sexta-feira, 6 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8233: Blogpoesia (147): Senhora Aparecida, freguesia de Torno, concelho de Lousada (Manuel Sousa)

1. Segunda parte das Memórias de um ex-combatente, trabalho enviado pelo nosso camarada Manuel Sousa* (ex-Soldado da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Jumbembem, 1972/74, Sargento-Ajudante da GNR na situação de Reforma), enviado em mensagem do dia 1 de Maio de 2011:

Camarada Carlos Silva:
Mando-te em anexo um texto sobre a lenda e o contexto em que conheci a Senhora Aparecida, que tem a ver com o contacto que tenho com um nosso camarada ex-combatente, António Pereira Magalhães, natural da vila com o mesmo nome, que também integrava o meu pelotão em Jumbembém.

Um abraço
Manuel Sousa


Senhora Aparecida

Senhora Aparecida é um santuário que dá o nome à vila de Aparecida, formada pelas freguesias de Torno e Alentém, no concelho de Lousada, situada nas fraldas da serra da Cumieira.

Tem origem numa lenda em que um eremita, um mendigo cuja nacionalidade se desconhecia, vagueava periodicamente naquela localidade, muito estimado por todos, pela sua bondade, fazendo-se acompanhar de uma imagem de Nossa Senhora.

Depois de alguns anos de deixar de aparecer por lá aquele ermitão, populares aperceberam-se de raios de luz que incidiam sobre uma mina, no meio de um silvado, onde era costume ele pernoitar, próximo da Igreja de Nossa Senhora da Conceição.
Levados pela curiosidade sobre o fenómeno, descobriram então no local os restos mortais do ermitão e a imagem de Nossa Senhora de que ele se fazia acompanhar.
Daí o nome de Nossa Senhora Aparecida e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição ter tomado a designação de igreja da Senhora Aparecida.

Decorrem ali as festividades em sua honra nos dias 13, 14 e 15 de Agosto, cujo ponto alto é a majestosa procissão no dia 14 e a imponência do andor, com mais de 20 metros de altura, transportado por cerca de 80 rapagões.

Em 2009 estive presente, pela primeira vez, naquelas festividades, a convite de um colega e amigo ex-combatente, que integrava o meu pelotão em Jumbembém, António Pereira Magalhães.

Fiquei encantado pela beleza do local e não resisti fazer-lhe este poema:

Igreja de Nossa Senhora Aparecida
Foto pesquisada na Internet



POEMA A NOSSA SENHORA APARECIDA

No fundo do vale verdejante,
Entre ramagem exuberante,
Corre o rio Sousa a serpentear!
Vai ligeiro e cioso dizer ao Douro,
Que para trás deixou um tesouro,
Lá na cumieira a branquejar!

É Nossa Senhora Aparecida
Na sobranceira e bonita ermida,
Erigida, imponente, de pedra e cal!
Sentinela em alerta permanente,
Protectora de toda a sua gente,
Dispersa ao longo de todo o vale!

Em Agosto, no majestoso andor,
Sobre ombros fortes com fervor,
Percorre as ruas de todo o burgo.
A multidão, em solene romagem,
Segue devota a altaneira imagem,
Rogando-lhe graças em sussurro!

Ao cair da noite em arraial profano,
Para esquecerem as agruras do ano,
Novos e Velhos animam a romaria!
Entre acordes em coro de concertinas,
Foguetes, repastos e boas cardinas,
Cantam ao desafio até ser dia!

Oh Nossa Senhora Aparecida,
Mãe por muitos nomes conhecida:
Fátima, Monserrate, Conceição…!
Por qualquer deles que eu te invoque,
Dá-me a ventura, dá-me a sorte,
De ser outro teu mendigo ermitão.

Manuel Sousa
Julho/2010


Em 2010, voltei a estar presente naquelas festividades, novamente a convite do meu amigo Magalhães, fazendo-lhe a surpresa de lhe oferecer o poema escrito sobre a fotografia seguinte, que, para o efeito, mandei emoldurar.

Andor da Senhora Aparecida
Foto pesquisada na Internet
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 19 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8134: Memórias de um ex-combatente (2): O desembarque, a viagem e a estadia no Cumeré (Manuel Sousa)

Vd. último poste da série de 23 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8157: Blogpoesia (146): Elegia para um paisano (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P8232: In Memoriam (76): Isabel Raimundo Conde homenageia seu tio José Luís Inácio Raimundo, Soldado Comando da 38.ª CCOM (morto em combate em Guidaje a 12 de Maio de 1973), no dia do seu 61.º aniversário

1. Mensagem da nossa amiga Isabel Raimundo Conde*, com data de hoje, 6 de Maio de 2011:

Bom dia
Sou sobrinha de um camarada que pertenceu à 38.ª Companhia de Comandos "OS LEOPARDOS", José Luís Inácio Raimundo** e gostaria que hoje dia 6 de Maio fosse posto na vossa página o seguinte:

Faz hoje 61 anos que um ser lindo por dentro e cativante por fora... um SER que segundo dizem, robusto, moreninho e que todos os que o rodeavam diziam: "Que lindo bébé"

Deus o quis para Sua companhia ainda muito jovem.

Todos nós, família e amigos, ficamos só com a sua imagem e a saudade em nossos corações.

"Onde quer que estejas, MEU ADORADO TIO, este, nunca deixa de ser o teu dia de aniversário.
Que tua alma esteja em paz e que o teu poder de Anjo permaneça sempre em nós"

Tua Sobrinha
Isabel Raimundo Conde
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 9 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5431: O Nosso Livro de Visitas (73): Doce lembrança do meu tio José Raimundo, da 38ª CComandos, Os Leopardos, natural da Azambuja

(**) Vd. poste de 3 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6307: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (14): Cemitérios de Guidaje e Unidades mobilizadas na Madeira

Vd. último poste da série de 29 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8181: In Memoriam (75): Gen Bettencourt Rodrigues (1918-2011), último Com-Chefe e Governador Geral da Guiné (Joaquim Mexia Alves / José Martins / Fernando Costa / Editores)

Guiné 63/74 - P8231: Resumo da actividade do BCAÇ 3833 (1971/73) (5): Pel Caç Nat 59 e Pel Milícias (Augusto Silva Santos)



1. Fim do resumo dos Factos e Feitos do BCAÇ 3833, enviado pelo nosso camarada Augusto Silva Santos (ex-Fur Mil da CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73, em mensagem do dia 21 de Abril de 2011:



Historial/Resumo do que foi a actividade do BCAÇ 3833 (5)


PEL CAÇ NAT 59 E PEL MILÍCIAS








OBS: - Clicar nas imagens para ampliar
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Nota de CV:

Vd. postes da série de:

2 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8197: Resumo da actividade do BCAÇ 3833 (1971/73) (1): CCS - Pelundo (Augusto Silva Santos)

3 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8207: Resumo da actividade do BCAÇ 3833 (1971/73) (2): CCAÇ 3306 - Jolmete (Augusto Silva Santos

4 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8215: Resumo da actividade do BCAÇ 3833 (1971/73) (3): CCAÇ 3307 - Pelundo (Augusto Silva Santos
e
5 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8221: Resumo da actividade do BCAÇ 3833 (1971/73) (4): CCAÇ 3308 - Có (Augusto Silva Santos)

Guiné 63/74 - P8230: Notas de leitura (236): Alvorada em Abril, de Otelo Saraiva de Carvalho (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Abril de 2011:

Queridos amigos,
“Alvorada em Abril” é um testemunho determinante para se entender o desencadeamento das operações que levaram ao derrube do antigo regime.
Otelo Saraiva de Carvalho rememora acontecimentos militares e descreve o que viu na Guiné, teatro de operações que teve um papel crucial na génese do Movimento dos Capitães.
A tal propósito, deixa-nos as suas impressões sobre os acontecimentos de 1970 a 1973, naturalmente controversos mas com uma importância soberana.

Um abraço do
Mário


Otelo Saraiva de Carvalho e a Guiné

Beja Santos

"Alvorada em Abril "é o título das memórias de uma figura lendária do 25 de Abril em torno da história portuguesa dos anos 50 aos anos 70, culminando com a concepção e execução do derrube do regime chefiado por Tomás e Caetano. Temos nestas memórias o que para ele foi determinante, no seu percurso pessoal e no seu modo de interpretar os acontecimentos contemporâneos, a génese e o triunfo do Movimento dos Capitães e como este desaguou no 25 de Abril ("Alvorada em Abril", Editorial Notícias, 4ª Edição, 1998). A sua terceira e última comissão foi na Guiné, pelo que tem todo o sentido fazer o registo das suas lembranças e observações.

Ele parte para a Guiné em Setembro de 1970 e logo recorda que se encontrava em Nova Lamego, em 22 de Novembro, quando soube da invasão da Guiné-Conacri. A notícia deixou-o estupefacto, ele que trabalhava em Bissau de nada sabia e acrescenta que posteriormente veio a saber que o assunto já era discutido pelas mulheres dos oficiais nos cabeleireiros da Baixa de Bissau antes de se ter realizado. Nessa noite, enquanto decorria a operação, houvera vigília em Bissau, Spínola aguardava ansioso das notícias da missão rodeado dos seus leais colaboradores, tenente-coronel Robin de Andrade, major Firmino Miguel e major Jorge Pereira da Costa. E adianta: "Ainda hoje desconheço quais seriam, exactamente, os objectivos da missão, mas parece não restarem dúvidas de que, entre eles, estariam os assassínios de Amílcar Cabral e de Sékou Touré, o silenciamento da Rádio Conacri, a destruição de sede do PAIGC, a destruição de aviões na base aérea local e a libertação de prisioneiros de guerra portugueses retidos nas prisões da cidade".

Dá-nos em água-forte um retrato de Spínola que culmina com uma apreciação corrosiva: "Medularmente vaidoso e autoritário, sempre o reconheci totalmente incapaz de se atribuir o mínimo erro ou de debitar a mais suave autocrítica. Sendo detentor da razão e da verdade absolutas, era com displicência e sem remorso que liquidava o bode expiatório escolhido para arcar com as responsabilidades de qualquer falhanço pessoal... demagogo em extremo nunca entendi com clareza se as qualidades que nele admirava era autênticas e humanas ou se cultivadas com esforço a fim de construir artificialmente uma personagem".

Descreve o seu trabalho no QG e alude mesmo o nome de oficiais milicianos, da extrema-direita, que mais tarde acompanharão Spínola na aventura do MDLP. Colocado na Subsecção de Operações Psicológicas, assistiu ao exibicionismo propagandístico é à construção de imagem que Spínola quis criar em Portugal e internacionalmente, o que ele procurava era sugerir um extraordinário surto de progresso na Guiné com a sua governação e minimizar os êxitos no combate do PAIGC. Narra peripécias com jornalistas internacionais, certames de propaganda, a realização de Congressos do Povo. Refere os efectivos militares, do lado português e os do PAIGC, as argumentações de aliciamento, de um lado e do outro. A narrativa não é cronológica, dá saltos, vai até ao futuro repentinamente, conta histórias passadas, de supetão. Está-se a falar da propaganda do PAIGC, seguem-se referência ao seu programa político, destaca-se a figura de Rafael Barbosa como agitador, que foi preso em Março de 1962, tendo permanecido encerrado num cubículo durante quase 8 anos, onde foi espancado e torturado. Em Agosto de 1969, Spínola ordenou que fosse libertado. Tempos mais tarde, Rafael Barbosa manifestará publicamente o seu arrependimento por ter aderido à luta armada. Em 1977, será julgado em Bissau pelo PAIGC pelo crime de traição ao partido e ao povo e ser-lhe-á comutada para 15 anos de prisão a pena de prisão perpétua a que fora inicialmente condenado.

Já em 1973, o autor descreve a chegada dos mísseis terra-ar Strella e depois depõe sobre o controverso "I Congresso dos Combatentes do Ultramar". Para Otelo, os organizadores eram antigos oficiais milicianos com ideologia de extrema-direita que garantiam publicamente ao regime a entrega devotada dos oficiais das Forças Armadas à nobre missão de, através da continuidade da guerra colonial, assegurar a perenidade da Pátria. Os oficiais do quadro ter-se-ão apercebido da essência da manobra e reagiram. Almeida Bruno terá sido quem mais actividade desenvolveu, promovendo uma resposta concertada. Para os oficiais na Guiné já não subsistiam dúvidas que o Governo procurava tirar dividendos da "entusiástica adesão dos patrióticos combatentes do Ultramar". E escreve: "Enquanto em Lisboa Ramalho Eanes, Hugo dos Santos, Vasco Lourenço e outros encabeçavam um vasto movimento de protesto, eram recolhidas na Guiné 400 assinaturas de oficiais do QP com a mesma intenção, subscrito em primeiro lugar por oficiais possuidores das mais elevadas condecorações”. O autor inscreve estes acontecimentos num processo mais vasto de descontentamento das Forças Armadas que veio a ser ateado pelo Decreto-Lei nº 353/73, nova peça da bola de neve que irá conduzir à queda do regime.

Passando para outro campo de considerações, Otelo de Saraiva de Carvalho fala dos acontecimentos de Guileje, em Maio de 1973, quando o major Coutinho e Lima mandou evacuar o aquartelamento, para tal escrevendo: "Para o major Coutinho e Lima o motivo era suficientemente forte: incontável número de flagelações da artilharia inimiga tinha destruído quase por completo as instalações aquartelamento e o moral do pessoal. Apesar dos pedidos insistentes e aflitivos, o apoio aéreo não fora concedido, no receio de que a acção fosse um chamariz para o abate de mais alguns aviões. Ao ter notícia da evacuação, Spínola não viu outra alternativa senão ordenar a prisão de Coutinho e Lima e mandar instaurar-lhe um auto de corpo de delito por crime essencialmente militar de cobardia: abandono de praça militar ao inimigo". É neste contexto que surge Manuel Monge, graduado em major, foi sobre os seus ombros que caiu a responsabilidade de aguentar a tragédia de Gadamael.

Estamos praticamente no final na sua narrativa referente à Guiné. Marcelo Caetano decidira, em 1972, apoiar a nomeação de Américo Tomás para novo mandato. Spínola considerava que gozava de alguns apoios muito influentes do panorama político e financeiro português (Azeredo Perdigão, Jorge de Melo, Manuel Vinhas, António Champalimaud). Em Agosto de 1973, Spínola regressa a Portugal, é promovido a general de 4 estrelas e nomeado vice-chefe do EMGFA. Spínola mudara, observa o autor. Fizera um longo, longo percurso, fora administrador e colaborador do boletim da Legião Portuguesa, no início da carreira; baseado na sua experiência guineense, sentia-se agora apto a defender o federalismo para contornar uma guerra não susceptível de ter solução militar.

Em Setembro de 1973, Otelo Saraiva de Carvalho participa pela última vez numa reunião do Movimento de Capitães, em Bissau. E escreve: "Exactamente três meses depois da minha chegada a Bissau seguirei para a metrópole em fim comissão. Recebo a incumbência de, em Lisboa, de me integrar no Movimento e ser o porta-voz das preocupações que assaltam os camaradas no TO da Guiné". Preocupações que ele desenha num quadro de tintas carregadas: é previsível que o PAIGC irá proclamar a independência do território. Nas reuniões do Movimento dos Capitães em embrião já se debate o que irá mudar com essa independência reconhecida pela ONU. E escreve: ”O Governo Central não proporcionará às Forças Armadas no TO da Guiné qualquer apoio, provocando a sua derrota calculada para as transformar em bode expiatório da perda da colónia como acontecera antes com o Estado da Índia, e canalizar todo o esforço militar para a defesa de Angola.”

E tece o seu comentário sobre o que se estaria a passar na mente de Marcelo Caetano:” Em entrevista concedida por Marcelo Caetano no Brasil, em 1977, a um jornalista português, o antigo Presidente do Conselho confirma que tencionava na verdade provocar a queda da Guiné através de uma derrota militar para, salvando a face do regime, reforçar a todo o custo a defesa de Angola por tempo ilimitado. Não posso acreditar que Spínola não estivesse perfeitamente consciente de todo este drama. Considero, pelo contrário, que essa seria a razão fundamental que o teria levado a não regressar para concluir o sexto ano do seu mandato. Ele não poderia nunca, após mais de cinco anos de intensa actividade desenvolvida na Guiné e que era para si motivo de orgulho e honraria, transformar-se no comandante-chefe de umas Forças Armadas enxovalhadas e derrotadas em consequência da ineficácia do regime.”
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 3 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8209: Notas de leitura (235): O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois países, por Aristides Pereira (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P8229: Memória dos lugares (153): Cacine, ao tempo do Pel Rec Daimler 2049 e da CART 1692 (António J. Pereira Costa)

1. Mensagem do nosso camarada António José Pereira da Costa, em resposta ao poste P8227:


Data: 5 de Maio de 2011 23:1

Assunto: Pel Rec Daimler 2049


Boa noite Camaradas

Não me lembro do Júlio Dias, do Pel Rec Daimler [2049].


Lembro-me do Alferes dele: Couceiro Costa, do Porto.


O 2049 substituiu o Pel Rec Daimler 1136,  do Alf Pinheiro Torres, também do Porto, fur Gonçalves e o soldado Zé. Dos outros também não me lembro.


Cada pelotão tinha 1 Oficial, 1 Sgt, 6 soldados e 6 cabos. 

Já em 1969, o Couceiro Costa contou-me que a coluna para Cameconde foi emboscada e uma das Daimler accionou uma mina. A GMC da metralhadora pesada foi atingida por um RPG que matou o Alberto, da Companhia de Milícia 21. 

O furriel Isidro pertencia à [CART] 1692 (saíu do sector em Dezembro de 68) e accionou uma mina anti-pessoal, julgo que nas imediações do Porto Cantede. Ficou cego de um olho e sem três dedos. Foi num campo com 66 minas A/P PMD - 6, talvez em Set/Out 68. Foi evacuado e morreu no HM 241, com uma "doença de guerra": um úlcera fulminante que ninguém sabia que ele tinha nem o próprio.

Fiquei satisfeito por ter revisto a enfermaria do quartel mobilada à custa do desenrascanço da malta da ferrugem. Até tinha marquesa ginecológica feita com chapa de bidon e coberta com cobertor.

Vêem-se também os mangueiros gigantescos que havia perto da caserna e o "tapete" da entrada feito com garrafas de cerveja cheias de terra e enterradas de gargalo para baixo.

O fur Vilaça adoeceu e já não pertencia à CArt 1692 quando o Júlio chegou a Cacine.

Um Abraço do

António Costa

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Nota do editor:

Último poste da série >  20 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8138: Memória dos lugares (152): A cidade de Bissau em 1968/70: um roteiro (Carlos Pinheiro)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8228: Histórias e memórias de Belmiro Tavares (6): Testa de Ponte

1. O nosso camarada Belmiro Tavares, ex-Alf Mil da CCAÇ 675 (Quinhamel, Binta e Farim, 1964/66), enviou-nos em 4 de Maio a seguinte mensagem:

Testa de Ponte

O que hoje aqui vai ser narrado iniciou-se em fins Outubro de 1964 e prolongou-se até 6 de Novembro.

O mês estava acabar mas... lá diz o povo: - o rabo é o pior de esfolar.

Na manhã do dia 29 de Outubro, o comandante interino da C. Caç. 675 recebeu, via rádio, ordem para que um G. Comb. actuasse algures fora da nossa zona. Situação estranha! Era a primeira vez que tal nos acontecia!

O Cap. Tomé Pinto estava de férias na Metrópole; se ele estivesse ao serviço talvez tudo fosse diferente – digo eu.

Aquela ordem provocou um certo alvoroço e grande desconforto no comandante interino; este alferes, Artur Mendonça, de seu nome, era, de entre os subalternos, quem tinha menos experiência de mato. Naquela data, porém, com apenas quatro meses na quadrícula, não podia dizer-se que qualquer de nós fosse já “experimentado”.

O alferes Mendonça tinha comandado o pelotão de acompanhamento – armas pesadas. Ainda em Bissau este pelotão foi desmantelado: cada um dos outros pelotões recebeu três armas ditas pesadas; o alferes Mendonça ficou “livre”; passou a ter como missão principal a substituição dos outros oficiais nos seus impedimentos: doença, férias, etc. No dia-a-dia comandava os seus “black boys” (alguns soldados indígenas e uns tantos milícias) na segurança das viaturas durante as patrulhas no mato. Também montava umas emboscadas e não só nas mediações de Binta.

Recebida a citada mensagem, o alferes Mendonça reuniu de imediato com os outros subalternos (excepto o médico) para nos transmitir o conteúdo da mesma: uma operação de certa envergadura para reabrir a estrada Mansabá/Farim; a C. Cav. 487 actuava de norte para sul e a C. Art. 732 partia de Mansabá em direcção a Farim; a um G. Comb. da C. Caç. 675 cabia o papel de “testa de ponte” frente a Farim onde na verdade... não havia ponte alguma.

A missão era “proteger” o local onde a jangada devia encostar na margem esquerda do rio Cacheu e onde se iniciava a estrada para Mansabá. Havia ali uma rampa de betão onde a jangada encostava o que facilitava o desembarque de quem vinha para a margem sul, neste caso a C. Cav. 487.

O alferes Mendonça transmitiu o que sabia e imaginou o que não sabia, procurando “adoçar a pílula”. Depois de muita conversa (o alferes Mendonça, quando bem disposto, até falava pelos cotovelos) sem que ninguém se manifestasse, viu-se forçado a decidir como segue:

- Bom! Como sabes, Tavares, é a tua vez!

- Eu sei! Só esperei que concluísses!

Eu não sou voluntário para nada mas, quando chega a minha vez, estou sempre pronto. No entanto, dada a gravidade da situação – o assunto é sério – quero que fique bem claro o seguinte: se antes da minha partida para Farim, eu me aperceber que alguém no quartel – além de nós quatro – sabe par onde eu vou, eu não sairei; quem inadvertidamente der com a língua nos dentes terá de assumir as consequências do seu acto irreflectido!

Eu sabia por que agia deste modo!

Para nós aquela “guerra” não era nada do outro mundo; aparentemente seria menos complicada que algumas das nossas patrulhas ou batidas dentro da zona. A grande dificuldade era, sem dúvida, o desembarque; principalmente porque iríamos utilizar uma “barca” de quilha (quem se “quilhava” éramos nós) uma espécie de traineira velha que era o meio menos apropriado para aquele fim; era impróprio e inseguro quanto baste!

Acabada a reunião fiz o meu planeamento. Mais tarde, junto ao rio, reuni o meu pessoal e em poucas palavras transmiti o que nos esperava: três dias fora; munições para todas as armas em quantidade suficiente; equipamento individual para os três dias. Tratando-se dum desembarque, decidi quem seriam os primeiros a sair; alertei para as precauções individuais e as posições a ocupar no terreno, tomando sempre a estrada como eixo, até ao desembargue total.
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Choveram as perguntas mais variadas mas todos queriam saber qual era o local destinado.

A todos fui respondendo; para o fim ficou a resposta mais desejada:

- Quanto ao local para onde vamos, dou apenas uma dica e é absolutamente seguro que mais não direi – só posso adiantar que vamos rio abaixo... na direcção de Bigene; e nada mais posso acrescentar.

No dia seguinte, 30 de Outubro, à hora prevista, ancorou no “porto” de Binta um “imponente navio de guerra” que iria transportar-nos: uma pequena barcaça de madeira, creio que uma LP1, muito usada, que mais parecia uma traineira com alguns militares lá dentro... no lugar dos pescadores.

Quando embarquei, dirigi-me ao “comandante” da embarcação, - um cabo da Marinha – e transmiti-lhe:

- Quando todos os meus soldados estiverem embarcados, navegamos para jusante!

- Então não vamos para Farim?!

- Seguimos rio abaixo; na hora própria eu transmitirei novas ordens!

Tratava-se apenas duma manobra de diversão. Além disso eu não podia passar por mentiroso perante os meus soldados. Eu tinha-lhes dito que seguiríamos rio abaixo e assim teria de acontecer pelo menos durante uns minutos.

Quando dobrámos a primeira curva do rio, já fora das vistas de Binta, dei ordem para parar; cerca de meia hora mais tarde ordenei que rumássemos a Farim.

Todos – o meu G. Comb. e os apêndices – descemos ao porão; a barcaça passou de novo frente ao “porto” de Binta donde ninguém podia ver-nos. Passada a primeira curva a montante, saímos do porão para apreciar as margens do rio... sempre iguais.

A viagem durou várias horas; por estrada Binta e ficava a 16/17km de Farim; pelo rio era um pouco mais devido aos meandros.

Se a viagem fosse feita contra a maré (durante a Vazante) a barcaça... só faria barulho – fingia que andava mas... não se movia.

Aproveitei para relembrar aos meus soldados o papel a desempenhar por cada um ou cada grupo; dediquei especial atenção àqueles a quem cabia a parte de leão – os que desembarcavam em primeiro lugar e que tinham como objectivo montar os primeiros postos de defesa.

Chegámos a Farim já tarde; cerca da meia-noite iniciaram-se as manobras de “acostagem” que foram complicadas e demoradas. Desembarcar na margem lamacenta dum rio utilizando meios tão obtusos, tão disparatados, não cabia na cabeça de ninguém! E nós sabíamos que na Guiné havia umas tantas LDs, embarcações apropriadas para aquele fim e bem mais seguras.

A barca embateu umas tantas vezes na rampa de betão e outras tantas vezes fez marcha à ré procurando de novo o melhor local para encostar.

Perante tanta demora e tanto ruído do motor, alguns soldados ameaçaram lançar-se à água. Este alferes acalmou os mais acalorados, referindo:

- Tenham calma! Se eles estivessem ali já teriam disparado! Vamos esperar a possibilidade de desembarcar “a pé enxuto”. Não há necessidade de “tomar banho” a estas horas e passar o resto da noite com a roupa molhada.

Se tivesse havido fuga de informação... poderíamos não estar hoje a contar como tudo se passou! E os responsáveis, como de costume, perguntariam a um sobrevivente: – “Óh Zé! Perderam-se muitas armas?”

Esta pergunta foi feita por um oficial com responsabilidades a um comandante de pelotão que tinha assistido, desesperado, aterrorizado, incrédulo, impotente à morte de 8 soldados seus por afogamento ou levados por crocodilos nas temerosas correntes do Cacheu. Parece incrível... mas aconteceu!

Logo que a barcaça entrou no lado e encostou à terra firme iniciou-se o desembargue (fácil) pela ordem prevista sem barulho nem atropelos.

Ao lado da estrada, a poucos metros da água, havia um telheiro de dimensão razoável sob o qual “fizemos” o nosso quartel. Era um alpendre sem protecções laterais mas teve grande utilidade prática para nós.

De madrugada a C. Cav. 487 desembarcou em segurança e iniciou a sua guerra no Oio, interrompendo-a pouco depois do meio dia para almoçar, jantar e pernoitar em casa – boa guerra! Eu tive de lhes ceder numa secção... para reforçar a companhia! Aconteceu o mesmo nos dias seguintes.

A meio da manhã; o Sr. Ten. Cor. Fernando Cavaleiro honrou-nos com a sua visita. Ou não gostou de tudo o que viu ou entendeu inovar, como era usual. Pretendia mais um posto de sentinela junto ao tal barracão para vigiar a bolanha... às escuras. Defendi que por ali ninguém ousaria atacar; um lamaçal com mais de 2km era a nossa melhor defesa... difícil de transpor e onde não havia abrigos para a defesa pessoal no caso de o atacante ser detectado e atacado. Além disso eu não tinha pessoal suficiente para mais postos de sentinela... mas lá tive de instalar mais um... que desactivei, logo que o Ten. Cor. se ausentou.

Aproveitei a visita para pedir pessoal para “capinar” o terreno, principalmente a estrada. Ao início da tarde apareceram uns quantos indígenas que “desmataram” o terreno circundante.

A operação estava prevista para três dias; como os independentistas iam colocando novas abatises na estrada, a “guerra” prolongou-se por mais quatro dias – uma surpresa tão desagradável quanto imprevista!

Ultrapassada que foi a operação de desembargue, passámos a ter como “inimigos” principais: a escuridão da noite, o cacimbo que fazia baixar drasticamente a temperatura, os “colchões” de terra dura e mosquitos aos montes – não havia repelente que produzisse efeito! Crocodilos... nem vê-los!

Os inimigos, com espingardas, não nos incomodaram – iam fazendo a festa a mais de 5 km de distância com a C. Cav. 487 e a C. Art. 732.

A monotonia foi quebrada duas vezes:

a) No dia 1 de Novembro, o capelão do batalhão o Rev. Padre Gama não permitiu que passássemos o dia de todos os Santos sem missa. Apareceu munido do seu altar “portátil” que foi instalado sobre um caixote de medicamentos e um cunhete de munições. Só depois da missa nos apercebemos do que serviu de base ao altar.

b) no dia 5 de Novembro à noite, apareceu a C. Art. 732 que, a 5 km do local onde nos encontrávamos, sofreu duas fortíssimas emboscadas quase seguidas, cada qual a mais feroz, e que provocaram um morto e vários feridos.

Vinham de cabeça perdida... e o estômago a “dar horas”; oferecemos-lhes o nosso jantar e demos-lhes ânimo, para enfrentar outros dias difíceis que ainda iriam surgir durante a longa comissão. De manhã, pareciam outros!

Partiram para sul.

À tarde concluímos a nossa missão.

“Levantámos ferros” e seguimos na mesma LP1 que nos conduziria de novo até Binta.

Sete dias no Oio... a caçar gambozinos... ou pouco mais. É caso para dizer: “a montanha pariu um rato”.

Lisboa, Abril de 2011
Belmiro Tavares
Alf. Mil. da CCAÇ 675
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Nota do Editor:

Vd. o último poste desta série de 20 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7823: Histórias e memórias de Belmiro Tavares (5): Pedaços da vida dum bígamo...

Guiné 63/74 - P8227: Em busca de ... (160): Camaradas do Pel Rec Daimler 2049 (Cacine e Cameconde, Maio de 1968/Abril de 1970) (Júlio Dias, Sydney, Austrália)


Guine > Região de Tombali > Cacine > CCAÇ 3520, Estrelas do Sul (Cacine, Cameconde, Guileje, 1971/74) > "Hospital Central de Cacine”: todas as especialidades (incluindo partos)...



Foto: © Juvenal Candeias (2010). Direitos reservados.


1. Mensagem de Júlio Dias, com data de 5 do corrente:
 Assunto: Julio Dias - em Sydney

Camarada, Luís Graça 

Aqui vai o meu email - mais um ex-combatente da Guiné, Pelotão Daimler 2049 (Cacine Cameconde, 1968/70).

Procuro fervorosamente os meus antigos camaradas de pelotão. Vivo na Austrália e - deves recordar-te - falámos recentemente ao telefone. Sou mais um Camarada, ex-combatente da Guiné que quer ligar-se ao Blogue

Brevemente, mando-vos um mail com o meu pagamento de ingresso (mínimo): (i) duas fotos tipo passe (uma antiga e outra actual); (ii) + 1 história...

Sei que é importante registar-me, para me poder sentar à sombra do frondoso 
e fraterno poilão da nossa Tabanca Grande e poder participar no blogue, partilhando fotos e outras memórias.

Aqui fica a minha gratidão para com os autores e colaboradores deste Blogue. Bem hajam!

De Sydney, um grande abraço do,
Júlio Dias - ex-combatente da Guiné Bissau
Telemóvel: 0402216072

2. Comentário de L.G.:

Meu caro Júlio: Obrigado pelo teu e-mail. Falámos ao telefone durante mais de meia hora... Eram 9h15 da noite aí em Sydney... Deixa-me ver o que eu anotei a teu respeito:

(i) És natural de Arganil, um concelho que eu conheço, como turista, e que tem paisagens de cortar a respiração;

(ii) Fizeste 65 anos;

(iii) Estás na Austrália há 30; antes, estavas na Suiça, como emigrante...

(iv) És mecânico de automóveis... E foram os automóveis que te levaram à Austrália... Eras fã de Niki Lauda... Hoje coleccionas carros antigos.

(v) Antes disso, moraste perto de mim, em Benfica, junto ao Parque Florestal de Monsanto...

(vi)  A aventura da Guiné começou, segundo nem percebi em Maio de 1968... Eras condutor de uma autometralhadora Daimler... Pertencias ao Pel Rec 2049 (Cacine, Cameconde, Guileje, Gadamael, Maio de 1968/Abril de 1970). Julgo que também te conheciam por Jau. TTinhas, além disso, um irmão, Luciano Dias que também estava ou tinha estado na Guiné (em Catió).

(vii) Foste ferido em Novembro de 1968, numa emboscada, em Cacine... Nessa emboscada,  morreu o Fur Mil Isidro (segundo percebi, na explosão de uma mina).

(viii) O nosso Com-Chefe, na altura ainda brigadeiro, António Spínola foi-te visitar ao HM 241... E ter-te-á prometido: "Rapaz, já não vais mais para o mato"...

(ix) O resto é história para tu contares, aqui no blogue...

(x) E enquanto não chegam as fotos da praxe que estão prometidos, reforçamos aqui o teu pedido: "procuro camaradas do meu tempo, e se possível do meu Pel Rec Daimler 2049"...

Sê bem vindo a bordo, camarada!...

PS - Infelizmente não temos ninguém do teu Pel Rec 2049... Temos do Pel Rec 2046 que é da mesma altura (1968/70) mas estava sediado na Zona Leste, mais exactamente em Bambadinca [, vd. foto com o brasão, à esquerda], comandadado pelo nosso camarada e amigo Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav (mora em Matosinhos). Pode ser que entretanto conheças alguém, sendo malta de cavalaria: clica aqui.

Sobre os sítios por on andaste, temos muitas referências... Clica aqui:

Cacine  (mais de 50)
Cameconde (cerca de 20)
Guileje (mais de 315)
Gadamael (mais de 130)

[Procura também no Google > Imagens > Cacine]

Pelas rápidas pesquisas que fiz, no teu tempo, em Cacine, estava a CART 1692/BART 1914 (Esteve lá como Alferes QP, e portanto contigo, o nosso camarada António J.P. Costa).

O Fur Mil MA Isidro, que morreu, em 17 de Novembro de 1968, terá sido o Manuel Joaquim Mesquita Isidro dos Santos, natural de Benavente, e que pertencia justamente à CART 1692, segundo informação do portal Ultramar Terraweb.

Outro membro da nossa Tabanca Grande que pertenceu á CART 1692 e que esteve contigo em Cacine é o Augusto Vilaça. Contacta com ele.

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Nota do editor:

Último poste da série > 4 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8218: Em busca de ... (159): Camaradas da CCAÇ 4544 (Cafal Balanta, 1973/74) (Manuel Santos Antunes / Catarina Antunes)

Guiné 63/74 - P8226: Convívios (328): 13º Convívio da CCAÇ 2313 vai decorrer em 4 de Junho de 2011, Águeda (Manuel Moreira)





1. O nosso Camarada Manuel Vieira Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746 (Bissorã, Xime e Ponta do Inglês, 1967/69), enviou ao Luís Graça, em 2 de Maio, a seguinte mensagem.
Camarigo Luís,


A pedido de um conterrâneo meu, também ele um ex-Combatente na Guiné, envio-te o Programa do 13º Convívio da C.CAÇ.2313, para que seja divulgado no nosso blogue.

Um Abraço Amigo
Manuel Moreira
1.º Cabo Mec Auto da CART 1746

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Nota de MR:


Vd. último poste da série em:



5 de Maio de 2011 >
Guiné 63/74 - P8223: Convívios (322): 24.º Encontro do pessoal do BCAÇ 2879 (Guiné, 1969/71), dia 28 de Maio de 2011 em Pombal (Carlos Silva)

Guiné 63/74 - P8225: Portugalidade(s) (5): Sinais encontrados na Guiné-Bissau de hoje (José Teixeira)

1. Mensagem de José Teixeira* (ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), membro da Direcção da Tabanca Pequena, Grupo de Amigos da Guiné-Bissau (ONGD), com data de 3 de Maio de 2011:

Caros editores
Junto um artigo sobre a portugalidade que encontrei na Guiné-Bissau.
O texto já foi publicado na Tabanca de Matosinhos, mas creio que tem interesse ser divulgado pela Tabanca Grande.
Junto também uma foto minha para ser colocada nos temas escritos por mim para me identificar.

Abraço fraterno




Após umas horas de merecido repouso, na sequência de uma noite em viagem de Lisboa para Bissau*, eu e os meus filhos Joana e Tiago, deixamos o Bairro de Quelelé para uma visita à cidade histórica de Bissau.

O Antero, condutor da viatura que a AD nos disponibilizou para as nossas deslocações em Bissau que é um excelente conversador, fazia de cicerone, explicando-nos que estávamos a atravessar o bairro a que foi dado o nome de Bissau Novo, ainda no tempo do colonialismo. De repente ouvem-se os acordes do hino A Portuguesa ou seja o Hino de Portugal. Era o telemóvel do Antero que tocava accionado por alguém que lhe queria falar.

Exclama o Tiago: - Estou a ouvir o Hino de Portugal!

Diz-lhe o Antero um tanto atrapalhado: - Eu gosto muito de ouvir o hino nacional!?

E… deixou tocar para que pudéssemos saborear este momento de portugalidade.

Depois, timidamente pergunta; - Posso atender?

Várias vezes nesse dia e seguintes pudemos ouvir o “hino nacional” como o Antero tinha o prazer de lhe chamar.

A conversa foi então desviada para a sua meninice. Viera, muito pequeno, de Encheia com os pais e radicalizara-se ali no Bairro de Bissau Novo.

Manhã cedo corria para a Praça do Império e para o QG para ouvir o toque de hastear bandeira e comunicar com os militares portugueses. Sobretudo gostava de ao domingo ver a parada militar que se desenrolava na Praça do Império. Deste modo foi cultivando o seu sentido de filho de Portugal como os nossos políticos e militares de então tão bem semeavam.

Hoje, o seu maior prazer é ser condutor dos portugueses que vão a Bissau, comunicar, conversar, contar histórias da sua meninice. O seu herói é o tabanqueiro Nuno Rubim, o Capitão Fula, tão querido em Guiledje e grande dinamizador do Museu que se está a construir nesta Tabanca com objectivo de deixar aos vindouros um pouco da realidade histórica da guerra colonial ou da Independência que acabou por unir de forma indelével os combatentes de ambas as frentes.

Antero, o guineense que gosta de ouvir o Hino Nacional

No dia seguinte ao chegar a Mampatá Forreá, recebo um aperta-costelas bem apertado do Puto Reguila. Outro menino que parava à porta do quartel de Quebo (Aldeia Formosa). Transporta na sua mente um grupo de amigos, que nunca esquecerá, tais como o Lobo,  de Matosinhos,  e o Carmelita,  de Vila do Conde. É um gosto ouvi-lo cantar a Mariquinhas,  da Amália Rodrigues, com letra adaptada às colunas que se faziam de Aldeia Formosa para Buba e vice-versa. Mas tem muitas mais canções que ficaram gravadas na memória.

O Puto Reguila sempre pronto a cantar mais uma cantiga.



Andando mais um pouco, paramos em Faro Sadjuma para almoçar. Eis que a nossa anfitriã, a cozinheira do excelente petisco que saboreamos, ao ver a viola e o cavaquinho do Luís e do João Rebola, logo os desafia a tocarem o Malhão, que ela tão bem cantou. Claro que não nos fizemos rogados e logo ali o Eduardo Moutinho Santos demonstrou os seus dotes de cantor, formando-se uma tertúlia com a senhora aficana a dar o tom.

Ali mesmo, conhecemos a filha do já conhecido tocador de gaita-de-beiços, também chamada harmónica de boca, que se prontificou a ir a Medjo convidá-lo para se apresentar nessa noite em Iemberém para nos deliciar com as suas tocadas do Vira do Minho e outras músicas tradicionais dos ranchos folclóricos portugueses.

Em Faro Sadjuma cantou-se o malhão

Apareceu-nos no outro dia de manhã, a pedir “discurpa” por não ter vindo à noite, devido a falta de transporte. Foi de Medjo até Iemberém a pé, para nos ver e poder tocar as nossas músicas. Infelizmente, estávamos de abalada, pelo que tocou duas gaitadas e foi embora. Triste ficou, com certeza, porque estes tugas foram uns ingratos. Mandaram-lhe um convite e depois deixaram-no a tocar sozinho, quanto ele veio com tanto gosto, sabendo quanto é apreciado pela sua arte que não é mais nem menos que a arte que um camarada nosso levou para a Guiné. Por lá deixou a gaita, nas mãos o nosso tocador guineense que a guarda religiosamente na caixa de origem e cultiva os acordes que aprendeu com todo o carinho.

Foram estes, entre tantos outros, bocados de portugalidade, semeados por simples homens do povo, soldados de Portugal que demandaram às terras da Guiné, forçados pelas circunstâncias de um tempo em que os senhores deste nossos País, remando contra os ventos da história, sonhavam com um Portugal, uno e indivisível,  do Minho a Timor, quando lhes restava, historicamente, apenas o velho cantinho europeu.
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 30 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8186: Missão na Guiné no século XXI (José Teixeira)

Último poste da série > 15 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7789: Portugalidade(s) (4): Os nossos mútuos estereótipos lusófonos (Cherno Baldé / Antº Rosinha)

Guiné 63/74 - P8224: Agenda cultural (119): Sessão de autógrafos de José Brás, autor do romance Lugares de Passagem, dia 7 de Maio de 2011, na Feira do Livro de Lisboa - Stand Chiado Editora

CONVITE

PARA A SESSÃO DE AUTÓGRAFOS COM O NOSSO CAMARADA JOSÉ BRÁS, AUTOR DO ROMANCE LUGARES DE PASSAGEM, DIA 7 DE MAIO PELAS 17 HORAS NA FEIRA DO LIVRO DE LISBOA - STAND CHIADO EDITORA


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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 4 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8219: Agenda cultural (118): Quem vai à guerra, de Marta Pessoa (Portugal, 2011, Documentário, 130' )... A guerra no feminino... Indie Lisboa 11 (8º Festival Internacional de Cinema Independente) - Lisboa, Culturgest, 13 de Maio, 6ª F, 21h30

Guiné 63/74 - P8223: Convívios (327): 24.º Encontro do pessoal do BCAÇ 2879 (Guiné, 1969/71), dia 28 de Maio de 2011 em Pombal (Carlos Silva)

24.º ENCONTRO DO PESSOAL DO BCAÇ 2879 (GUINÉ 1969/71), NO 40.º ANIVERSÁRIO DA SUA CHEGADA, DIA 28 DE MAIO NO RESTAURANTE MANJAR DO MARQUÊS - POMBAL



PROGRAMA

Hora de chegada - Concentração e cavaqueira no parque do Restaurante
12h 30 - Serão servidos os aperitivos no espaço apropriado
13h 30m - Almoço


EMENTA

APERITIVOS: Pão, presunto ibérico, frutos secos martin, whisky, gin, vinho verde, águas, sumos.
ENTRADAS – Serviço à mesa : rissóis, croquetes, orelheira de coentrada, salada de feijão-frade, chamuças, pastéis de bacalhau, filetes de pescada. Acompanha com arroz de tomate
CARNE: Rojões com migas e morcela
SOBREMESA: Salada de frutas e leite creme queimado
BEBIDAS: Vinho tinto, Branco, Verde, águas, sumos, digestivos, café.
FINAL: Bolo do Batalhão acompanhado de espumante

Preço por pessoa: 25,00 € - crianças dos 5 aos 10 anos 12,00 €

CONFIRMAÇÕES ATÉ AO DIA 26 DE MAIO DE 2011

Agradecemos uma rápida resposta, devolvendo o talão destacável com o vale postal ou cheque, para qualquer dos camaradas indicados no verso, uma vez que temos de confirmar as presenças no restaurante com a devida antecedência e....! porque a rapaziada da organização também quer conviver.

NB: - A confirmação é obrigatória até à data indicada, devido à característica da ementa.
Quem aparecer de “pára-quedas“ no próprio dia, sujeita-se às consequências.


CONTACTOS

Manuel Augusto da Silva Mota [CCS]
Rua Júlio Dinis, 36 1º Esqº
3700 S. João da Madeira
Telef: 256 831 341 casa 256 828 777
Telem. 917 784 037 - 917 184 836

Carlos José Pereira da Silva [CCaç 2548]
Rua de Timor, 2 R/c Dto - 1170-372 Lisboa
Telef: 21 815 2897; Fax: 21 815 3470, escritório
Telem. 966 651 820
e-mail: carsilva.advogado@gmail.com

Jorge Pinheiro Silva Fernandes [CCaç 2547]
Rua D. Bernardo Holstein Beck, 1
2925 Vila Nogueira de Azeitão
Telef. 210 803 314 / 916 054 415

David Gonçalves de Oliveira [CCaç 2549]
Urb. Portela, Lt. 65, 9º Dto.
2685 Sacavém
Telem. 914 107 731

OBS: - O Restaurante fica próximo das bombas da REPSOL à saída de Pombal, no sentido Pombal>Porto

NOTA: - A ementa também está colocada no meu site: www.carlosilva-guine.com

Nome:..............................................
Morada:...........................................
Cód. Postal .................... Localidade.................................
Telef............................../............................... Telemóvel........................................ Fax......................
Nº Companhia....................... nº de pessoas.......
Vale postal ou cheque [ cruzado ] nº...............................em nome de Carlos José Pereira da Silva

 [Texto e fotos de Carlos Silva]
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 4 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8217: Convívios (321): 17º Encontro do Pessoal de Bambadinca, 1968/71, em Coimbra, 21 de Maio: Em busca de alguns "desenfiados" (António Murta)

Guiné 63/74 - P8222: Os nossos camaradas guineenses (30): Cherno Baldé, 4º Gr Comb, 1ª Secção (Comandada originalmente pelo Fur Mil At Inf Joaquim A. M Fernandes), Sold, Ap Metr Lig HK 21, nº mecanográfico 82115269, fula... O mesmo que terá abatido em finais de 1972 o comandante de bigrupo Mário Mendes

 Sonhei com Portugal
por José Carlos Suleimane Baldé


Era uma noite,
calma,
serena!
Um ambiente bem silencioso!
Vejo os céus de Portugal.
Alguém disse:
- Levanta a cabeça!
Nos céus sem nuvens
vi variadíssimas estrelas
que nunca vira antes!
De repente soou um grito,
dizendo:
- Não tenhas medo,
que aqui é Portugal!

[ Revisão / fixação de texto: L.G.]



1. Divulguei há dias os nomes de alguns camaradas guineenses que pertenceram à CCAÇ 12, do meu tempo (Contuboel e Bambadinca, Maio de 1969/Março de 1971), e que felizmente ainda estão vivos.  Não sei se ainda sonham com Portugal,  como o Zé Carlos Suleimane Baldé, autor do poema acima reproduzido...

A maior partes deles, tal como o Zé Carlos,  integrou o 4º Gr Comb, que era comandado pelo Alf Mil Cav António Rodrigues (já falecido), bem como pelos Fur Mil At Inf Joaquim Fernandes e António Fernando Marques, estes ainda vivinhos da costa e membros da nossa Tabanca Grande, embora com marcas (físicas) de guerra para sempre... 

Este foi também o Gr Comb a que eu, pião das nicas (como me chamava o meu capitão)estive mais emocionalmente ligado durante a minha comissão...

Um dos nomes da lista que me chamou mais a atenção foi o do Cherno Baldé... Só pode ser ele, o do 4º Gr Comb, 1ª Secção (Comandada originalmente pelo Fur Mil At Inf Joaquim A. M Fernandes), Sold, Ap Metr Lig HK 21, nº mecanográfico 82115269, fula... 

2. Há tempos perguntava por ele, num comentário ao poste Poste P5909, nestes termos: 

A propósito da informação dada pelo António Duarte [da 3ª geração de quadros metropolitanos da CCAÇ 12, a de 1973/74} e confirmada pelo Joaquim Mexia Alves (que privou muito com a malta da CCAÇ 12, sendo amigo do Cap Bordalo), foi o Apontador de Metralhadora HK 21, do 4º Gr Comb, quem abateu o Mário Mendes, chefe do bigrupo de Baio / Buruntoni, em finais de 1972, para lá de Madina Colhido.

No meu tempo, esse apontador era o Cherno Baldé, de etnia fula, pertencente à 1ª secção (originalmente comandada pelo Fur Mil Joaquim Fernandes, o nosso engenheiro, que depois ficou afecto à equipa de reordenamento de Nhabijões, e foi ferido numa mina em 13 de Janeiro de 1971).

O que será feito do Cherno Baldé ? É vivo, está morto ? Em 13 de Janeiro de 1971, foi um dos feridos (embora não tenha sido evacuado para Bissau) na 2ª mina A/C em que caímos todos, eu, o Marques e mais duas secções do 4º Gr Comb, à saída do reordenamento de Nhabijões. 


Agora sei/sabemos que está vivo, e sei/sabemos  onde mora... Não estará seguramente bem. Nem sei se estará inteiramente seguro... Mas espero bem que os irmãos guineenses tenham definitivamente feito as pazes e o luto... pela guerra de 1963/74, ou 1961/74, ou 1959/80 (é indiferente saber quando começou e quando terminou exactamente; das guerras sabe-se quando começam, nunca quando acabam...).

Meio século volvido, todas as dívidas (mesmo  as de sangue e de honra) prescreveram naturalmente... Meio século é mais do que a esperança média de vida de um africano em Áfrioca... Meio século depois, só nos resta saber contar (e saber ouvir) as velhas histórias,  de medo e de coragem, dos cabras, dos guerreiros, tugas, fulas, balantas, beafadas e mandingas..., que durante anos se espreitavam uns aos outros, por detrás dos grossos bissilões das florestas-galerias da bacia hidrográfica do Geba e do Corubal, armados de G3, uns, de Kalash, outros... Hoje, se se encontrassem de novo, seria apenas para beber uma bejeca ou um sumo de manga na tasca do Zé Maria em Bambadinca... (que já não existem, nem a tasca do Zé Maria nem a Bambadinca do nosso tempo).

Cherno, ficamos a velar por ti! (LG)






Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Sector de Bambadinca > Amedalai > Novembro de 2010 > "Estamos em Amedalai e alguém que se apresenta como José Carlos Suleimane Balbé [ex-1º Cabo, CCA>Ç 12, 1969/74] , pede para ser fotografado. Ei-lo, [ao meio], ladeado por Samba Baldé (Samba Gebo) e Madiu Colubali. O fundo é dado por membros da família de Mamadu Djau". À despedida, o Zé Carlos levou o Beja Santos à sua morança, para lhe mostrar a bandeira portuguesa que ele tem bem guardada num armário, afixada, com muito orgulho...


Foto (e legenda): © Mário Beja Santos (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. 

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Nota do editor:


Guiné 63/74 - P8221: Resumo da actividade do BCAÇ 3833 (1971/73) (4): CCAÇ 3308 - Có (Augusto Silva Santos)



1. Continuação da publicação do resumo dos Factos e Feitos do BCAÇ 3833, enviado pelo nosso camarada Augusto Silva Santos (ex-Fur Mil da CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73, em mensagem do dia 21 de Abril de 2011:


Historial/Resumo do que foi a actividade do BCAÇ 3833 (4)

CCAÇ 3308 - Có








OBS: - Clicar nas imagens para ampliar
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 4 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8215: Resumo da actividade do BCAÇ 3833 (1971/73) (3): CCAÇ 3307 - Pelundo (Augusto Silva Santos)

Guiné 63/74 - P8220: Parabéns a você (256): Joaquim Gomes Soares, ex-1.º Cabo, CCAÇ 2317/BCAÇ 2835 (Tertúlia / Editores)


PARABÉNS A VOCÊ

05 DE MAIO DE 2011


NESTE DIA DE FESTA, A TERTÚLIA E OS EDITORES VÊM DESEJAR AO NOSSO CAMARADA ANIVERSARIANTE, JOAQUIM GOMES SOARES, AS MAIORES FELICIDADES E UMA LONGA VIDA COM SAÚDE JUNTO DE SUA FAMÍLIA E AMIGOS.

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Notas de CV:

Joaquim Gomes Soares foi 1.º Cabo na CCAÇ 2317 / BCAÇ 2835 que esteve em Gandembel / Ponte Balana nos anos de 1968/70.

Vd. último poste da série de 4 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8214: Parabéns a você (255): José Martins Rodrigues, ex-1.º Cabo Enf. da CART 2716/BART 2917 (Tertúlia / Editores)

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8219: Agenda cultural (118): Quem vai à guerra, de Marta Pessoa (Portugal, 2011, Documentário, 130' )... A guerra no feminino... Indie Lisboa 11 (8º Festival Internacional de Cinema Independente) - Lisboa, Culturgest, 13 de Maio, 6ª feira, 21h30



Página na Net do  Indie Lisboa 11 -  8º Festival Internacional de Cinema Independente, que começa amanhã em Lisboa e vai até ao dia 15 do corrente. No dia 13, 6ª feira, será a estreia do documentário de 2h e 10' Quem Vai à Guerra, da autoria de Marta Pessoa (Portugal, 2011). A guerra contada no feminino... Entre outras participações, destaque para a nossa camarada Giselda Pessoa e a nossa amiga Maria Alice Carneiro. Ver aqui, no Sapo Notícias,  um vídeo com as declarações da realizadora (filha de um militar de carreira, que também esteve na Guiné). Marta Pessoa é também autora do recente documentário Lisboa Domiciliária ( estreado do LisboaDoc 2010).

Quem Vai à Guerra
Who Goes To War
Marta Pessoa [vd. igualmente página no Facebook: foto de perfil à direita]
Exibições: 13 Maio, 21:30, Culturgest, Grande Auditório
Secções: Sessão Especial
Documentário, Portugal 2011, 130', Documentário

Fotografia: Inês Carvalho 
Som: João Eleutério, Paulo Abelho, Rodolfo Correia 
Montagem: Rita Palma 

Produtor: Rui Simões 
Produção: Real Ficção

Com: Ana Maria Gomes, Anabela Oliveira, Aura Teles, Beatriz Neto, Clementina Rebanda, Conceição Cristino, Conceição Silva, Cristina Silva, Ercília Pedro, Fernanda Cota, Giselda Pessoa, Isilda Alves, Júlia Lemos, Lucília Costa, Manuela Castelo, Manuela Mendes, Margarida Simão, Maria Alice Carneiro, Maria Arminda Santos, Maria Augusta Filipe, Maria De Lourdes Costa 

[Diz-me o Miguel Pessoa o seguinte:

Identifico as seguintes enfermeiras pára-quedistas ali mencionadas:Aura Teles, Cristina Silva, Ercília Pedro, Júlia Lemos e Maria Arminda Santos. Além destas, pelo menos a Natércia e a Rosa Serra também foram contactadas e suponho que deram depoimentos]. 

[A realizadora também confirma, em comentário a este poste:  

Caro Luís Graça,
Obrigada pelo destaque aqui no blog. Por serem muitos os testemunhos, no programa do festival apenas aparecem os nomes (por ordem alfabética) das primeiras senhoras. De fora dessa lista (mas dentro do filme) ficaram, entre outras, as enfermeiras pára-quedistas Maria Cristina Silva, Natércia Neves e Rosa Serra. Até breve, Marta Pessoa]. 

[Ver aqui um excerto, disponível no You Tube, com o depoimento das nossas camaradas enfermeiras pára-quedistas]
Sinopse: Entre 1961 e 1974, milhares de homens foram mobilizados e enviados para Angola, Moçambique e Guiné-Bissau para combater numa longa e mal assumida guerra colonial. Passados 50 anos desde o seu início a guerra é, ainda hoje, um assunto delicado e hermético, apoiado por um discurso exclusivamente masculino, como se a guerra só aos ex-combatentes pertencesse e só a eles afectasse. No entanto, quando um país está em guerra, será que fica alguém de fora? 
Quem vai à Guerra é um filme de guerra de uma geração, contada por quem ficou à espera, por quem quis voluntariamente ir ao lado e por quem foi socorrer os soldados às frentes de batalha. Um discurso feminino sobre a guerra. (Marta Pessoa)

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Nota do editor:

Último poste da série >  2 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8200: Agenda Cultural (117): Início, no próximo dia 6, do ciclo de conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar, 1961-1974: história e memórias(s), organizado pela Universidade dos Açores (Carlos Cordeiro)