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segunda-feira, 17 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12849: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (34): Homenagem nacional e internacional ao Pepito, organizada pelos seus amigos e colaboradores, um mês depois da sua morte: 3ª feira, 18 de março, em Bissau, no Quelelé, no seu "chão"... Seguramente que ele não quereria um "choro" à moda tradicional, mas sim uma festa onde os seus valores, os seus sonhos, os seus projetos e a sua equipa fossem celebrados como um legado vivo, fecundo e proativo... (Luís Graça)


Lisboa, campus da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa > 7 bde setembro de 2007 >

Neste rosto luminoso, há carisma, afabilidade, determinação, coragem física e moral, visão estratégica, cinco qualidades pessoais que eu identificava e admirava no engº agrº Carlos Schwarz da Silva (1949-2014), mais conhecido por Pepito ("nickname" que vem da primeira meninice: segundo o irmão João,  o Carlos tinham um herói, uma das figuras de banda desenhada do "Cavaleiro Andante", o Agapito, um nome com 4 sílabas, dificeis de pronunciar por uma criança, e que ele simplficava, chamando-lhe "Pepito"...).

No nosso blogue, sempre o tratámos, carinhosamente, como Pepito. Tem mais de 130 referências... E foi um dos nossos primeiros 111 "tertulianos" (, designação  criativa  para os "membros" da nossa tertúlia, a comunidade virtual que se juntou à volta da primeira série do nosso blogue, entre 23 de abriul de 21004 e 1 de junho de 2006).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados.



1. Um mês depois da sua morte, o nosso querido amigo Pepito vai receber a homenagem que lhe é devida por parte dos seus amigos e colaboradores da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, de que ele foi, durante 23 anos,  o ideólogo, o líder carismático, a figura de proa e o diretor executivo, pelas comundidades (rurais e urbanas) com quem trabalhou, e ainda pela sociedade civil guineense e bem como representantes do poder político, nacional e internacional.

Chega-nos agora o programa, disponível no sítio da ONG AD, que reproduzimos a seguir.

Para a  família do Pepito,  e em especial Isabel e as filhas, Cristina e Catarina,  que voltaram  à Guiné-Bissau, no sábado passado, dia 15,  os nossos melhores votos de regresso.  Sei que o Henrique Schwarz também as acompanhou e vai estar presente, e falar, na festa de amanhã.

À Isabel Miranda, presidente da Direção da AD, as nossas melhores saudações pessoais e bloguísticas... Ela é uma figura fundamental para fazer a transição neste momento difícil e manter vivo, fecundo e proativo o enorme legado do Pepito. Pepito ca mori, Isabel!... O seu exemplo continuará a ser inspirador para todos vós e para nós, seus amigos de Portugal.

O nosso alfabravo (ABraço) fraterno também para o Nelson Dias, vizinho e amigo do peito  do Pepito, presidente do Conselho Fiscal da AD, alfabravo extensível a toda a vasta família da AD, a segunda família do Pepito.

Ao novo diretor executivo da AD, eng agr Tomané Camará (que eu conheci em 2008, como braço direito do Pepito na comissão organizadora do Simpósio Internacional de Guiledje, um dos "oito magníficos",) vão os nossos votos de sucesso a nível pessoal e profissional, na esperança que a AD continue a desenvolver o seu trabalho e a realizar a sua miss
ão, com o rigor,  a paixão, a indepedência, a ética e a visão de futuro que o Pepito sempre quis transmitir no  seu pensamento e na sua ação. O Tomané Camará é nosso grã-tabanqueiro desde 2008.

Desempenhava até agora funções como "coordenador de Programas da AD, responsável pela planificação, implementação, monitorização e avaliação dos componentes que constituem os quatro Programas Integrados da AD". Era, além disso, "responsável da Direcção Nacional da AD pela área Financeira".


Para mim, o Pepito era um perfeito exemplo do líder (etimologicamente falando, "o que vai à frente, mostrando o caminho"). E mais: para ele a liderança não era um fim em si mesma, mas apenas um meio para  pôr as pessoas a trabalhar em conjunto, de maneira cooperativa, construtiva, solidária e criativa. Ele era um exemplo vivo do trabalho de liderança em equipa: "trabalhar com a equipa, através da equipa e às vezes contra alguns... para concretrizar os objetivos da equipa"...

Era um lider carismática e uma figura de proa, mas nunca o vi em bicos a dizer a equipa sou eu, a AD sou eu... Pelo contrário, gostava muitas vezes de ficar fora das luzes da ribalta... O Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de março de 2008)  foi disso exemplo extraordinário, uma lição magnífica de liderança: "Pepito e os oito magníficos da sua equipa", escrevi eu aqui, em tempos, na véspera de partir para Bissau onde fui participar no evento (*):

"Por detrás de um grande líder, há sempre uma grande equipa. No caso da organização do Simpósio Internacional de Guiledje - uma ideia que nasceu no seio da ONG AD há dois anos e tal - esse líder chama-se Pepito e a equipa é constituída, pelo menos, por oito magníficos, três dos quais são mulheres: a Anésia Fernandes, a Cadidjatu Candé e a Conceição Vaz"...

Por outro lado, era bem patente, nesta iniciatiava de um "paisano" e um "pacifista" (que nunca na vida pegou em armas), a grande sensibilidade sociocultural e a visão de futuro, que só um homem com as qualidades dele podia ter,  ao fazer questão de acentuar que aquele  simpósio (i) não pretendia " celebrar a derrota de ninguém";  pelo contrário, (ii) representava "o triunfo da vida sobre a morte, da paz sobre a guerra, da memória colectiva sobre o esquecimento e o branqueamento da história, da ciência sobre a propaganda, da amizade sobre o ódio"... Enfim, era também  ou pretendia ser  (iii) "a afirmação (ou a reivindicação) da apropriação da história por parte dos guineenses, e de certo modo da recusa do círculo vicioso da pobreza e da dependência"... 

Pepito ca mori, amigos da AD- Bissau!... Foi um privilégio conhecê-lo (e tê-lo como amigo e parceiro da nossa Tabanca Grande). (LG)


2. ATO SOLENE DE HOMENAGEM A PEPITO EM BISSAU

Campo polivalente de Quelele, 18 de março de 2014

16:45 Chegada dos participantes

16:50 Os participantes tomam os seus lugares

1ª parte: mensagens da AD 

17:00 Hino da AD

Família AD, Sofia Rodrigues e Verónia Gomes (solistas)

17:05 Boas vindas aos participantes

Alfredo Simão da Silva, Presidente da Assembleia Geral da AD

17:10 Introdução ao Ato Solene

José Filipe Fonseca, AD

17:20 Interlúdio

Demba Galissa (cora)

17:25 Resumo das mensagens recebidas até ao momento

Isabel Miranda, Presidente da Direção da AD

17:40 A obra de Carlos Augusta Schwarz da Silva (Pepito)

Nelson Gomes Dias, Presidente do Conselho Fiscal da AD

17:55 Interlúdio

Cooperativa Cultural Os Fidalgos

2ª parte: mensagens das comunidades urbanas e rurais 

Comunidades urbanas

18:00 Mussa Candé, Associação dos Moradores de Quelele

18:05 Emília Lopes, representatnte das Mandjuandis de Cacheu

Comunidades rurais

18:10 Hadja Djenabu Baldé, Presidente da APALCOF, Contuboel

18:15 Interlúdio

Mandjuandadi Amizadi Ca Facil, Quelele

18:20 Quissima Ducuré, representante da comunidade de S. Domingos

18:25 Momo Silá, representante de Cubucaré

18:30 Interlúdio 

Professores e alunos da Rede das Escolas de Verificação Ambiental (EVA)

18:40 Mandjuandcadi Firquidja di Bula

3ª parte: Mensagens da Sociedade Civil, setor público e parceiros  internacionais 



18:45 Luís Vaz Martins, Presidente da Liga Guineense dos Direitos do Homem

18:50 Augusta Henriques, Conselheira da Tiniguena

18:55 Sambu Seck, Secretário Executivo da Kafo

19:00 Interludio 

Mandjuandis de Cacheu

19:05 Ibraima Sori Djaló, Presidente da Assembleia Nacional Popular

19:10 Representante da Delegação da União Europeia

19:15 Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário do Senegal, Decano do Corpo Diplomático

19:20 Interlúdio

Por: Patchi di Rima

Agradecimentos

19:25 Henrique Schwarz, representante da família do Pepito

19:35 Interlúdio

Por: Cooperativa Cultural os Fidalgos

19:40 Tomane Camará, Diretor Executivo da AD

19:45 FIM DO ATO SOLENE (**)

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12656: (In)citações (60): Reserva Transfronteiriça de Elefantes em N' Gaduro, perto de Gadamael, junto à fronteira (Pepito / AD - Acção para o Desenvolvimento)


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Sanconhá > 6 e 7 de dezembro de 2013 >  2º Ateliê  ambiental transfronteiriço, envolvendo técnicos, populações e organizações de um lado e doutro da fronteira.

Foto: © AD - Acção para o Desenvolvimento  (2013). Todos os direitos reservados. [Reproduzido coma  devida vénia]


A. Comentário do nosso amigo Pepito (que eu espero poder abraçar no próximo dia 14, dia do 99º aniversário da sua querida mãe e decana da Taabanca Grande, a dra. Clara Schwarz), a meu pedido e na sequência do poste P12652 (*):

É de facto assim mesmo. Os Parques Nacionais estão "barrados" pelo oceano a oeste e pelos países vizinhos a este, donde se não houver animais a entrar nos Parques, a médio prazo assistir-se-á a um fenómeno de consanguinidade com os efeitos que se conhecem: perda de resistência física, ficam mais sensíveis às doenças e degeneração da biodiversidade.

É fundamental que se protejam as portas de entrada (corredores) dos animais dos países vizinhos. Para isso há que impedir a construção de tabancas nesses corredores, criação de pomares de fruta e campos de cereais. Igualmente as desmatações, a serem realizadas de forma anárquica por empresários chineses, contribuem para os afugentar.

Os resultados são bons com o trabalho dos alunos das Escolas de Verificação Ambiental (EVA), com o aumento do número e a permanência de elefantes na zona. Decidiu-se fazer uma Reserva Transfronteiriça de Elefantes em N'Gaduro, perto de Gadamael, junto à fronteira.

abraço
pepito


B. Reproduzido com a devida vénia do sítio da AD - Acção para o Desenvolvimento > 12 de dezembro de 2013 > Atelier ambiental transfronteiriço

De 6 a 7 de Dezembro de 2013, realizou-se em Sanconhá, junto à fronteira com a Republica da Guiné, o 2º Atelier transfronteiriço, o qual tomou decisões muito importantes.

Salienta-se a criação do “Parque Comunitário Para a Paz, de N’Compá”, a primeira área transfronteiriça dos dois países, a partir do qual se estabelecerá um processo de cooperação para o desenvolvimento das populações de ambos os lados da fronteira. [Ver a seguir a ata do ateliê].




ACTA DO IIº ATELIER TRANSFRONTEIRIÇO (CANTANHEZ/BOKÉ)
(Sanconhá, 6 a 7 de Dezembro de 2013)

Entre os dias 6 e 7 de Dezembro de 2013, realizou-se na tabanca de Sanconhá, Sector de  Cacine, Região de Tombali, o IIº Atelier Transfronteiriço, cujo lema foi: “unidos por uma zona  transfronteiriça dinâmica, cooperativa e sustentável”, no qual participaram 52 pessoas,  entre as quais, autoridades políticas e administrativas da Região de Tombali, chefiadas pelo  Governador da Região de Tombali, Senhor Bocar Seidi, por parte da Guiné tomaram parte as  autoridades políticas e administrativas da Região de Boké, chefiadas pelo Sous-Prefect de  Sansalé, Senhor Mamadouba Camará Yakha. Ainda tomaram parte, o Representante da UICN  na Guiné-Bissau, Senhor Nelson Gomes Dias, Técnicos da ONG AD (Acção para o  Desenvolvimento) liderados pela Engª Isabel Nosolini Miranda, presidente da Direcção,  Técnicos do CADI-BOKÉ (Cellule d´Appui au Developpement Integre de Boke) liderados pelo  Senhor Ansoumane CAMARA, presidente de Bureau Executivo, Representante da ONG AIN,  Senhor Claudio Arbore, Consultores da Universidade Livre de Milão, liderados pelo professor  Angelo Turco, o Director de Parque Nacional de Cantanhez, o Representante de Seguimento e  Avaliação do IBAP, autoridades tradicionais (Régulos de Forréa, Gadamael Porto e Cacine),  representante da RADEL (Rede de Associações de Desenvolvimento Local do Sector de  Cacine), Representante da UAC (União de Associações de Cantanhez), Guardas Florestais  Comunitários, Guias de Ecoturismo, Agricultores e pescadores.
Ao longo dos dois dias, os participantes abordaram temas de interesse comunitário  transfronteiriço e recomendaram o seguinte:

1. Promover a cooperação transfronteiriça entre as instituições estatais de dois lados da  fronteira no sentido de facilitar a aplicação das normas da CEDEAO (livre circulação de  bens e pessoas) e controlar:

a) a venda clandestina de madeira, cibe, tarrafe e carne de caça; 

b) a ocupação desorganizada de terra que ponha em causa a dinâmica dos ecossistemas naturais, particularmente a movimentação de animais de grande porte; 

c) caça clandestina;

d) a impunidade de crimes ambientais e civis;

e) garantir que todas as apreensões dos produtos ilegais (madeira, cibe, tarrafe e  carne de caça) feitas dos dois lados da fronteira, uma parte da receita da venda,  fique para as comunidades locais e responsáveis da denuncia ou apreensão.

2. Conjugar esforços no sentido de criar a “Reserva Comunitária Transfronteiriça de  N´Compa” em que os diferentes parceiros assumem as seguintes responsabilidades:

a) As instituições estatais e tradicionais responsabilizam-se:

pela formalização legal  da zona reservada (Guiné-Bissau: IBAP, Direcção Geral da Floresta e Caça e Autoridades politicas e Administrativas e tradicionais da Região de Tombali; Guiné:  Direcção Nacional de Áreas Protegidas, Direcção Geral e Regional da Floresta,  Direcção Regional de Ambiente e Autoridades politicas e Administrativas e  tradicionais da Região Boké, particularmente Secção de Sansalé); 

b) As ONG (AD, CADI, AIN e UICN) responsabilizam-se pela: 

i. Formação de Guardas Florestais Comunitários; 

ii. Formação de Guias de Ecoturismo; 

iii. Definição de itinerários ecoturísticos e promoção das respetivas atividades; 

iv. Aprofundar o estudo de conhecimento do meio (flora, fauna, avifauna,  gestão de território, geografia humana, recursos piscatórios e costeiros e  dinâmica dos ecossistemas naturais) com o apoio da Universidade Livre de  Milão; 

v. Fazer um estudo comparativo do quadro legal dos dois países no domínio  do ambiente de forma a poder harmonizar as medidas e os procedimentos  administrativos no domínio de gestão da terra e dos recursos naturais; 

vi. Desenvolver microprojectos que reforcem a conservação do meio ambiente  (fogão e fornos melhorados, sal solar, rotação de culturas, etc.); 

vii. Promover campanhas de consciencialização das comunidades concernentes sobre a problemática da conservação do meio ambiente e do  desenvolvimento comunitário; 

viii. Criar um Comité de Seguimento do consumo e venda de carne de caça;
c) As Comunidades e organizações camponesas responsabilizam-se pelo: 

i. Repovoamento das zonas degradadas; 

ii. Fiscalização através de Guardas Florestais Comunitários;

iii. Valorização dos ecossistemas naturais, através de actividades de  ecoturismo, medicina tradicional e transformação de frutos silvestres; 

iv. Participar no estudo do conhecimento do meio; 

v. Denunciar qualquer prática que ponha em causa a conservação do meio  ambiente transfronteiriço através de uma “Linha Verde” que será criada  para efeito; 

vi.  Desenvolver as actividades geradoras de rendimento de forma sustentável;

3. Criar um Comité de Concertação, Seguimento e Avaliação de aplicação das  recomendações saídas deste atelier, o qual será composto pelos representantes das  autoridades políticas e administrativas e tradicionais de dois lados da fronteira, das ONG,  das Organizações camponesas e assessorada pela UICN e Universidade Livre de Milão. 

4. Incentivar a criação de uma zona de reserva de elefantes entre a tabanca de N´ghadur  (Guiné-Bissau) e Campô (Guiné);

5. Criar um Found Raising, para apoiar as atividades de desenvolvimento e de conservação  no quadro de um Parque de PAZ e do Povo, cuja constituição será promovida pelo  Gabinete da UICN na Guiné-Bissau;

6. Apoiar CADI-BOKÉ no sentido dispor de capacidade institucional e operacional para  implementar as suas actividades em BOKÉ e na linha fronteira (entre Sansalé e Campô) e  apoiar os seus parceiros de base;

7. Estabelecer um acordo de parceria entre os diferentes parceiros envolvidos neste  processo transfronteiriço, no qual ficarão claras as responsabilidades de cada um e à luz  do qual serão desenvolvidas todas as atividades; 

8. Decidir que o Comité de Seguimento e Avaliação, na sua primeira reunião, deve aprovar o
plano de actividades conjuntas de 2014. 

9. Propor que o IIIº Atelier Transfronteiriço seja realizado na tabanca de Sansalé, em 2015.

Sanconhá, 7 de Dezembro de 2013

Tomane Camará
Relator

_________________

Notas do editor:

(*) 29 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12652: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (18): "A caça no império português", de Henrique Galvão e outros (1943) (Miguel Alves P. Joaquim / Mário Beja Santos)

(**) Último poste da série > 5 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12547: (In)citações (59): Homenagem a Eusébio da Silva Ferreira, o "pantera negra" (Lourenço Marques, 1942 - Lisboa, 2014)