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domingo, 13 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20235: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (2): 2ª edição, revista e aumentada, Letra A



Guiné > Bissau > Amura ou Fortaleza de São José da Amura ou simplesmente Fortaleza da Amura > Construção iniciada em finais do séc. XVII, arrasada em 1707 e reconstruída em 1753, restaurada em meados do séc. XIX (1858-1860), bem como um século depois, a partir da década de 1970, sob orientação do arquiteto Luís Benavente.


Foi quartel-General durante a guerra colonial. É hoje panteãio nacional da República da Guiné-BissaU. Foto nº 17/199 do álbum Guiné, disponível na página do Facebook, do João Martins. qui estava instalado o QG/CCFAG [Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné], com as suas 4 Rep[artições]. Nas proximidades ficava a 5ª Rep, o Café Bento, o maior "mentidero" de Bissau, onde se ganhavam ou perdiam todas as batalhas.



Foto: © João José Alves Martins (2012)  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: 
Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. São cerca de meio milhar de "entradas":

(i) abreviaturas, siglas, acrónimos e termos técnico-militares usadas pelas NT (Nossas Tropas) / Forças Armadas Portuguesas:

(ii) abreviaturas, siglas e acrónimos e termos técnico-miliatres usadas pelo IN (inimigo) (guerrilha / PAIGC):

(iii) topónimos da Guiné, vocábulos e expressões etnográficas e/ou em crioulo e línguas gentílicas

(iv) vocábulos e expressões da gíria ou calão tanto do IN como das NT...

Acrescentamos também algumas figuras populares, do "Caco Baldé" ao "Manel Djoquim", do "alfero Cabral" ao "Tigre de Missirá", do Pepito ao "Metro e oito"...

É um pequeno património linguístico que já não nos pertence... Alguns destes vocábulos, do calão ao crioulo,  já estão grafado pelos dicionaristas: por exemplo, bianda, bideira, blufo, bolanha, morança ... Outros poderão vir a sê-lo, se não caírem em desuso.. Muitos morrerão na "vala comum do esquecimento", nomeadamente expressões usadas na caserna: pira, periquito, checa, partir punho, partir catota ... 

Enfim, são mais de quinze anos a blogar, o que dá, pelo menos  sete comissões no TO da Guiné...

Pequeno dicionário, de A a Z, em construção, com o contributo de todos os amigos e camaradas da Guiné (*) que se sentam aqui à sombra do nosso poilão, e que até têm um livro de estilo (**)... 

Mas falta-nos "a gíria e o calão" de outras armas como as da Marinha, por exemplo ... Infelizmente temos poucos marinheiros e fuzileiros na Tabanca Grande.

Quanto ao resto (e nomeadamente ao uso de um "calão" mais grosseiro, ou mais obsceno...), é bom lembrar que o nosso blogue não é politicamente correto, justamente porque é plural, é um rio com muitos afluentes, é filho de muiats mães e pais... Aos nossos/as amigos/as e camaradas mais "sensíveis", incluindo os/as nossos/as  amigos/as guineenses, pedimos desculpa de "qualquer coisinha"... 

Desnecessário é lembrar que o nosso blogue rejeita todos os ismos: colonialismo, racismo, sexismo, moralismo... , etc. Não somos um blogue de causas, só queremos parti(lha)r memórias (e afetos)... LG


Pequeno Dicionário da Tabanca Grande,  de  A a Z: 

[Em construção, desde 2007]


1º Cabo Aux Enf – 1º cabo auxiliar de enfermagem

2TEN FZE RN - 2º Tenente Fuzileiro Especial da Reserva Naval (Marinha)

5ª Rep - (i) Café Bento, o ‘mentidero’ de Bissau, que ficava junto ao Forte da Amura onde estava instalado o 
QG/CCFAG [Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné], com as suas 4 Rep[artições]

A/C - Anticarro, mina

A/D - Autodefesa (tabanca em)

A/P - Antipessoal. mina

AB - Alfa Bravo ou alfabravo, abraço (alfabeto fonético internacional, usado pelos nossos Op Trms)

Abibe - Novato na BA 5 (Monte Real) (FAP)

Abo - Você, tu (crioulo)

ACAP - Assuntos Civis e Acção Psicológica (REP / ACAP) 

AD - Acção para o Desenvolvimento - ONGD guineense que teve a marca histórica da liderança do Pepito (1949-2014)

ADFA - Associação dos Deficientes das Forças Armadas (, fundada depois do 25 de Abril)

Aero - Aerograma, carta, bate-estrada, corta-capim

Afilhado - Militar que tinha uma madrinha de guerra

Água de Lisboa – Vinho (da intendência) (gíria)

Água do Geba (Beber a) - Apaixonar-se pela Guiné

AGUltramar - Agência Geral do Ultramar

Agr - Agrupamento

AICC Área de Intervenção do Comando-Chefe

AKA - Kalash, Espingarda Automática Kalashnikov (AK) Cal. 7,62 mm (PAIGC)

AL II - Alouette II, helicóptero, de origem francesa (FAP)

AL III - Helicóptero Alouette III, de origem francesa (FAP)

Alf - Alferes

Alf Mil - Alferes Miliciano

Alf Mil Med - Alferes miliciano médico

Alfa Bravo / Alfabravo - Abraço


Alfaiate - Crocodilo (gíria)

Alfero - Alferes (crioulo)


Alfero Cabral - Jorge Cabral, alf mil  art, cmdt Pel Caç Nat 63 (Fá Mandinga e Missirá, 1969/71),autor da série "Estórias cabralianas"

AM - Academia Militar (sucedeu, em 1959, à Escola do Exército, remontando a sua origem apo séc. XVII)


Amura - Velha fortaleza militar colonial, em Bissau; sede do QG/CCFAG [Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné]; hoje Panteão Nacional da Guiné-Bissau




AN/PCR-10. 
Imagem: Blogue Luís Graça
& Camaradas da Guiné
AN/GRC-9 - Rádio, equipamento de transmissões (NT)

AN/PRC-10 AVF - Rádio emissor-receptor (MT)

Animistas - Povos ribeirinhos(balantas, manjacos, papéis e outros) que praticam o culto dos irãs

Anti-Aérea ZPU-4 - Anti-aérea  quádrupla, de 14,5 mm (PAIGC)[Também tinham peças AA de 37 mm e, depois, o Strela, em 1973]


Anti-G - Fato que ajudar a suportar os Gês (FAP)

AOE - Associação de Operações Especiais

Ap - Apontador

APAR - Apoio aéreo (FAP)

Ap Arm Pes Inf - Apontador de Armas Pesadas de Infantaria (morteiro, canhão s/r, metralhadora 12.7...)

Ap Dil - Apontador de Dilagrama

Ap LGFog - Apontador de Lança-granadas foguete

Ap Met - Apontador de Metralhadora

Ap Mort - Apontador de morteiro

Apanhado - (i) Diz-se do combatente afectado pela guerra e pelo clima; (ii) cacimbado (em Angola)

APsic - Acção Psicológica

Aqt - Aquartelamento
 
Arre-macho - Tropa de infantaria, tropa-macaca (termo depreciativo, usado pelas tropas especiais)

Art Artilharia

Arv - Arvorado, Soldado



Anúncio da ASCO (1956). 
Fonte: Blogue Luís Graça
 & Camaradas da Guiné


ASCO - Acrónimo da Aly Souleiman & Ca - Casa comercial, de origem sírio-libanesa, com sede em Bissau e filiais no interior, incluindo Gadamael.
Asp Of Mil - Aspirante a Oficial Miliciano

At Art - Atirador de Artilharia

At Cav - Atirador de Cavalaria

At Inf - Atirador de Infantaria

Atacadores da PM -  Esparguete (gíria) (Ex: Atacadores com PM com estilhaços)

ATAP - Missão resultante de um pedido de fogo imediato, com a saída da parelha de alerta; ataque em alerta (FAP)

ATIP - Missão de apoio de fogo, pré-planeada; ataque independente (FAP)

ATIR - Ataque e reconhecimento (FAP)


(Continua)
____________

Notas do editor:




30 de dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2389: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (6): Racal (José Martins)

29 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2388: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (5): Periquito (Joaquim Almeida)

26 de junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1887: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (3)... (Zé Teixeira)

terça-feira, 26 de junho de 2007

Guiné 63/74 - P1887: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (3)... (Zé Teixeira)

Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) > Bajudinhas de Guileje... Corpo de bo ? Jantum... Foto do nosso saudoso capitão José Neto (1927-2007).

Foto: © Pepito / AD - Acção para o Desenvolvimento (2007). Direitos reservados.

1. Mensagem do Zé Teixeira, também conhecido, no Faroeste, como o Esquilo Sorridente...

Olá, gente boa.

Creio que nós trouxemos da Guiné todo um conjunto de palavras e frases que reflectem uma mistura de crioulo com as diversas linguas autóctenes, assimiladas em função dos locais por onde íamos passando.

A propósito, não resisto a contar uma cena vivida há cerca de três meses, num casamento em que tive o prazer de reencontrar um velho amigo da minha juventude, que viveu num Lar para jovens trabalhadores no Porto, onde eu tinha estado antes de ir para a Guerra e para onde voltei após o regresso - o Lar de S. Paulo.

Após alguma hesitação reconhecemo-nos e ele dirige-se a mim com a seguinte frase:
Corpo di bó ?

Pensei: Olha, mais um que foi lá bater com as costelas... E ripostei:
- Manga di fome, bianda cá tem, bariga eh na dê... - E continuei:
- Na pinda, tanala, talifanala . . .(bom dia, suponho que em Fula).

Seguiu-se o abraço para abafar as saudades tendo ele continuado:
- Cabeça di bó suma a cabeça di burro de Bafatá.

Onde estiveste ? Eu ? Nem à tropa fui. Tu, quando regressaste, quase não falavas português connosco. Era esta linguagem esquisita e brindou-me com um conjunto de frases: djarama anani, jametum, bianda cá tem, ó curame bianda, o curame kote, parte catota e outras.

Para enriquecer o nosso dicionário aí vão mais algumas:

Bariga eh ná dê - Estou com dores de barriga
Cabeça grandi - bébado, maluco
Djarama anani - Obrigado
Irmão de ontem - anteontem
Irmão da manhã - Depois de amanhã
Manga di chocolate - Barulho, grande ataque, com muitas morteiradas.
Manga di ronco - Que espectáculo !
Na pinda, tanalá, talifanalá - Bom dia, como está a família, as vacas, as galinhas..
O´curame - Dá-me
Parte - Dá-me
Ramassa - Diarreia
Sabe sabe - Gostoso
Suma - Igual a, parece-se com (Ketá suma cabeça grandi -Ketá está bébado , parece maluco)
Tem manga di sabe sabe - Muito gostoso
Turse - Tosse


. . . e para a próxima há mais, se me lembrar.

Um fraternal abraço.

J.Teixeira

_________

Nota de L.G.:

(1) Vd. posts de:

23 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1872: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (1)...(Luís Graça)

24 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1874: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (2)... (António Pinto / Joaquim Mexia Alves)


(2) Vd. alguns sítios com expressões em crioulo e outras línguas da Guiné-Bissau:

(i) Bantaba - Guiné -Bissau, sítio de José Canas> Arte e cultura

Línguas da Guiné-Bissau

Lista de Provérbios

Textos crioulos

(ii) Portal da Universidade de Brasília > Crioulística , página de Hildo Honório do Couto (3) > Provérbios crioulo-guineenses

(3) Hildo Honório do Couto é autor do livro O CRIOULO PORTUGUÊS DA GUINÉ-BISSAU, publicado em Hamburgo pela editora Helmut Buske Verlag, na série Kreolische Bibliotheke, n. 14, em 1994. Contacto:

Hildo Honório do Couto

Departamento de Lingüística
Universidade de Brasília
70910-900 Brasília, DF, Brasil.
email: hiho@unb.br

sábado, 23 de junho de 2007

Guiné 63/74 - P1872: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (1)...(Luís Graça)

Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo...

Amigos e camaradas: Tínhamos uma linguagem de caserna... Que ainda hoje somos capazes de usar... Nas comunicações militares, usávamos muitas abreviaturas, siglas, acrónimos, que reproduzimos no blogue... Mas também gíria e calão (muito calão), além de expressões idiomáticas, palavras em crioulo... Seria uma pena esse património socio-linguístico perder-se, antes de o podermos estudar, fixar, divulgar... A nossa identidade também passa(va) pelas palavras que usa(va)mos... Queiram acrescentar as que se lembram a esta lista (que ainda está muito incompleta):



5ª Rep - Café Bento, de Bissau
A/C - Mina anticarro
A/P - Mina antipessoal
Agr - Agrupamento
Alf - Alferes
Alfa Bravo - Abraço
Ap Dil - Apontador de Dilagrama
At Inf - Atirador de Infantaria
Bajuda - Menina, rapariga (lê-se badjuda)
BART - Batalhão de Artilharia
Bazuca - LGFog; cerveja de 0,6 l
BCAÇ - Batalhão de Caçadores
BENG - Batalhão de Engenharia
Bianda - Arroz, comida
Bigrupo - Força IN equivalente a 50/60 homens
Bué - Muito, manga de (Não vem de Boé; termo do quimbundo de Angola)
Caco / Caco Baldé - Alcunha do Gen Spínola
Cambar - Atravessar um rio
Canhão s/r - Canhão Sem Recuo
CAOP - Comando de Agrupamento Operacional
Cap - Capitão
CART - Companhia de Artilharia
CCAV - Companhia de Cavalaria
CCAÇ - Companhia de Caçadores
CCAÇ I - Companhia de Caçadores Indígenas
CCmds - Companhia de Comandos
CCP - Companhia de Caçadores Paraquedistas
CCS - Companhia de Comando e Serviços
Chão - Território étnico (vg, chão fula)
Cibe - Madeira de palmeira
Cmdt - Comandante
Com-Chefe - Comando-Chefe
COP5 - Comando Opercional 5
CTIG - Comando Territorial Independente da Guiné
Cães Grandes - Oficiais superiores
Desenfianço - Escapadela (... até Bissau)
Dest - Destacamento
DFE - Destacamento de Fuzileiros Especiais
Djila - Vendedor ambulante, comerciante, contrabandista
Djubi - Olha, repara; mas também... puto, rapaz (NT)
Embrulhar - Ser atacado (pelo IN)
Enf - Enfermeiro
Fanado - Festa da circuncisão, ritual de passagem da puberdade para a vida adulta
Ferrugem - Pessoal mecânico auto
Fogo de artifício - Flageações ou ataques, a aquartelamentos ou destacamentos vizinhos, vistos de longe
Fur - Furriel
G3 - Espingarda Automática G-3
Gen - General
Gr Comb (+) - Grupo de Combate reforçado
GR Comb - Grupo de Combate; pelotão
Gr M Of - Granada de mão ofensiva
HMP - Hospital Militar Principal
IAO - Instrução de Aperfeiçoamento Operacional
IN - Inimigo
Jagudi - Abutre
Kalash - Espingarda Automática AK 47 (IN)
LDG - Lancha de Desembarque Grande
LDM - Lancha de Desembarque Média
LDP - Lancha de Desembarque Pequena
LFG - Lancha de Fiscalização Grande
LGFog - Lança-granadas-foguete (NT)
MA - Minas e Armadilhas
Manga de ronco - Sucesso militar
Mantenhas - Cumprimentos, saudações
Mec Aut - Mecânico de viaturas automóveis
Med - Médico (vg, Alf Mil Med)
Mil - Miliciano
ML - Met Lig / Metralhadora Ligeira
Morança - Casa, núcleo habitacional de uma família
Mort - Morteiro
MP - Metralhadora Pesada
Mudar o óleo - Ir às putas
Nharro - Africano; preto
NRP - Navio da República Portuguesa
NT - Nossas Tropas
Op - Operação
Op Esp - Operações especiais ou ranger
Partir catota - Dar o pito (expressão nortenha); ter relações sexuais (a mulher com o homem)
Pastilhas - Enfermeiro
PC - Posto de Comando
PCV - Posto de Comando Volante
Pel Caç Nat - Pelotão de Caçadores Nativos
Pel Mort - Pelotão de Morteiros
PIDE/DGS - Polícia política portuguesa
Pil Av - Piloto Aviador
Pilão - Bairro popular de Bissau
Pira - Periquito, militar recém-chegado à Guiné
Piçada - Repreensão de um superior
Porrada - Contacto com o IN; punição disciplinar
Psico - Acção psicológica (e social)
Pára - Paraquedista
QG - Quartel General
Quico - Boné
RDM - Regulamento de Disciplina Militar
Rep - Repartição
RGeba - Rio Geba
RI - Regimento de Infantaria
RN - Reserva Naval
RPG - Lança-granadas-foguete (IN)
RVIS - Voo de reconhecimento aéreo
Sector L1 - Sector 1 da Zona Leste
Siga a Marinha - Embora, vamos a isto
Sold - Soldado
SPM - Serviço Postal Militar
T/T - Navio de Transporte de Tropas
Tabanca - Aldeia
Ten Cor - Tenente-Coronel
TO - Teatro Operacional
Tropa-macaca - Por oposição a tropa especial (páras, comandos, fuzos)
Tuga - Português; branco; colonialista
Turra - Terrorista, guerrilheiro
Velhice - Militares em fim de comissão

quinta-feira, 12 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20726: Pequeno dicionário da Tabanca Grande (11): edição, revista e aumentada, Letras R / S /T / U / V / Z


Guiné > Região de Quínara > Empada > CCAÇ 1587 (Cachil, Empada, Bolama e Bissau, 1966/68) > Ualada > Destacamento "Rancho da Ponderosa> O soldado Jorge Patrício, à porta do destacamento. A tabanca terá sido abandonada pela população e o destacamento desativado no segundo semestre de 1968 (, facto a confirmar), na sequência da retração e racionalização do dispositivo no CTIG, no início do "consulado" de Spínola, altura (2º semestre de 1968/ 1º semestre de 1969) em que foram abandonadas outras posições como Ponta do Inglês, Gandembel, Ganturé, Cacoca, Sangonhá, Beli, Madina do Boé, Cheche... (Em 2009, o José Patrício vivia em Viseu, já aposentado da função pública.)

O destacamento deve ter sido construído pela CCAÇ 1423 (RI 15, Tomar), que ocupou o aquartelamento de Empada entre janeiro de 1966 e dezembro do mesmo ano, seguindo depois para o Cachil. [Foi comandada pelo cap inf Artur Pita Alves,cap inf  João Augusto dos Santos Dias de Carvalho, cap cav Eurico António Sacavém da Fonseca, de novo, cap inf João Augusto dos Santos Dias de Carvalho, e de novo,  cap inf Artur Pita Alves. Ostentou como Divisa “Firmes e Constantes”.]

Antes da CCAÇ 1423, estiveram em Empada:


(i) a CCAÇ 616 (RI 1, Amadora), ocupou o aquartelamento entre abril de 1964 e janeiro de 1966, quando acabou a comissão. [Foi comandada pelo nosso grã-tabanqueiro , de Ferrel, Peniche, alf mil Joaquim da Silva Jorge, pelo cap mil inf Francisco do Vale, cap inf José Pedro Mendes Franco do Carmo, de novo pelo alf mil inf Joaquim da Silva Jorge e cap cav Germano Miquelina Cardoso Simões; ostentou como Divisa “Super Omnia”]M

(ii) segui-se a Companhia de Milícias n.º 6, do recrutamento local, quem ocupou o aquartelamento entre Janeiro de 1965 e Dezembro de 1971, até à extinção da força.

Por informação posterior, do nosso amigo e camarada Joaquim Jorge, ficamos a saber que "quem "fundou e construiu a 'Ponderosa' foi a CCAÇ 616 da qual eu era comandante em 17 de Março de 1965." O nome é seguramente influenciado pela popular série televisiva 
Bonanza, que passou na RTP no início dos anos 60, e  que narrava a saga familia da família Cartwright, pai, viúvio, e três  três filhos (de mães diferentes), que vivem no velho Oeste, em Neva, na defesa de seu rancho Ponderosa.

Fonte: Cortesia do CM - Correio da Manhã, edição de 4/10/2009. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Bolama > Nova Sintra > 1972 > Entrada do quartel dos Duros de Nova Sintra, a CART 2711, 1970/72... É possível que este pórtico, "Rancho dos Duros", tenha sido inspirado pelos vizinhos, mais antigos, do "Rancho da Ponderosa", destacamento de Ualada, subsetor de Empada, ao tempo da CCAÇ 1587 (1966/68).

Foto (e legenda): © Herlander Simões (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagen complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Ultima parte da publicação do Pequeno Dicionário da Tabanca Grande (*), de A a Z, em construção desde 2007, com o contributo de todos os amigos e camaradas da Guiné que se sentam aqui à sombra do nosso simbólico e fraterno poilão. Entradas das letras R/S/U/V/Z. Esperam-se comentários, críticas e sugestões dos nossos leitores.

Letra R


Rabecada - Vd. piçada (calão)

Racal - 
TR 28, um equipamento portátil, de origem sul-africana, podendo ser usado em viaturas ou às costas do operador. Creio que não era usado em aviões, transmitindo em fonia. As frequências poderão ser estas (de 38 a 54,9 Mc/s) e estavam agrupdos e grupos de 4 que comunicavam entre si. 

RAL - Regimento de Artilharia Ligeira


Rancho da Ponderosa - Destacamento construído pela CCAÇ 616 (Empada, 1964/66); localizava-se na tabanca de Ualala 

Rancho Os Duros - Quartel dos Duros de Nova Sintra, a CART 2711, 1970/72

RCacheu - Rio Cacheu

RCorubal - Rio Corubal

RCumbijã - Rio Cumbijã

RDM - Regulamento de Disciplina Militar


Ref - Militar na Reforma

R
eforço - Aumento das medidas de segurança dos nossos aquartelamentos ou da força que as materializava; havia outras formas de reforço: do rancho, de verba ou algumas situações táctica-administrativas em que algumas pequenas unidades poderiam estar.

RELIM - Abreviatura de Relatório Imediato

Reordenamento (REORD) - Aldeia estratégica, construída pelas NT, 
reagrupando uma ou mais tabancas Aldeia estratégica, construída pelas NT, reagrupando uma ou mais tabancas, visando impedir o contacto das populações com o IN e aumentar as suas capacidades de defesa.
Rep - Repartição (do Quartel-General)


REPACAP - Repartição do QG/ComChefe / Assuntos Civis e Acção Psicológica  

Res - Militar na Reserva (ou seja, antes da Reforma)


RFoto - Reconhecimento fotográfico (FAP)

RGeba - Rio Geba

RI - Regimento de Infantaria (ex., RI 2, Abrantes)

RN - Reserva Naval (Marinha)


Rocket - Granada lançadas pelo RGP 2 ou RPG 7 (PAIGC; roquete (Projéctil com um motor de propulsão);as s NT usavam rockets 37 mm disparados por um LGF "improvisado", uma bateira nas LFP da Marinha e pela FAP.

Rôz kuntango (ou simplesmente Kuntango) - Arroz cozinhado (bianda) sem mafe(crioulo)

RPG - Lança-granadas-foguete (PAIGC): havia o RPG2 e o RPG7; e ainda o
 P27 (Pacerovka)

RVIS - Voo de reconhecimento aéreo (FAP)



Letra S


SA-7 - Míssil Sam-7, Strela, de origem russa (PAIGC)

Sabe sabe - Gostoso (crioulo)

Sakalata - Confusão, conflito, chatice (crioulo)

Salgadeira - Urna funerária, caixão (gíria)

SAM - Serviço de Administração Militar, especialidade do Exército

Sancu - Macaco (crioulo)

Sec - Secção; equipa (Um Gr Comb ou pelotão era composto por 3 Sec) (NT)

Setor L1 - Setor 1 da Zona Leste (Bambadinca, Região de Bafatá) (NT)

Sexa - (i) Sua Excelência; mas também (ii) Sexagenário (gíria)


SG - Serviço Geral (FAP)

SGE - Serviço Geral do Exército; oficiais oriundos da classe de sargentos, depois de frequentarem a Escola Central de Sargentos em Águeda

Siga a Marinha - Embora, vamos a isto! (gíria)

Sintex - Pequena embarcação, de fibra, com motor fora de bordo, de 50 cavalos, usado para cambar um rio; parecia uma banheira (NT)

SM - Serviço de Material (vd. Ferrugem)

SNEB - Rocket antipessoal, de calibre 37 mm, que equipava o T-6 e que também era usado pelos paraquedistas e demais tropas (por ex.,  africanas) como LGFog

Sold - Soldado

Sold Arv - Soldado Arvorado

Solmar - Cervejaria de Bissau, do tempo colonial

SPM - Serviço Postal Militar

Srgt - Sargento

STM - Serviço de Transmissões Militares

Strela - Flecha, em russo (стрела); míssil russo terra-ar SAM 7

Suma - Como, igual (crioulo) 


Supintrep - Relatório de informação suplementar (Vd. Perintrep)

Supositório - Granada de obus (gíria) 



 Letra T


T/T - Navio de Transporte de Tropas (v.g., T/T Niassa, T/T Uíge)

T6 - Avião bombardeiro, monomotor; equipado c/ lança-roquetes e metralhadora (NT) 

Tabanca - Aldeia (crioulo); mas também morança, cubata, casa: mas também tertúlia (v.g., Tabanca de Matosinhos



Tabanca da Lapónia - Iglô, no círculo polar ártico, onde quem manda é o o luso-lapão ["sami"...] Joseph Belo, que se refugia aqui para fugir aos furacões de Key West, na Flórida. Na Internet, não tem pouso certo.

Tabanca da Linha (ou A Magnífica Tabanca da Linha) - Tertúlia de ex-combatentes da guerra colonial, que abrange a Grande Lisboa; reune-se em Algés, ultimamente no Restaurante Caravela de Oiro; régulos: Jorge Rosales (1939-2019) e Manuel Resende (desde 2019). 


Tabanca da Maia - Tertúlia de ex-combantentes da guerra colonial, com sede na Maia; régulo: José Casimiro de Carvalho



Tabanca de Matosinhos (,ou Tabanca Pequena) - A mais antiga das nossas tertúlias de convívio de ex-combatentes, amigos da Guiné-Bissau, que se sentam à sombra do poilão da Tabanca Grande; tem sede em Matosinhos; abanca no restaurante Espigueiro [, ex-"Milho Rei"; tem página no Facebook

Tabanca do Centro - Tertúlia de ex-combantentes da guerra colonial, com sede em Monte Real, Leiria; edita a revista "on line" Karas, diretor: Miguel Pessoa; régulo: Joaquim Mexia Alves;



Tabanca dos Melros - Tertúlia de ex-combatentes,  com sede em Fânzeres, Gondomar; abanca no restaurante Choupal dos Melros; tem blogue e página no Facebook

Tabanca Grande – A mãe de todas as tabancas ou tertúlias de antigos combatentes da Guiné que se foram criando ao longo dos anos (desde 2004); tem este blogue e também página no Facebook (v.g., Tabanca de Matosinhos, Tabanca do Centro, Tabanca da Linha, Tabanca dos Melros, Tabanca da Maia, Tabanca do Algarve, Tabanca da Lapónia, etc.) 




Tabanca do Centro, Monte Real, Leiria


Tarrafe - Vegetação aquática, típica das zonas ribeirinha 

Taufik Saad - Casa comercial, de origem libanesa, em Bissau

 

Taxy Way - Caminho de rolagem (FAP)

Tchora - Chorar (crioulo)

Tem manga di sabe sabe - Muito gostoso (crioulo)

Ten - Tenente

Ten Cor - Tenente-Coronel

Ten Gen - Tenente General, antigo general de 
3 estrelas [Posto reintroduzido no Exército Português em 1999, em substituição do posto de general de 3 estrelas; é a mais alta patente de oficial general no ativo, já que os postos superiores são apenas funcionais ou honoríficos: por exemplo, chefe do estado maior general].

Tertúlia – Reunião regular de amigos e camaradas (, também sinónimo de Tabanca Grande)

TEVS - Transporte em evacução (FAP)

Tigre de Missirá - Nome de guerra (Alf Mil Beja Santos, Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70; nosso grã-tabanqueiro da primeira hora)

Tigres - Esquadra de Fiat G-91, na BA 12


TN - Território nacional

TO - Teatro de Operações

Toca-toca - Transporte colectivo, privado, nas zonas urbans da Guiné-Bissau (carrinha tipo Hyace, de cores azul e amarela) (crioulo)


Tocar uma punheta aos obuses - 



Guiné > Regoão de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) + CART 2520 (1969/70) > Op Safira Única, 21 de janeiro de 1970, no subsetor do Xime, nas proximidades da Ponta do Inglês


Uma pistola de origem soviética, Tokarev, de 7,62, igual ou parecida à que que foi apreendida ao guerrilheiro Festa Na Lona, na Ponta do Inglês, no decurso da Op Safira Única ... Pelo que me recordo, esta pistola ficou à guarda do alf mil Abel Maria Rodrigues, comandante do 3º Grupo de Combate da CCAÇ 12 (onde eu muitas vezes me integrei, conforme as faltas de pessoal...) , que a tomou como ronco... Não sei se a conseguiu trazer para a Metrópole e legalizá-la... Ao que parece, esta arma teve a sua estreia na Guerra Civil de Espanha, em 1936, nas fileiras do exército republicano, estando distribuída a pilotos e tripulações de tanques, entre outros... (LG). 

Fonte: Kentaur, República Checa (2006) [página já não disponível]

(...) Por volta das 15. 30h, já nas proximidades do objectivo, foram notados indícios de presença humana: trilhos batidos, moringas nas palmeiras para recolha de vinho e um cesto de arroz.

Seguindo um dos trilhos, avistou-se um homem desarmado que seguia em direcção contrárias às NT. Capturado, informou que ia recolher vinho de palma, que a tabanca ficava próxima, que não havia elementos armados e que a maior parte da população estava àquela hora a trabalhar na bolanha.

Feita a aproximação com envolvimento, capturaram-se mais 2 homens, 5 mulheres e 6 crianças. Um dos homens capturados disse chamar-se Festa Na Lona, de etnia Balanta, estar alí a passar férias e pertencer a uma unidade combatente do Gabu. Foi-lhe apreendido uma pistola Tokarev (7,62, m/ 1933) e vários documentos.

Havia 2 tabancas, cada uma com 4-5 casas, afastadas umas das outras cerca de 200 metros. Cada casa era revestida de chapa de bidão e coberta de capim. Para o efeito foram aproveitados os bidões existentes no antigo aquartelamento da Ponta do Inglês que as NT haviam retirarado  em novembro de 1968.

Foram destruídos todos os meios de vida encontrados e incendiadas casas, a excepção das que ficaram armadilhadas. Os 2 Dest executaram toda a acção sem disparar um único tiro. A  retirada fez-se igualmente a corta-mato em direcção de Gundagué Beafada, tendo-se chegado ao Xime pelas 18.30h. Durante a noite, a Artilharia fez fogo de concentração sobre os acampamentos IN do Baio/Buruntoni e Ponta Varela/Poindon. (...)

Fonte: Extractos de: História da CCAÇ. 12: Guiné 1969/71. Bambadinca: Companhia de Caçadores 12. 1971. Capítulo II. 24-26.


Tokarev - Pistola de calibre 7,62 mm, de origem soviética (PAIGC)

TPF - Transmissões Por Fios

Trms - Transmissões

Tropa-macaca - Por oposição a tropa especial (páras, comandos, fuzos) (termo depreciativo, gíria); infantes

TSF - Transmissões Sem Fios

Tuga - Português, branco, colonialista (termo na altura depreciativo) (crioulo)

Turpeça - Banquinho, de três pés, onde se sentam em exclusivo os régulos felupes (crioulo)

Turra - Terrorista, guerrilheiro, combatente do PAIGC (termo na altura depreciativo)



Letra U

Ultramarina - Sociedade Comercial Ultramarina, ligada ao grupo BNU; rival da Casa Gouveia, do grupo CUF

Uma larga e dois estreitos - Galões de tenente-coronel

UXO - Unexploded (Explosive) Ordenance (em inglês); Engenhos Explosivos Não Explodidos (em português)



Letra V

Vè-Cê-Vê  (ou VCC) - Velhinho Como o C... Militar que ultrapassou o tempo legal da comissão de serviço no CTIG (21/22 meses) (calão)

 
Velhice - Militares em fim de comissão (gíria)

Vietname - Guiné, para lá de Bissau; mato ('versus'... "guerra do ar condicionado")




Letra Z 

ZA - Zona de Acção

Zebro - Barco de borracha com motor fora de borda, usado pelos fuzileiros

ZI - Zona de Intervenção (do Com-Chefe)

ZLIFA - Zona Livre de Intervenção da Força Aérea

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31 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20516: Pequeno dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (8): edição, revista e aumentada, Letras I, J, K e L

28 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20506: Pequeno dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (7): edição, revista e aumentada, Letras F, G e H

3 de dezembro 2019 > Guiné 61/74 - P20411: Pequeno dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (6): edição, revista e aumentada, Letras D/E

18 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20255: Pequeno dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (5): edição, revista e aumentada, Letra C

14 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20240: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (4): 2ª edição, revista e aumentada, Letras M, de Maçarico, P de Periquito e C de Checa... Qual a origem destas designações para "novato, inexperiente, militar que acaba de chegar ao teatro de operações" ?

13 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20237: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (3): 2ª edição, revista e aumentada, Letra B

13 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20235: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (2): 2ª edição, revista e aumentada, Letra A

30 de dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2389: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (6): Racal (José Martins)

29 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2388: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (5): Periquito (Joaquim Almeida)

26 de junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1887: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (3)... (Zé Teixeira)


24 de junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1874: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (2)... (António Pinto / Joaquim Mexia Alves)

23 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1872: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (1)...(Luís Graça)

domingo, 30 de dezembro de 2007

Guiné 63/74 - P2389: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (6): Racal (José Martins)

Guiné > Emissor-Receptor AN/PRC- 10, usado pelas NT



Capa e páginas da brochura Apontamentos sobre Transmissões, editado pelo Ministério do Exército, Direcção da Arma de Transmissões, 1966.


Imagens: © Afonso Sousa (2005). Direitos reservados


1. Mensagem de José Martins (ex-Fur Mil Trms, CCAÇ 5, Os Gatos Pretos, Canjadude 1968/70), com data de 30 de Novembro de 2007 , em resposta a um pedido do Beja Santos sobre o Racal (1):

O Racal era um equipamento portátil, podendo ser usado em viaturas e aviões, transmitindo em fonia entre as frequências de 38 a 54,9 Mc/s.


Para ser utilizado como portátil, tinham que ser colocados uns suspensórios para transporte do mesmo.


O Exército Português utilizou este equipamento durante as Campanhas de África, entre 1961 e 1974, preferencialmente como ligação terra-ar. Nas ligações terrestres, e dado o seu pequeno alcance - entre 3 a 8 kms e dependendo do uso da antena laminar ou antena tubular - era utilizado em patrulhamentos e/ou emboscadas de proximidade, para contactar com a base.
Era alimentado com uma pilha com duração de cerca de 20 horas.

Com a possibilidade de efectuar ligações com o AVF/THC 736 (banana) , era utilizado pelo comandante das operações com os comandantes dos pelotões.

Estes equipamentos eram de origem norte americana (2).

___________


Notas de L.G.:

(1) Vd. último post desta série > 29 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2388: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (5): Periquito (Joaquim Almeida)

(2) Vd. post de 2 de Julho de 2005> Guiné 69/71 - XCIV: Um alfa bravo para os nossos Op TRMS (1) (Luís Graça)

(...) O Sousa de Castro (29 de Junho de 2005), esse, também fala de cátedra, acerca das nossas transmissões e dos seus operadores:

"O AN/GRC 9 foi o rádio com que trabalhei durante toda a comissão na Guiné em grafia... Não é para me gabar, mas eu achava-me um craque nesta matéria, trabalhar em código morse era comigo, ou não tivesse na minha caderneta a menção de TE (telegrafista especial).

"Convém dizer que o
[Luís] Carvalhido da APVG [Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra] não ficava atrás, antes pelo contrário, era um bom adversário.

"Aproveito para dizer que aquilo a que chamam de Banana é o AVP-1 que era usado no meu tempo nas operações para comunicação entre pelotões e nomeadamente com o Quartel, mas o rádio com mais alcance que os OP (operadores] de TRMS [transmissões] de Infantaria levavam às costas era o conhecido RACAL (TR-28)... Conheceram este? Vou procurar nos meus papéis e digitalizar este rádio para mandar para a tertúlia" (...).

segunda-feira, 8 de abril de 2019

Guiné 61/74 - P19657: O nosso livro de estilo (12): Atingimos os 11 milhões de visualizações na passada sexta-feira, dia 5... E comentar continua a ser fácil e necessário!... E mais tabancas e tabanqueiros são precisos!


EM 15 ANOS, 11 MILHÕES DE VISUALIZAÇÕES (1,8 ATÉ MAIO 2010 + 9, 2 MILHÕES ATÉ SEXTA-FEIRA, DIA 5

9,203,204



I. E COMENTAR CONTINUA A SER FÁCIL... SOB O SAGRADO POILÃO DA TABANCA GRANDE...



1. As opiniões aqui expressas, sob a forma de postes ou de comentários, são da única e exclusiva responsabilidade dos seus autores, não podendo vincular o fundador, proprietário e editor do blogue, Luís Graça, bem como a sua equipa de co-editores e demais colaboradores permanentes.

2. Camarada, amigo, simples leitor: Podes escrever no final de cada poste um comentário, uma informação adicional, um reparo, uma crítica, uma pergunta, uma observação, uma sugestão... (De preferência sem erros nem abreviaturas; evitar também as frases em maiúsculas ou caixa alta).

Basta, para isso, apontares o ponteiro do rato para o link Comentários, que aparece no fim de cada texto (ou poste), a seguir à indicação de Postado por Fulano Tal [Editor] at [hora], e clicares...

3. Tens uma "caixa" para escrever o teu comentário que será publicado instantaneamente, sem edição prévia, sem moderação, sem "censura prévia"(leia-se: triagem, moderação)...

Enviar um comentário para: Luís Graça & Camaradas da Guiné


1 – 1 de 1
Blogger Tabanca Grande disse...
Veteraníssimo Miranda Ribeiro: o que é feito de ti ? Não tens dado notícia. Espero que a vida e a saúde e tudo o mais estejam a correr bem. Daqui vai um abraço natalício do editor, amigo e camarada Luís Graça.
8 de abril de 2019 às 07:31
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Amigo ou camarada da Guiné: A tua opinião é muito importante para nós. Escreve aqui, com inteira liberdade e responsabilidade. Tal significa: respeitar as boas regras de convívio que estão em vigor entre nós; não há moderação dos comentários; limite máximo: cerca de 4 mil caracteres:



Pode utilizar alguns tags HTML, como <b>, <i>, <a>

 
 
 
 
Prove que não é um robô


No caso de teres uma conta no Google, deves usar essa identificação. Mas também podes entrar como "anónimo": põe no final da mensagem o teu nome, e facultativamente a localidade onde vives; sendo ex-combatente do ultramar, podes indicar o Teatro de Operações onde estiveste, local ou locais, posto e unidade a que pertenceste; e, se possível, evita as abreviaturas de nomes, siglas, acrónimos, pseudónimos...

Em suma, os camaradas da Guiné "dão a cara", não se escondem atrás do bagabaga...

Se voltares ao blogue, encontrarás logo a mensagem que lá deixaste. Repete as operações acima descritas para visualizar o teu comentário.

4. Escreve com total liberdade e inteira responsabilidade, o que significa respeitar as boas regras de convívio que estão em vigor entre nós: por exemplo,

(i) não nos insultamos uns aos outros;

(ii) não usamos, em público, a 'linguagem de caserna', o palavrão, etc. (a não ser textos mais literários, como um poema, um conto...);

(iii) somos capazes de conviver, civilizadamente, com as nossas diferenças (sociais, políticas, ideológicas, filosóficas, culturais, étnicas, religiosas, clubísticas,  etc., incluindo as fenotípicas - por exemplo, a cor da pele ou do cabelo);

(iv) somos capazes de lidar e de resolver conflitos... sem puxar da G3, da pistola Walther ou da catana;

(v) todos os camaradas têm direito ao bom nome e à privacidade;

(vi) não trazemos à baila (,ou seja, ao blogue) a "actualidade" (política, económica, social, ambiental, etc.)

5. Os editores reservam-se, naturalmente, o direito de eliminar, "a posteriori", rápida e decididamente, todo e qualquer comentário que violar as normas legais (incluindo as do nosso servidor, Blogger/Google), bem como as nossas regras de bom senso e bom gosto que devem vigorar entre pessoas adultas e responsáveis, a começar pelos comentários ANÓNIMOS (por favor, põe sempre o teu nome e apelido por baixo), incluindo mensagens com:

(i) conteúdo racista, xenófobo, homofóbico, pornográfico, etc.;

(ii) carácter difamatório;

(iii) tom intimidatório, provocatório ou persucotório ("ciberbullying", por exemplo);

(
iv) acusações de natureza criminal;

(v) apelo à violência;

(vi) linguagem inapropriada;

(vii) publicidade comercial ou propaganda claramente político-ideológica;

(viii) comunicações do foro privado, sem autorização de uma das partes.

Ocasionalmemte, alguns comentários poderão transformar-se em postes se houver interesse mútuo (do autor e dos editores).

6. Além dos editores [Luís Graça (Lourinhã), Carlos Vinhal (Leça da Palmeira / Matosinhos),  Eduardo Magalhães Rodrigues (Maia), Virgínio Briote (jubilado) (Lisboa) e Jorge Araújo (Almada)], há os colaboradores permanentes, membros seniores do nosso blogue, que recebem, automaticamente, na sua caixa de correio (e apreciam depois o conteúdo de) todos os comentários: 

Cherno Baldé (Bissau);
Hélder Sousa (Setúbal);
Humberto Reis (Alfragide / Amadora);
Jorge Cabral (Lisboa);
José Martins (Odivelas);
Torcato Mendonça (Fundão);
Mário Beja Santos (Lisboa).



O seu papel é o de ajudar os editores a cumprir e a fazer cumprir as regras do nosso blogue. Alguns deles têm, aleatoriamente, poderes de administradores, podendo eliminar, de imediato, comentários que infrinjam as nossas regras editoriais, o que só muito raramemente acontece (ou aconteceu, em 15 anos de existência no nosso blogue).

II. COMENTAR É FÁCIL... E NECESSÁRIO!

Amigos e camaradas:

Originalmente (até julho de 2012) o sistema de triagem dos comentários era pouco amigável, era muito apertado... A intenção (boa) era a de prevenir e combater o SPAM automático (correio indesejado, publicidade, etc.)... 

Alertados para os problemas que estavam a causar aos leitores, desencorajando-os de participar, foram então feitas  as alterações que se impunham às nossas definições.

Assim, podem comentar com ou sem conta no Google, com ou sem foto... Como "anónimos", terão sempre que assinar (pôr o vosso nome) por baixo da mensagem...

O Blogger também simplificou a caixa de comentários,  tornando-a mais amigável e prático... Aos anónimos o sistema estava a exigir a cópia manual de um número e uma palavra, com letras pouco ou nada legíveis... Mas às vezes o teste anti-robô: identificação de imagens... Se entrares como anónimo, mas que dizer que és uma robô...

Amigos e camaradas: continuem a alimentar o blogue com os vossos comentários. É a "seiva" (vital) do poilão da Tabanca Grande. E "tragam mais cinco"!...



PS1 - Encontramo-nos em Monte Real, Leiria, dia 25 de maio de 2019, para o XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (, espero que não seja o último!...).

PS2 - O nosso coeditor, amigo e camarada Jorge Araújo (, que vive em Almada,)  deu-me, na sexta feira passada, uma boa e encorajante notícia, às 10h38: "Estou de partida para Almeirim, para um encontro de camaradas da Guiné. Iremos, durante/fim de almoço abordar o tema do nascimento (oficial) da TABANCA DE ALMADA."
____________

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Guiné 63/74 - P1917: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (4)... (Carlos Vinhal)

1. Mensagem do Carlos Vinhal, co-editor do blogue:

Já que nos metemos nesta empreitada, aqui vão mais umas siglas (1).

Um abraço.
Carlos

AGRUP FI - Agrupamento de Forças de Intervenção

AML -Auto Metralhadora Ligeira

At Art - Atirador de Artilharia

Aux Enf - Auxiliar de Enfermagem

Cond A/R - Condutor Auto Rodas

Gr IN - Grupo inimigo

IAO - Instrução de Aperfeiçoamento Operacional

Op Cripto - Operador Cripto

PAIGC - Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde

Pel Art - Pelotão de Artliharia

Pel Mil - Pelotão de Milícias

PIDE - Polícia de Intervenção e Defesa do Estado

Sec Mil - Secção de Milícias

ZA - Zona de Acção
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Nota de L.G.:

(1) Vd. último post > 26 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1887: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (3)... (Zé Teixeira)

sábado, 9 de março de 2019

Guiné 61/74 - P19565: Os nossos seres, saberes e lazeres (311): Viagem à Holanda acima das águas (15) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Novembro de 2018:

Queridos amigos,
No rescaldo de qualquer viagem, seguramente que nos confrontamos com livros, brochuras, postais, mapas, fotografias, são momentos de um certo embaraço, justifica-se mostrar dentro do nosso anfiteatro de comunicação tudo aquilo que nos maravilhou, não haverá para aí uma postura excessiva de cromos? Cada viandante cala fundo as suas impressões, há olhares que não desaparecem, filtram-se imagens e numa nova visita ao remanescente deplora-se não ofertar tudo aquilo que se viu e que tanto se apreciou: as flores, as pinturas, os canais, os edifícios religiosos e os outros, a gente anónima com quem nos cruzámos no caminho.
Em dado momento, no corredor principal do Rijksmuseum de Amesterdão, senti necessidade de me pôr a um canto a bisbilhotar comentários, a ouvir conversas. Só tinha aquele dia para Amesterdão, escolhi o Rijks, a Sinagoga Portuguesa e passear-me pelas ruas, e havia tanto mais para ver, a casa de Anne Frank, o museu Cobre, o museu dos Diamantes, o Teylers, o Van Loon e o Van Gogh, entre tantos outros, paciência, a viagem nunca acaba se o viajante não se torna esquecido ou perde a curiosidade de ali voltar.

Um abraço do
Mário


Viagem à Holanda acima das águas (15)

Beja Santos

Sobre os povos e as suas culturas é certo e sabido que procuramos conotações com a música, certas produções, lugares míticos, posturas de civilização: a Espanha tem flamenco, os escoceses são avarentos, a Holanda tem tulipas, Portugal é fado. São abreviaturas e siglas que camuflam a dimensão da floresta, a diversidade de manifestações de qualquer cultura, obrigatoriamente poliédrica. A Holanda tem mais que tulipas, graças ao clima e a um Verão habitualmente curto, aos céus nublados, a produção de flores é muito mais do que uma exportação que define a economia holandesa, há flores por toda a parte, são cores que enchem as casas, os jardins, as ruas, um colorido que ameniza os tons pardacentos, que os alivia dos dias cinzentos, das brumas e neblinas persistentes, são os avisos de que vem aí o bom tempo, de que a primavera está sorridente e a seguir vem o verão pletórico, a encher de calor a nossa pele, a trazer mais bonomia às nossas vidas. Mal sabia o viandante que a Holanda sofria a estiagem, em qualquer conversa vinha à tona os problemas agrícolas, a alimentação do gado, conversa um tanto embaraçante com tanto fio de água à volta…





O viandante revê a sua colheita de imagens, é um dó de alma deitar para o lixo aquilo que hoje, na nossa sociedade digital e de redes sociais dá pelo nome de partilha, que pode ser um equívoco, uma nova manifestação estatutária, toma lá mais imagens das boas viagens que faço, é para tu veres por onde ando, por onde me movo,… No caso vertente, seria doloroso ao viandante não repartir com quem o lê e vê estas imagens subtraídas a museus já visitados, o Rijksmuseum de Amesterdão e o Kröller-Müller, perto de Arnhem, onde houve uma batalha entre os Aliados e os Alemães, correu mal para os primeiros, queriam tomar uma ponte, levaram uma coça.


O Rijksmuseum, voltemos às siglas e abreviaturas, não é só um expoente do século de ouro da pintura holandesa, pode ser um prato forte mas as suas coleções de pintura, de artes decorativas, de doações fabulosas de ourivesaria, por exemplo, são de tal valor que se sugere ao viandante a preocupação de percorrer certas salas onde o esperam obras excecionais, aqui ficam alguns exemplos.






Também a alma se lava com a introdução de beneficiações museológicas e museográficas que asseguram ao visitante conforto e o mais agradável confronto com as obras de arte, maior aprazimento com o meio envolvente. Veja-se este troço do museu como se transformou um magnificente edifício do século XIX, desadequado às necessidades de hoje, num museu remodelado onde se respira a modernidade.


Também o Kröller-Müller é muito mais que um museu que tem a maior coleção privada de obras de Van Gogh. A multimilionária que inspirou esta fabulosa coleção tinha ideias próprias sobre os movimentos artísticos, dividia as grandes correntes entre o realismo e o idealismo, era uma colecionadora dotada de grande ecletismo, daí ter adquirido um conjunto de obras desde o fim da Idade Média até aos tempos modernos, e deixou a obrigação da fundação que tem o seu nome continuar a adquirir peças preciosas da contemporaneidade. E o resultado salta à vista, vejam-se estas três telas, nem sempre os nomes que lhes estão associados têm a retumbância de Van Gogh ou Picasso, mas a grandessíssima beleza ninguém lha tira.




E já que o viandante está em maré de recapitulações, neste seu afã de repartir o que ele dá como significativo da viagem inesquecível pelos Países Baixos, salta-se para o Museu Municipal de Haia. E que magnificência!

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 2 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19544: Os nossos seres, saberes e lazeres (310): Viagem à Holanda acima das águas (14) (Mário Beja Santos)