dia do casamento do filho mais novo, mas já com o diagnóstico da doença, a mielodisplasia, que deveria estar na origem da sua morte, quatro anos depois,  em 24 de março de 2023.


Foto (e legenda): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

A Tabanca de Candoz ficou mais pobre, a partir de anteontem,  com a morte da "Nitas"... Ana Ferreira Carneiro Pinto Soares (Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses, 15/1/1947 - Porto, 24/3/2023)

A engenheira técnica Ana Carneiro, carinhosamente conhecida por "Nitas", formou-se em 1973 e trabalhou desde então, e durante quatro décadas, no ISEP - Instituto Superior de Engenharia do Porto, no departamento de Engenharia Química, Laboratório de Tecnologia Química. Fez parte, já reformada, de vários grupos musicais (coros e cavaquinhos). Era irmã da Alice Carneiro e cunhada do nosso editor Luís Graça. Era casada com o Augusto Pinto Soares, "Gusto", economista, e gestor, reformado, mãe do médico José Soares e do inspetor tributário Luís Filipe. Tinha dois netos. Morava na Madalena, Vila Nova de Gaia. As cerimónias fúnebres realizaram-se em dois locais: (i) igreja do Padrão da Légua, São Mamede de Infesta, Matosinhos, com velório a partir das 18h00: missa de corpo presente às 10h00, amanhã, sábado; (ii) seguindo depois o féretro para a sua terra natal, que ela tanto amava; o corpo desceu à terra por volta das 15h00, no cemitério da freguesia de Paredes de Viadores, Marco de Canaveses.





 

Marco de Canaveses >  Paredes de Viadores >  Festa da família Ferreira >  7 de setembro de 2013 > Juntou mais de 100 pessoas. A festa realiza-se há cerca de 30 anos. A última tinha sido em 2011. 

Neste vídeo mostra-se a exibição de um grupo de mulheres da família que cantam lindamente os tradicionais cantaréus da região do Douro Litoral (que só podem ou devem ser cantados pelas mulheres, e estão hoje praticamenmte extintos, o termo aliás nem sequer está, lamentavelmente,  grafado pelo Dicionário Periberam da Língua Portuguesa): "Nitas", Mi, São (mulher do maior violonista da região, Júlio Veira Marques, também presente na festa, nosso camaradas da CCAÇ 1418, Bissau, Bula, Buruntuma, Camajabá, Ponte Caium e Fá Mandinga, 19654(/67)... e Dolores Carneiro... A "Nitas" está de óculos escuros e xaile tradicional.

Vídeo (1' 59''). Alojado em You Tube / Luís Graça (2013) (*)

1. Oração fúnebre dita da missa de corpo presente, igreja do Padrão da Légua, Matosinhos, dia 15 de março de 2023, cerca das 11h00 (**):

Querida Nitas:

Hoje há lágrimas e suspiros. Hoje é o dia mais triste das nossas vidas. Agora que partiste para a tua última viagem, aquela que não tem retorno, há um nó na garganta que nos sufoca e não nos deixa dizer tudo o que nos vai na alma.

Sabes, na hora da morte dos que nos são queridos, as palavras de pouco nos servem de consolo. Escrevi-te tantos sonetos, quadras e outros textos poéticos, ao longo da tua vida, por ocasião dos teus aniversários e em outros momentos felizes que passámos juntos no seio das nossas famílias… Mas ficou, afinal, tanto por te dizer e partilhar contigo!...

Contra toda a evidência médica, fomos resistindo à ideia de te perder e fomos sempre alimentando a luzinha que, embora muito trémula, ainda era visível ao fundo do túnel, há uns meses atrás. Mas tu sabias que a vida te estava a escapar… não obstante a dedicação e a competência dos “anjos”, que no Hospital de São João, cuidaram de ti, a começar pelo teu hematologista, dr. Ricardo Pinto.

Recordo o que me escreveste, há um ano, agradecendo as palavras que eu te mandei, em meu nome e da tua mana Alice, por ocasião dos teus 75 anos. “Querido Luís: Quando partirmos para o outro lado do rio de Caronte, como tu dizes, o que fica para a posteridade, é o que tu escreves agora para nós… Tantas e tão lindas recordações. De nós pouco fica… Obrigada mais uma vez, a todos, por todo o carinho que recebo.” (Fim de citação).

Não, Nitas, de ti fica muito. Antes de mais, fica, em nós, uma saudade imensa. De ti, fica o teu sorriso luminoso, a tua grande bondade, a contagiante alegria de viver, a tua beleza interior, a tua gentileza, a tua fotogenia, o carinho com que tratavas as tuas plantas e flores na Madalena e em Candoz, o prazer com que ias para o coro e o cavaquinho, o orgulho, a ternura e o amor que tinhas  pelo teu marido, Gusto, e pelos teus filhos Luís Filipe e José Tiago, o desvelo e o carinho que manifestavas pelos teus netos, e as tuas noras e a tua grande família: manos, cunhados, sobrinhos, etc.

Fica o exemplo extraordinário de abnegação e de resistência que deste ao longo de quatro anos de luta contra uma doença crónica degenerativa, cruel, irreversível, incurável, injusta. Tu não merecias este desfecho.

E fica o teu Gusto, sempre discreto mas eficiente e presente, sempre a teu lado, nos piores e melhores momentos, o Gusto, o teu grande companheiro de jornada, de estrada, o grande amor da tua vida. Fica o seu exemplo, para todos nós, de um extraordinário cuidador. Sem um ai, sem um ui, escudando-se muitas vezes na sombra, fora das luzes da ribalta, sem procurar protagonismo. Porque ele sabia que tu farias exatamente o mesmo por ele. Essa, sim, é uma grande prova de amor.

Fica ainda o exemplo do resto da tua família, que esteve sempre a teu lado, que soube ser carinhosa, fraterna e solidária na grande provação que foi a tua doença. Sem esquecer os teus bons amigos e antigos colegas, do ISEP - Instituto Superior de Engenhria do Pporto e dos grupos do coro e do cavaquinho…

Na tua morte, querida Nitas, todos morremos um pouco contigo. Falo em meu nome, em nome dos meus e dos teus, e de todos os demais que muito te amaram e que te vão recordar pela vida fora. Prometemos nunca te esquecer enquanto ainda tivermos do lado de cá do rio. Também já temos a moeda para dar ao barqueiro Caronte que nos há levar ao teu encontro, na outra margem. Até lá vamos falando contigo, mesmo por entre lágrimas e suspiros. Recusamos dizer-te adeus, até sempre. Apenas, adeus, até um dia destes, querida Nitas!

Luís Graça


2. Letra da canção do cancioneiro minhoto, "Ó Farol de Montedor",  interpretado por um coro "ad hoc" (sem acompanhamento instrumental),  Cemitério de Paredes de Viadores, Marco de Canaveses, 25 de março de 2023, 15h00

Ó Farol de Montedor


Instrumental 
 

Ó farol de Montedor, ó ai, ó ai,
Ó farol de Montedor,
Alumia cá pra baixo, ó ai, ó ai
Alumia cá pra baixo, ó ai, ó ai

Instrumental

Eu perdi o meu amor, ó ai, ó ai
Eu perdi o meu amor, 
Às escuras não no acho, ó ai, ó ai
À escuras não no acho, ó ai, ó ai

Instrumental

É noite, e o sol já está posto, ó ai, ó ai
É noite, e o sol já está posto 
E o meu amor que não vem, ó ai, ó ai
E o meu amor que não vem, ó ai, ó ai

Instrumental

Ou o mataram a ele, ó ai, ó ai
Ou o mataram a ele, 
Ou ele matou alguém, ó ai, ó ai
Ou ele matou alguém, ó ai, ó ai

Instrumental

Ó farol de Montedor, ó ai, ó ai
Ó farol de Montedor,
Iça a bandeira de luto, ó ai, ó ai
Iça a bandeira de luto, ó ai, ó ai

Instrumental

Foi-se embora o meu amor, ó ai, ó ai
Foi-se embora o meu amor, 
Tenho pena, choro muito, ó ai, ó ai
Tenho pena, choro muito, ó ai, ó ai

Instrumental

 Ó farol de Montedor, ó ai, ó ai,
Ó farol de Montedor,
Alumia cá pra baixo, ó ai, ó ai
Alumia cá pra baixo, ó ai, ó ai


(Vd. aqui a interpretação do Coro Académico da Universidade do Minho com o Grupo de Música Popular da Universidade do Minho: Ó farol de Montedor - Trad. do Minho / harm.: Mário Nascimento XIII Encontro de Coros Universitários - 2017)

3. Joaquim Costa comentou na Tabanca Grande Luís Graça, com data de 24 de março último:

Amigo Luís, é nestes momentos que as palavras nos faltam para exteriorizar a tristeza que nos aperta o coração, pelo amigo que perde alguém muito querido.

As minhas condolências a toda a família e amigos da minha colega Eng Tec, que não tive o prazer de conhecer mas que com certeza nos cruzámos nos corredores do então IIP - Instituto Industrial do Porto (hoje ISEP)

Um grande abraço deste amigo que muito te considera.

Joaquim Costa

______________

Notas do editor: 

(*) Vd. 24 de setemebro de  2020 > Guiné 61/74 - P21388: Manuscrito(s) (Luís Graça) (191): Quinta de Candoz: vindimas, a tradição que já não é o que era... (Augusto Pinto Soares) - Parte I

domingo, 5 de fevereiro de 2023

Guiné 61/74 - P24038: Blogues da nossa blogosfera (177): A matança do porco de antigamente... e a alegria da festa que não se compra nos hipermercados (Augusto Pinto Soares, coeditor de "A Nossa Quinta de Candoz")


Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Parque de merenda de Nossa  Senhora do Socorro > 31 de agosto de 2019 > 6º encontro da família Ferreira > O nosso "Gusto", natural  do orto, casado com uma Ferreira Carneiro, nascida em Candoz... Ele é o homem dos sete ofícios, podador, enxertador, tractorista, contabilista, etc., incluindo acordeonista...  E de há quatro anos a esta parte, um grande cuidador, que sabe lidar como poucos com a doença crónica da sua Ana (que tem sido uma heroína)...

Mas a vida não é só dor, sofrimento, doença, tristeza... Na festa da família Ferreira não podem faltar todos os elementos da festa da vida... o pão, o vinho, os salpicões, o anho assado com o arroz de forno, os pastelinhos de bacalhau,  a doçaria,  a alegria, a música, a reinação, as cantigas à desgarrada, os cantaréus, a dança, a "canalha" (as crianças, os adolescentes), os jovens, os graúdos, os pais. os avós e os bisavós...

Cada "família" trouxe o seu pestisco, que foi partilhado nas  mesas de granito do parque das merendas, sob a benção da Nossa Senhora do Socorro... Era já noitinha quando cada família  arrumou a trouxa e voltou às suas casas, uns mais perto, outros mais longe, com vontade de voltar no  ano seguinte (estava agendado, o 7º convívio,  para 29 de agosto de 2020, mas a pandemia de covid-19 pregou-nos a partida, e que partida!)... 

Afinal, a vida são dois dias e a festa da vida deviam ser três...

Foto (e legenda): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Teve bom acolhimento, entre os nossos leitores, o poste do Francisco Baptista sobre a matança do porco na sua aldeia de Brunhoso, concelho de Mogadouro, Terra Fria Transmontana (*). Uma terra  "rica e autossuficiente", escreveu ele, num dos postes da sua série "Brunhoso há 50 anos". Aliás, ninguém como ele, neste blogue, comnseguiu manifestar por escrito, com tanta evidência, ternura e talento literário, o amor que que se pode ter  à terra que nos viu nascer. (Desta série, sairia, de resto, o seu livro "Brunhoso, Era o Tempo das Segadas - Na Guiné, o capim Ardia", edição de autor, 2019, 388 pp.)

Não nos levem a mal que, em complemento dessa narrativa, de inegável interesse etnográfico, e que sobretudo nos ajuda a reconstituir ou reviver parte das memórias das nossas raízes telúricas, eu reproduza também aqui um texto, da lavra do meu cunhado e sócio, Augusto Pinto Soares (o "Gusto"), s0bre "a matança do porco de antigamente" em Candoz (região duriense), publicado originalmente no blogue de que somos, eu, a Alice e ele, editores, "A Nossa Quinta de Candoz" (**). Para além de saborosos pormenores que ilustram a "festa" e a "gastronomia" associadas ao porco (elemento essencial da economia doméstica das famílias rurais no Norte), há também uma boa ilustração fotográfica, que falta ao poste do Francisco Baptista.

São do Augusto Pinto Soares também dois notáveis postes, já aqui publicados, sobre as vindimas de antigamente (***). (De resto, a Quinta de Candoz também é uma tabanca: a Tabanca de Candoz tem mais de meia centena de referências no nosso blogue.)


Quinta de Candoz: a matança do porco de antigamente

Texto de Augusto Pinto Soares (2005)

Créditos fotográficos: Luís Graça (2005) e Luís Filipe Soares (2005)


Quinta de Candoz (sita em Candoz, antigo concelho de Bem Viver, hoje freguesia de Paredes Viadores, concelho do Marco de Canaveses, distrito do Porto) > O amanhecer em Candoz... O rio Douro, a albufeira da barragem do Carrapatelo, Porto Antigo, ao fundo,  a serra de Montemuro, Cinfães (já no distrito de Viseu) coberto de nevoeiro cerrado.

Manhã cedo, quase a alvorecer, fria como convinha. Ao longe, as serras estão brancas, cobertas com um manto de neve. Típica manhã de Dezembro.

Os dedos enregelavam. O dono da casa e os filhos já espigadotes, com corpo de homem, agasalhados com capotes e samarras com pele de coelho no colarinho, calçados com socos de madeira que estropiam nos montes de geada congelada no chão, esfregam as mãos tentando fazer girar o sangue para as aquecer.

Era o dia da matança do porco. Dia esperado com alguma ansiedade pois parecia dar abundância naqueles tempos de míngua, de escassez. A matança era um momento solene, porque muitas famílias não tinham mais nada além do porco.

O ambiente ia sendo preparado. O carro de bois já tinha sido colocado de feição. As panelas com água já estavam na lareira, entretanto acesa, para ferver água. Molhos de palha, amarradas como archotes, estavam prontos. Um alguidar com um pouco de vinho verde tinto no fundo aguardava junto ao carro.


Quinta de Candoz > O velho carro de bois, agora peça de museu, onde, antigamente, se sacrificava o animal...

Os preparativos estavam feitos. Munido das suas facas e do respectivo afiador, eis que chegava o matador. Homem experiente, já de certa idade, lavrador como todos os outros mas que há já muitos anos, nestas alturas, se dedicava a matar os porcos que a vizinhança das redondezas lhe solicitava. Era uma arte a que poucos se dedicavam.

A dona da casa já tinha preparado o mata-bicho (broa de milho e centeio e aguardente – alguns preferiam-na com um pouco de açúcar) para aquecer os corpos, ainda esfriados como a manhã.

O dono da casa, o matador e mais três ou quatro filhos lá se dirigiam para a corte onde o bicho, qual condenado sem saber a sentença que lhe coubera de sorte – mas parecendo que a adivinhava – olhava de soslaio, e com alguns guinchos, para aqueles vultos que não era costume aparecerem àquelas horas para lhe darem de comer – o que tanto desejava pois desde o dia anterior que pouco ou nada tinha comido, apenas alguma água de lavagem. Desconfiado, ia-se resguardando no canto mais recôndito que encontrava na corte.


Marco de Canaveses >  Feira do gado > O porco era o governinho da patroa e o boizinho, vendido na feira do Marco, uma das poucas fontes de receita dos lavradores e sobretudo dos caseiros, para além do vinho e do milho, antes do 25 de Abril. (O boi da foto era um animal de trabalho, a junta de bois substituía o tractor.)

O dono da casa ou normalmente o próprio matador, munido de uma corda de amarrar os bois, entrava e aproximava-se do animal. Os outros, à porta cercavam o local.

– Oh bitcho! Oh bitcho!

Com alguma dificuldade mas com a mestria de quem tantas vezes já tinha efectuado aquela tarefa, o matador colocava a corda, como um açaimo, em redor do focinho e entre os dentes do animal.

Agora, puxado para fora da corte e com os restantes homens a vigiar – não fosse o bicho fugir, o que não seria a primeira vez – era conduzido para o carro de bois. E todos num verdadeiro esforço lá conseguiam deitá-lo com a cabeça para baixo junto à cabeceira do carro.

Os quatro homens seguram-no, cada um em sua pata e colocado o alguidar com o vinho (para o sangue não coagular) por debaixo da cabeça do bicho, o matador, dando uma palmada (tal como se fosse para dar uma injecção) por cima do sítio onde a faca iria entrar, espeta-a com precisão cirúrgica, junto à goela, no único sítio que fará com que o sangue flua completamente para o alguidar. Os berros do bicho são essenciais para que o sangue saia todo e são sinal que a faca foi espetada no sitio certo.

 Sim senhor! A faca foi bem metida! Nem uma pinta de sangue lá ficou! Deu-o todo!

O alguidar já vai para a cozinha onde o sangue será cozido (a água já ferve na panela de ferro que está à lareira) para, daqui a pouco, ser levado como pitéu, juntamente com broa e vinho verde tinto, aos homens. È o dejujuadoro (deixar de estar em jejum) daquele dia.


Quinta de Candoz > c. 1980 > A matança do porco: cinco homens e duas mukheres oara matar um porco... Uma cena, hoje cruel para os nossos filhos e netos citadinos (a que a criança do cmapo se habituava desde tenra idade...), e  que Bruxelas quis definitivamente banir dos nossos campos e aldeias em nome de uma concepção fundamentalista da saúde pública e de uma Europa globalizada, normalizada e tecnocrática, matando a etnodiversidade... O "Gusto", em segundo plano, ao centro, de óculos...A Alice Ferreira Carneiro, do lado direito, de perfil, em primeiro plano...  O "matador" é o Manuel Ferreira Carneiro, o único dos três rapazes da família que ficou livre da tropa por deficiência  numa perna. Três raparigas completavam a famíia Ferreira Carneiro.

Aceso um molhe de palha pouco a pouco vai-se tostando a pele do bicho, queimando-se os pêlos para que o couro fique o mais liso possível. Os homens já não sentem tanto o frio. O esforço e a tocha a queimar a pele do bicho já os fez aquecer. Entretanto já lá vem o sangue cozido que, com a broa e o vinho, os fará aquecer ainda mais. Os casacos e as samarras já são um estorvo!

– Bitcho bô! ...Pesa bem cem quilos!

– Eu não dou tanto! P’raí uns noventa e três!

– Depois veremos! Há aí uma balança para tirar as teimas!

A pele do animal já está quase escura. Com sacholas, facas, escovas e pedras rapam-se os pêlos já queimados, lavando ao mesmo tempo o couro.


Quinta de Candoz > A palha de centeio com que se limpava e tostava a pele do animal...

Escaldada a língua e a orelheira, faz-se a limpeza a essas partes. Dá-se agora mais uma achega de calor com a palha a arder para que a pele fique mais tostada – a cor dum verdadeiro leitão assado – e com água e sabão completa-se a aparência final.

Com as mãos da frente amarradas a um estadulho do carro de bois e o mesmo para as patas traseiras o bicho é erguido pelos quatro homens que, quais gatos-pingados em cortejo fúnebre, o levam para a loja da casa – o sítio mais fresco – onde pendurado nuns ferros fixos ao tecto (que sempre lá existiram para o efeito) e com a cabeça para baixo será preparado para uma primeira dissecação.


Quinta de Candoz > A desmancha do bitcho na loja (o piso térreo da casa rural que servia para armazenamento ou para apoio às actividades agrícolas: era lá que ficava o lagar, as pipas do vinho, a salgadeira, etc.)

Enquanto os homens se ocupam em outros serviços (é tempo de podar as videiras), o matador e a dona da casa iniciam a primeira operação de desmanchar o porco. Aberta a barriga desde a garganta até ao ânus, são-lhe então retiradas as tripas (que depois de frenética e convenientemente lavadas em água corredia, passadas várias vezes por água bem quente, esfregadas com sal e limão e marinadas com vinho alho e limão serão usadas para fazer as moiras e os salpicões); os miúdos (coração, bofes, goela, etc.) que no dia seguinte devidamente cortados em pequenos pedaços, adicionadas com vinho verde tinto, algum sangue, de carne das capas e demais condimentos, darão as referidas moiras que depois de fumadas no sarilho (cravado na chaminé por cima da lareira), propiciarão um lauto manjar de arroz “a fugir pelo prato fora” com feijão branco e grelos.

A língua servirá para um óptimo salpicão que será apreciado no Carnaval. O fígado cozia-se para depois ser comido frio, ás fatias, com um bom naco de broa. A bexiga, depois de cheia com ar e amarrada no topo, como um balão, vai a secar junto ao fumo da lareira como sinal que se tinha feito uma matança de porco e em alguns casos para servir como irrigador para dar clisteres a quem deles necessitava. Desde o unto à bexiga nada se podia perder. 

Nesses tempos, o porco era o governo da casa, algo de que a patroa se poderia socorrer sempre que era preciso confeccionar uma refeição mais elaborada (em dias de festa por exemplo) para a família ou para eventuais visitantes citadinos que de quando em vez apareciam. Era uma boa oportunidade para a patroa pôr à prova os seus dotes culinários e de gestão alimentar transformando o corpulento animal em fartura para a casa durante o ano.

Já sem as entranhas, com a barriga bem aberta e segura por espetos de madeira cravados duma banda à outra para melhor expor o interior, recheado de ramos de folhas de loureiro aí vai ficar o bicho a secar e a arrefecer a carne até ao outro dia.

A porta devidamente fechada à chave não só para prevenir a entrada de moscas (não são normais neste tempo de frio mas…) que poderão conspurcar a carne, mas também não vá aparecer um daqueles vizinhos maganões que por brincadeira leve o porco da loja deixando os donos da casa atormentados e com os cabelos em pé por pensarem que lhes roubaram o que tanto lhes tinha custado a criar no último ano e que seria o principal sustento da família durante o próximo.

O almoço já apetecia. O odor do salpicão paioto (o maior) – reservado até agora da matança do porco do ano anterior – a cozer juntamente com um arroz malandro convidava ao repasto e fazia crescer água na boca.

Novo dia. Nova expectativa de mais fartura.

A meio da manhã, o matador chegava preparado para a segunda operação de desmanchar o porco. Descido dos ganchos que o sustiveram durante a noite era então levado para a balança.

– Cento e cinco quilos!
– Eu sempre tinha razão! Tenho o peso nos olhos!
– Pois,  olhe, eu fazia-lhe menos um bocado!

Preparada a tábua – em cima de uns cepos – com uma toalha de linho onde o porco seria dissecado, preparados os panos – também de linho – onde as várias qualidades de carne seriam colocadas consoante o seu destino – o matador, sob a vigilância aguçada da dona da casa, começava a desmancha cortando sabiamente cada peça de forma a ter o maior aproveitamento possível.

 – Corte mais por ali! Tire as capas mais fininhas!

 – Tá bem, Tia Maria!

 – Arredonde-me mais esse presunto! Essa gordura vai para pingue!

Meticulosamente cada peça dá o seu melhor para a salgadeira ou para o fumeiro.


Quinta de Candoz > A continuação da desmancha do bitcho na loja...Um dos especialistas era o mano mais velho, o António Ferreira Carneiro, que na tropa foi 1º cabo magarefe, e é DFA: fez parte do  Destacamento Avançado Móvel de Intendência nº 664 (Moçambique, Tete, 1964/66; era conhecido como o "brasileiro")  

E pouco a pouco as várias partes do porco lá iam sendo cortadas, preparadas e separadas: as bandas (para fazer os rojões), os coelhos (para os melhores salpicões pois é a coisa mais gostosa que tem o porco, muito tenrinha.), a cabeça com as orelhas a serem comidas por altura do Entrudo ou na primeira lavourada, a caluba (para salpicões), a espinha (para dar sabor à sopa), os lombos (para os salpicões), as costelas, as capas (donde saíam as melhores fêveras para assar – que sabor… – mas poucas, pois poupar era preciso e eram bem necessárias para as moiras), os meios, os presuntos, as pás e finalmente a cumeeira (couro com a parte mais gorda que se usava para fazer banha ou unto – cortava-se aos poucos, um bocadinho de cada vez, para durar o ano todo - e juntava-se à sopa para lhe dar a gordura que a enriquecia ou, quantas vezes, migava-se com sal fazendo-se assim extrair mais gordura).

A hora de almoço chegava e naturalmente era servido um arroz de costelas mas, um ossinho para cada pessoa e, só porque era o dia da matança. À lareira umas boas brasas aqueciam o ambiente frio da manhã e … assavam fêveras das bandas, só com uma pitada de sal para – uma por pessoa – acompanhar aquele arroz com o suco que delas saía.

O cheirinho que exalava.

 Oh! Sabor dos sabores… Só possível dum porco caseiro, criado durante quase um ano com os restos da comida caseira. Era quando uma boa caneca de vinho verde tinto da casa, da colheita há pouco acabada de fazer, com o característico sabor málico – a transformação malo-láctica ainda não se tinha efectuado – bem adstringente, fazia exclamar:

– Isto até dá vida a um morto! …

Acabada aquela soberba refeição e enquanto os homens se dirigiam para os trabalhos do campo (podar, cortar erva para os bois, pensar o gado, etc.), o matador e a dona da casa lá iam para a loja tratar de salgar o porco.

E esfrega que esfrega, os presuntos e as pás, mais que as outras peças, lá iam ficando bem impregnados de sal. Então, na salgadeira (caixa enorme de madeira) – o frigorífico da altura – onde iriam ser consumidos entre cem a cento e vinte quilos de sal, as peças, de acordo com a sua utilização temporal iam sendo acondicionadas com cuidado e sempre bem cobertas e aconchegadas com o sal – nisso a “patroa” era intransigente –.

 –  Olhe, Tio Rocha, aqui está a cumeeira! Ponha-a bem no fundo! Tem que dar para o ano todo!

E lá seguiam os presuntos (que aí permaneceriam cerca de quatro meses, para depois, previamente esfregadas com colorau - pimentão doce - e conjuntamente com as pás, serem expostas ao fumo), as pás (cerca de três meses), os ossos a calçar as várias peças, as unhas, os lombos (aí estariam só cerca de dois a três dias para depois serem colocados em vinha d’alhos e quarenta e oito horas depois se fazerem os salpicões) e a cabeça.

Mais umas boas garfadas de sal a cobrir tudo para que nada ficasse exposto ao ar e… estava terminado o trabalho.


Quita de Candoz > A panela de ferro onde se faziam os rojões...

A noite aproximava-se. Era preciso preparar a panela de ferro onde os rojões seriam feitos para dar cumprimento à tradição e ao manjar final do dia da matança do porco. Uma pequena parte, das bandas do porco, já tinha sido separada e cortada aos pedaços. A carne entremeada de uma parte gorda e outra magra (próprio daquela parte da barriga), juntamente com o couro e sempre acompanhada do redenho ou gola ou lenço – tecido que separa as tripas grossas das finas – é então deitada na panela com um pouco de banha e com paciência e a ajuda de uma colher de pau, mexe e remexe e torna a mexer, lá se vai vendo os rojões a ficar douradinhos, untados, deliciosos quanto baste para se ter a tentação – sem que a dona da casa o visse – de sorrateiramente se surripiar um, bem quentinho, directamente de panela, que é o que melhor sabe de todos os que se irão comer. A boca até parece empolar com a quentura e sofreguidão com que é facilmente mastigado e digerido. As batatinhas mais miúdas – separadas especialmente para o efeito – também já estão prontas e bem molhadas na banha que serviu para as cozer.


Quinta de Candoz > Os rojões douradinhos...


Quinta de Candoz > Os manjares do porco ... Que cheirinho!... Que sabor!... Que saudade!…

Uns bons travos de vinho para acompanhar e está terminado o dia da matança do porco. Durante o ano que se vai aproximar, naco a naco, o porco vai ser utilizado para ocasiões especiais mas sempre poupadinho para durar até à matança do próximo.


Quinta de Candoz > A matança do porco era também uma festa... E à noite havia sempre cantorias... Em primeiro plano, o Manuel Ferreira Carneiro.


Quinta de Candoz > Vinham os vizinhos, os amigos e os familiares de mais perto e de mais longe... Ainda era vivo o patrão da casa, o José Carneiro (1911-1996) (ao fundo, à cabeceira da mesa), tal como a dona da casa, Maria Ferreira (1912-1995). Portanto, a foto só pode ser do séc. XX...


Quinta de Candoz > A festa à volta da mesa... Do lado direito, em primeiro plano, de perfil o caçula da família, o irmão mais novo da Alice (que é do meio), o José Ferreira Carneiro (ex-1º cabo, operador de transmissões, de rendição individual,  1969/71: pertenceu  à CCAÇ 313 / BCAÇ 13 (1969/71), aquartelada em Camabatela; era uma companhia que guardava os cafezais lá da região, no norte de Angola, perto de Negage e de Quitexe; hoje, Camabatela, sede do município de Ambaca, pertence à província de Quanza Norte). (Engraçado, caçula, vem do quimbundo, "kasule", filho último, derradeiro, o último de uma série.)

Hoje em dia, a matança do porco ainda se realiza aqui ou ali, mas com menos frequência e os métodos utilizados também evoluíram sendo já mais modernos. Cada vez é mais rara a criação doméstica do porco e tende a desaparecer a tradição da matança. 

Em Bruxelas vai-se discutindo se isto é uma tradição mas, mesmo que decida em sentido contrário (alguém se importará?) tal não é necessário porque enquanto este costume se for mantendo a tradição completar-se-á. Naturalmente, pouco a pouco, este uso vai perder-se porque é mais fácil, menos trabalhoso, provavelmente mais económico ir a qualquer grande ou pequeno supermercado comprar as partes e quantidades necessárias para simular uma matança de porco.

freima, aquela pequena festa, aquela fugaz alegria de ter fartura durante uns tempos, essas não se compram e... o sabor da carne daquele porco caseiro, criado durante quase um ano com os restos da comida caseira, algum farelo, couves, batata cozida, etc., esse… muito menos.

Texto de Augusto Pinto Soares (2005)

Créditos fotográficos: Luís Graça (2005) e Luís Filipe Soares (2005)

[ Seleção / revisão e fixação de texto / negritos / título, para efeitos de publicação neste blogue: LG]
__________

domingo, 30 de maio de 2021

Guiné 61/74 - P22239: Tabancas da Tabanca Grande (5): Convívio de 4 tabancas (Sra da Graça, Matosinhos, Candoz e Atira-te ao Mar) na terra das 3 pontes, Peso da Régua


 Foto nº 1 > Peso da Régua, a terra das três pomtes, a terra do Zé Manel


Foto nº 2 > Peso da Régua, a velha ponte, agora só pedonal, também conhecida por "ponte metálica": foi mandada construir em 1872, ao tempo de D. Luís I para atravessamento rodoviário do rio Douro, Foi desatida em1949 devido ao estado de degradação do tabuleiro em madeira..



Foto nº 3 > Peso da Régua,   a ponte do Estado Novo: ponte ferroviária, concluida em 1934




Foto nº 4 > Santa Marta de Penaguião > Quinta da Sra. Graça >  21 de maio de 2021 > O encontro de quatro tabancas da Tabanca Grande: Sra da Graça (régulo, Zé Manel da Régua), Candoz (régulo, Alice Carneiro), Atira-te ao Mar (Lourinhã) (régulo, Joaquim Pinto de Carvalho) e Matosinhos (régulo, Zé Teeixeira)... A Quinta já fica em Santa Marta de Penaguião mas o Zé Manuel Lopes será sempre o Zé Manel da Régua: da varanda sua quinta, põe um pé,  o esquerdo  no Douro e uma mão, a direita, no Marão...



Foto nº 5 > Tabanca da Sra. da Graça > Da esquerda para a direita, o António Carvalho, o Zé Manel Lopes, o Zé Cancela e o Joaquim Pinto Carvalho.



Foto nº 6 > Tabanca da Sra. da Graça > Os dois régulos, o Zé Manuel da Régua e o Joaquim Pinto Carvalho (Tabanca do Atira-te ao Mar, Lourinhã / Cadaval)... Já se conheciam das idas à Tabanca do Centro (Monte Real, Leiria)


Foto nº 7 > Tabanca Sra, da Graça > 21 de maio de 2021 > O Zé Teixeira, régulo da Tabanca de Matosinhos, e a Armanda, que fazia anos nesse dia,


Foto nº 8 > Tabanca da Sra. da Graça > 21 de maio de 2021 > Alice, Jaime Silva e Pinto Carvalho


Foto nº 9 > Tabanca da Sra da Graça >  21 de maio de 2021 >   A mesa comprida, e bem recheada, que a Luisa Lopes (à direita) nos preparou... De costas a Maria do Céu Pinteus, da Tabanca do Atira-te Ao Mar (Lourinhã / Cadaval)



Foto nº 10 > Tabanca da Sra da Graça > 21 de maio de 2021 > A Laura, a Luisa Lopes e a Margarida Peixoto (de costas).



Foto nº 11 > Tabanca da Sra. da Graça > 21 de maio de 2021 > Em primeiro plano, o Jaime Bonifácio Marques da Silva, da Tabanca do Atira-te ao Mar (Lourinhã)


Foto nº 12 > Tabanca da Sra. da Graça > 21 de maio de 2021 > Em primeiro plano, de perfll, a Maria do Céu Pinteus, da Tabanca do Atira-te ao Mar (Lourinhã)


Foto nº 13 > Tabanca da Sra. da Graça > 21 de maio de 2021 >As "pingas" da casa: O Pedro Milanos, branco e tinto, Douro, DOC, 2019, de que foi feita uma edição limitada de 200 garrafas. 

Empresária: Luisa Valente Lopes | Enólogo: Vasco Valente Lopes | Adegueiro (e poeta): José Manuel Lopes.

 Contactos: João de Lobrigos lat 41 10 54 49 N long 7 46 25 95 W, Santa Marta de Penaguião | telef +351 254 811 609 | E-mail: quintasenhoradagraca@live.com.pt


Foto nº 14 > Tabanca da Sra. da Graça > 21 de maio de 2021 > O Zé Manel Lopes, entre dois amigos e camaradas que conhecem os quatro cantos da casa: o Zé Manuel Cancela (Penafiel) e o António Carvalho, o Carvalho de Mampatá (Gondomar)


 Foto nº 15 > Peso da Régua > Miradouro de São Leonardo da Galafura > 21 de maio de 2021 > A Maria do Céu Pinteus e a Alice Carneiro fazendoo o "teste das vertigens", a 566 metros de altitude, com o rio Douro em baixo


 Foto nº 16 > Peso da Régua > Miradouro de São Leonardo da Galafura > 21 de maio de 2021 > O Joquim Pinto de Carvalho e a Maria do Céu Pinteus, que conhecem todo o mundo, faltava-lhes vir aqui...


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.  As coisas acontecem quando a gente menos  espera: a Alice Carneiro, régula da Tabanca de Candoz, aproveitou a passagem, cá pelas terras do Norte, de 4 grandes amigos da Tabanca do Atira-te ao Mar (Lourinhã / Cadaval), o Joaquim Pinto de Carvalho, a Maria do Céu Pinteus, o Jaime Silva e a Laura Fonseca para fazer um almocinho na Tabanca da Sra. da Graça, que fica a cerca de 50 km de Candoz. 

O pretexto, além de abraçar velhos amiigos do Norte, que a pandemia de Covid-19 tem afastado do seu/nosso convívio, era também de dar um miminho ao seu companheiro, o nosso editor Luís Graça, que em 2020 teve o seu "annus horribilis" com problemas de saúde que, felizmente, estão bem encaminhados (em 2021)...

O Zé Manel Cancela e a esposa trouxeram consigo,  de Penafiel, a Margarida Peixoto, velha amiga da Tabanca de Candoz. De Gondomar veio o António Carvalho e a esposa. E de Matosinhos, o Zé Teixeira e a Armanda que nesse dia, por coincidência fazia anos... (Cantou-se, naturalmente, os "parabéns a você"!).

Sob a batuta da Luisa Valente Lopes, fez-se um almocinho muito agradável, bem recheado e melhor regado,  no salão de festas da Tabanca da Sra. da Graça.  Tudo muito bem organizado, em segredo, e no respeito das normas de segurança e saúde...

O nosso editor ficou muito sensibilizado,  e grato a quem tomou a iniciativa (tão inesperada quanto simpática) e nela participou.   E ficou feliz por ver que, a pouco e pouco, as tabancas da Tabanca Grande, de Norte a Sul,  vão retomando a tradição dos convívios dos amigos e camaradas da Guiné, 

Ao fim da tarde e no regresso a casa (, Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses, pela A24 e depois cortando para Castro Daire e Cinfães)  ainda deu para os casais Luís Graça/ Alice Carneiro e Joaquim Pinto Carvalho /Maria do Cèu Pinteus darem um salto ao miradouro de São Leonardo da Galafura... que estes últimos, embora muito viajados,  ainda não conheciam.

____________

Nota do editor:

Último poste da série > 18 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22213: Tabancas da Tabanca Grande (4): A Tabanca de Matosinhos, fundada há 16 anos (!), retoma as "hostilidades", no restaurante O Espigueiro, em Matosinhos, às quartas-feiras (José Teixeira)