sexta-feira, 8 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11213: Memória dos lugares (222): Olossato, anos 60, no princípio era assim (7) (José Augusto Ribeiro)

1. Sétima série de fotos do Olossato que o nosso camarada José Augusto Ribeiro (ex-Fur Mil da CART 566, Cabo Verde (Ilha do Sal,  Outubro de 1963 a Julho de 196464) e Guiné (Olossato) (Julho de 1964 a Outubro de 1965), nos enviou em mensagem do dia 13 de Fevereiro de 2013.


MEMÓRIA DOS LUGARES

OLOSSATO - O princípio (7)



Olossato > Crianças refugiadas

Olossato > duas bajudas locais

Olossato > Lavadeira

Mulher no seu trabalho nos arredores do Olossato

Passagem por uma tabanca no mato

Algures no mato da Guiné

Olossato > Grupo de bajudas

Olossato > Um passeio pela tabanca dos refugiados

Uma lavadeira dos militares

CART 566 - Compahia completa

Fotografia aérea de uma tabanca

Olossato > Ceia de Natal de 1964

A Tróia de que todos gostavam

Regresso de uma operação, acompanhados de bons bifes

Fotos: © José Augusto Ribeiro (2013). Direitos reservados
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Nota do editor

Vd. poste anterior de 28 de Fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11171: Memória dos lugares (219): Olossato, anos 60, no princípio era assim (6) (José Augusto Ribeiro)

Vd. último poste da série de 4 de Março de 2013 > Guiné 63/74 - P11191: Memória dos lugares (221): Gandembel: fotos de 1968 (Idálio Reis), 2008 (Luís Graça) e 2011 (Carlos Afeitos) (Parte II)

Guiné 63/74 - P11212: Blogpoesia (325): No dia Internacional da Mulher, um poema dedicado à minha irmã, à mulher africana e a todas as mulheres do mundo (Cherno Baldé)

1. Mensagem do nosso irmão guineense Cherno Baldé, com data de 8 de Março de 2013:

Caros amigos Luís e Carlos Vinhal,
Com os mais respeitosos cumprimentos a todos os Editores e Grã-Tabanqueiros da nossa bela e hospitaleira Tabanca Grande, envio algum material tirado do baú do meu tempo de estudante que pomposamente intitulei de poemas de juventude.

Claro que não custa muito adivinhar d´onde vem a inspiração.

Por ocasião do dia 8 de Março que será celebrado amanhã em todo o mundo, num dos ficheiros poderão encontrar um poema dedicado à minha irmã, à mulher africana e, de certa forma, à todas as mulheres do mundo que trabalham e lutam diariamente para um mundo mais justo e equilibrado e onde o respeito pela dignidade humana de todos os membros da sociedade não será um simples slogan politico.

Também aproveito esta abertura para vos enviar outros poemas que poderão sempre publicar quando houver disponibilidade e interesse em o fazer.

Um grande abraço,
Cherno Baldé



DOS POEMAS DE JUVENTUDE DE CHERNO BALDÉ:


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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 7 de Março de 2013 > Guiné 63/74 - P11209: Blogpoesia (324): Sinopse Lúdico-Histórica da CCAÇ 2444 (João Rebola)

Guiné 63/74 - P11211: Notas de leitura (463): Lilison di Kinara, um artista de quem aqui não se fala; Liberdade ou Evasão de António Lobato (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Março de 2013:

Queridos amigos,
Mestre Braima Galissá pediu-me colaboração na elaboração de uma brochura sobre o korá.
Dentro da bibliografia que pôs à minha disposição, vem este belíssimo atlas, de que eu nunca tinha ouvido falar, é uma preciosidade, estou certo que a sua divulgação junto dos guineenses de Bissau e os que aqui vivem seria um excelente estimulante que levasse à constituição de grupos musicais com base nos instrumentos tradicionais, como o balafon e bombolom.
A Casa da Guiné tem procurado dar o seu contributo, mas falta o dinheiro.
Este livro merecia ser reeditado como instrumento exemplar da multiculturalidade.

Um abraço do
Mário


Um artista de quem aqui não se fala: Lilison di Kinara

Beja Santos

Numa tentativa de encontrar mais elementos sobre o korá, fui até à biblioteca da Gulbenkian, mexi em muitos ficheiros, quase que fiz perder a paciência a vários funcionários, nada de korá mas duas surpresas me foram oferecidas: saber que existe um artista guineense polivalente, Lilison di Kinara, e andei às voltas com um livro magnífico, “Escultores e Objetos Decorados da Guiné Portuguesa no Museu de Etnologia do Ultramar”, por Fernando Galhano, edição da Junta de Investigações do Ultramar, 1971.

Lilison di Kinara aparece numa coletiva lusófona na Galeria Municipal Gymnásio, 2003. A sua ficha curricular é motivo de assombro. Nasceu em Bolama, de 1977 a 1980 cursou grafismo, fotografia, serigrafia, xilogravura e escultura em Bissau; bolseiro da UNICEF, foi para Turim, em 1984; outro curso em Montreal, no Canadá onde também estagiou em televisão; bolseiro do Québec, realizou um seminário para jovens artistas plásticos guineenses, em Bissau, a partir daí o seu nome aparece sempre ligado a Montreal. Tem exposições individuais em Portugal, Guiné-Bissau e Canadá.

O seu nome verdadeiro é Januário Cordeiro, é músico e cantor. A sua música está inspirada nos ritmos locais da Guiné-Bissau. No Canadá dá espetáculos e edita em disco, acompanhado por guitarra. Os interessados encontrarão muitos elementos sobre Lilison de Kinara na internet. Chama-se particularmente a atenção para o visionamento do site: http://www.roymaj.com/pages/sectionphoto/artiste_lilison_dikinara.html bem como se reproduz um desenho de uma obra patente na exposição de Lisboa de Agosto de 2003.

O livro de Fernando Galhano é uma preciosidade gráfica, os objetos escultóricos são desenhados com esmero, reproduzem-se uma máscara da VACA BRUTO, obra plástica de artista bijagó, trata-se de uma cabeça de vaca, de madeira, pintada a preto, branco e vermelho. É de notar a parte que representa o cachaço ligado à cabeça por amarrações de fibras vegetais. E temos a escultura cultual Nhinte-Kamachol, talvez a obra mais requintada da arte Nalu, foi com muita satisfação que reproduzi na capa do meu livro “Mulher Grande”, uma escultura deste pássaro que afugenta os maus espíritos. O acervo do Museu Nacional de Etnologia alberga peças belíssimas da arte guineense, tal como a Sociedade de Geografia de Lisboa.




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Liberdade ou evasão: 
O mais longo cativeiro da guerra do Ultramar

Beja Santos

A seu tempo se fez uma recensão sobre um livro que tem conhecido notoriedade. A DG Edições publicou em 2011 a 4ª edição, aumentada, do livro de memórias de António Lobato, cujo avião se despenhou na região de Tombali em 22 de Maio de 1963, foi capturado, ferido e levado para a prisão de Kindia, na República da Guiné Conacri. Para além da importância de um depoimento de alguém que se recusou trair a Pátria, o texto do então sargento Lobato é de importância obrigatória para quem estuda a guerra da Guiné. Nele encontramos observações sobre a criação da Base Aérea nº 12, os primeiros seis meses de operações com aviões e o estado da evolução da guerrilha logo nos primeiros meses do conflito armado.

Libertado em Novembro de 1970, António Lobato reingressou na Força Aérea em 1971, tendo sido promovido por distinção. Entre 1971 e 1980 concluiu o curso de Estado-Maior na Escola Superior da Força Aérea. Passou à situação de reserva em 1981. O post-scriptum desta edição passa em revista o trabalho de António Lobato em Cabo Verde, a sua participação no 25 de Novembro e a sua visita à Guiné em 1999 e o seu encontro com Nino a quem ele muito provavelmente deve a vida, como ele escreve: “Apesar de ser do conhecimento público que o exercício do poder pelo ex-Presidente se caraterizou por uma certa violência, não pude evitar o sentimento de uma espécie de solidariedade para com ele – afinal, só estou vivo porque o chefe guerrilheiro “Kabi Nafantchamna” assim o quis há cerca de 47 anos. Ao ler uma das suas primeiras entrevistas à imprensa portuguesa, já exilado, não posso evitar uma reação espontânea de emotividade: Nino Vieira inclui-me na sua lista de amigos em Portugal”.

Caso não encontre o livro nas livrarias, sugere-se o contacto com a DG Edições ao cuidado de Daniel Gouveia, 933573704, email: daniel.gouveia2@gmail.com ou o site: danielgouveia.com.sapo.pt.
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 6 de Março de 2013 > Guiné 63/74 - P11200: Notas de leitura (462): Rosa no Pais das Flores da Luta, por Maria do Céu Mascarenhas (Francisco Henriques da Silva)

Guiné 63/74 - P11210: Parabéns a você (543): António Marques Lopes, Coronel DFA Reformado, ex-Alf Mil da CCAÇ 1690 (Guiné, 1967/69)

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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 27 de Fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11161: Parabéns a você (542): Luís R. Moreira, ex-Alf Mil Sap da CCS/BART 2917 e BENG 447 (Guiné, 1970/71)

quinta-feira, 7 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11209: Blogpoesia (324): Sinopse Lúdico-Histórica da CCAÇ 2444 (João Rebola)

1. Mensagem do nosso camarada João Rebola* (ex-Fur Mil da CCAÇ 2444, Cacheu, Bissorã e Binar, 1968/70), com data de 28 de Fevereiro de 2013:

Olá, Carlos Vinhal
O doc. que te envio para publicação foi escrito 25 anos depois de termos chegado da Guiné.
Na altura, ainda éramos muitos, só graduados e alguns elementos (poucos) da CCS, já que os operacionais, todos açorianos, ficaram em S. Miguel.
Neste momento, já se contam pelos dedos das mãos!
Estas quadras, dirigidas aos homens da 2444, mas que sofreram alguns retoques, vão também para todos aqueles que passaram pela Guiné e principalmente aos que estiveram nos locais, nelas referidos.
"Não se vive para recordar, mas só recorda quem vive"
Se for possível a publicação integral do mesmo, agradeço.

Aceita "manga de mantenhas".
João Rebola




SINOPSE LÚDICO-HISTÓRICA DA CÇAÇ 2444

Quando em Abril de 68
Para os Açores embarcámos,
Sem de nada sabermos
Já estávamos tramados.

Pouco tempo durou o sonho
De aí cumprirmos a comissão,
Já que a O.S. 107 de 8 de Maio
Desvaneceu a nossa ilusão.

Depois de 4 meses de boa estada
Com uma vivência assaz querida,
Aquelas lindas terras deixámos
Em direcção a Stª. Margarida

Aqui fizemos o I A O
De dia, em instrução,
À noite, em fados e bebedeiras
Que bom, aquelas brincadeiras.

Assim fomos queimando as horas
Esperando a dolorosa partida.
E a 9 de Novembro, pela calada da noite
Deixámos o quartel de Stª. Margarida.

Ao cais do Conde d’Óbidos chegámos
Numa viagem afadigada mas triunfante,
Com o Uíge, por nós esperando
Para nos levar a terras do Infante.

Eis chegado o momento do adeus
Para sempre, talvez, até breve, pensámos.
Fez-se ao mar o monstro de madeira
E de nossos olhos, lágrimas brotámos.

Foi linda a viagem, mas de alegria contida
Pois o bom nunca se espera, só o mau.
E ao fim de 6 dias, escalando ainda o Funchal
À Guiné chegámos, ao porto de Bissau.

Para o cais fomos levados
E muito saudados pelos de lá.
Mas rapidamente se apressaram
A transportarem-nos para Brá.

Ali permanecemos algum tempo
Depois para os Adidos enviados.
Com o futuro, ainda desconhecido
E dia a dia cada vez mais chateados.

Tinha-se o sono apoderado de nós
Quando, de súbito, fomos acordados.
Depressa nos vestimos e aprontámos
E para Bula fomos levados.

Ali começámos a preparação bélica
Com os “velhinhos” do batalhão.
Patrulhando de dia, à noite, emboscando
Mas que destino agora nos darão?

Có, palavra terrível
Pela estrada do Vietnam, assim conhecida
Para lá seguimos com o coração nas mãos
Pedindo protecção à Virgem, mãe querida.

Durante 2 meses ali permanecemos,
Dormindo em tendas e abrigos escavando.
Mas, por ironia, após a nossa saída
O Vargas Cardoso logo os foi tapando

Apenas num dia de desmatação
Perto de nós, morteiradas caíram.
Mas os bravos da 2444
Entreolharam-se e até sorriram.

Estava o Janeiro a terminar
Para o Cacheu fomos transferidos.
Continuámos a nossa epopeia
Com mortos e muitos feridos.

Dia 6, data fatídica, mês de Fevereiro,
Aziago e de muita má lembrança,
Que retirou do mundo algumas vidas
Plenas de vida e esperança.

Recordem, amigos, do local o seu nome
Que, de repente, desfez sonhos e não só
Deixando para sempre tristeza, luto e dor
Aquela operação insidiosa, em Capó

Mas a esperança iria renascer
Com a ida para Bissorã, bela localidade
E assim esquecemos um pouco o mato
Ou não estivéssemos numa “ cidade”

Mas ao longo de 14 meses lá passados
Nem tudo foi bom ou de alegria
Já que além de mais feridos
Em Encheia, mais alguém jazia

Recordo, nostálgico, aquela “cidade”
De fulas, mandingas e balantas
Dos passeios de mota, cinema, petiscos e fados
E bailes com belas “bajudas” até às tantas

Aproximava-se o fim da comissão
Ao Olossato fomos “parar”
Para grande operação no Morés
E a boa disposição iria acabar

Regressados a Bissorã, 2 semanas depois
Cansados de tanto emboscar
Para nosso grande espanto
A Binar, fomos “esbarrar”

Nunca soubemos bem o porquê
Mas lá partimos para outro “terreiro”
Deixando em Bissorã imensas saudades
Mas sem saudades do Polidoro Monteiro

Finalmente abandonámos o mato
Já era tempo de a Bissau regressar
Aguardando a vinda do Carvalho Araújo
Para Portugal embarcar

A 20 de Agosto de 70
Para os Açores começámos a navegar
Passando ainda por Cabo Verde
Para mais tropa transportar

Eis-nos chegados a Ponta Delgada
Que com palmas e lágrimas nos recebeu
Marchando por ruas entapetadas com flores
Pois foi assim que a população nos acolheu

Aqui permanecemos 3 dias
Antes de nos fazermos ao mar
E a 3 de Setembro de 70
A Lisboa estávamos a chegar

Não esqueço os companheiros
Que as balas fizeram tombar
Em mim permanecerão sempre vivos
Enquanto viver e sonhar

Meus amigos, a vida é mesmo assim
A morte não escolhe nomes nem idades
Tudo o que aqui escrevi e lerdes
Não são mentiras, são verdades.

João Rebola
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 3 de Março de 2013 > Guiné 63/74 - P11183: Blogpoesia (323): É um pássaro, diz ela. De areia. Ferido de morte (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P11208: Álbum fotográfico de Abílio Pimentel (ex-fur mil, CCAÇ 2617, Os Magriços do Guileje, Pirada e Guileje, 1969/71) (Parte I)




Foto nº 128 > "O marco do correio"


Foto nº 127 - S/l


Foto s/nº - A bela... Fatumata




Foto s/ nº - "Fora do quartel1"



Foto s/ nº - "Fora do quartel4"



Foto s/ nº - "População 2"




Foto s/ nº - "População 4"... O Abílio Pimentel com um belo exemplar de um felino, um leopardo (panthera pardus), possivelmente abatido por uma caçador local.  Não confundir com a onça, que é um felino sul-americano...


Foto: Leopardo, Parque Nacional do  Serengeti, Tanzânia, 2007-02-13 18:08. Dimensões: 1536×2048×8 (711868 bytes). Autor: Jan Erkamp. Imagem do domínio público. Cortesia de Wikipedia.


Guine > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 2617, Os Magriços do Guileje, Março de 1970 / Fevereiro de 1971..  O elemento que aparece em todas as fotos é o Abílio Pimentel, ex-fur mil... Estas fotos fazem parte do seu álbum (cerca de 35 imagens, a cores e a preto e branco, disponibilizadas pelo autor, ou alguém por ele,  ao nosso amigo Pepito, no âmbito do projeto  Núcleo Museológico Memória de Guiledje; sem legendas ou fracamente legendadas).

O nome completo do nome é Abílio Alberto Pimentel Assunção. Sei que vive (ou vivia no Seixal), mas não tenho nenhum contacto dele. Espero que nos leia e nos dê notícias. O único "magriço do Guileje" que faz parte da nossa Tabanca Grande é o José Crisóstomo Lucas, ex-af mil op esp.

Fotos: © Abílio Pimentel (2006) / AD - Acção para o Desenvolvimento. Todos os direitos reservados [Fotos editadas por L.G.]

Esta companhia passou por Pirada, na zona leste, antes de ser colocada em Guileje. As unidades sediadas em Guilele, por ordem cronológica (1964/73) (com o respectivo elemento de ligação à ONG AD, do nosso amigo Pepito, foram as seguintes: 

CCAÇ 495 (Fev 1964/Jan 1965)
CCAÇ 726 (Out 1964/Jul 1966) (contactos: Teco e Nuno Rubim)
CCAÇ 1424 (Jan 1966/Dez 1966) (contacto: Nuno Rubim )
CAÇ 1477 (Dez 1966/Jul 1967) (contacto: Cap Rino)
CART 1613 (Jun 1967/Mai 1968) (contacto: Cap Neto) [infelizmente já desaparecido, José Neto, 1929-2007]
CCAÇ 2316 (Mai 1968/Jun 1969) (contacto: Cap Vasconcelos)
CART 2410 (Jun 1969/Mar 1970) (contacto: Armindo Batata)
CCAÇ 2617, Os Magriços (Mar 1970/Fev 1971) (contacto: Abílio Pimentel)
CCAÇ 3325 (Jan 1971/Dez 1971) (contacto: Jorge Parracho);
CCAÇ 3477, Os Gringos de Guileje  (Nov 1971 / Dez 1972)  (contacto: Amaro Munhoz Samúdio);
CCAV 8350, os Piratas de Guileje  (Dez 1972/Mai 1973) (contacto: José Casimiro Carvalho )

Guiné 63/74 - P11207: (In)citações (50): "A Voz da População", um filme dos nossos amigos da AD-Bissau, sobre a experiência pioneira das rádios comunitárias... Com a Rádio Voz Quelelé à cabeça, são já 30, cobrindo praticamente todo o país

+

Vídeo (26' 23''): "A Voz da População"

© AD - Acção para o Desenvolvimento (2012). Todos os direitos reservados [Cortesia da Margas Filmes]

1. Os nossos amigos e parceiros da ONG  AD -Acção para o Desenvolvimento,  com sede em Bissau (#), no bairro do Quelelé,  estão de parabéns: acabam de lançar um filme sobre a história e o desenvolvimento das “Rádios Comunitárias da Guiné-Bissau”, sob o título "A "Voz da População".(##)

O filme, com a duração de 26 minutos foi financiado pela OXFAM NOVIB. Tem argumento e texto de Lucia van den Bergh e realização e imagem de Andrzej Kowalski. Nele participaram jovens das três televisões comunitárias da AD, lideradas por Demba Sanhá, relatando a evolução deste meio de comunicação comunitário, desde o tempo em que se deu a abertura politica na Guiné-Bissau, até à sua instalação em quase todos os setores administrativos  do país. Cerca de 3 dezenas de rádios comunitárias cobrem hoje praticamente todo o país, desde Bissau ao Boé e do Cacheu ao Tombali  (*)

A Rádio Voz de Quelélé foi a primeira a ser criada, justamente em 4 de Fevereiro de 1994, pela Associação dos Moradores do Bairro de Quelélé, com o apoio da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, cujo diretor executivo é o nosso amigo Pepito (Eng agr Carlos Schwarz). (**)

No sítio da AD, na Internet, pode ler-se: " Para nós, guineenses, é uma enorme alegria poder estar na liderança deste processo em todos os países africanos com os quais fizemos o percurso para a independência nacional. Este filme está disponivel em 3 idiomas: português, francês e inglês. Convidamos todos a aceder a qualquer destas versões e a dá-la a conhecer nos respectivos países".

(#) Contacto: ONG AD – Acção Para o Desenvolvimento
Caixa Postal 606
Bairro de Quelelé
Bissau
República da Guiné-Bissau
Email: adbissau.ad@gmail.com
URL: http://www.adbissau.org/
FB: https://www.facebook.com/adbissau

(##) Ficha técnica:

Realização: Andrzej Kowalsk
Argumento e texto: Lucia van den Bergh
Locução: José H. Neto
Imagem:  Andrzej Kowalsk
Assistente de câmara:
Demba Sanhá
Inácio Mamadu Mané
Edição: Luís Margalhau
Tradução: J. H. Neto
Posprodução: Margas Filmes

Agradecimentos:

Rádio Voz Quelelé (, bairro do Quelelé, Bissau]
Rádio Kassumai [, São Domingos, região do Cacheu]
Rádio Balafom [, Ingoré, região do Cacheu]
Rádio Lamparam [, Iemberém, região de Tombali]
TVK - Televisão Comunitária do Quelelé
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 6 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11202: (In)citações (49): Quando os vencidos é que fazem a história... Ou, como lá diz o provérbio, "dunu di boka más dunu de mala" [, mais vale ter uma grande boca do que uma grande mala] (Cherno Baldé)

(**) Um caso de sucesso, a Rádio Voz Quelelé (RVQ) no combate contra o surto de epidemia de cólera (Bissau, 1994):

(...) Por iniciativa particular de José Henriques, então técnico da ICAO a dar assistência técnica à Guiné-Bissau e que dedicou toda a sua vida, entusiasmo e competência à promoção de novas e modernas tecnologias de comunicação adaptadas ao desenvolvimento do país, a ONG Acção para o Desenvolvimento (AD) envolveu-se na criação desta primeira rádio comunitária que veio trazer ao bairro uma dinâmica de auto confiança e identidade que se está a transformar num instrumento útil de desenvolvimento colectivo.

Foi nesse ano que se dava então início à experiência daquela que passou a ser a primeira rádio comunitária de Guiné-Bissau, a partir de um pequeno equipamento de base; uma consola e uma antena as emissões cobriam um raio de cerca de 4km. Atingindo o bairro de Quelelé, com cerca de 10.000 habitantes, bem como alguns bairros limítrofes como Cumtum, Bairro Militar, Bor e Bra.

A adesão e entusiasmo criado nos habitantes do bairro, particularmente nos jovens que foram os primeiros a aderirem em força, aliados ao facto de se estar em vésperas de eleições presidenciais e legislativas levaram o poder político a interditar o funcionamento da rádio Voz de Quelelé e ordenar o seu enceramento, pretextando o não cumprimento das leis do país.

Com o surgimento de epidemia de cólera em outubro de 1994 e do pânico generalizado que se viveu, a rádio Voz de Quelelé decidiu recomeçar as suas emissões. Se no princípio do ano a rádio Voz de Quelele funcionava apenas aos fim de semana, nas manhãs de sábado e domingo, já nesta fase as emissões passaram a ser diárias, apenas no período da tarde.

O maior sucesso da rádio Voz de Quelele foi sem dúvida o combate à cólera, uma actividade que se baseou em duas vertentes: a) Organização da população para limpeza do bairro, remoção do lixo desinfecção do poços, evacuação dos doentes para o hospital (a AD teve um veículo sempre à disposição), desinfecção em casa dos doentes, visitas diárias dos membros do comité dos moradores a cada residência a fim de detectar casos de cólera; b) Sensibilização da população para uma maior higiene doméstica, para um maior e reforçado acompanhamento das crianças, para a explicação da origem e formas de propagação da doença.

Toda a campanha utilizou fundamentalmente a rádio Voz de Quelelé, onde regularmente vinham médicos da AD que respondiam às questões pertinentes colocadas diariamente pela população em mensagens adaptadas a uma linguagem directa e passadas nas várias línguas das etnias do bairro.

Segundo informações de que se dispõe, o bairro de Quelelé tera sido o menos atingido de Bissau por esta doença, com apenas seis casos confirmados de cólera, um dos quais mortal. (...)

Guiné 63/74 - P11206: Humor de caserna (31): Estou a fazer voar o meu pensamento (Tony Borié) (4): A família Mauser K98

1. Em mensagem do dia 22 de Fevereiro de 2013, o nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), enviou-nos mais este pensamento voador...




A FAMÍLIA MAUSER K98

A “Família Mauser K98”, com todas aquelas coisas que os amigos antigos combatentes, tiverem a pachorra de ler, e ficaram por certo com o coração a transbordar de saudades, e também alguma mágoa, destas jovens, que desprotegidas, viram no seu alistamento nas forças militares do seu país, um meio de sobrevivência.

De novo o Cifra, vai começar com aquele blá, blá, blá, que já conhecem, e pedindo antecipadamente desculpas às digníssimas leitoras, que sempre têm a amabilidade de abriram a página do Luís Graça & Camaradas da Guiné, ao Luís Graça, Carlos Vinhal e demais editores, que por certo, encolhem os ombros, e sabem que daqui não sai coisa que se veja, mas a linguagem é correcta, é uma cópia da verdade dos factos, só que alguns dos antigos combatentes e não só, é que pensam logo coisas que não são, portanto, para os que vivem no mundo onde se fala inglês, vão por certo dizer:
- The history of “Family Mauser K98”, was not even bad.

No mundo onde se fala francês, dizem:
- L’histoire de “Famille Mauser K98”, n’était même pas mal.

Onde se fala germânico, friamente dizem:
- Die Geschichte von “Family Mauser K98”, war nicht einmal schlecht.

No mundo que se fala espanhol, entre dois ou três “zzz”, dizem:
- La historia de la “Familia Mauser K98”, ni siquiera era malo.

Os chineses, põem os pauzinhos de parte, se estiverem a comer, e depois dizem:



Perceberam? Não? Deixem lá, pois o Cifra, também não percebeu.

E nós portugueses, dizemos, com um pouco de enfado:
- A história da “Família Mauser K98”, até nem era má.

Portanto cá vai, como já sabem, era uma família rural, viviam num país frio e do que lhes dava a natureza, elas, as duas irmãs orfãs, que restaram desta família, não vendo outro meio de sobrevivência, resolveram alistar-se nas forças militares do seu país. Cumpriram o seu tempo de serviço, regressam à sua aldeia rural, uma, a mais velha, morreu com uma doença nova, que os médicos ainda não conheciam, mas mais tarde veio a saber-se, era a doença da guerra, o chamado “stress de guerra”, ficou ali calada, nervosa, não podia ouvir ninguém a contrariá-la, não comia, passava o dia sem falar, levantava-se de noite e passava horas e horas acordada, a pensar em tudo menos em dormir, e um dia “pifou-se”.


A mais nova juntou-se a um coronel reformado que lhe “arranjou” uma filha, que na voz do povo, queria dizer engravidou-a, que é aquela que está na foto acima, onde o Cifra colocou a imagem ao lado, com aqueles homens novos todos, a fazerem força, e ela ao lado descontraída, só para comparação, que podia media forças com qualquer Curvas, alto e refilão que lhe aparecesse, e estava ali forte, pronta a medir essas forças, em qualquer situação, com estes rapazes novos cheios de vigor, que ela estava pronta a “aviar”, que na linguagem do povo era “despachar”, vencer, em caso de provocação, e diziam mesmo que de uma vez “aviou” seis, que se lhe cruzaram na sua frente, quase sem roupa, com a desculpa de que queriam tomar banho, mas ela sempre confiante no seu corpo, e talvez herdando o treino da sua mãe, colocou-se de cócaras, tal como um lutador japonês, e de um a um, “aviou-os” a todos, que derrotados, seguiram o seu destino, alguns caminhando com dificuldade, mesmo com as pernas abertas, quase “derrapando”, sem respeitarem a placa de sinalização de tráfico, que a foto mostra, e com ar de sofrimento, como se pode ver na foto acima.
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 21 de Fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11131: Humor de caserna (30): Estou a fazer voar o meu pensamento (Tony Borié) (3): Outra vez guerra?

Guiné 63/74 – P11205: Convívios (497): XIV Convívio da CCAÇ 3549, no próximo dia 23 de Março, em Queirã/Tondela (José Cortes)


1. O nosso Camarada José Cortes, ex-Fur Mil At Inf da CCAÇ 3549/BCAÇ 3884, Fajonquito, 1972/74, solicita-nos a divulgação do programa da festa anual - 2013 -, da sua companhia.





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Nota de MR: 

Vd. último poste da série em: 


quarta-feira, 6 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11204: Álbum fotográfico do Jorge Canhão (ex-fur mil inf, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74) (4): Mansoa, julho de 1974: os primeiros encontros de paz com o PAIGC


Foto nº 1 - Encontro com o PAIGC


Foto nº 2 - Encontro com o PAIGC 


Foto nº 3 - Encontro com o PAIGC 


Foto nº 4 - Encontro com o PAIGC 


Foto nº 5 - Encontro com o PAIGC 


Foto nº 6 - Mansoa, guerrilheiros do PAIGC

Foto nº 7 - Mansoa, ponte sobre o Rio Mansoa



Foto nº 8 - Mansoa, o "ninho", espaldão do obus 14


Foto nº 9 - Mansoa, a tabanca


Guiné > Região do Oio  > Mansoa  > 1974 > BCAÇ 4612 (1972/74) > 1974 > Legenda do Jorge Canhão:

"Os oficiais que eu identifico,estão todos na 1ª foto.São da esquerda para a direita: Comandante da 2ª CCaç/BCaç 4612/72 (Jugudul), Almada Contreiras, assíduo participante (e já organizador) dos encontros da sua CCaç. O seguinte é o saudoso capitão de operações do BCAÇ  4612/72 (CCS), Fernando Pereira Vicente,também um assíduo presente nos encontros das diversas companhias do Batalão.  O 3º oficial é o já falecido Cmtd do BCAÇ  4612/72, Ten Cor Eurico Simões Mateus, conhecido entre nós por 'O Libelinha'.  Sobre o local,  parece-me ser Jugudul, mas em breve tentarei saber. Sobre o outro capitão que aparece numa outra foto, talvez o Magalhães Ribeiro ou alguém do destacamento do Polibaque possa esclarecer". 

Fotos: © Jorge Canhão (2011). Todos os direitos reservados


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso amigo e camarada Jorge Canhão, que vive em Oeiras (ex-Fur Mil At Inf da 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74).

Estas fotos, relativas a Mansoa.  chegaram-nos às mãos através de outro grã-tabanqueiro, o Agostinho Gaspar, ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74), residente em Leiria. Os nossos especiais agradecimentos aos dois, e muito em especial ao nosso camarada Jorge Canhão, que está a recuperar dos problemas de saúde. Já aqui lhe desejámos publicamente  rápidas melhoras e o rápido regresso, em boa forma, ao nosso convívio. Vamos, por isso,  fazer-lhe uma grande receção em Monte Real, no dia 22 de junho de 2013, por ocasião do VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande, evento para o qual ele já antecipadamente  se inscreveu.

Não sabemos quem é o autor (ou quem são aos autores) das fotos: as seis primeiras têm a ver com os primeiros contactos com o PAIGC; uma delegação do PAIGC passa a estar sediada, permanentemente em Mansoa, a partir de 19 de julho de 1974. As três últimas (nºs 7, 8 e 9) podem não ser de 1974. Estas fotos constam de um CD, do Agostinho Gaspar, estão sob um ficheiro com a seguinte designação: Jorge Canhão > Vários Batalhão.

Reproduz-se aqui as páginas 111, 112 e 113 da História do BCAÇ 4612/72 (Mansoa e Gadamael, 1972/74). (*)