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quarta-feira, 24 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21109: Manuscrito(s) (Luís Graça) (186): "Enquanto há saúde, quedos estão os santos"...Mas hoje nem o são João roga por nós... Afinal, "quando Deus não quer, os santos não podem"... E não houve santos populares para ninguém, nem na Tabanca de Candoz...





Tabanca de Candoz > 24 de junho de 2020 > Dia de São João... À mesa, só nove, que onze já é demais, e dá coima...

Foto (e legenda): © Luís Graça (2020) Todos os direitos reservados.
[Edição e legendagem comlementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Há um velho provérbio popular que diz: "Enquanto há saúde, quedos estão os santos"... Trocado por miúdos, o povo, interesseiro, só reza aos santos, quando está aflito...Ou, como ironiza o crítico do Zé Povinho: "Só se lembram de Santa Bárbara, quando troveja"... 


Afinal, ainda bem que a gente tem os santos para se agarrar... e para reinar. 


Mas este ano, devido à tal pandemia de COVID-19 que nos está a tramar, lá se foram os santos populares, o santo António, o são João, o são Pedro... Não há santos para ninguém, seja em Lisboa ou no Porto. E pior: não há santo que nos acuda.. 

Estranhamente, não temos saúde e eles estão quedos...Encontrei outra explicação, dentro da sabedoria popular, que no séc. XVII era capaz de dar fogueira da Santa Inquisição, por heresia, a quem a proferisse da boca para fora: "Quando Deus não quer os santos não podem" ou, noutra variante (, esta do séc. XVI,), "Quando Deus não quer,  santos não rogam"...

Não sou, confesso, muito dado aos arraiais juninos, seja em Lisboa, seja no Porto. Mas acho que o povo tem direito a folgar. Não sei se vem na Constituição o direito aos folguedos e, em última análise, o direito à preguiça, mas também não importa, aqui e agora.   Em muitas tabancas hoje foi dia de comer uma sardinha no pão. Há quem coma em honra do santo. Eu como porque sei que no céu não disto...

De qualquer modo, quem não comeu, não foi bom cristão. E não há a desculpa de que a sardinha está pela hora da morte... Este ano há fartura relativa.  Na Tabanca de Candoz, comi a meia-dúzia que me competia. (À mesa, éramos 9, costumam ser muitos mais...).

E, em boa verdade,  a sardinha já se come muito bem , desde que apanhe só um calorzinho, para não  ficar seca.  A sardinha é um peixe delicado... E, por esta altura, ainda tem pouca gordura, pelo menos a de Matosinhos. A da Lourinhã, a do Mar do Cerro (e que vai parar à lota de Peniche), já está mais cheiinha. Ou é impressão minha ? Se calhar,  estou a puxar a brasa à minha sardinha...

Em dia de são João, mesmo que o santo esteja quedo (, tanto ou mais que nós, que andamos um bocado em baixo, com medo do desconfinamento e da segunda vaga da pandemia... que há vir aí, vem/não vem...), nem por issso deixa de merecer um versinho. 

Afinal é o dia dele, do santo. E para o ano a gente não sabe se vai cá estar, nós e o santo. Camaradas e amigos/as  da Guiné, mantenhas para todos/as.  Animem-se. E não liguem ao provérbio, misógino: "A mulher e a sardinha,  quer-se pequenina"...LG


Em louvor do São João 

que este ano está murcho e quedo...


São João, pouco prazenteiro,
Não salta hoje à fogueira,
Não sei se é santo matreiro
Ou se lhe deu a lazeira.

Dizem que é da pandemia,
E, por mim, é de certeza,
A Invicta está vazia,
Um cemitério de tristeza.

Refugiei-me em Candoz,
Onde o vírus ainda não chega,
Mal será p’ra todos nós,
Se o bicho vem e nos pega.

As sardinhas são de Matosinhos,
No almoço, à varanda,
E, como não há cá vizinhos,
A disciplina é mais branda.

P'ró lanche há sapateira,
Com sabores da Lourinhã,
Hoje a festa é caseira,
Mas há mais santos amanhã.

Diz a Mi: "Ai que saudades
De dar beijos e abracinhos,
Aos meus filhos e netinhos,
Que o Covid é só maldades!" 


Deu-me um abracinho por detrás,
A minha querida cunhada,
Chora p'lo tempo de paz,
Detesta a cotovelada.

Quem de Lisboa chegar
Tem de ficar de quarentena,
Não nos venham infetar,
Não quer’mos cá essa cena.

Não se riam, que o Porto
Fica no mesmo planeta,
E, se isto der p’ró torto,
Vamos todos p’ro maneta.

E p'ra ficar p'ra história,
Da Tabanca de Candoz,
Mando-vos esta memória,
Mantenhas (*) p'ra todos vós.

Com saúde e os santos quedos,
Podem todos cá vir ao Norte,
Que p'ro ano e com sorte,
Teremos melhores folguedos.


Quinta de Candoz, São João,
24 de junho de 2020


(*) Mantenhas: saudações (em crioulo da Guiné-Bissau e de Cabo Verde)
___________

Nota do editor:

Último poste da série > 14 de junho de  2020 > Guiné 61/74 - P21075: Manuscrito(s) (Luís Graça) (185): por favor, não destruam o que resta da caixinha de Pandora, porque nela ainda está o segredo da nossa salvação, a Esperança, o veneno do mal que nos liberta do mal

sábado, 21 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20757: Da Suécia com saudade (65): "Ao luar, entre nevões, até as renas parecem pavões" (José Belo)


Tabanca da Lapónia

Fonte: Antigo blogue do José Belo, radicado há  cerca de 40 anos na Suécia: "Lappland near Key West" [A Lapónia ao pé de Key West, Florida, EUA]. 

Ao cimo da foto, do lado esquerdo, abaixo do título, há uma frase muito didática e certeira, antietnocêntrica, prevenindo-nos contra a tentação de ver o mundo através do nosso umbigo, a nossa cultura, a nossa religião, a nossa língua, o nosso país, o nosso grupo: "We dont see the things as they are, we see them as we are"... Traduzindo: "Nós não vemos as coisas como elas são, vemo-las como nós somos"... [A frase é atribuída à escritora Anïs Nin (1903-1977)]


1. Comentário de José Belo, Joseph Belo, ex-alf mil inf da CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70, e manteve-se no ativo, no exército português, durante uma década; está reformado como capitão inf do exército português: jurista, vive entre Estocolmo, Suécia, Abisco, Kiruna, Lapóbia, no círculo polar ártico, e Key-West, Florida, EUA.

Respondo a duas perguntas dos seus leitores:

"Bem,    vodka a 94º como é que  se bebe? Bem pior que a cachaça que o sr Lima mandava ao filho para Galomaro. Quem beber bem quentinho se deve ficar."  (Juvenal Amado)

"Não dá para mandares,pela UPS, uma amostra do teu vodca a 94% ? Em passando a pandemia, temos que lá ir provar essa obra-prima da tua destilaria...E eu pensar que os suecos eram abstémios compulsivos, por causa da ética protestante luterana e calvinista, e que o álcool era monopólio do Estado ? ...A ASAE lá da Lapónia não te cai em cima".  (Luís Graça)


É certo que a venda de álcool é monopólio do Estado mas o bonito alambique de cobre é...meu!

Neste extremo do extremo norte da Europa devem existir tantos alambiques como famílias de lapöes. Mas em cobre täo bonito...só o do Lusitano e mais nenhum!

O ditado português "Para lá do Maräo mandam os que lá estäo" é mais do que óbvio quando, ao quereres comprar o jornaleco diário na cidade principal cá do sítio, que é Kíruna, tens de fazer viagem de carro de 300 quilómetros/ida e mais 300 quilómetros/volta.

A capital Estocolmo está,lá para o Sul, a mais de 1.500 quilómetros daqui.

2/3 da populacäo sueca,em número mais ou menos igual à portuguesa num país geograficamente 14 vezes maior,vive no centro-sul.

Muitas das regras e regulamentos vistos a estas distâncias e limites naturais de milhares de lagos,florestas e montanhas,tornam-se bastante...relativas. Historicamente para bem,mas também para muito mal.

Quanto à pergunta do Amigo Juvenal, "Como se bebe?,  só posso responder...Bem!

É claro que, se näo pode beber a maravilhosa ,de 'destilações repetidas feita',(e aqui o que mais há é tempo para o fazer), nos tradicionais copos de água aqui usados.

Para encher tais copos para visitantes usa-se a mais infantil vodka de 40% a 50%.

Mas, para os imprescindíveis "fins medicinais",  usam-se pequenas quantidades da multidestilada (a tal!) bem misturada com sumo de limão ,de laranja, algum mel e um pau de canela.

Ao luar, entre nevöes, até as renas parecem pavões!

(Com a minha tradicional humildade... Fernando Pessoa não o diria melhor!)

Um grande abraço do J. Belo


2. Comentário do nosso editor LG:

Mote: "Ao luar, entre nevöes, até as renas parecem pavöes!" (José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia)

Na Tabanca da Lapónia,
Ao luar, entre nevões,
Até as renas são pavões,
Já estou mal da cachimónia,

Até as renas são pavões,
E eu aqui de quarentena,
Mas o hotel vale a pena,
Venham cá, seus parvalhões.

Ao luar, entre nevões,
Não apanhas nenhum cagaço,
O Zé Belo tem bagaço,
Que até chega aos pulmões.

Já estou mal da cachimónia,
E eu aqui no treco-lareco,
A ouvir o próprio eco,
Na Tabanca da Lapónia.


Luís Graça, um "cacimbado" da Guiné

Lourinhã, 21/3/2020

PS - Se um gajo não morrer da pandemia, morre do pandemónio... Se sobreviver a ambos, vai parar ao manicómio... (no caso de  ainda existirem manicómios...). Como as coisas vão por aí, na outrora bela Itália, nem os médicos já dizem: "Purgai-o e purgai-o e, se morrer, enterrai-o"... Humor (negro) com humor (negro) se paga... Mas os tempos são para recordar  a vigorosa e sábia palavra de ordem do Secretário de Estado do Reino (, 1º ministro), Marquês de Pombal, em 1 de novembro de 1755, perante o acagaçado rei Dom José I: "Enterrar os mortos e cuidados dos vivos".
____________

Nota do editor:

Último poste da série >  20 de março de  2020 > Guiné 61/74 - P20754: Da Suécia com saudade (64): O coronavírus no Círculo Polar Ártico... Como diz o provérbio lapão, "o problema não está em falares com as árvores da floresta, o problema surge quando elas te respondem!" (José Belo)

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Guiné 61/74 - P19708: Manuscrito(s) (Luís Graça) (154): Viva o compasso pascal em visita à Tabanca de Candoz


Tabanca de Candoz. Foto de LG (2011)




Viva o compasso pascal
na visita à Tabanca de Candoz!

Mais um ano, mais uma visita
Deste compasso pascal,
É uma festa bem bonita,
E que nunca é igual. 

E que nunca é igual
Logo vem outro, se falta algum,
Renova-se o pessoal,
Que aqui somos todos por um.

Que aqui somos todos por um,
Na alegria ou na tristeza,
Na fartura ou no jejum,
Cabendo todos à mesa.

Cabendo todos à mesa,
Onde não falta o anho assado,
Nesta casa portuguesa,
Onde honramos o passado.

Onde honramos o passado,
O presente e o futuro,
Se alguém está adoentado,
Tem aqui um porto seguro.

Tem aqui um porto seguro,
Damos valor à amizade,
Às vezes o rosto é duro,
Mas o resto é humildade.

Mas o resto é humildade,
Viva o compasso pascal,
E a nossa fraternidade!... 

Boa Páscoa, pessoal! 

Boa Páscoa, pessoal,
Boa saúde e longa vida,
À Ti Nitas, em especial,
Que nos é muito querida!

Quinta de Candoz, 
segunda feira de Páscoa,

22 de abril de 2019
____________

Nota do editor:

Último poste da série > 19 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19603: Manuscrito(s) (Luís Graça (153): Lembrando hoje o pai, o meu, o teu, o nosso pai...

quarta-feira, 27 de março de 2019

Guiné 61/74 - P19626: Parabéns a você (1594): Carlos Vinhal, o nosso querido e dedicado coeditor!

O nosso coeditor Carlos Vinhal quando bebé pouco chorão.

Faz anos hoje o Vinhal,
Nosso editor, dedicado,
Sendo o blogue um jornal,
Tem o tempo todo tomado.

Puxa vida, diz a Dina,
Mas que raio de emprego,
Se ainda fosse uma mina,
Dava p’ra cantar um cego!

É por mor dos camaradas,
Que tu, Carlos, tanto trabalhas,
Nessas memórias maradas
Da Guiné e suas batalhas.


Nem cruz de guerra terás,
Mas blogar é batalhar
Noutro tempo, que é de paz,
E gratos te hão-de ficar.


Dos combatentes, secretário,
Dos bravos, editor,
És o fiel depositário
Do nosso melhor e pior!

Já não és mais a criança
Lá da Leça da Palmeira,
Onde tens tua morança,
Tua bajuda e lavadeira.
Toda a gente te abraça,
Neste dia de aniversário,
E até o nosso Luís Graça,
Quer estar no teu... centenário!



Parabéns, Carlos, da malta toda!
Muitos xicorações e beijinhos!

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18528: O Cancioneiro da Nossa Guerra (6): "Os Homens não Morrem" (Recolha de Mário Gaspar, ex-fur mil at art, MA, CART 1659, "Zorba", Gadamael e Ganturé, 1967/ 68)


Batalha > Fetal > 26 de setembro de 2015 > Convívio da CART 1659 (Gadamael e Ganturé, 1967/69) >  Em primeiro plano, à esquerda, o ex-cap mil inf, hoje advogado, Manuel Francisco Fernandes de Mansilha... No final do almoço, leu as quadras que abaixo se reproduzem, e que lhe foram enviadas por um "Zorba", em 2011 pelo Natal. Segundo o Mário Gaspar, o autor dos versos é António Luís Faria Mendes, ex-1.º Cabo Operador Cripto.


Brasão da CART 1659, "Zorba" (Gadamael e Ganturé, 1967/68). Lema: "Os Homens Não Morrem".

Fotos (e legendas) : © Mário Gaspar (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Os Homens Não Morrem

por António Luís Faria Mendes,
ex-1.º Cabo Operador Cripto

Bem certo que o tempo passa,
Já nos vai pesando o pé, 
Mas não há nada que faça
Esquecermos a Guiné!

Alguns em Gadamael,
Os outros em Ganturé.
Fulas, mandingas, papel,
Sobe o rio com a maré.

Tempos difíceis, claro.
Sei que se foi cimentando
A amizade, um dom raro,
Que estamos comemorando.

Caro Mendes, Cabo Cripto,
Que que decifravas a mensagem,
Magro como um eucalipto,
Sempre com fé e coragem.

Vale a pena acreditar
Que há mar e os rios correm.
O que nos fez regressar?
Foi porque “Os Homens Não Morrem”!

Versos da autoria de António Luís Faria Mendes ex-1.º Cabo Operador Cripto. Data: c. 2011. Recolha de Mário Gaspar (ex-fur mil at art, minas e armadilhas, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68) (*). Transcrição, revisão e fixação de texto: MG / LG (**)
_________


Vd,. postes anteriores:

27 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18261: O cancioneiro da nossa guerra (4): "o tango dos periquitos" ou o hino da revolta da CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) (Silvino Oliveira / José Colaço)

27 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18259: O cancioneiro da nossa guerra (3): mais quatro letras, ao gosto popular alentejano, do Edmundo Santos, ex-fur mil, CART 2519, Os Morcegos de Mampatá (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71)

8 de novembro de 2017> Guiné 61/74 - P17944: O cancioneiro da nossa guerra (2): três letras do Edmundo Santos, ex-fur mil, CART 2519, Os Morcegos de Mampatá (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71): (i) Os Morcegos; (ii) Estou farto deles, tirem-me daqui; (iii) Fado da Metralha

30 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17811: O cancioneiro da nossa guerra (1): "Asssim fui tendo fé, pedindo a Deus que me ajude"... 4 dezenas de quadras populares, do açoriano Eduardo Manuel Simas, ex-sold at inf, CCAÇ 4740, Cufar, 1972/74

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17634: Os nossos passatempos de verão (17): Cantigas de escárnio e mal-dizer, à desgarrada... Parte II: Carta de amor (José Teixeira)

1. Resposta do nosso camarada José Teixeira ao nosso repto (*)



Carta de amor

por José Teixeira


Duas horas esperei,
Confiado em te ver,
Não me amas, eu bem o sei,
És a razão do meu viver.

Tens uma bela flor no peito,
A rosa que não colhi,
Tens um corpo tão bem feito,
Mais bonito, eu não vi.

Meu coração bate tanto
Quando te vê a passar,
És para mim o encanto
Que dá força para te amar.

A tua boca de riso
Dá-te um ar assim tão belo,
É tudo quanto preciso
Para nutrir amor singelo.


Teu coração é um jardim
Que está cheio de flores,
Um canteiro de jasmins
Onde afogo meus amores.

José Teixeira

______________

Nota do editor:

(*) Vd. Último poste da série > 30 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17632: Os nossos passatempos de verão (16): Cantigas de escárnio e mal-dizer, à desgarrada... Parte I: A amazona (Luís Graça)


(...)  Quadras populares, de sete métricas, quem não as sabe fazer? 

À desgarrada, dá mais pica. Mandem-nas para a nossa caixa do correio ou para a caixa de comentários deste poste, que a gente publica no blogue em próximo poste.
Venham daí os poetas populares. Só é preciso ter graça, serve. humor, mais negro ou mais amarelo, tanto faz... Ou esverdeado, ou avermelhado, das cores da nossa bandeira desbotada. É preciso animar a caserna, vazia, no verão.

Mandem quadras, mandem fotos. A única restrição já sabem qual é: no blogue da Tabanca Grande não se fala de política, futebol e religião... nem de incêndios. Quando o último eucalipto deste país arder, despeçam o último bombeiro, por extinção do posto de trabalho.

Os ex-combatentes da Guiné andaram 13 anos a apagar fogos, sem honras de exposição mediática (contrariamente, ao que acontece hoje aos incêndios florestais e aos seus incendiários). Hoje, eles, ex-combatentes, estão à espera do merecido descanso, não no panteão nacional, porque eles merecem muito mais e melhor: a Tabanca Grande. (...) 

domingo, 30 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17632: Os nossos passatempos de verão (16): Cantigas de escárnio e mal-dizer, à desgarrada... Parte I: A amazona (Luís Graça)


Lourinhã, Praia da Areia Branca, 29 de julho de 2017 > Horse Model Beach

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1.  Amazona (*)

por Luís Graça

Alto lá e pára o baile.
Isso não é valsa nem fandango,
De salto alto e xaile,
Nunca vi dançar o tango.

Sou do tempo do baile mandado,
E do povo de pé descalço,
Quando passou a andar calçado,
Ai!, os caules, ai!, o percalço.

De bota e alto tacão,
Tu não entras na bolanha,
Vai atrás o capitão,
Leva a senha e a contra-senha.

(*) Do grego, a + mazon, "sem peito": mulher guerreira que cortava um dos seios, para a cavalo, melhor manejar (e atirar a matar com) o seu arco e flecha...

2. Amigos e camaradas: o mote está lançado. 

Quadras populares, de sete métricas, quem não as sabe fazer?!... Ou quem é que não fez na escola, na tropa e na guerra?!

À desgarrada, dá mais pica. Mandem-nas para a nossa caixa do correio ou para a caixa de comentários deste poste, que a gente publica no blogue em próximo poste. 

Venham daí os poetas populares. Só é preciso ter graça, verve, humor, mais negro ou mais amarelo, tanto faz... Ou esverdeado, ou avermelhado, das cores da nossa bandeira desbotada. É preciso animar a caserna, vazia, no verão, é preciso animar a malta...

Mandem quadras, mandem fotos. A única restrição já sabem qual é: no blogue da Tabanca Grande não se fala de política, futebol e religião... nem de incêndios. Quando o último eucalipto deste país arder, despeçam o último bombeiro, por extinção do posto de trabalho. 

Os ex-combatentes da Guiné andaram 13 anos a apagar fogos, sem honras de exposição mediática (contrariamente, ao que acontece hoje aos incêndios florestais e aos seus incendiários). Hoje, eles, ex-combatentes,  estão à espera do merecido descanso, não no panteão nacional, porque eles merecem muito mais e melhor: a Tabanca Grande...

Boas férias de verão.
Os editores
________

Último poste da série > 21 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16509: Os nossos passatempos de verão (15): jardim e miradouro do Torel, na colina de Santana, em Lisboa, simplesmente uma das mais belas e amigáveis cidades do mundo

domingo, 1 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P16902: Manuscrito(s) (Luís Graça) (107): As janeiras da tabanca da Madalena: vivó 2017!... (E saudando todas as tabancas e todos/as os/as tabanqueiros/as da Tabanca Grande: AD - Bissau, Ajuda Amiga, Algarve, Bandop do Café Progresso - Porto, Bedanda, Candoz, Centro - Monte Real, Ferrel, Guilamilo, Lapónia, Linha - Cascais, Maia, Matosinhos, Melros - Gondomar, Oeste, Ponta de Sagres - Martinhal, São Martinho do Porto, Setúbal, e por aí fora, que o mundo afinal é pequeno!)




Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Candoz > Quinta de Candoz > 27 de dezembro de 2016  > Os bugalhos dos carvalhos



Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Candoz > Quinta de Candoz > 27 de dezembro de 2016  > O sobreiro grande... com 50 anos!









Vila Nova de Gaia  > Madalena  >"Tabanca da Madalena" > 24 de dezembro de 2016  >  Algumas das coisas boas do Natal português nortenho... Os arranjos de azevinho (de Candoz), as rabanadas, os bolinhos de chila, o arroz doce (prós "mouros", que a aletria é que é prós "morcões"...), a lareira, e sobretudo o calor humano, a amizade, a arte de ben receber... coisas que não têm preço e nem se vendem nas grandes superfícies!


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Canaradas da Guiné] (Com a devida vénais aos donos da casa da Madalena, Gusto e Nitas)


As janeiras 
da tabanca da Madalena 

> Vivó 2017

por Luís Graça





O dois mil e dezasseis
Já lá vai e deixa saudade,
Depois da festa dos Reis,
Ficamos mais velhos de idade.


Ficamos mais velhos de idade,
Todos  aqueles que aqui estão,
Uns com mais ruindade,
Outros jurando que não.


Outros jurando que não,
Tão frescos que nem um pêro,
Mente sã em corpo são,
Cuidando de si com esmero.



Cuidando de si com esmero,
E nós cultivando a  esp’rança,
Por mim, este ano só espero
Que não nos falta a confiança.


Que não nos falta a confiança,
E nos aguentemos nas canetas,
Vivendo com temperança,
Sem ter que andar de muletas.


Sem ter que andar de muletas,
E sermos uns coitadinhos,
Mas pior é ir de carretas
Lá pró mundo dos anjinhos.


Lá pró mundo dos anjinhos,
Quanto mais tarde melhor,
Tratem bem desses corpinhos,
Que eu a todos desejo amor.


Que eu a todos desejo amor
(e paz nesta terra querida),
Traz mais cor e melhor sabor
A uma vida bem vivida.


A uma vida bem vivida,
Neste ano que chega agora,
Dêmos  à má sorte uma corrida,
A tristeza mandemos embora.


A tristeza mandemos embora,
Que a vida é que vale a pena,
Aqui é que ela não mora,
Nesta casa da Madalena.


Nesta casa da Madalena.
Há o melhor “réveillon”,
Tia Nitas, mulher pequena,
Toca tudo, menos “acordéon”.


Toca tudo, menos “acordéon”,
Do cavaquinho à panela,
Sabe receber, é um dom,
Que, dizem, nasceu com ela.


Que, dizem, nasceu com ela,
É o marido que nos garante,
Enquanto por todos nós zela
E nos serve o espumante.


E nos serve o espumante,
Formam os dois um belo par,
Obrigado a este restaurante
Por este rico jantar.


Por este rico jantar,
Fica desde já prometido,
Pró ano nós cá voltar,
Fica escrito e fica dito.


Madalena,  V. N. Gaia,