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segunda-feira, 6 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25486: Louvores e Condecorações (15): Cruz de Guerra de 4ª classe, a título póstumo, para o fur mil op esp / ranger Dinis César de Castro, da CCAÇ 2589 / BCAÇ 2885, morto na emboscada de 12/10/1970, na estraad Braia - Infandre

Cruz de Guerra de 4ª Classe. Imagem:
cortesia do Portal UTW - Dos Veteranos da
Guerra do Ultramar


1. Já referimos as cirunstâncias da morte, em combate, do fur mil op esp / ranger Dinis César de Castro,  CCAÇ 2589 / BCAÇ 2885, na emboscada do dia  12 de outubro de 1970, no troço de estrada Braia-Infandre.  (*)

O nosso camarada Dinis César de Castro era natural de Castrejo, Bragança, e o seus restos mortais foram inumados no cemitério do Prado do Repouso (Porto). 

Segundo o nosso coeditor Eduardo Magalhães Ribeiro, o Dinis foi  um dos 20  "rangers", saídos do CIOE - Centro de Instrução de Opreações Especiais, em Lamego, que morreram no TO da Guiné.

Escreveu o nosso camarada Afonso Sousa (*), baseando-se no testemunho de vários camaradas que participaram no socorro às vítimas (a começar pelo fur mil  António Silva Gomes, do Pel Caç Nat 58,  que veio do destacamento de Braia, bem como de outros  como  o 1º cabo enf do HM 241, António Oliveira,  e o 2º srgt mil Augusto Ali Jaló (comandante da coluna, será ferido com gravidade; "na cerimónia do 10 de junho de 1970, em Bissau, foi condecorado com a medalha de cobre de Serviços Distintos com Palma; em Agosto, seguinte, foi promovido a 2.º sargento"):

(...)  O furriel Dinis César de Castro foi capturado, tendo-lhe sido exigido que tirasse a farda. Recusou-se, com grande determinação e enorme sentido de patriotismo. Foi cruelmente rasgado, de lado a lado, com rajada de metralhadora. 

Este incomensurável gesto de patriotismo haveria de ser reconhecido pelo Estado português,  quando, na cerimónia do 10 de Junho de 1971,  Dinis César de Castro foi condecorado, a título póstumo,  com a Cruz de Guerra. (...)


Recorde-se a medalha da Cruz de Guerra destina-se a galardoar "actos ou feitos praticados em combate" (sic), sendo a atribuição de qualquer das classes da Cruz de Guerra (1ª, 2ª 3ª e 4ª) "dependende(nte) da posição hierárquica da entidade que confere o louvor, sendo condição essencial, justificativa da concessão de qualquer das classes desta condecoração, que os louvores respectivos refiram actos ou feitos praticados em combate, demonstrativos de coragem, decisão, serena energiadebaixo do fogo, sangue-frio e outras qualidades que honrem o militar em frente doinimigo." (Portal UTW - Dos Veteranos da Guerra do Ultramar).

 

Furriel Milicianio de Infantaria Dinis César de Castro, CCaç 2589/BCaç 2885 - RI 15,  Guiné  > Cruz de Guerra de 4ª Classe (Título póstumo) (**)

Transcrição do Despacho publicado na OE nº 022 - 3ª série, de 1971.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, a título póstumo, nos termos do artigo 12.° do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto n." 35667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 21 de Junho findo, o Furriel Miliciano de Infantaria, Dinis César de Castro, da Companhia de Caçadores n.º 2589/Batalhão de Caçadores n.º 2885 - Regimento de Infantaria nº 15.

Transcrição do louvor que originou a condecoração (Publicado na OS n. 024, de 17 de Junho de 1971, do QG/CTIG):

Que, por despacho de 09Jun71, o Brigadeiro Comandante Militar louvou, a título póstumo, o Furriel Miliciano, n.º 15398468, Dinis César de Castro, da CCaç 2589/BCaç 2885, porque, numa emboscada levada a efeito por um grupo inimigo numericamente muito superior e tendo a viatura em que seguia ficado na 'zona de morte', patenteou invulgares qualidades de coragem, decisão, sangue-frio e muita serenidade debaixo de fogo.

Ligeiramente ferido num braço logo aos primeiros tiros, reagiu prontamente, tentando a todo o custo aproximar-se da testa da coluna, onde o número de baixas era mais elevado, sendo mortalmente atingido quando prestava ajuda a um camarada que se vira cercado por quatro elementos inimigos.

Com o seu acto, pleno de generosidade, demonstrou o Furriel Castro uma compreensão nítida dos seus deveres que o levaram até à dádiva da sua própria vida, o que além de constituir exemplo inesquecível, ficará a merecer a maior admiração e o respeito de todos.

 Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 5.° volume: Condecorações Militares Atribuídas, Tomo VI: Cruz de Guerra (1970-1971). Lisboa, 1994, pág. 491.

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terça-feira, 9 de abril de 2024

Guiné 61/74 - P25359: Os 50 anos do 25 de Abril (7): exposição em Santiago do Cacém, "Filhos da Terra, Soldados do Ultramar"


Cartaz da exposição "25 de Abril, 50 Anos: Filhos da Terra, Soldados do Utramar", Santiago do Cacém, a inaugurar no próximo dia 12 de abril de 2024.

Fonte: TV Canal Alentejo, 8 de abril de 2024 (com a devida vénia...)


1. Da nossa amiga SS (endereço de email: ssambado@gmail.com ), sobrinha de um camarada nosso, da FAP (Força Aérea Portuguesa), já falecido (em 9 de novembro de 2022),  e que passou pelo TO da Guiné (*), chegou-nos uma notícia que pode interessar aos nossos leitores,  a de um exposição, a ser inaugurada dentro de dias, em Santiago do Cacém, sobre os "filhos da terra" que foram "soldados do ultramar"...

Do Canal Alentejo, respigamos  a seguinte informação sobre o evento (com a devida vénia):

(...) "Entre os dias 12 e 30 de abril, os cidadãos de Santiago do Cacém têm a oportunidade de testemunhar uma parte importante da história nacional através da Exposição 'Filhos da Terra, Soldados do Ultramar'. 

"Esta mostra, que decorre na Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca e na Travessa de São Sebastião, é uma oportunidade para refletir sobre a experiência dos santiaguenses que foram soldados durante a Guerra do Ultramar.

"A inauguração da exposição está marcada para o dia 12 de abril, às 15h00, na Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca, onde será também apresentado o Arquifolha n.º 5. Este evento inaugural será seguido, às 15h30, por uma conversa com antigos soldados do Ultramar, moderada pelo Dr. Sérgio Pereira Bento, no Auditório da Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca.

"A Exposição 'Filhos da Terra, Soldados do Ultramar' é mais do que uma simples coleção de fotografias e relatos. Ela representa uma parte da história vivida por muitos santiaguenses em tempos de guerra, oferecendo um olhar humano e íntimo sobre um período marcante e por vezes doloroso.

"As fotografias, gentilmente cedidas por ex-soldados e suas famílias no âmbito do projeto 'Imagens com História', oferecem um testemunho poderoso e autêntico desse período conturbado. É uma oportunidade única para todos os interessados em compreender e honrar o legado daqueles que viveram esta experiência.

"Esta iniciativa faz parte das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, celebrando não apenas a liberdade alcançada nessa data histórica, mas também reconhecendo os sacrifícios e as vivências daqueles que estiveram envolvidos na Guerra do Ultramar. 

"É um convite para todos os cidadãos de Santiago do Cacém participarem nesta jornada de memória e reflexão sobre o passado coletivo de Portugal." (...)

2. Comentário do nosso editor LG:

Agradeço à nossa amiga SS, que regularmemte nos fornece informação relativa aos antigos combatentes. com origem em fontes do seu Alentejo e comunicação social em geral. 

Aproveito também por saudar esta iniciativa do Municipio de Santiagodo  Cacém, ao querer manter viva, 50 anos depois do 25 de abril e do fim da guerra de África / guerra do ultramar / gierra colonial (**), a memória dos seus filhos que lá combateram, e alguns morreram (um total de 32, segundo o portal UTW - Ultramar TerraWen).

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(**) Último poste da série > 1 de abril de 2024 > Guiné 61/74 - P25326: Os 50 anos do 25 de Abril (6): "Geração D - Da Ditadura À Democracia", por Carlos Matos Gomes; Porto Editora, 2024 (3) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P25006: Casos: a verdade sobre...(36): A morte do Braima Djaló, o irmão do Amadu Djaló e de outros 'comandos' do BCmds, na Caboiana, e do aprisionamento do tenente graduado 'comando' António Jalibá Gomes, cmdt da 3ª CCmds (Joaquim Luís Fernandes, ex-alf mil, CCAÇ 3461, Teixeira Pinto, 1973/74)

  
Guiné > Região de Cacheu > c. 1973 > O  alf mil Joaquim Luís Fernandes "num patrulhamento de carácter ofensivo, em áreas de contacto eminente, nas matas da Península do Balanguerez até Ponta Costa, bem junto à Caboiana".

Foto (e legenda): © Joaquim Luís Fernandes  (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Joaquim Luís Fernandes, ex-alf mil, 
CCAÇ 3461 / BCAÇ 3863 (Teixeira Pinto, 1973/74);
integra a Tabanca Grande desde 21/6/2013: 
empresário, natural de  Leiria onde vive

1. Comentário do nosso camarada Joaquim Luís Fernandes ao poste P24991 (*)

Esta operação à Caboiana [ em que mnorreu o Braima Djaló, irmão mais novo  do Amadu Djaló, ] terá ocorrido a 24 de Setembro de 1973, data histórica para o PAIGC e que também não esqueço: nesse dia vim de férias, depois de, nos 6 meses anteriores, ter patrulhado as matas da região do Churo, entre o rio Costa (península do Balanguerez) e o rio Caboi, a norte do Burné e próximo Ponta Costa, junto da Caboiana, com o tarrafo a separar as matas.

Esta operação terá sido a primeira e a última, naquela mata e base do PAIGC, ocorrida no ano de 1973. Consta que a esse tempo, a dotação dos efetivos dessa base IN, era de 4 bigrupos de infantaria, 1 bigrupo de fuzileiros e 2 baterias de artilharia.

Bem testemunhei a atividade da guerrilha do lado de lá do tarrafo, quando patrulhava junto a Burné, ouvindo os tiros, que mais me pareciam de instrução em carreira de tiro. Um dia, em que aí estávamos instalados, enquanto do Bachil era disparado o obús para a Caboiana, ouvi de perto uma rajada, talvez para denunciarmos a nossa presença, o que não aconteceu. Saímos dali sem dar um tiro.

Ainda não compreendi, porque o Com-Chefe permitia a existência daquela base IN, naquela mata do interior, rodeada de tarrafo e rios, confrontando a norte com o rio Cacheu.

Com tanta tropa ao redor, parecia-me que seria possível a sua extinção ou impedimento do seu abastecimento de armamento, víveres e deslocações.

Um dia, talvez em finais de agosto ou já em setembro de 1973, num dos patrulhamentos de reconhecimento ofensivo, vim a encontrar junto ao rio Caboi, próximo de Ponta Costa, camuflado debaixo de uma grande e frondosa árvore, o que seria um local de pernoita dos guerrilheiros, equipado com beliches feitos com paus, e esteiras como colchões. Na beira dos rio, existia uma pequena árvore inclinada para o seu leito, que servia de ancoradouro das canoas. Estava bem visível no tronco, as marcas das cordas de ancoragem.

Penso hoje que esse local servia de porto, para o movimento fluvial, entre a Caboiana e o Senegal, via rio pequeno de S. Domingos, travessia do rio Cacheu, e entrada no rio Caboi, até aí.

E o Cacheu ali tão perto e com um Destacamento de Fuzileiros Navais, sem nada verem, sem nada impedirem.

Segundo informação de um irmão de Zacarias Saiegh, também ele Comando na Guiné, a residir em Portugal, nessa operação de 30 de setembro de 1973, terão morrido, além do Braima Djaló, entre outros, o furriel Quintino Rodrigues. vários feridos não mencionados e aprisionados vários elementos dos Comandos, entre eles o comandante da 3ª Companhia, tenente António Jalibá (e não Jaiba) Gomes, os cabos Albino Tuna, Eusébio Fodé Bamba, entre outros.

Não compreendo como foi preparada esta operação, pelas trágicas consequências! O que se esperava em Bissau? Que a base da Caboiana estivesse desativada ou sem capacidade de defesa?


[ Seleção / adaptação / revisão / fixação de texto / negritos, para efeitos de publicação deste poste no blogue: L.G.]


Guiné > Região de Cacheu > Carta de Cacheu / São Domingos (1953) > Escala 1/50 mil > Pormenor dos rios Cacheu e seus afluentes: Pequeno de São Domingos (margem norte); Caboi, Caboiana  e Churro (margem sul), a montante da vila de Cacheu.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2015).


2. Comentário do editor LG:

No seu livro de memórias, o Amadu Djaló lista, no final, os nomes sos seus camaras do BCmds da Guiné mortos em combate, bem como por doença ou acidente. No 25 de setembro de 1973, na mata da Caboiana (ou "Cobiana", como ele escreveu) constam très nomes:
  • Quintino Rodrigues, furriel graduado, 1ª CCmds;
  • Lama Jaló, soldado, 3ª CCmds;
  • Braima Djaló, soldado, 3ª CCmds.

No portal UTW - Ultramar Terraweb pode ler-se sobre o António Jalibá Gomes, tenente graduado 'comando' (com base em "elementos cedidos pelo veterano J C Abreu dos Santos");

(...) "Durante a manhã de 3ª feira, do dia 25 de Setembro de 1973, no decurso da Operação Gema Opalina efectuada pelo Batalhão de Comandos da Guiné (BCmdsG) (....) no noroeste da Guiné, quando em progressão entre a mata da Caboiana e o Bachile, sucessivas emboscadas de toca-e-foge lançadas pelo PAIGC (...)  causam às Nossas Tropas três mortos; e logram capturar cinco 'comandos' - entre eles o comandante da 3.ª Companhia do Batalhão de Comandos da Guiné (3ª/BCmdsG) (...)  -, quatro dos quais, pouco depois torturados, selvaticamente fuzilados, seus corpos abandonados pelo inimigo na mata e nunca recuperados pelas Nossas Tropas (...)

Em 14 de Setembro de 1974 libertado pelo PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) com outros cativos, por troca de prisioneiros das Nossas Tropas.

(...) "Corpos não recuperados, conforme relatório emitido em 21Mai1974 pela 1ª Rep/QG/CTIG:

Todos da 3.ª Companhia do Batalhão de Comandos da Guiné:

Albino Tuma, Soldado ‘Comando’, n.º 82043572

Ali Jamanca, Soldado ‘Comando’, n.º 82001667

Orlando Jamba Sá, Soldado ‘Comando’, n.º 82099472

Vicente Jalá, Soldado ‘Comando’, n.º 82069772" (...)

terça-feira, 27 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24434: S(C)em comentários (10): eu vi morrer na IAO, no CIM de Bolama, em 10/7/1972, no treino de dilagrama, o alferes Carlos Figueiredo e o soldado José Mata (António Carvalho, ex-fur mil enf, CART 6520/72, Mampatá, 1972/74)

1. Comentário ao poste P24433 (*), que decidimos transformar em poste para a série "S(C)em comentários" (**). 

O autor é o nosso querido amigo e camarada António Carvalho, mais popularmente conhecido como o Carvalho de Mampatá, ex-fur mil enf,  CART 6250/72, "Os Unidos de Mampatá" (Mampatá, 1972/74), escritor, autor de "Um caminho de Quatro Passos", Rio Tinto: Lugar da Palavra Editora, 2021, 218 pp., vive em Medas, Gondomar;  tem 76 referências no nosso blogue; é membro da Tabanca Grande desde 13/9/2008.


Caro Luís: Sinto-me grato por nos trazeres (mais uma vez) a narração sentida de uma das tuas páginas do "livro" das coisas imorredoiras do nosso tempo da Guiné. 

O modo como contas a morte "matada" de dois azarados, ainda por cima resultante de um misto de negligência e jactância de um pretenso guerreiro, leva-me a uma profunda reflexão que me permitem agora os meus setenta e três anos. 

Houve, estou certo, muitos acidentes decorrentes da formação militar feita à pressa e da graduação atribuída a jovens de 21 anos, no meu ponto de vista, sem a maturidade exigível a comandantes. Mas a guerra obrigava a distinguir com galões os mais aptos fisicamente. 

Eu vi morrer na IAO, na ilha de Bolama, ao 13º dia de Guiné, no treino de dilagrama, o alferes Figueiredo,  de S. Pedro do Sul,  e o Mata,  de Pinhel. (***) Não vou aqui culpar nenhum deles, aliás, presumo que o acidente se deveu a uma deficiência do grampo que segura a alavanca. 

Mas foi muito perturbador para mim e para todos os presentes a morte, no dia 10 de Julho de 1972,  desses dois jovens, sendo o comandante um ano ou dois mais velho que o comandado. 

A guerra, sendo primordial (como bem dizes), ela é a opção mais imbecil do ser humano, porque resulta da desistência do diálogo e da reflexão sobre a singularidade da condição humana, bem distinta da relação primária entre os outros seres vivos.


Carvalho de Mampatá |
27 de junho de 2023 às 17:24 

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 26 de junho de 2023 > Guiné 61/74 - P24433: Contos com mural ao fundo (Luís Graça) (2): Que Alá te proteja dos teus amigos, que dos inimigos cuidas tu!

(i)  Carlos Manuel Moreira de Almeida Figueiredo, natural de São Pedro do Sul, alf mil art , CCS/BART 6520/72, CIM Bolama, 10/7/1972; porto pro acidente com arma de fogo: 

(ii) José António Mata, natural de Pinhel, sold at, CART 6520/72, CIM Bolama, 
 10/7/1972; porto pro acidente com arma de fogo: 


A CART 6250/72 fez a IAO no CIM Bolama, entre 10 de junho e 26 de julho de 1972.


Vd. também poste de 5 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21517: Pequenas histórias dos Mais de Nova Sintra (Carlos Barros, ex-fur mil at art, 2ª C/BART 6520/72, 1972/74) (10): Relembrando a morte, por acidente com um dilagrama, no CIM de Bolama, em 10/7/1972, do alf mil Carlos Figueiredo


(...) Caro camarada Barros

Subscrevendo o que disse o meu irmão mais velho (combatente na Guiné) Manuel Carvalho, não posso deixar de acrescentar mais alguma coisa sobre esse terrível acidente ocorrido em 10 de julho de 1972, no décimo terceiro dia após a nossa chegada, porque assisti a toda aquela cena e ao que se lhe seguiu. 

A minha companhia, a  CArt 6250, do RAP 2, cumpriu a sua missão em Mampatá, sector de Aldeia Formosa, mas fez a IAO convosco. 

Depois da tragédia, ambos os corpos foram postos junto dos bancos laterais de um Unimog, procurando os soldados sentados nesses bancos ocultá-los com as pernas. Dali foram para a capela do cemitério de Bolama. Coube-me,  bem como a mais alguns voluntários, limpar e vestir esses corpos mutilados. Dispenso-me de mais pormenores. O Mata, da minha companhia,  está sepultado na aldeia de Valbom, concelho de Pinhel, o Figueiredo está sepultado no cemitério de S. Pedro do Sul, num jazigo tipo capela, junto ao passeio do lado esquerdo, em relação ao portão principal. Sempre que passo por essas terras visito esses cemitérios. Porquê ? Não sei. (...)

António Carvalho ex-Fur Enf da CART 6250 (Carvalho de Mampatá)
6 de novembro de 2020 às 20:40

sexta-feira, 23 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24426: In Memoriam (480): Carlos Nuno Carronda Rodrigues (1948-2023), ex-alf mil, CCAÇ 6 (Bedanda, 1970/72), cor inf ref... Passa a integrar a título póstumo a Tabanca Grande, sob o n.º 876


Tabanca da Linha > Carcavelos > Hotel Riviera > 21 de janeiro de 2016 > Carlos Nuno Carronda Rodrigues, cor inf 'cmd'  (1948 - 2023).  

Foto (e legenda): © Manuel Resende (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Guiné > Região de Tombali > Bedanda  CCAÇ 6 (ex-4ª CCAÇ) (1964/74) > Guião das "Onças"  cuja lema era  "Aut vincere aut morire" [Vencer ou morrer].

Foto: © Amaral Bernardo (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

 Carlos Nuno Ca

Mealhada > Pedrulha > Restaurante "A Portagem" > 9 de junho de 2012 > 2 .º Encontro Nacional "Onças Negras de Bedanda",  CCAÇ 6 > Uma foto histórica: da esquerda para a direita, o ex-cap inf  Aurélio Manuel Trindade (hoje ten gen ref), o último cmdt da 4.ª CCAÇ e o primeiro da CCAÇ 6 (1965/67), o Lassano, o Rui Santos, Amará e ex-alf mil Carronda Rodrigues (cor cmd ref).

Foto (e legenda: © António Teixeira, "Tony" (2012). Todos os direitos reservados. [ Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Amadora >  Venda Nova > Restaurante O Gomes, às portas de Benfica > 19 de dezembro de 2013 >  Almoço de Natal dos bedandenses do sul, com homenagem ao  Tony Teixeira  (António Henriques Campos Teixeira, 1948-2013) > Em primeiro plano, o cor Carronda Rodrigues. (que andou a pisar a bolanhas de Bedanda como alferes miliciano) e a esposa a Manuela Carronda Rodrigues.

Foto: © Manuel Lema Santos (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, com a ajuda  do Hugo Moura Ferreira]

Oeiras > Algés > 21 de julho de 2016 > Restaurante Caravela de Ouro> 26.º convívio da Magnífica Tabanca da Linha > Caras conhecidas: Carlos Carronda Rodrigues, cor ref  e esposa Manuela (Alguerião)

Foto: © Manuel Resende (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] 

Tabanca da Linha > 34.º Almoço-convívio > Algés > Restaurante "Caravela de Ouro" > 16 de novembro de 2017 > 73 camaradas e amigos/as compareceram à chamada e desta vez bateu-se o recorde de inscrições e presenças... A localização do restaurante (Algés) e a ementa (cabrito no forno...) também ajudaram. Na foto, o Carlos Carronda Rodrigues, cor cmd ref, e a esposa., Manuela. O casal vive em Algueirão.

Fotos (e legendas): © Manuel Resende (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Morreu no passado dia 21, o nosso camarada Carlos Nuno Carronda Rodrigues, ex-alf mil, da CCAÇ 6, "Onças   Negras", Bedanda, 1970/72, cor cmd ref (*). Tinha 75 anos.

Sobre ele escreveu, ontem, na página do Facebook da Magnífica Tabanca da Linha, o Manuel Resende,  respetivo régulo e administrador:

(...) O Sr. Coronel Carronda Rodrigues foi quem colocou a medalha de ex-Combatente ao Diniz Souza e Faro, numa cerimónia em Comandos de Carregueira.

Já nos conhecíamos dos convívios, e fiquei muito satisfeito quando ele, sabendo que eu estava a filmar, me veio dar um grande abraço. São coisas que não podemos esquecer.

O Sr. Coronel Carronda Rodrigues veio a 11 convívios da Magnífica Tabanca da Linha, e sua esposa D. Manuela participou em 6 com o marido.

O 1.º Convívio em que o Sr. Coronel participou foi o n.º 22 em Oitavos, em 19-11-2015. O 1.º em que a D. Manuela o acompanhou foi o n.º 24 em 17-03-2016 em Oitavos. O último em que a esposa o acompanhou foi o n.º 34 em Caravela de Ouro em 16-11-2016.

O último convívio do Sr. Coronel foi o n.º 44 em 25-07-2019 em Caravela de Ouro – Algés. (...)

(Negritos nossos: editor LG)

2. Mais elementos, segundo nota biográfica disponibilizada pelos nossos camaradas do portal UTW - Dos Veteranos da Guerra do Ultramar

(i) nasceu em 2 de maio de  1948,  em Castelo Branco;

(ii) Foi mobilizado para o CTIG, de 15 de janeiro de 1970, como alf mil,  em rendição individual, para a  CCAÇ 6 (Bedanda, 1970/72);
 
(iii) em 1 de setembro de 1973, foi  colocado na Escola Prática de Infantaria (EPI, Mafra)  como tenente QEO (Quadro Especial de Oficiais);

(iv) em 26 de setembro de 1974 foi transferido para o BCmds 11, Amadora;

(v) em 12 de Maio de 1975 foi promovido a capitão ‘comando’ do Regimento de Comandos, Amadora;

(vi) no período 1993-1995, foi promovido sucessivamente a major e tenente-coronel no Regimento de Infantaria de Angra do Heroísmo.

(vii) em 2005, alcançou o posto de coronel de infantaria, do Quadro Especial de Oficiais (QEO) Infantaria ‘Comando’, sendo cmdt da Unidade de Apoio da Área Militar Amadora-Sintra;

(viii) em 3 de maio de 2009, na situação de reserva, cessa funções na Comissão para o Estudo das Campanhas de África (CECA) da Direcção de História e Cultura Militar (DHCM) do Estado-Maior do Exército (EME).


3. Como nos lembra o Virgínio Briote  (poste P4014, de 11 de março de 2009),  o cor cmd Carronda Rodrigues foi o coautor (juntamenmte com o cor cmd José Castelo Glória Alves e o cor cmd Horácio Silva Ferreira) do 14.º Volume (Comandos), Tomo I (Grupos iniciais), da Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974), Edição do Estado-Maior do Exército / Comissão para o Estudo das Campanhas de África, Lisboa, 20009.

Em resumo: Carronda Rodrigues não só foi combatente na Guiné, um "onça negra", como participou nas nossas tertúlias e convívios, e deu, ainda, um valioso contributo para a preservação e divulgação das nossas memórias... 

Por todas estas razões, e sob minha proposta, o camarada Carronda Rodrigues passa integrar, a título póstumo, a Tabanca Grande, sob o n.º 876 (**), seguindo-se à Inês Allen. Infelizmente não temos ainda nenhuma foto dele no CTIG. À viúva, a nossa amiga Manuela, com quem convivemos na Tabanca da Linha, e demais família, apresentamos as condolências da Tabanca Grande.
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Notas do editor:

(*) Último poste da série >  11 de junho de 2023 > Guiné 61/74 - P24389: In Memoriam (479): António Branquinho (1947-2023), ex-fur mil, Pel Caç Nat 63 (Fá e Missirá, set/69 - out/71)... Nosso tabanqueiro desde 24/9/2010, era irmão do advogado e escritor Alberto Branquinho, também ele membro da nossa Tabanca Grande

(**) Último poste da série > 1 de maio de 2023 > Guiné 61/74 - P24275: Tabanca Grande (549): As "fotos da praxe" do cor inf ref Mário Arada Pinheiro, que completou 90 anos em 12/12/2022... Foi 2.º cmdt do BCAÇ 2930 (Catió, 1971/73) e Cmdt do Comando Geral de Milícias (1973)

Vd. também poste de 27 de abril de 2023 > Guiné 61/74 - P24259: Tabanca Grande (548): Inês Allen, senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar n.º 875... Voltou a Empada, 17 anos depois, para cumprir a última vontade do pai, Xico Allen, entregar ao clube de futebol local, "Os Metralhas", o emblema da divisa da CCAÇ 3566 (Empada e Catió, 1972/74)

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Guiné 61/74 - P24084: (De) Caras (196): Cândido Manuel Patuleia, ex-fur mil, CCAÇ 2600 / BCAÇ 2887 (Angola, 1969/71), vítima de cegueira total, provocada por explosão de uma granada ofensiva: a sua história é aqui lembrada pela seu antigo cmdt de pelotão, Eduardo José dos Reis Lopes

Lisboa > Casa do Alentejo > 26 de Maio de 2007 > 13º Convívio do pessoal de Bambadinca 1968/71 > A organização coube ao Fernando Calado, coadjuvado pelo Ismael Augusto, ambos da CCS/BCAÇ 2852 (1968/71). 

Aqui na foto, o António Fernando Marques (ex-fur mil, CCAÇ 12, Guiné, 1969/71) e o Cândido Patuleia (ex-fur mil, CCAÇ 2600, Angola, 1969/71) estiveram presentes: ficaram amigos para sempre, no Hospital Militar Principal, em 1971. Ambos estão reformados: o Marques, da sua actividade empresarial; o Patuleia, da Direcção-Geral das Contribuições e Impostos (ainda o conheci, na Repartição de Finanças da Reboleira, a 3ª da Amadora)...  (Já os tenho visto noutros encontros do antigo pessoal de Bambadinca, 1968/71.)

Ambos f0ram vítimas de engenhos explosivos:  uma mina anticarro, no caso do Marques, que o pôs em estado de coma durante 16 dias (se não erro) e lhe levou 2 anos de tratamento e recuperação;  o Patuleia, por seu turno, foi vítima da explosão de uma granada ofensiva quando estava a montar uma armadilha com outro camarada (que teve morte instantânea): cegueira total, rosto desfigurado e um calvário de multiplas operações em Portugal e no estrangeiro. 

Foto (e legenda): © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].




1.  Nunca é demais recordar os deficientes da guerra do ultramar / guerra colonial (que serão 14324, segundo os números da ADFA - Associação dos Deficientes das Forças Armadas) (*).  A guerra teve / tem nomes e rostos (e alguns ficaram marcados para sempre). E histórias, com h pequeno, que nunca serão contadas na História com H grande.

No total,  os "cegos e amblíopes" foram 70 (dos quais quase um terço na Guiné). Mas o número de vítimas de cegueira parcial e outras deficiências visuais é 12,3 vezes superior: 863 (das quais 27% na Guimé) (Vd. quadro acima).

Já evocámos vários nomes de camaradas nossos que ficaram totalmente cegos, nossos conhecidos ou figuras mais o menos públicas: 

(i) o José Eduardo Gaspar Arruda (1949-2019), o líder histórico da ADFA (sofreu cegueira total e amputação do membro superior esquerdo), em  acidente com mina em Moçambique; era furriel); 

(ii) o Cândido Manuel Patuleia Mendes (natural do Bombarral, meu vizinho, com amigos na Lourinhã, ferido em Angola; era furriel); 

(iii) o Manuel Lopes Dias (hoje cor ref DFA) (não sei onde foí ferido, mas possivelmente em Angola; era alferes), 

sendo estes dois útimos membros da atual direção da ADFA, eleitos para o triénio de 2022/24, o primeiro como tesoureiro e o segundo como secretário: mas já foram ambos presidentes da direção.

Mais recentemente, entrou para a nossa Tabanca Grande o 1º cabo Manuel Seleiro, que pertenceu ao Pel Caç Nat 60 (São Domingos, Ingoré e Susana, 1968/70): ficou totalmente cego e sem as duas mãos, ao levantar uma mina A/P, na picada de São Domingos para o Senegal, em 1970 (**).

Lembrámos também aqui o nome do camarada (e membro da nossa Tabanca Grande), Hugo Guerra (hoje cor inf ref, DFA, e sofrendo de doença de Parkinson) que foi vítima da mesma mina que o Manuel Seleiro estava a levantar: ficou cego de uma vista (***).

A história de vida destes homens e militares portugueses merece ser melhor conhecida dos portugueses. Hoje vamos reproduzir, parcialmente, um texto publicado no portal Ultramar TerraWeb - Dos Veteranos da Guerra do Ultramar, com a devida vénia ao autor e aos editores:


Eduardo José dos Reis Lopes, ex-alf mil op esp,'ranger', Cruz de Guerra de 4.ª classe, CCAÇ 2600 / BCAÇ 2887 (Angola, 1969 / 1971)


(..) De entre outras missões que, no decurso do nosso estacionamento em Balacende (Nov69-Mai71), nos foram atribuídas, destacam-se escoltas e protecção aos trabalhos que uma equipa da JAEA 
[Junta Autónoma das Estradas de Angola].  desenvolvia no itinerário principal Caxito-Nambuangongo, designadamente o levantamento topográfico destinado à construção de uma estrada asfaltada.

Os pontos mais determinantes daquele trabalho eram assinalados com telas (de 5mts de comprido por 1 de largo), dispostas em cruz e posteriormente sobrevoadas. Tendo a frente daqueles trabalhos alcançado as nossas "portas da guerra", tal como do antecedente e sempre que os trabalhos eram diariamente interrompidos, as telas foram rotineiramente colocadas; mas por sucessivas noites, as telas começaram naquela área a ser roubadas por bandos armados da FNLA.

Perante esta situação, sugeri ao comandante da companhia que montássemos emboscadas; ou, em alternativa, que nos seus limites as telas fossem armadilhadas.

Enquanto isso, ao nosso batalhão em Quicabo tinha chegado como guia para as NT, um negro foragido da base IN "Checoslováquia", tida como "sede inexpugnável da Zona B da 1ª RPM-MPLA" (pretensa "Região Político-Militar" do MPLA no Quijoão), cujo comandante era Nito Alves e a citada zona B comandada por Jacob João Caetano. O guia Eduardo, que em tempo se havia entregue às NT no sector do Caxito, posteriormente permanecera no posto local da DGS para "reeducação e reabilitação", após o que ficaram reunidas as condições para o planeamento de uma operação, a nível de batalhão, tendo como principais propósitos: capturar o comandante Jacob Caetano, vivo ou morto; e destruir aquela base IN. 

As forças executantes escolhidas para o golpe-de-mão, foram o meu 3º Pelotão da CCaç 2600 e o Pel Rec/CCS,  comandado pelo Alf Mil Martins, consideradas pelo comando do batalhão como as mais aguerridas e experientes: íamos defrontar o IN, fortemente armado e no seu próprio "santuário" considerado "inexpugnável", não havendo lugar a quaisquer tácticas defensivas ou hesitações. E a saída de Balacende, estava prevista para as 12:00 de 23Mai70.

Aproximando-se aquele momento, o Capitão Hermínio Batista, comandante da CCaç 2600 , decidiu-se pela alternativa de armadilhar as citadas telas da JAEA, tendo para tal missão encarregue o Furriel Mil  'ranger' Cláudio Manuel Libânio Duarte: acompanhado por uma secção do meu pelotão, comandada pelo Furriel Patuleia que para tal efeito se voluntariou; contudo, em se tratando de uma secção do meu 3º pelotão a fazer a segurança, também por solidariedade com o Patuleia, igualmente me voluntariei.

Estando previsto que a equipa da JAEA saísse para a frente de trabalhos pelas 06:00, cerca de meia-hora antes o Fur Patuleia acordou-me e eu – ainda ensonado e porque às 12:00 iríamos largar para a "Operação Checoslováquia" –, acabei por lhe dizer que não ia ao armadilhamento das telas; e aconselhei-o a que também não fosse, mas aquele Furriel não seguiu o meu conselho.

Por volta das 09:00 de 23Mai70, ouviu-se em Balacende uma enorme explosão: na frente de trabalhos da JAEA, encontrando-se os militares ao lado uns dos outros, o Furriel 'ranger' Duarte, enquanto procedia ao planeado armadilhamento das telas, descavilhou uma granada ofensiva e, inopinadamente, afrouxou a alavanca: o Fur Patuleia ainda lhe gritou que arremessasse a granada mas o Fur Duarte instintivamente tentou apertar a alavanca e, encostando as mãos ao peito, ali encontrou a morte imediata; quanto ao Fur Patuleia, ficou com a cara e o corpo cheios de estilhaços da granada, tal como o soldado Arlindo.

Quando os quatro feridos – dois deles de forma menos grave –, transportados nos Land-Rover da JAEA, começaram a chegar ao nosso aquartelamento, foi um pandemónio.

Fiquei na enfermaria por alguns momentos junto do Fur Patuleia, mas não suportei mais ouvi-lo pedir ao Furriel Enf  Fernandes que o matasse. Dali fui para a messe, onde continuei a ouvir os seus gritos de dor, até que por volta do meio-dia chegou um AL-III, tendo sido heli-evacuados para o hospital militar de Luanda o Soldado Arlindo e o Furriel Patuleia.

Quando vim de férias à Metrópole, visitei no HMP-Estrela o Fur Patuleia: estava cego; e tinha (como ainda hoje), a cara cravejada de estilhaços. Após dezenas de operações – algumas realizadas em Barcelona –, recuperou parcialmente alguma visão mas apenas por breves períodos; e da última vez que o vi, estava de novo e totalmente cego.

Uma das minhas recorrentes memórias sobre a guerra no Ultramar, está relacionada com o sucedido ao Furriel Mil Patuleia. (...) 
____________

(¹) Cândido Manuel Patuleia Mendes: nascido em 1947 no Bombarral; veio a ser no ano 2000, presidente da direcção nacional da ADFA.
 
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 (***) Último poste da série > 17 de fevereiro de 2023 > Guiné 61/74 - P24074: (De) Caras (195): Em 1975, cinco anos depois, saí do Hospital Militar Principal com as marcas da mina A/P, armadilhada, que me mudou completamente a vida: estava destroçado, cego, sem a mão direita e com dois dedos na mão esquerda (Manuel Seleiro, 1º cabo, Pel Caç Nat 60, DFA, São Domingos, Ingoré e Susana, 1968/70)

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Guiné 61/74 - P24008: Blogues da nossa blogosfera (174): Cerca de metade dos nossos "favoritos" de há uns anos atrás (Letras de E a I) já não existem ou mudaram de URL


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector de Galomaro > CCAÇ 3491 (1971/74) > "Chegada a Galomaro da CCAÇ 3491 [pertencente ao BCAÇ 3872,]  no dia 9 de Março de 1973. No jipe podemos ver o alf  mil Luís Dias, atrás o fur mil Baptista,  do 1º Gr Comb,  e ao lado, a sorrir, um guerrilheiro do PAIGC que, no dia anterior, se tinha entregado a uma patrulha das NT  na área do Dulombi. A arma é uma Shpagin PPSH 41, no calibre 7,62 mm Tokarev, mais conhecida por "costureirinha" e com a particularidade de ter um carregador curvo de 35 munições, em vez do habitual tambor de 71". 

(Foto do Luís Dias, reproduzida com a devida vénia, do seu blogue, Histórias da Guiné, 71-74:  A CCAÇ 3491, Dulombi,. um dos blogues da nossa blogosfera que tem resistido à erosão do tempo...)

Foto (e legenda): © Luís Dias (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1
. Continuamo a rever a nossa  lista (já antiga e nunca atualizada) dos  cento e poucos blogues e outras páginas na Net (c. 110) que faziam parte da nossa blogosfera... e que constavam / constam da coluna estática do nosso blogue, no lado esquerdo. 

Na altura, há mais de uma dúzia de anos, os antigos combatentes ainda não tinham desconbertas as "delícias" do Facebook... Hoje os blogues e outras "web pages" caíram em desuso... E outras redes sociais, como o Facebok,  ganharam popularidade... (Como diz a "publicidade", é fácil, é barato, é bom para desopilar, mandar umas "bocas foleiras" e fazer muitos "amigos virtuais" ... e sobretudo dá milhões aos seus donos.)

Hoje fizemos a verificação, desses blogue e páginas, de D a I (n=30). Metade desses sítios  já não existem, foram descontinuados, mudaram de URL... É o preço que se paga por uma existência virtual, que é sempre precária, dependente da boa vontade ou dos caprichos dos servidores (alguns que já não existem, como o Clix, o Sapo, o Terràvista...O Serviço de Alojamento Gratuito de Páginas Pessoais do Sapo, por exemplo,  foi descontinuado em dezembro de 2012.)

Os blogues e outras páginas que deixaram de estar "on line" vêm assinalados, em baixo, com um asterico (*). Nalguns casos têm novos endereços. Alguns destes "sítios" (ou "web pages")  poderão ser recuperados através do Arquivo.pt (**) (Experimentar também o Internet Archive, que explora cerca de 800 mil milhões de sítios na Web, através da sua "web archive",
a Wayback Machine.)


Embaixada da República da Guiné-Bissau em Portugal (*)



Um dos mais antigos (e participados) blogues sobre a Guiné e a guerra colonial. Remonta a 2007. Foi criado por Henrique Cabral, ex-fur mil at inf, CCAÇ 1420 / BCAÇ 1857, Fulacunda, Mansoa, Braia, Encheia, Uaque, Jugudul, Bissorã, K10, Olossato, Cutia, K3 e Mansabál (1965/67)


Criado em junho de 2007 pelo nosso saudoso camarada (e membro da Tabanca Grande) Victor Barata. Continua ativo, mas irregular, tendo agira ao comando o João Carlos Silva e o Mário Aguiar.


Expresso África > Guiné Bissau  (*)

Página descontinuada. Criada elo semanário Expresso. Estava alojada no Portal Clix, que foi desligado.


Fórum Armada, Página não-oficial da Marinha de Guerra Portuguesa (*)

Página descontinuada, por estar alojada no Sapo. Pode ser vista aqui, capturada pelo Arquivo.pt:



Agora Fundação Mário Soares e Maria Barroso  > https://fmsoaresbarroso.pt/

Vd. também Casa Comum > Arquivos > Amílcar Cabral


  • Guerra Colonial - Centro de Documentação 25 de Abril, Universidade de Coimbra (UC)

"Criado no âmbito da Reitoria da Universidade de Coimbra em Dezembro de 1984, o Centro de Documentação 25 de Abril (cd25a) é hoje uma das Unidades de Extensão Cultural e de Apoio à Formação (UECAFs) da UC. 

"Instalado no Colégio da Graça na Rua da Sofia, desde julho de 2016, visa recuperar, organizar e pôr à disposição da investigação científica o valioso material documental disperso pelo país e estrangeiro sobre a transição democrática portuguesa (o 25 de Abril de 1974, os acontecimentos preparatórios e as suas principais consequências), mas também sobre toda a segunda metade do século vinte português."


Vd. novo endereço: https://www.cd25a.uc.pt/pt

  • Guerra Colonial (1961-1974) - Vídeos e Documentários RTP



Destaque para as "coleções temáticas": História

25 de Abril de 1974 (88 documentos)

"Para solicitar cópia de um determinado conteúdo basta registar-se como utilizador e pressionar o botão LICENCIAR CONTEÚDO disponível na pagina de cada conteúdo, ou, caso o conteúdo que pretenda não esteja ainda disponível neste portal, aceder à área de Serviços e preencher e enviar o formulário de pedido de licenciamento."


Guerra Colonial (1961-1974), Portal da A25A (*)

Portal descontinuado. Ver captura pelo Arquivo.pt:


Guerra Colonial Portuguesa, Página de Jorge Santos (*)

Uma das mais antigas (http://guerracolonial.home.sapo.pt/). Estava alojada no Sapo (acrónimo de Servidor de Apontadores Portugueses Online). Foi descontinuada. Não parece ter sido recuperada pelo Arquivo.pt

Jorge Santos, um incansável mas sempre discreto membro, sénior, da nossa Tabanca Grande, já de longa data.  Não temos nenhuma foto dele, nem antiga nem actual. Foi 1º Grumete Fuzileiro (DFA), Companhia de Fuzileiros nº 4, em Moçambique, Metangula e Cobué, de janeiro de 1968 a abril de 1970.

Criou, em março de 2006, o sítio "Guerra Colonial Portuguesa", tendo como principais secções: Bibliografia, Filmografia, Associações, Canções de Lisboa, Memorial, Monumentos, Convívios, Brasões, Condercorações.  Teve um problema de saúde em 2009 quando estava na Noruega.

  • Guerra Colonial, Vídeos no Google

 Procurar agora em Google > Guerra Colonial > Vídeos. Muitas disponíveis no You Tube.

Oficialmente chama-se "Portal UTW - Dos Veteranos da Guerra do Ultramar"... Abrange todas as "antigas províncias ultramarinas portuguesas",  Angola, Guiné, Moçambique, Cabo Verde, Índia, Macau, São Tomé e Príncipe, Timor, 1957-1975. 

O fundador do portal UTW é o nosso camarada António Pires, ex-furriel mil mecânico auto da CSM/QG/RMM (Moçambique 1971/1973). Tem uma impressionante base de dados, sobretudo no que respeita a mortos no ultramar (de 1954 a 1975) (discriminados por concelho de naturalidade), louvores e condecorações, brasões, guiões e crachás (coleção Carlos Coutinho)...

Também tem página no Facebook (UTW Ultramar Terraweb).



Guerra na Guiné 63/74 - Página de Carlos Silva (*)

Outra página de um camarada nosso. Foi descontinuada. Não nos foi possível recuperá-la pelo Arquivo.pt


Guiledje (1 a 7 de Março de 2008), Simpósio Internacional de (*)

Pàgina descontinuada. Criada pela ONGD AD - Acção para o Desenvolvimento, o principal promotor do evento,


"O Projecto Guiné-Bissau CONTRIBUTO foi fundado por Fernando Casimiro “'Didinho' a 10 de Maio de 2003. É um Projecto que visa incutir e desenvolver o espírito e a capacidade de reflexão e do debate de ideias na Guiné-Bissau e nos guineenses, onde quer que se encontrem.

"O Projecto Guiné-Bissau CONTRIBUTO é um Projecto de Gerações, para gerações!"
 
Guiné-Bissau, Página da AD - Acção para o Desenvolvimento (*)

Criada em 2006, esteve ativa em vida do Pepito, cofundador e primeiro diretor executivo da ONGD AD... Fomos recuperá-la através do Arquivo.pt


Literatura, fauna, ecologia, gastronomia... Uma página criada e mantida com muito carinho pela guineense Maria Estela Guedes.


Guiné-Bissau, Portal de Carlos Fortunato (*)


"Guiné-Bissau: centenas de fotografias, filmes, e textos, sobre história, cultura, economia e viagens Guiné-Bissau onde a amizade tem mais calor humano". O Carlos Fortunato é um dos históricos do nosso blogue.

Criado em 2003, já não existe. Estava alojado no Sapo- Fomos recuperá-lo através do Arquivo.pt...

https://arquivo.pt/wayback/20080218143829/http://portalguine.com.sapo.pt/index.html


Guiné-Bissau, Vídeos no Google (*)

Jà não existe... Mas em alternativa pode-se pesquisar no  Google > Guiné-Bissau Videos... Há dezenas no You Tube

Guine-Bissau. com, Portal noticioso (*)

Foi desativado.

Guiné: Ir e Voltar - Tantas Vidas, Blogue de Virgínio Briote, Cascais (*)

O Virgínio Briote  teve um dos melhores blogues sobre a guerra da Guiné,  que infelizmente decidiu desativar. Chamava-se "Guiné, Ir e Voltar" ou "Tantas Vidas":  http://tantasvidas.blog.pt/

Publicou postes entre janeiro de 2006 e março de 2009. Textos de antologia que mereciam conhecer o prelo. Depois achou que tinha dito tudo... Fechou o blogue (e o baú).

Mas o Arquivo.pt que anda há muito, desde 1996, à caça de páginas na Web, de preferência em português, não lhe pediu licença e foi-lhe fazendo sucesssivas capturas de páginas do seu blogue... 

Só há dias é que ele, Vb,  soube, porque eu lho disse. A última captura foi em 24 de maio de 2009, às 21h54... Veja-se aqui o endereço:

https://arquivo.pt/wayback/20090925034743/http://tantasvidas.blog.pt/



"Background: Since independence from Portugal in 1974, Guinea-Bissau has experienced considerable political and military upheaval. Guinea-Bissau’s history of political instability, a civil war, and several coups (the latest in 2012) have resulted in a fragile state with a weak economy, high unemployment, rampant corruption, and widespread poverty."


"Espaço de confraternização para todos aqueles que, como combatentes, tiveram de percorrer as matas, as bolanhas, as picadas e os rios da Guiné, entre Dezembro de 1971 a Março de 1974, em especial invocar aqui a história e as "estórias" dos elementos da C.CAÇ 3491, aquartelados em Dulombi e também em Galomaro, e que tiveram grupos de combate em apoio de Cancolim, Piche, Nova Lamego, Bambadinca e Pirada. Fomos dos últimos combatentes do denominado 'Império Português - o V Império'."

Blogue criado, editado e mantido por Luís Dias (desde 2008).

"Criado em 1951 como instituição privada de utilidade pública, o IMVF é uma Fundação para o desenvolvimento e a cooperação, tendo iniciado atividade como ONGD em 1988 em São Tomé e Príncipe. 

"A partir dos anos 90 expandimos a nossa ação a outros países, com predominância aos de língua oficial portuguesa, e alargámos as áreas de atividade. Os resultados alcançados tornaram o IMVF numa entidade de referência nos domínios da cooperação, da cidadania global e da reflexão sobre o desenvolvimento".



Guiné > Região do Cacheu > Bula > CCAV 2487 / BCAV 2862 (Bula, 1969/70) > 18 de Outubro de 1969 > Dois mortos e um ferido no decurso da Op Ostra Amarga (também ironicamente conhecida como Op Paris Match)...

As NT (2 Gr Comb da CCAV 2487, comandadas pelo cap cav José Sentieiro, hoje cor cav ref e cruz de guerra de 1ª classe (, a viver em Torres Novas,) caem num emboscada do PAIGC, às 7h15 da manhã... O combate é registado por uma equipa da televisão francesa, a ORTF...

Foto: INA - Institut National de l' Audiovisuel (2006) / Cópia pessoal de Virgínio Briote 


Tem cerca de 3 dezenas de vídeos sobre a Guiné-Bissau, incluindo a guerra colonial.

  • INE - Instituto Nacional de Estatísticas, Bissau (*)


"Fundado em 1984, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP) tem como objectivos principais promover os estudos e pesquisas no domínio das ciências sociais e naturais relacionados com os problemas de desenvolvimento do país e contribuir para a valorização dos recursos humanos locais. 

"A actividade principal do INEP consiste na realização de investigação fundamental e na elaboração de estudos, sendo constituído por um corpo de investigadores nacionais permanentes e uma rede de investigadores associados nacionais e estrangeiros. Leva igualmente a cabo actividades académicas que incluem conferências, colóquios, seminários, jornadas de reflexão, que visam a difusão dos resultados das investigações científicas e o desenvolvimento do próprio Instituto. 

"Em poucos anos o INEP tornou-se um ponto de referência nacional e internacional de reflexão científica sobre a África Ocidental em geral e a Guiné-Bissau em particular. Dezenas de trabalhos sobre a realidade social guineense, uma centena de artigos e publicações periódicas permanentes confirmam a validade desde Instituto."

O INEP mantém em suas instalações a Biblioteca Pública Nacional, com cerca de 70.000 volumes e os Arquivos Históricos Nacionais da República da Guiné-Bissau, depositários de toda a documentação colonial e pós-colonial  O edifício foi praticamente destruído no decurso da guerra civil de 1998/99.

Tem página no Facebook mas inativa desde junho de 2017.
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Notas do editor:

(*) 14 de janeiro de 2023 > Guiné 61/74 - P23982: Blogues da nossa blogosfera (171): Cerca de metade dos nossos "favoritos" de há uns anos atrás já não existem ou mudaram de URL