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quarta-feira, 19 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24487: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte IV: Período de 1 de novembro a 31 de dezembro de 1970: colocada nas ZA de Catió e Cabedu: descrição do terreno (aglomerados populacionais e comunicações)


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço  (1943-2010)> Um aspeto parcial do quartel.


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Vila > Álbum fotográfico do Victor Condeço (1943-2'010)  > "Lagoa com nenúfares,  à esquerda na estrada de Catió-Príame"


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Porto Interior > Álbum fotográfico do Victor Condeço  (1943-2010)> "O porto interior de Catió, no rio Cadime, fazia parte dos nossos passeios de Domingo". (O Victor é o primeiro da direita: era camarada discreto, amável, afável, prestável, generoso que a morte levou cedo: foi fur mil mec armamento.)

Fotos (e legendas): © Victor Condeço  (2007). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) > A lancha do Cachil, que vinha de Catió... A ligação de Cachil (na margem esquerda do Rio Cobade) a Catió fazia-se de barco, pelo Rio Cobade e depois pelo seu afluente, o Rio Cagopére (em cuja margem direita se situava o porto exterior de Catió)

Foto do álbum do ex-fur mil Victor Neto, da CCAÇ 557, enviada pelo incansável José Colaço, nosso grã-tabanqueiro.

Foto (e legenda): © Victor Neto / José Colaço (2014). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]´


Guiné > Região de Tombali > Carta de Catió (1956)  (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Catió e alguns rios envolventes: Tombali, Cobade, Umboenque, Ganjola, etc.


Guiné > Região de Tombali > Carta de Cacine (1960)    (Escala 1/50 mil)  > Posição relativa de Cabedú, e dos rios Cumbijã e Cacine.

Infografias: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)


1. Continuação da publicação de alguns  alguns excertos da história da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedu, 1970/72). É mais uma das subunidades, que estiveram no CTIG, e que não têm até à data nenhum representante (formal) na Tabanca Grande.

Recorde-se que embarcou, no T/T Carvalho Araújo, em 19 de setembro de 1970, desfalcada de 3 dos seus oficiais subalternos. Acabou a IAO, em 31 de outubro de 1970, no CIM de Bolama, sem qualquer alferes, sendo os pelotões comandados provisoriamente por furriéis, uam situação anómala e talvez inédita no CTIG. O comandante de companhia era o cap inf op esp Augusto José  Monteiro Valente (1944-2012) (*)

Com base nos elementos de que dispomos (cópia parcial da história da unidade), vamos hoje fazer uma breve caracterização do terreno correspondente à sua Zona de Acção (ZA), na realidade duas zonas, e distintas: Catió e Cabedú, na região de Tombali , Sector S3(*)


História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte IV:

Período de 1 de novembro a 31 de dezembro de 1970: colocada nas  ZA de Catió e Cabedu: descrição do terreno   (aglomerados populacionais e comunicações)


(22) Caracterização das ZA de Catió e Cabedú:

(222) D
escrição do Terreno:

6. Aglomerados populacio0nais

61. Sob o controlo efetivo das NT:
  • Catió: sede  da administração do concelho, nesta vila encontram-se representantes das várias etnias, predominando contudo os balantas;
  • As tabancas à volta de Catió também são balantas:  Catió Balanta, Nova Comedú, Areia Branca, Suá, Quintafine, Areia...
  • Só fula é Catió Fula;
  • Camitendem é nalu e biafada;
  • Príame é fula e maninga;
  • As tabancas mais afastadas são do Ilhéu de Infanda,  de população balanta.
62. Sob o controlo IN:
  • Na ZA de Catió: Ilhéu de  Cote,  Canturé, Catissame,Dimbissile, Cachanga,b Gansona, Quire e Musna;
  • Na ZA de Cabedú, a Ilha de Melo, com população das etnias balanta, nalu e sosso.
7, Comunicações

71. Itinerários
  • Na ZA de Catió,  Estradas de Catió-Cufar | Catió- Ilhéu de Infanda | Tombali (Cantona - Tombo) | De Catió parte um troço que através do R Ganjola vai entroncar na estrada de Tombali;
  • Na ZA de Cabedú, estrada de Cabedú-Cabanta.
72. Portos
  • Na ZA de Catió: 

(i) Rio Ganjola e afluentes:  Portos interior e exterior de Catió (nos rios Cadime e Gagopere, respetivamente) | Porto de Ganjola | Porto de Comedú | Porto de Cubaque;

(ii) Rio Cumbijã e aflientes: Porto do Ilhéu de Infanda,

  • Na ZA de Cabedú: 
No rio de Cumbijã e afluentes: Porto de Cabedú (no rio Lade).

Estes portos podem ser utilizados por  barcos a motor na praia-mar. Muitos outr0s são frequentad0s apenas por canoas nativas.

73. Pistas de aterragem

(i) Pista de Catió

Ccom um comprimento de 1200 metros, permite no tempo seco a aterragem de avióes do tipo DC.3 (Dakota), T-6 e DO-27. Na estação das chuvas, só as DO-27 fazem serviço com normalidade.

(ii) Pista de Cabedú: 

Com um comprimento de 500 metr0s, só pode ser utilizada, durante todo o ano, por avionetas de tipo DO-27.

74. Meios de ligação:

As características especiais do terreno das ZA (em especial de Catió) (plano, baixo, facilmente alagadiço e muito recortado por braços de rios) conduzem a que as poucas estradas existentes sejam muito sensíveis às chuvas , tornando-se impraticáveis por largos períod0s do ano.

Tal circunstància aconselha a utilização da via fluvial: por ser  bastante densa, torna fácil o acesso por barco a qualquer parte da ZA. A única limitação a este procedimento reside na necessidade de subordinar os movimentos ao período das marés.

Excertos das pp.  3/II - 6/II, História da Unidade)

domingo, 9 de setembro de 2018

Guiné 61/74 - P18999: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XLII: Pistas e aeronaves (i): Nova Lamego, outubro e novembro de 1967


Foto nº 4 > Nova Lamego, outubro de 1967 >  Avioneta DO 27 e o piloto daFAP, alf milEmanuel Leite, meu amigo do Porto.



Foto nº 2 > Nova Lamego, outubro de 1967 >  Um avião de transporte de tropas e carga, Dakota, com 2 motores, e respectiva tripulação de 2 membros, com fardas diferentes. Junto temos uma AML Daimler, trata-se de um blindado ligeiro e a sua tripulação.


Foto nº 1 > Nova Lamego, outibro de 1967 > Um caça-bombardeiro T6, estacionado na pista de Nova Lamego.


Foto nº 8 > Nova Lamego, novembro de 1967 >  Avioneta civil, dos TAGP,  uma Dornier, de 2 passageiros, aterrando em Nova Lamego.


Foto nº 7 > Nova Lamego, novembro de 1967 >  Esquadrilha de caças T6 estacionados em Nova Lamego.


F10 > Nova Lamego, novembro de 1967 > Uma escala do Dakota, entre Nova Lamego e Bissau, com paragem em Farim, para carregar e descarregar pessoal. Farim, Nov./67. Está ao meu lado um professor primário negro, que teria ficado em Farim.


Foto nº 3 > Nova Lamego, novembro de 1967 > Pista de Nova Lamego em terra batida, e placa dos seus 1000 metros de comprimento.


Foto nº 5 > Nova Lamego, novembro de 1967 >  Caminho de terra batida que leva à pista de aviação de Nova Lamego.


Guiné > Região de  Gabu >  Nova Lamego > CCS/ BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) >1

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Virgílio Teixeira (*), ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, set 1967/ ago 69); natural do Porto, vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado; tem já cerca de 80 referências no nosso blogue.


Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:



T201 – PISTAS E AERONAVES NA GUINÉ

A) O SECTOR DE NOVA LAMEGO – L3

I - Anotações e Introdução ao tema:

NOTAS:

O presente Tema refere-se à amostragem das pistas de aterragem e movimento de aeronaves no Sector L3 – NOVA LAMEGO – No Leste da Guiné.

As fotos são do período de finais de Setembro de 67 até finais de Fevereiro de 68. Trata-se do período em que o autor das fotos permaneceu neste sector.

Nova Lamego era a sede e comando do Batalhão de Caçadores 1933, que foi substituir neste sector o bcav 1915. Nova Lamego tinha a sua pista de aterragem de aeronaves ligeiras, Dakotas, DO27, Caças Bombardeiro T6 e Heli AllouetteIII. Não tinha pista para os caças Fiat G91, nem outros semelhantes.

A pista tinha 1000 metros de comprimento, era de terra batida, contudo o Heliporto era uma placa de betão própria para estes aparelhos.

Estacionavam nesta Base algumas aeronaves em permanência: 4 Caças T6 e 1 Heli. O objectivo era dar apoio imediato aos vários aquartelamentos existentes no sector, o maior da Guiné, com quarteis que eram flagelados quase diariamente.

Vou publicando tanta coisa sempre na esperança que apareça alguém que está retratado nas fotos, ou que se lembre de alguma coisa, mas até hoje ninguém do meu BC1933 apareceu a dizer ‘estou aqui!’. Reconheço com alguma mágoa que não há referências ao pessoal do meu batalhão, com a infeliz excepção da CCAÇ1790, ligada a Medina do Boé, Béli, Cheche e à tragédia do Rio Corubal, em 06/02/1969.

Vamos aguardando.

Em, 2018-06-18, Virgílio Teixeira


II - Legendas das fotos:


F01 – Um caça-bombardeiro T6, estacionado na pista de Nova Lamego. Estão carregados com 3 bombas em cada asa, no total de 6. Era equipado com metralhadoras na frente do aparelho. Nova Lamego,  Outubro/67.

F02 – Um avião de transporte de tropas e carga, Dakota, com 2 motores, e respectiva tripulação de 2 membros, com fardas diferentes. Junto temos uma AML Daimler, trata-se de um blindado ligeiro e a sua tripulação. Nova Lamego Out/67.

F03 – Pista de Nova Lamego em terra batida, e placa dos seus 1000 metros de comprimento. O estado da pista é fraco, muito irregular, o que dava origem a aterragens pouco confortáveis. Tratava-se da época das chuvas, por isso a terra abria grandes fendas. Nova Lamego, Nov./67.

F04 – Aeronave, Avioneta de 2 passageiros, DO27, da FAP, equipada com apenas um motor, estacionada em Nova Lamego. Destinada a transporte de passageiros, carga ligeira, correio e artigos de emergência.

O seu piloto, o Alferes Miliciano Piloto Aviador Emanuel Lima Leite, era meu amigo de criança da zona do Amial no Porto, e acabamos por nos encontrar a primeira vez naquele local, e mais tarde noutras zonas de São Domingos por exemplo. Nova Lamego Out/67.

F05 – Caminho de terra batida que leva à pista de aviação de Nova Lamego. As estradas eram todas mal tratadas, mesmo que dentro da vila ou cidade. Nova Lamego, Novembro de 67.

F07 – Esquadrilha de caças T6 estacionados em Nova Lamego,  Nov/67.

F08 – Avioneta civil dos TAGP – uma Dornier, de 2 passageiros, aterrando em Nova Lamego. Estas aeronaves faziam voos privados, normalmente para levar ou trazer passageiros, que se deslocam de, ou para, Bissau. A população civil está presente. Nova Lamego, Novembro de 1967.

F09 – A bordo de um Dakota, com cadeiras de lona, a cerca de 3000 metros de altitude, na rota de Nova Lamego, vindo de Bissau. Nos céus da Guiné, Novembro de 1967 [. Não publicada por falta de qualidade técnica[

F10 – Uma escala do Dakota, entre Nova Lamego e Bissau, com paragem em Farim, para carregar e descarregar pessoal. Farim, Novembro de 67. Está ao meu lado um professor primário negro, que teria ficado em Farim.

 (Continua)


NOTA FINAL DO AUTOR:

As legendas das fotos em cada um dos Temas dos meus álbuns, não são factos cientificamente históricos, por isso podem conter inexactidões, omissões e erros, até grosseiros. Podem ocorrer datas não coincidentes com cada foto, motivos descritos não exactos, locais indicados diferentes do real, acontecimentos e factos não totalmente certos, e outros lapsos não premeditados. Os relatos estão a ser feitos, 50 anos depois dos acontecimentos, com material esquecido no baú das memórias passadas, e o autor baseia-se essencialmente na sua ainda razoável capacidade de memória, em especial a memória visual, mas também com recurso a outras ajudas como a História da Unidade do seu Batalhão, e demais documentos escritos em seu poder. Estas fotos são legendadas de acordo com aquilo que sei, ou julgo que sei, daquilo que presenciei com os meus olhos, e as minhas opiniões, longe de serem ‘Juízos de Valor’ são o meu olhar sobre os acontecimentos, e a forma peculiar de me exprimir.

Em, 2018-06-18

Virgílio Teixeira

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».
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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14268: Historiografia da presença portuguesa em África (54): Revista de Turismo, jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: monumentos - Parte II (Mário Vasconcelos): o moderno aeroporto de Bissau e o cais do Pidjiguiti




Guiné > Bissau > 1956 > O modermo aeroporto de Bissau e o cais do Pidjiguiti...

Imagens de zincogravuras, reproduzidas, com a devida vénia, de Turismo - Revista de Arte, Paisagem e Costumes Portugueses, jan/fev 1956, ano XVIII, 2ª série, nº 2. (*).

Digitalizações: Mário Vasconcelos (2015). [Edição: LG]


Guiné > Bissau > s/d > Aeroporto Craveiro Lopes. Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 121". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal, Imprimarte, SARL).


Colecção: Agostinho Gaspar / Digitalizações e edição: Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010).


1. As duas imagens de cima, a preto e branco, são uma gentileza do nosso camarada Mário Vasconcelos [,ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, COT 9 e CCS/BCAÇ 4612/72,Mansoa, e Cumeré, 1973/74; foto atual à direita] que descobriu um exemplar, já raro, desta edição da revista Turismo, no espólio do seu falecido pai.

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Notas do editor:

quinta-feira, 29 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9674: Meu pai, meu velho, meu camarada (27): Feliciano Delfim dos Santos (1922-1989), ex-1º cabo, 1º Comp /1º Bat Exp do RI 11, Cabo Verde (Ilhas de Santiago, Santo Antão e Sal, 1941/43) (Augusto S. Santos)


Setúbal > RI 11 > 1940 > Enquanto recruta...
Feliciano Delfim dos Santos
Natural de Lisboa
Nasceu a 20 de Abril de 1922
Faleceu a 18 de Março de 1989



1. Texto de Augusto Santos Silva para a série "Meu Pai, meu velho,meu camarada" (*):


O meu pai terminou a recruta em Julho de 1940 e frequentou posteriormente a escola de cabos. Foi como 1º Cabo, com a especialidade de Observador Telemetrista, que foi mobilizado para fazer parte do 1º Batalhão Expedicionário do RI 11 / 1ª Companhia, com destino à então Colónia de Cabo Verde, durante o periodo da 2ª guerra mundial.





Partiu em meados de Junho de 1941 no navio a vapor João Belo, tendo desembarcado na cidade da Praia, Ilha de Santiago,  a 23 do mesmo mês. No entanto o Batalhão viria a ser colocado na Ilha do Sal, a mais inóspita de todas as ilhas do arquipélago, onde já não chovia há 5 anos, não havia árvores, água potável, fruta, e legumes frescos. (**)

Pelos seus relatos que, ainda guardo na memória, esta foi a pior das situações que registou em todas as ilhas por onde passou (Santiago, Sal, Santo Antão e S. Vicente), onde a água supostamente potável para consumo diário era racionada (não chegava a um cantil) e, para banhos, só havia água salgada.




Cabo Verde > Ilha de Santo Antão > 1943 > Aspecto de como grande parte da população vivia no interior da ilha... [ Em 1940 e depois em 1942 e anos seguintes a seca prolongada foi responsável por uma das maiores catástrofes demográficas da história de Cabo Verde: este é o pano de fundo do romance Hora di Bai, publicado em 1962, pelo escritor português Manuel Ferreira (1917-1994), também ele mobilziado como expedicionário em 1941, para São Vicenre] .



Cabo Verde > Ilha de Santo Antão > 1943 > Feiticeiro, fotografado com os seus adereços e talismãs...



Cabo Verde > Ilha de Santo Antão > 1943 > Festa de São João

Dos cerca de 1.000 homens que inicialmente compunham o Batalhão, no final só viriam oficialmente a regressar incorporados no mesmo, cerca de 500. Morreram na missão perto de 20 militares (todos eles por doença), e os restantes foram regressando antecipadamente por baixa médica, igualmente acometidos pelas mais diversas doenças (escorbuto, tifo, paludismo, anemia, disenteria, etc.) originadas pela falta de condições para uma vida normal. (**)

Felizmente naquela altura não havia guerrilheiros, minas, emboscadas, etc., ou seja, guerra propriamente dita mas o clima, a alimentação deficiente, e as condições em que viveram aqueles anos naquelas ilhas, encarregavam-se de fazer as suas vítimas e foram suficientes para reduzir o Batalhão a 50% dos seus efectivos. [Veja-se aqui o plano de defesa de Cabo Verde, elaborado por Santos Costa, em 1942]



Cabo Verde > Ilha de Santiago > 1941 >"O meu pai é o primeiro da direita"



Cabo Verde > Ilha do Sal > 1942 > O 1º cabo F. Delfim


Fotos (e legendas): © Augusto Silva Santos (2012). Todos os direitos reservados


O regresso à Metrópole deu-se no início de Dezembro de 1943, e a passagem à disponibilidade no final do mesmo.

Quiçá, estas foram também algumas das razões para o meu pai ter falecido com 66 anos de idade. A sua passagem por Cabo Verde deixou-lhe marcas profundas física e psiciologicamente, apesar da ausência de guerra efectiva.

Lembro-me ainda de contar que,  na sua passagem por aquelas terras, chegou a viver maritalmente com uma local, de seu nome Maria Helena Almeida, de quem viria a ter um filho chamado Fernando Almeida Santos (hoje teria 70 anos de idade). Ambos faleceram prematuramente por doença, sem que ele o conseguisse evitar. Há relatos de que os anos 40 foram especialmente difíceis em Cabo Verde, havendo ilhas em que as populações foram fortemente atingidas pelas mais diversas epidemias. [Vd. Hora di bai, romance de Manuel Ferreira, capa da edição da Europa-América, coleção Livros de Bolso Europa América]

Referenciou por inúmeras vezes a completa miséria em que as populações daquelas ilhas viviam na altura, e o que os militares faziam (apesar dos parcos recursos) para tentar minimizar o seu sofrimento, nomeadamente das crianças.

Apesar dessas condições desumanas, dizia que na generalidade o povo caboverdeano era alegre e muito virado para a música. Todas as ocasiões eram motivo para uma festa, com as suas improvisadas batucadas, mornas, coladeiras, e funanás, das quais sempre se mostrou muito saudoso. Recordo-me perfeitamente de o ver com lágrimas nos olhos a ouvir Fernando Quejas [1922-2005], aquele que durante muitos anos foi a única referência da música de Cabo Verde em Portugal, com discos gravados. Só muito anos mais tarde se daria o salto para aquilo que conhecemos hoje da real dimensão da musicalidade daquele povo.

Regressado à vida civil, viria a exercer a sua profissão de serralheiro civil, mas as dificuldades em arranjar trabalho condigno e normalmente renumerado mantinham-se, situação que infelizmente estamos de novo a viver.

Lembro-me de contar uma passagem da sua vida, que o marcou profundamente. Estando a trabalhar numa empreitada da qual era responsável o célebre Engº Duarte Pacheco, mais tarde membro do governo, e de alguns trabalhadores se lhe terem dirigido (entre eles o meu pai) a solicitar um pequeno aumento de salário, de este lhes ter respondido não ter conhecimento que o pão e as azeitonas tivessem tido qualquer aumento nos preços. Isto demonstra bem como era viver naquela altura.

Mais tarde viria a concorrer para os quadros do pessoal civil da Marinha de Guerra, onde exerceu a profissão de Maquinista em diversas embarcações (rebocadores e vedetas de transporte de pessoal),  inicialmente no antigo Arsenal de Marinha em Lisboa e posteriormente na Base Naval do Alfeite. Foi com a categoria equivalente a Sargento Ajudante que viria a ser reformado aos 56 anos de idade.

Ainda durante a sua passagem pela Marinha, teve a infelicidade e preocupação (como tantos pais e mães neste país) no início dos anos 70 de ver partir os seus 2 filhos para a Guerra do Ultramar, mais propriamente para a Guiné.

Contou-me por diversas vezes que, ao saber da minha mobilização (o meu irmão já lá estava há quase 1 ano), ainda tentou solicitar que esta fosse para uma outra frente sem um verdadeiro teatro de guerra (por exemplo Cabo Verde ou S. Tomé), pelo que se dirigiu ao então Tenente de Marinha Alpoim Calvão, na altura na Escola de Fuzileiros no Alfeite, de quem era mais ou menos próximo por alguns serviços prestados, para saber se haveria alguma hipótese de, de uma forma oficial, fazer tal solicitação. A resposta desse senhor foi de que o meu pai se deveria orgulhar por conseguir ter os 2 filhos, em simultâneo, na guerra a defender o país, e que por tal facto ele era um privilegiado. Enfim…

Apesar de algo debilitado fisicamente, pois tinha uma atrofia num joelho devido a diversas operações, e estava cego de uma vista por acidente em serviço, ainda ajudou a criar 4 netos que também o recordam com muita saudade, pelas suas manifestações de amor e carinho sempre presentes.

Foi um bom pai e avô para a sua época, era um homem paciente e bom,  apesar das agruras da vida e, no dia em que partiu, deixou um vazio na vida de todos nós, por tudo aquilo que ainda ficou por viver.

Esta é a minha homenagem ao meu pai, meu velho, meu camarada!


Augusto Silva dos Santos [, ex-Fur Mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73]
_________________

Notas do editor:

(*)Último poste da série > 25 de amrço de 2012 > Guiné 63/74 - P9657: Meu pai, meu velho, meu camarada (26): Porfírio Dias (1919-1988), ex-sold aux enf, Cabo Verde, São Vicente, Mindelo (de 18 de julho de 1941 a 7 de maio de 1944) (Luís Dias)


(...) Comentário do Augusto Silva Santos (em 19 do corrente):

"Camarada e Amigo Luís Graça, nem calculas como as tuas sábias palavras sobre o teu pai também a mim me tocam. Faz hoje precisamente 23 anos que o meu saudoso pai foi a enterrar. Se fosse vivo, teria perto de 90 anos (faria essa bonita idade no próximo mês de Abril). Tal como o teu, também ele esteve na década de 40 em Cabo Verde, mobilizado pelo R.I.11 (Setúbal) com 18 anos de idade. Lembro-me com saudade de também ele falar na música daquele arquipélago e, de algumas vezes, o ver com lágrimas nos olhos quando ouvia uma morna. Que coincidência ... Muito obrigado por me teres feito recordar bons momentos. Um grande abraço. Augusto Silva Santos" (...)

(...) Resposta de L.G. (em 20 do corrente):

"Querido camarada: Obrigado pelas tuas palavras amigas... Tenho pena que o teu pai já tenha partido precocemente... Compete-nos a nós lembrar essa geração, de gente anónima, que durante a II Guerra Mundial também soube dar o melhor da sua juventude no esforço de defesa do país e dos seus territórios de além-mar...

"Tens fotos de Cabo Verde, do álbum do teu pai ? Não as queres partilhar connosco para esta série Meu pai, meu velho, meu camarada' ? Já descobrimos que o meu, bem como o pai do Nelson Herbert (jornalista, guineense, a da Voz da América) e do Hélder Sousa (que vive em Setúbal) estiveram em Cabo Verde como expedicionários... Fala-nos do teu pai, nosso camarada... Quando e onde esteve, etc. Um abração. Luis" (...).

(...) Resposta imediata do Augusto Santos (a 20):

"Olá,  Luís, Bom Dia!

"Obrigado pelo teu desafio. Estou já a preparar algo sobre o tema para te enviar. Estou só a ultimar as minhas pesquisas e a confirmar alguns dados. Também já tenho algumas fotos.
Um Abraço, Augusto Silva Santos". (...)

(**) Veja-se aqui um excerto do depoimento da filha de António Gavina, outro expedicionário do RI 11, na Ilha do Sal. Fonte: "Viver em Cabo Verde à espera da invasão". Diário de Notícias. 14 de Abril de 2005. (Reproduzido com a devida vénia):

(....)"Eles eram missionários, homens com uma missão de paz e não de guerra. O seu objectivo era defender Cabo Verde de uma possível invasão alemã durante a II Guerra Mundial." A história de um desses soldados, António Gavina, do corpo expedicionário do Regimento de Infantaria 11, de Setúbal, é contada pela sua filha, Vanda Gavina.

"O meu pai devia ter vinte e poucos anos quando foi para a ilha do Sal. Acabou por ficar lá durante quase quatro anos", recorda. Os pormenores da passagem do pai pelo arquipélago de Cabo Verde já começam a ser esquecidos, mas uma coisa ficará para sempre na sua memória "Eles não passavam fome, mas viviam em muitas dificuldades, com muitas restrições."

Os anos da II Guerra Mundial foram anos de seca nas ilhas do Atlântico. A comida não abundava e os soldados alimentavam-se com aquilo que podiam. As recordações desse tempo deixaram marcas em António Gavina. "O meu pai nunca mais comeu percebes na vida. Tudo porque em Cabo Verde viu um dos habitantes locais morrer quando os tentava apanhar", referiu Vanda Gavina.

Outro dos problemas que o regimento teve de enfrentar foram as doenças. "Lembro-me de o meu pai contar que houve muitos colegas que morreram devido a alguns surtos de doenças que afectaram os homens da companhia."


Em 1939, pouco antes do início da II Guerra, Portugal autorizou o Governo de Benito Mussolini a construir um aeroporto na ilha do Sal, para servir de ligação com os países da América do Sul. Com o início do conflito, o projecto italiano, com casas prefabricadas, foi abandonado. Enquanto aguardavam a invasão alemã, que não chegou, os soldados portugueses ajudavam à criação de melhores condições de vida. "Eles ajudaram a construir habitações, não só para eles mas também para os cabo-verdianos", lembra Vanda Gavina. (...)