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quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15675: Álbum fotográfico de Armando Costa, ex-fur mil mec auto, CCAV 3366 / BCAÇ 3846 (Susana, 1971/73): Parte IV: Kassumai: vistas do quartel de Susana (maio de 1971 / fevereiro de 1973)



Foto nº 1 > O Armando Costa, à civil


Foto nº 2 > Monumento às subunidades que passaram por Susana:  CCAÇ 1684 (de 1967 a abril de 1969); CCAÇ 1791 (de abril a agosto de 1969); CCAV 2538 (de agosto de 1969 a maio de 1971); e CCAV 3366 (de maio de 1971 a fevereiro de 1973)


Foto nº 3 > Aspeto parcial do quartel (1)


Foto nº 4 > Aspeto parcial do quartel (2)


Foto nº 5 > Aspeto parcial do quartel (3
)


Foto nº 6 > Aspeto parcial do quartel (4): monumento com a inscrição "Kassumai" (em saudação em felupe: "a paz seja contigo, sejas bem vindo, tudo de bom para ti!")


Guiné > Região do Cacheu > Susana >   CCAV 3366 (Susana, 1971/73) > Vistas do quartel >

Fotos: © Armando Costa (2016). Todos os direitos reservados.


1. Quarte parte da publicação de fotos do álbum do Armando Costa, ex-fur mil mec auto, CCAV 3366 / BCAV 3846, Susana, 1971/73) (*) [, foto atual à direita]:

A CCAV 3366, depois de ter chegado a Bissau em 9 de março de 1971, fez no Cumeré a IAO (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional), e em maio seguiu para o seu destino, Susana, no coração do chão felupe.

A companhia regressou à metrópole em 8/3/1973. As fotos acima deverão ter sido tiradas  entre  maio de 1971 e fevereiro de 1973.

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Nota do editor:

Vd. postes anteriores da série


sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Guiné 63/74 - P15026: Notas de leitura (749): "Kassumai", por David Campos, publicado pela Associação Chili com Carne, Dezembro de 2012 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Setembro de 2014:

Queridos amigos,
Um jovem sai do Montijo e aterra em chão felupe como cooperante em colaboração com a AD de Pepito.
A sua vida revoluciona-se na descoberta de coisas simples, na ascensão de grandes vínculos afetivos. Viverá seis meses na região de S. Domingos e cantará em Kassumai a nova grande família que se forjou.
Acho que a cooperação portuguesa devia distribuir um exemplar de Kassumai a todo e qualquer cooperante que partisse para África, tão intensa é esta generosidade, tão autêntica foi esta dádiva, tão festiva é toda esta experiência realçada por um desenho ingénuo, franco e leal, como leal é a amizade que ele estabeleceu com aquele chão felupe, sabe-se lá se para todo o sempre.

Um abraço do
Mário


Kassumai (em Felupe: liberdade, paz e felicidade)

Beja Santos

Chama-se David Campos, visitou a Guiné-Bissau entre Novembro de 2006 e Maio de 2007, no âmbito de um projeto de apoio à população de S. Domingos, numa parceria entre a AD – Acção para o Desenvolvimento e a Câmara Municipal do Montijo. Durante a sua estadia apaixonou-se pelas pessoas que conheceu e escreveu um diário fragmentado de vivências e contactos humanos, possui um desenho sugestivo e terno, temos aqui um potencial grande criador de BD. David Campos nasceu em Medons la Florett (França) mas veio para Portugal aos 4 anos, cresceu no Montijo. Tirou o curso de Formação Profissional de Desenho Animado e também o de Escrita para Multimédia e Audiovisuais. "Kassumai" foi publicado na coleção Lowcccost, publicado pela Associação Chili com Carne (chilicomcarne.com), imprenso em Dezembro de 2012.

Kassumai é um hino à amizade, à solidariedade que se entretece na cooperação. As dificuldades superam-se, os sorrisos valem tudo, as famílias felupes abrem as portas, há muitas privações mas sempre se encontram ovos e latas de salsichas. Existe a rádio Kassumai que até tem o espaço para música romântica. Do chão felupe a Bissau há que atravessar rios e rias, é uma odisseia a jangada de S. Vicente, que já prestava serviço no tempo da guerra, agora chama-se Saco Vaz, em memória de um combatente do PAIGC morto na luta em 20 de Abril de 1974, a jangada faz a travessia do rio Cacheu, é uma viagem que pode demorar entre dez minutos a uma hora, tudo depende das correntes do rio. As amizades vão crescendo, a curiosidade pela etnologia e etnografia não tem limites, os cooperantes interessam-se pelas escarificações, interessam-se pelos ritmos africanos, provam vinho de caju. A missão destes cooperantes é pôr a ludoteca a funcionar. David Campos não esconde a sua alegria quando aquele espaço passou a ter as paredes pintadas, quando um escuro depósito de crianças se tornou num lugar divertido e encantado. Criou-se uma sala de informática no contexto de um centro de formação rural, os cooperantes viajam, trocam experiências, em Cacheu, atónitos, percorrem a fortaleza onde se agigantam fantasmas de pedra, nossos antepassados ilustres que eram estátuas, sobretudo em Bissau, e que o PAIGC, nos primeiros tempos da independência, removeu à pressa, atirou-as para a velha fortaleza de Cacheu, com ingenuidade de que o passado não conta. Os cooperantes estão também impressionados com o isolamento e abatimento de Cacheu.

David Campos descreve a vida da ONG, vê-se que todo o seu desenho transmite o que lhe vai no coração. Diz coisas como estas: “Dou apoio às aulas de costura e tinturaria africana, no bungalow do centro de formação rural. A turma tem a volta de 30 alunos, todas mulheres entre os 16 e 50 e tais, todas do setor S. Domingos, neste espaço também damos aulas de produção de sabão e de português”. E tece o seguinte comentário: “O trabalho duro na Guiné é esmagadoramente representado por mulheres e crianças, são elas que iluminam os quiosques, as praças, os mercados e as bermas da estrada, no fundo são elas que fazem funcionar este país”. Nunca reprime a alegria da descoberta: “Primeira vez que vi um nascer do sol na Guiné foi no caminho para Varela, numa carrinha de caixa aberta. A distância entre S. Domingos e Varela é de 50 km. Estes 50 km podem variar entre duas a quatro horas. A estrada de areia que nos leva até lá é muito acidentada. Passa-se o tempo aos saltos. Cerca de seis meses antes da nossa chegada, esta estrada foi cortada pelos separatistas do Casamansa. Puseram minas e uma candonga rebentou com 30 passageiros a bordo, 14 morreram. Era impossível fazer este trajeto sem fazer um minuto de silêncio. Varela é hoje uma das tabancas mais pobres do país, em Setembro de 2006 entrou oficialmente no tráfico de emigrantes”.

As amizades aprofundam-se, os jovens de idade do David não escondem a sua repulsa pelos dirigentes e ele escreve: “Todos culpavam Nino Vieira pela pobreza do país, chamavam-lhe ditador e tirano, falavam dos carrões, jipes, das casas e dos luxos de Nino, e no estado do país. Luzes se acendiam nos olhos destes jovens quando recordavam Amílcar Cabral e todos eles diziam que se não tivesse sido assassinado se viveria muito melhor”.

É difícil não nos rendermos às alegrias de David Campos, ao retrato que faz à criançada felupe, às amizades constituídas e às saudades que restam. Kassumai é a apologia do simples, da fidelidade nas relações humanas, um credo no desenvolvimento entre pessoas estruturalmente boas. E deixamos alguns desenhos de David Campos para que os nossos confrades avaliem a intensidade da experiência vivida por alguém que não esquece o malogrado Pepito:



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Nota do editor

Último poste da série de 17 de agosto de 2015 > Guiné 63/74 - P15013: Notas de leitura (748): “Do Colonialismo como Nosso Impensado", Organização e Prefácio de Margarida Calafate Ribeiro e Roberto Vecchi, Gradiva Publicações, 2014 (Mário Beja Santos)

sábado, 12 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2434: Antropologia (4): Kassumai, bons augúrios na cultura felupe (Luís Fonseca / Pepito)

Guiné-Bissau > Bissau > AD - Acção para o Desenvolvimento > Foto da Semana > 17 de Dezembro de 2006 > As mulheres estão a mudar o rosto da Guiné... Elas são as portadoras do futuro... E isto é Kasumai, bons augúrios na cultura felupe: votos de paz, liberdade, felicidade... (LG).

Região do Cacheu > S. Domingos > "Maria de Lurdes é uma das mulheres de S. Domingos que decidiu aprender a ler e a escrever, como forma de melhorar a sua capacidade de intervenção numa vida profissional mais activa.

"Ela, conjuntamente com mais outros 45 pais filiados na Associação dos Afilhados de Elx, frequentam actualmente dois círculos de alfabetização que decorrem no Centro de Formação Rural (CENFOR) de S.Domingos todos os dias da semana.

"Inicialmente previsto para apenas 20 participantes, o interesse demonstrado pelas pessoas que não sabem ler acabou por ultrapassar todas as expectativas mais optimistas, sendo gratificante notar que, a nível da Guiné-Bissau, existe uma enorme procura de cursos de alfabetização funcional".


Foto e legenda: © AD - Acção para o Desenvolvimento (2007). Direitos reservados (Com a devida vénia...).


1. Mensagem do editor, L.G., ao Luís Fonseca (1), com data de 3 de Janeiro:

(...) Haveremos de nos conhecer pessoalmente... Até lá, diz-me como traduzes Kassumai... Abraço ?... Quero pôr a expressão na nossa lista de abreviaturas...

Contacta o Delfim Rodrigues que ficou com o livro [do pai do Pepito] que era para ti... Gostava que fizesses uma antologia de textos sobre os "costumes jurídicos dos felupes"... O Pepito decerto que nos dará autorização... Luís


2. Resposta do Luís Fonseca (4 de Janeiro de 2008),

Luis, acabo de ler a tua msg de ontem.

Se me permites vou dividir o suscitado no seu conteúdo em três passos:

1º - Kassumai: Tanto quanto me recordo significava uma saudação de amizade, do tipo "Bom dia", "Boa tarde", "Olá", "Passa bem". Todavia, recentemente, em ONG de cariz religioso descobri "Paz esteja contigo", "Desejo tudo de bom e o melhor para ti". Parecem-me frases demasiado longas e "complicadas" para aquela etnia.

2º - Delfim Rodrigues: Tomei a liberdade de pesquisar, mesmo antes de falar com ele, e vim a descobrir que a monografia foi editada pelo Centro Estudos Guiné Portuguesa, numa colecção denominada de Boletim Cultural que está a ser digitalizada pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas) em Bissau. Até ao momento digitalizaram até ao vol. XIV, nº 56, e o que nos interessa é, cinicamente, parte do vol. XV, nº 57. Não sei se uma palavra dada ao Pepito poderia ter algum resultado.

3º - Antologia de textos: Agradeço a tua confiança mesmo antes de eu ler a cópia, prometida pelo Delfim, com quem conto encontrar-me na próxima semana. Neste momento não sei o que me espera. Mas acho que sou capaz de realizar algo de positivo, para a Grande Tabanca e também para mim próprio. Falaremos dos detalhes mais tarde.

Por agora, Kassumai.
Luís Fonseca


3. Comentário do Pepito:

Amigo Luís

Claro que tudo o que diga respeito a um melhor conhecimento das etnias guineenses podem e devem ser difundidas por quem tem esse tipo de preocupações raras.

Já agora em relação à questão do termo-conceito kasumai (em crioulo escreve-se com apenas um só "s", como todas as palavras que se lêem "ss"), transcrevo o que o meu pai escreveu numa comunicação (que tenho intenção de reeditar este ano) que fez em 1963:

"O poder das crenças religiosas, uma liberdade ampla, uma vida comunitária sólida e uma igualdade de fortuna, mantêm a paz social e a felicidade do povo. Entre os Felupes, há uma palavra comum para designar LIBERDADE, PAZ e FELICIDADE: kasumai"

Um bom kasumai para ti e para todos os habitantes da nossa Tabanca Grande.
pepito
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Nota de L.G.:

(1) Vd. último poste de Luís Fonseca , ex-Fur Mil Trms, CCAV 3366/BCAV 3846 (Suzana e Varela , 1971/73):

6 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2410: Cusa di nos terra (13): Susana, Chão Felupe - Parte VIII: Onde se fala dum Tintin em apuros... (Luís Fonseca)