quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Guiné 63/74 - P14149: Notas de leitura (670): Do livro "Família Coelho", edição de autor, 2014, de José Eduardo Reis Oliveira (JERO) (3): Como era Alcobaça em 1890

 


1. Do livro, Família Coelho,(*) da autoria do nosso camarada José Eduardo Oliveira (JERO) (ex- Fur Mil da CCAÇ 675, Quinhamel, Binta e Farim, 1964/66), aqui fica mais um apontamento, este dedicado a Alcobaça.


Parte III

Que população e que administração:

Em 1890 a vila tinha cerca de 1700 habitantes enquanto o concelho de Alcobaça tinha 33.039.
No mesmo censo são “contados” para o distrito de Leiria 250.154 habitantes.


São Presidentes de Câmara nos primeiros anos do novo Século, Vitorino Avelar Fróis (2-01-1900 a 31-08-1900) e José de Almeida e Silva (01-09-1900 a 1-01-1902).

O edifício da Câmara funcionava num prédio de gaveto no Rossio com a Travessa da Cadeia.

Que militares:

Nos antigos Claustros do Rachadouro estão instalados os Regimentos de Cavalaria 9, Artilharia 1 e, mais tarde, Cavalaria 4.


“Cavalaria 9” foi o primeiro regimento a instalar-se na vila – em 1884 – tendo permanecido em Alcobaça cerca de 15 anos.

Que indústrias:

No início do século XX com as fábricas a laborar em pleno e a agricultura florescente regista-se um surto de desenvolvimento.


A Fábrica de Fiação e Tecidos, de Joaquim Ferreira Guimarães, onde chegam a laborar 1000 operários por dia (em turnos - com 500 teares e 14.000 fusos), a Fábrica de Papel na Casa do Engenho (de Manuel dos Santos Silvério e Joaquim Silvério Raposo), a Fábrica de Louças de José Reis (1875), a Fábrica de Compotas e Conservas de frutas de Manuel Natividade e Araújo Guimarães (Natividade & C.ª) -1887 - e ainda... moagens, serralharias, oficinas de carruagens, cordoarias, etc.

Que comércio:

No espaço em redor do Mosteiro abrem vários estabelecimentos comerciais: sapataria de Manuel Ribeiro Maranhoso, farmácia de Manuel Vieira Natividade, casa comercial de Narciso Monteiro, estabelecimento de João Ferreira da Silva, loja de ferragens e drogaria de José Maria Furtado Santos, mercearia de António Lúcio Taveira Pinto, farmácia de Marques da Silveira, sapataria de João Elias d’Oliveira, etc.
Também na Praça D. Afonso Henriques se estabelecem vários comerciantes.
O Hotel Alcobacense funciona na Rua Frei Fortunato.

Que vida social, que distracções:

Saraus literários, sessões políticas, bailes de máscaras pelo Carnaval e Mi-Carene.


Touradas na Praça da Rua Afonso de Albuquerque, de Vitorino Avelar Fróis. A construção da Praça teve lugar em 1899.

Que cultura:

No antigo Refeitório do Mosteiro funciona o Teatro Alcobacense (inaugurado em 1840) onde são levadas à cena comédias, dramas, operetas, ópera e revistas pelas melhores companhias do País.


Desde 1887 que havia um Coreto Municipal.
O Clube Alcobacense, detentor de uma excelente biblioteca, funciona desde 1889. Aliás o Gabinete de Leitura, que tinha sido fundado em 1875, chegou a ter 5000 volumes para uso dos seus sócios.

Que Imprensa Local:

O primeiro jornal a ser publicado é o “Correio de Alcobaça”, que é fundado em 1889. No ano seguinte – em 1890 – saiu o primeiro número da “Semana Alcobacense” que se veio a publicar durante 33 anos…


Há ainda registo de uma revista chamada “Perfis”, que também foi editada no mesmo ano, e de que só teriam sido publicados 5 números.
Em 26 de Maio de 1891 surge o jornal “De Alcobaça”, que tem uma actividade regular durante cerca de 5 anos.
O “Noticias de Alcobaça”, de que é Director Guido Coelho da Silva, imprime os seus primeiros números em 1899 (tem vida longa e meritória, com tiragens até 1932).
E quem é que lê os jornais desse tempo? Com toda a certeza poucos leitores pois o analfabetismo no País rondava os 78,6% numa população de 4.231.336 habitantes!


Parece-nos oportuno referir que a Escola Adães Bermudes, na Roda, só vem a ser instalada em 1907.
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Notas do editor

(*) Vd. poste de 8 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14130: Notas de leitura (667): Do livro "Família Coelho", edição de autor, 2014, de José Eduardo Reis Oliveira (JERO) (2): Portugal é uma monarquia sem monárquicos

Último poste da série de 12 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14142: Notas de leitura (669): “Guiné 1968, o regresso dos heróis”, por Domingos Gonçalves, edição de autor, 2001 (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P13148: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (94): Ainda o Comandante Pombo, a quem convidámos para partilhar connosco as suas histórias e memórias... (Maria João Pombo / Amaral Bernardo)


[O Comandante Pombo, aos comandos do seu Cessna, c. 1972/74]


Foto: © Álvaro Basto (2008). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


1. Mensagem de Maria João Rodrigues, filha do Comandante Pombo, em resposta ao poste P14129 e ao convite que fiz ao nosso camarada para integrar a Tabanca Grande

Data: 12 de janeiro de 2015 às 16:56

Assunto: Comandante Pombo

Muito obrigada pelo post sobre o meu pai  (*) que sempre foi um grande exemplo para mim. 

É com grande orgulho que leio os comentários e dou os parabéns aos autores deste blogue que prima pela qualidade. 

Já tive oportunidade de lhe contar que descobri este blogue e ele ficou bastante contente e interessado em manter o contacto com os seus "camaradas da Guiné", por quem tem também muita estima e amizade. 

Ele tem muito boas memórias da Guiné e também gostaria de as partilhar convosco. Já teve alguns convites para escrever um livro. Da minha parte, comprometo-me a ajudá-lo na recolha dessa informação e transmiti-la ao camarada Luís para que possa partilhar no vosso blogue.

Um grande bem haja a todos!

Deixo-lhe o contacto telefónico do meu pai (...).

Obrigada e até breve.

MJ


2. Ver também comentário deixado pelo nosso camarada ex-alf mil médico Amaral Bernardo, da CCS/BCAÇ 2930 (Catió, 1970/72) (**)

Amaral Bernardo

Convivi com o Comandante Pombo nas muitas viagens que tive que fazer, guiado por ele, a alguns aquartelamentos do sul da Guiné (por sinal quase todos -à excepção de Cacine - "animadas" estâncias de lazer: Bedanda, Gadamael, Guileje e Tite.

Recordo um homem afável, sereno e sempre disponível. Na minha última viagem para Bissau fez a gentileza espontânea de me deixar "pilotar" o seu Cessna (já no ar, claro!).

Abraço rijo, Comandante Pombo, com o desejo sincero que continue a festejar por muitos, longos e felizes anos.

Guiné 63/74 - P14147: Memória dos lugares (282): (i) A fortaleza da Amura, em Bissau, futuro museu... (Patrício Ribeiro); (ii) o arquiteto Luís Benavente (1902-1993) e o seu papel na salvaguarda do património português em São Tomé, Índia, Cabo Verde e Guiné (Vera Mariz)


1. Mensagem da nossa leitora Vera Mariz, doutoranda em História da Arte (Instituto de História da Arte, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa)

Data: 13 de janeiro de 2015 às 12:49

Assunto: Fotos e memórias da fortaleza da Amura

Caríssimo Luís,


Muito obrigada pelo seu gesto, de outra forma não teria qualquer imagem da referida entrada virada à cidade. (*) [Foto acima, de Durval Faria, c. 1962/64].

O vosso trabalho é notável mas mais impressionante ainda é, sem dúvida, a capacidade que o blogue tem de cruzar tantos (e tão interessantes) testemunhos acerca dos mais variados temas.

Quanto ao que me pergunta sobre o arquitecto Luís Benavente... É uma figura interessantíssima mas muito maltratado devido à sua associação com o Estado Novo. Mas a verdade é que, independentemente das motivações do regime, o arquitecto Benavente teve um papel extraordinário no âmbito da salvaguarda do património português ultramarino, tendo passado por São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Índia e Guiné.

Capa do catálogo da exposição
 “Luís Benavente – Arquitecto” ~
ANTT [Arquivo Nacional da Torre do Tombo], 
Lisboa, 1997, pp. 163. 

No ano de 1958, através do Decreto 41.787, a Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações do Ministério do Ultramar viu alargadas as suas incumbências, extrapolando a arquitectura e urbanismo, para abranger, igualmente, os monumentos de interesse nacional. Assim, a partir deste momento, caberia àquela Direcção-Geral o inventário, classificação, conservação e restauro dos monumentos portugueses erguidos no Ultramar ao longo dos séculos da presença nacional.

Foi, precisamente, na sequência deste diploma legislativo que o arquitecto Luís Benavente, Director do Serviço de Monumentos Nacionais na Metrópole desde o ano de 1952 e funcionário em comissão de serviço no Ministério do Ultramar desde 23 de Setembro de 1958, deu início a um programa centralizador de salvaguarda do património arquitectónico português do além-mar.

Além do arquitecto Benavente há a referir (entre outros) os casos de Fernando Batalha e Pedro Quirino da Fonseca, arquitectos que trabalharam também durante o Estado Novo nas comissões de monumentos de Angola e Moçambique, respectivamente. Quirino da Fonseca desempenhou, ainda, missões em Macau, Malaca e Ormuz.

Uma vez mais agradeço a sua simpatia e disponibilidade, bem como de todos os camaradas que tão prontamente acederam ao meu pedido.


2. Apelo dos editores 
Infografia: Miguel Pessoa (2014)
aos membros a Tabanca Grande

Data: 13 de janeiro de 2015 às 11:43

Assunto: Fotos e memórias da fortaleza da Amura

Amigo/as, camaradas:

O património arquitetónico que os portugueses deixaram pela mundo, desde o início da abertura da "primeira" autoestrada da globalização, é mal conhecido 
pelos próprios portugueses de hoje. 
Mas temos a obrigação de o estudar e divulgar...

Acabámos de colocar, no nosso blogue, dois postes sobre a Fortaleza da Amura (*)... A sua história e o próprio edifício são mal conhecidos. Daí o nosso apelo, mais uma vez, à boa vontade dos membros da Tabanca Grande:

(i) quem tem fotos ou outros documentos sobre a Amura ?

(ii) quem conheceu e eventualmente cumpriu servlço na Amura ?

(iii) quem tem histórias ou memórias relacionadas com a Amura ?

Como sabem, procuramos publicar, de preferência, no blogue, coisas nossas, inéditas, em primeira mão, na primeira pessoa...É também, como a gente  costuma diizer com algum humor negro, a nossa forma de recusa, enquanto geração de ex-combatentes, de irmos parar à vala comum da ignomínia e do esquecimento,,,

Um alfabravo valente para todos/as

 PS - A entrada principal da Amura, mais fotograda no nosso tempo era a entrada sul, virada para o rio e o porto... Já a outra, do lado norte, virada para a cidade, é menos conhecida...  (Vd. acima foto do Durval Faria, que deve ter sido tirada entre 1962 e 1964. Ainda a cidade não estrangulava o forte).


3. Comentário do nosso amigo (e camarada) Patrícío Ribeiro, empresário em Bissau. [, foto à esquerda, em dezembro de 2014, em Farim] (*):

Está a haver mais um movimento, em Bissau, de transformar a Fortaleza da Amura em Museu, pode ser que seja desta, assim como das tentativas de transformar o Bairro de Bissau Velho, numa continuação da Amura... Enfim, tem havido tentativas…

Bissau pouco tem para se visitar, excepto a actual “Casa dos Direitos”, na antiga 1ª Esquadra, junto à porta principal da Fortaleza da Amura. É um projecto da ONG ACP Portuguesa, em que a nossa amiga Fátima Proença o vai desenvolvendo desde o início.

Esperamos que a Amura seja mais visitada que a Fortaleza de Cacheu que mesmo assim é visita dos passeios de domingo das pessoas que saem de Bissau.

Vamos ter o novo Museu dos Escravos em Cacheu (, em que as obras foram pensadas, projectadas, assim comos os primeiros trabalhos do arranque, foram feitos pelo nosso saudoso Pepito). Sabemos que as obras continuam a decorrer e que este ano já vai ter o novo piso e telhado.

Cacheu vai ter dois lugares culturais para visitar. Para não falar dos outros Museus a céu aberto e a que ainda são… as cidades de Bolama (**) e Farim.


Guiné-Bissau > Região de Bolama / Bijagós > Bolama > Agosto de 2010 > Ruína do antigo Palácio de Bolama, que foi sede da administração colonial

Foto: © Patrício Ribeiro (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Guiné 63/74 - P14146: Agenda cultural (370): Apresentação do livro "A Guerra em África - A Nossa História - Do Índico ao Niassa", do Capitão-de-Mar-e-Guerra Guilherme Alpoim Calvão e A. Vassalo, em Banda Desenhada, no dia 20 de Janeiro de 2015, às 15h00, na Livraria-Galeria Municipal Verney/Colecção Neves e Sousa, Oeiras (Manuel Barão da Cunha)

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Nota do editor

Último poste da série de 11 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14141: Agenda cultural (373): Dois próximos concertos da banda Melech Mechaya: Porto (Casa da Música), dia 17, sábado; e Lisboa (Centro Cultural de Belém), dia 23, sexta feira... Apresentação do novo CD "Gente Estranha"... (O espectáculo no CCB está praticamente esgotado)

Guiné 63/74 - P14145: Memória dos lugares (281): Bissau e a Fortaleza de São José da Amura (Séc. XVIII), remodelada em 1968/69 pelo arquiteto Luís Benavente para passar a receber o Comando-Chefe, a Companhia de Polícia Militar e o Comando-Chefe do Agrupamento de Bissau (Vera Mariz, doutoranda em História da Arte, IHA/FL/UL)



Foto nº 3

Guiné > Bissau >Fortaleza da Amura > Entrada do lado sul (frente ao porto e ao rio Geba)



Foto nº 4

Guiné > Bissau > Fortaleza da Amura > Aspeto da muralha exterior


Fotos nºs 3 e 4: Manuel Caldeira Coelho (ex-fur mil trms, CCAÇ 1589/BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68)


Fotos: ©  Manuel Coelho (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. (Edição: L.G.)



Foto nº 5

Guiné > Bissau > Fortaleza da Amura > c. 1962/64  > Entrada principal, virada para  cidade, ou seja, lado norte (?) >  Foto, sem legenda,  de Durval Faria (ex-fur mil inf,  CCAÇ 274 / BCAÇ 356, Fulacunda, 1962/64).


Fotos: © Durval Faria (2008). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem de Vera Mariz [, nossa leitora, doutoranda em história da arte,  Instituto de História da Arte, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa] (*), com data de ontem:

Caríssimo Luís Graça, agradeço a sua atenção.

Aproveito para lhe dizer que:

O primeiro contacto do arquitecto Luís Benavente [, 1902-1993] com a Guiné teve lugar no ano de 1962.

No ano 1968, entre os dias 25 de Abril e 2 de Maio, Luís Benavente terá desempenhado nova missão em Bissau, à qual se seguiria uma terceira viagem já em 1969.

Isto porque no início do ano de 1969, o Governo da Guiné terá manifestado o seu interesse em “cuidar da Fortaleza de S. José da Amura”,  motivo pelo qual Luís Benavente terá sido requisitado para elaborar os estudos e o plano de actuação necessário.

Data deste período (e desta campanha de obras) a instalação na fortaleza do Comando Chefe [, QG/CCFAG - Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné],  da Companhia de Polícia Militar, de um destacamento adido à Polícia Militar e do Comando Chefe do Agrupamento de Bissau.
Quando terminar a tese [de doutoramento] tenho todo o prazer em enviar-lhe o capítulo referente à Guiné.

Cordialmente,
Vera



Foto nº 1 

Guiné > Bissau > Fortaleza da Amura > Construção iniciada em finais do séc. XVII, arrasada em 1707 e reconstruída em 1753, restaurada em meados do séc. XIX (1858-1860), bem como um século depois, a partir da década de 1960, sob orientação do arquiteto Luís Benavente.

Foi quartel-General durante a guerra colonial. É hoje panteão nacional da República da Guiné-Bissau.

Foto: © João José Alves Martins (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. (Edição: L.G.)

Foto nº 2

Guiné-Bissau > Bissau > Fortaleza da Amura > 7 de Março de 2008 >  Amura: um lugar repleto de história e de histórias... Entrada principal, lado sul, vista do interior da fortaleza.


Foto: © Luis Graça (2008) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. (Edição: L.G.)


2. Comentário de Cherno Baldé (*)

Caros amigos,

Para ajudar a esclarecer a dúvida da Sra.Vera, tenho o prazer de informar que a foto nº 1  apresenta a imagem da porta virada para o lado do rio (Ponte Cais de Bissau) e não a principal que se situa do lado oposto e virada para a cidade.

Quanto à foto nº 2, trata-se dos mesmos edifícios da primeira foto, situados à entrada da mesma porta, tirada no interior da fortaleza. (**)

Com um abraço amigo,
Cherno AB.



Foto nº 6

Guiné > Bissau > Fortaleza da Amura > Muralha exterior, do lado meridional  Foto de A. Marques Lopes, coronel inf, DFA,  na situação de reforma, ex-alferes miliciano da CART 1690 (Geba, 1967) e da CCAÇ 3 (Barro, 1968) :

Foto: © A. Marques Lopes (2005). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]


Guiné-Bissau > Bissau > Planta da cidade > c. 1975 > Localização da fortaleza da Amura, assinalado com um círculo a branco.

Foto: © A. Marques Lopes (2005). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]




Guiné > Bissau > Fortaleza de São José da Amura > c. meados de Séc. XIX >  Vista da Amura.  Gravura. Fonte: VALDEZ, Francisco Travassos - "Africa Ocidental: notícias e considerações dedicadas a Sua Magestade Fidelíssima El-Rei O Senhor Dom Luiz I". Lisboa: Imprensa Nacional, 1864, 406 p., gravuras. Licença: Domínio Público (Autor falecido há mais de 70 anos).

Cortesia de Fortalezas.org
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de de 12 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14143: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (21): A fortaleza da Amura (Vera Mariz, doutoranda em história da arte)

(**) Último poste da série > 4 de janeiro de  2015 > Guiné 63/74 - P14115: Memória dos lugares (279): Bafatá, princesa do Geba, parada no tempo: o cinema local e o seu mítico guardião, Canjajá Mané, o casal João e Célia Dinis, Dona Vitória, as irmãs Danif (libanesas), o glorioso Sporting Clube de Bafatá (fundado em 1937 pelos prósperos comerciantes locais, e que chegou a ter 600 sócios), o ourives, o rio, os pescadores, e os demais fantasmas do passado que hoje povoam a terra de Amílcar Cabral... A propósito de "Bafatá Filme Clube" (2012) que acabou de passar na RTP2, no passado dia 1 (Valdemar Queiroz)

Guiné 63/74 - P14144: Parabéns a você (845): Maria Ivone Reis, ex-Cap Enfermeira Paraquedista (!961/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 10 de Janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14135: Parabéns a você (844): Bernardino Parreira, ex-Fur Mil Cav da CCAV 3365 e CCAÇ 16 (Guiné, 1971/73)

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Guiné 63/74 - P14143: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (21): A fortaleza da Amura (Vera Mariz, doutoranda em história da arte)




Foto nº 1 

Guiné > Bissau > Fortaleza de São José da Amura ou simplesmente Fortaleza da Amura > Construção iniciada em finais do séc. XVII, arrasada em 1707 e reconstruída em 1753, restaurada em meados do séc. XIX (1858-1860), bem como um século depois, a partir da década de 1970, sob orientação do arquiteto Luís Benavente.

Foi quartel-General durante a guerra colonial. É hoje panteãio nacionalda República da Guiné-BissaU.  Foto nº 17/199 do álbum Guiné, disponível na página do Facebook, do João Martins.


Foto: © João José Alves Martins (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. (Edição: L.G.)



Foto nº 2

Guiné-Bissau > Bissau > Fortaleza da Amura > 7 de Março de 2008 > Amura: um lugar repleto de história e de histórias... Entrada principal, vista do interior da fortaleza.

Foto: © Luis Graça (2008) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. (Edição: L.G.)


1. Mensagem da nossa leitora Vera Mariz:

Data: 12 de dezembro de 2014 às 12:29
Assunto: Fortaleza Amura

Caríssimo Luís Graça,

O meu nome é Vera Mariz e estou a fazer um Doutoramento em História da Arte acerca do restauro dos monumentos portugueses ultramarinos durante o Estado Novo.

No âmbito de uma das minhas investigações deparei-me com o vosso blog que está repleto de histórias e fotografias interessantíssimas. 

Queria perguntar-lhe se eventualmente terá uma fotografia da Porta de Armas da Fortaleza de São José da Amura. 

Por outro lado talvez possa esclarecer-me uma dúvida que tenho (já que nunca estive em Bissau). Esta Porta de Armas fica depois da entrada que surge na fotografia que lhe envio (encontrei no vosso blog) [foto nº1 ] ?

Agradeço desde já a sua atenção.

Cordialmente,

Vera.

2. Comentário, com data de hoje,  do nosso camarada João Martins, autor da foto acima reproduzida 


[, foto à esquerda: João Martins , ex-alf mil art, BAC1, Bissum, Piche, Bedanda, Gadamael e Guileje, 1967/69 ]


Amigo Luís Graça

Esta, em minha opinião, só pode ser a parte exterior do forte. Por duas razões, porque tem os canhões apontados, e porque tirei esta fotografia  nunca tendo entrado no dito forte.

Aproveito para enviar. por email, as minhas memórias com várias fotografias de estátuas à Vera.

Grande abraço

João Martins

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Nota do editor:

Último poste da série > 22 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13429: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (20): Imagens de braços tatuados, do tempo da guerra colonial, precisam-se para trabalho jornalístico sobre a história da tatuagem em Portugal...

Guiné 63/74 - P14142: Notas de leitura (669): “Guiné 1968, o regresso dos heróis”, por Domingos Gonçalves, edição de autor, 2001 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 5 de Janeiro de 2015:

Queridos amigos,
Desarma-nos, no conjunto dos seus trabalhos, Domingos Gonçalves e a sua frontalidade e o uso irrestrito das suas notas íntimas, redigidas com simplicidade, algo que certamente, durante décadas, não fazia parte das suas preocupações em dar à estampa.
É o caso deste seu terceiro e último livro, dedicado ao regresso, a partir de Binta.
Perpassa o sentimento de solidariedade, é tocante o seu jeito de balanço daqueles tempos ásperos. E os heróis são fundamentalmente aqueles soldados que correram todos os riscos entre Binta e Guidage, é para eles que vai a sua última e tão singela lembrança.

Um abraço do
Mário


Guiné 1968, o regresso dos heróis

Beja Santos

É tentador, quando reescrevemos com base nos nossos apontamentos as nossas memórias de combatentes, reconfigurar situações, polir o estilo, fugir às contumélias decorrentes de apreciações aos órgãos de comando, aos próprios camaradas, enfim, tudo parece guiar-nos para o embelezamento ou retoque das nossas notas, do que veio nas nossas cartas e aerogramas.

Quando se lê os escritos de Domingos Gonçalves, é bem percetível que aquele alferes que andou pelo Leste, por Binta e Guidage, não quer embelezar nem retocar e muito menos tornar as suas notas uma obra literária. Aliás, ele di-lo reiteradamente: “Não é pretensão do autor fazer literatura, apenas o move o intuito de transmitir mais um testemunho sobre o desenrolar da guerra colonial do teatro da Guiné". É exatamente isso que vai acontecer no volume “Guiné 1968, o regresso dos heróis”, por Domingos Gonçalves, edição de autor, 2001.

Neste terceiro e último livro respeitante à sua última comissão(*), Domingos Gonçalves reflete sobre o desencontro ainda existente entre uma parte fundamental da sociedade portuguesa e aqueles que combateram nos teatros africanos, entre 1961 e 1964: “Um dia virá em que o país, finalmente, se reconciliará com o seu passado e com a sua história, com dignidade e sem complexos de culpa. Existe ainda um certo inconsciente coletivo, doentio e com laivos de frustração, onde predomina uma cultura de intolerância, incapaz de ao menos admitir que se entenda a história, muito embora reprovando alguns dos que foram seus autores”.

Estamos em Janeiro de 1968, no primeiro dia, e ele escreve: “A Guiné será muito em breve para mim e para todos estes heróis que me acompanham como que um sonho que me aconteceu ontem” e volta a registar que foi à caça, apanhou algumas rolas. No dia seguinte compareceu a uma cerimónia religiosa de Mandingas. Volta a Guidage e deixa escrito que volta a estar de candeias às avessas com o comandante de companhia: “É um louco. Agora deu-lhe para martirizar o pessoal da secretaria com trabalho noturno. Como de costume, levanta-se perto do meio-dia. À noite dá-lhe para chatear toda a gente. Passa o tempo a berrar e a gritar". Viaja até Farim ao encontro do pelotão que ficará em Guidage no interregno da rendição. A tropa que estava em Guidage veio com ele para Binta, são homens esfarrapados, assiste a um grau de abandalhamento e desmotivação, isto quando o inimigo existe para além do rio. Já se fala em condecorações e louvores, o que verdadeiramente o preocupa é se o governo em Lisboa está devidamente informado sobre o evoluir da guerra. E chega a lancha Alfange, que os leva até Bissau, mas não foi uma viagem linear. A lancha chegou, desembarcaram os periquitos, subiu a CCAÇ 1546, em Farim entrou a CCAÇ 1548 e a CCS, voltaram a Binta, passadas umas escassas centenas de metros foram alvejados com bazucas e canhões, regressaram a Binta, permaneceram toda a noite a bordo da lancha. Não havia memória de ataques a embarcações da marinha tão perto de Binta.

Desembarcaram de novo em Binta e ao meio-dia dá-se um acidente, um cabo pegou numa granada de bazuca, a granada que caiu ao chão explodiu, o cabo sofreu ferimentos mortais e dois camaradas ficaram gravemente feridos e foram evacuados para o Hospital Militar em Bissau. Finalmente todo o pessoal regressou para a Alfange e ao amanhecer atracaram ao cais do Pindjiquiti. Chegara a hora das delícias em Bissau, mas ainda há trabalho, como ele anota no seu caderno: “Acompanhei vinte soldados a exame da quarta classe. Fizeram as provas escritas. A sabedoria deles não era muita, mas eu lá fui fazendo de espírito santo de orelha… Voltei com os soldados a exame. Hoje fizeram as provas orais. Passaram todos. Este diploma é a única coisa importante que levam desta terra”. Quando sabe que o BCAÇ 1887 recebeu um louvor coletivo, comenta: “Seria bem melhor que estes homens quando chegassem às suas terras pudessem contar com estruturas de apoio que os ajudassem a conseguir trabalho, a ter condições de acesso a cuidados de saúde, e a uma boa integração no meio social e familiar. As sequelas desta vida de sofrimento vão fazer-se sentir ainda por muito tempo, ou talvez para sempre. E não serão estes louvores a amenizar as suas consequências”.

Embarcam no Quanza. O seu pensamento vai para os que tombaram em combate, recorda os que adoeceram, os feridos em combate. E muito mais: “E lembrei-me de um povo rude e generoso, junto de quem vivemos, a quem a tropa ajudou a minorar os efeitos da miséria e do atraso em que vive, mas povo que nos ajudou, também, as vezes com enorme sacrifício, a viver os nossos tristes dias”. Nem durante a viagem desfalece a escrita: “Vi o sol nascer, com um brilho maravilhoso a pratear as águas do oceano em toda a dimensão do horizonte”; “o mar por estas paragens anda bastante agitado, sopra continuamente um vento bastante frio que se dirige para sudeste”; “o oceano assemelha-se a um grande lago, grande até não ter fim, onde todos vamos, serena e alegremente navegando, comove-me, até ao mais íntimo de mim mesmo, esta grandeza que não termina, este mundo de luz e mistério perante o qual sinto mais presente a minha pequenez que também não tem fim”.

E agora o desembarque, é uma algazarra indescritível, num ambiente festivo incomparável. E lavra a sua última página:
“Soldados desconhecidos, heróis de um império agonizante, quem será capaz, amanhã, de os recordar?
Aos mortos da CCAÇ n.º 1546, que tombaram pelas terras da Guiné, fica em homenagem ao seu sacrifício esta modesta página de um livro, que eles também ajudaram a escrever.
A partir do quartel da Amadora, a tribo muito unida que fomos espalhou-se rapidamente em todas as direções, num adeus de saudade. Que não seja uma separação para sempre. Que fique apenas a amizade construída na alegria e na dor de tantos longos dias que a tornam profunda e inesquecível.
Que ninguém mais esqueça o camarada que caiu a seu lado!
Que ninguém mais esqueça o amigo de todos os dias, junto de quem sofreu e lutou.
Se não fosse a Guiné e a guerra, enquanto conjunto de homens, nunca mais chegaríamos a existir…”.
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Nota do editor

(*) Vd. postes de:

29 de Dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14093: Notas de leitura (661): “Guiné 1966, reportagens da época”, edição de autor de Domingos Gonçalves, ex-Alf Mil da CCAÇ 1546/BCAÇ 1887 (Mário Beja Santos)
e
2 de Janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14109: Notas de leitura (663): “O céu de Guidage”, por Domingos Gonçalves, edição de autor, 2004 (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 9 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14132: Notas de leitura (668): “Honório Pereira Barreto”, escrita pelo médico Jaime Walter, e editada em 1947 pelo Centro de Estudos da Guiné Portuguesa (Mário Beja Santos)

domingo, 11 de janeiro de 2015

Guiné 63/74 - P14141: Agenda cultural (369): Dois próximos concertos da banda Melech Mechaya: Porto (Casa da Música), dia 17, sábado; e Lisboa (Centro Cultural de Belém), dia 23, sexta feira... Apresentação do novo CD "Gente Estranha"... (O espectáculo no CCB está praticamente esgotado)


Melech Mechaya > Teledisco > "Espírito livre" (2º single do CD "Gente Estranha", 2014) > "Foi gravado num espaço lindo e carismático, insubstituível na memória e formação de muitos músicos (incluindo alguns de nós), que está a degradar-se e necessita de intervenção urgente: a Escola de Música do Conservatório Nacional. Este vídeo é (também) o nosso pequeno contributo para esta causa" (Vd. página no Facebook)

Vídeo 3' 44'' (Cortesia da banda Melech Mechaya


Porto | Casa da Música | Sala 2 | 17 JAN 2015, Sábado 22h00

Programa e Sinopse

Os Melech Mechaya são uma das mais excitantes bandas portuguesas do momento, com uma expansão notável a nível internacional.

Com meio milhão de visualizações no YouTube, este quinteto de Lisboa e Almada actuou mais de 250 vezes em 10 países de 3 continentes. 

A banda trabalhou com artistas premiados como Frank London, Mísia, Amélia Muge, Pedro da Silva Martins (Deolinda) ou a companhia de teatro catalã La Fura Dels Baus.

 Os últimos dois álbuns foram distribuídos internacionalmente pela histórica editora italiana de músicas do mundo Felmay. 

O disco de 2011 “Aqui Em Baixo Tudo É Simples” figurou na lista de melhores discos do ano da revista Blitz, esteve várias semanas nos topes de rádios dos EUA, Espanha e Portugal, e foi nomeado para Melhor Disco Instrumental nos Independent Music Awards. 

O novo álbum “Gente Estranha”, editado em Março de 2014,, atingiu já o 3º lugar no top iTunes PT de Músicas do Mundo, e o single “Gente Estranha” atingiu o 14º lugar no Blue Top da MTV

Preço: 10 (dez) euros | 25% desconto (cartão amigo). Fonte: Casa da Música, Porto


Lisboa | CCB - Centro Cultural de Belém | Pequenio Auditório  | 23 JAN 2015 Sexta-feira 21h00


Sinopse

Apresentação do novo disco "Gente Estranha"

(...) A não perder, o concerto desta "banda que deveria ser contratada, em todo o lado, agora" (John Pheby, "fRoots Magazine", Reino Unido).

Crédito: Ivo Cordeiro
Produção: CCB

André Santos: Guitarra
Francisco Caiado: percussão
João da Graça: violino
João Novais: contrabaixo
Miguel Veríssimo: clarinete
PROMOTOR
Fundação Centro Cultural Belém
Preço: 11 € a 13,5€  Fonte: Ticketline

Observ - O João Graça, um dos membros da banda, é também membro da Tabanca Grande. E conta, entre os amigos e camaradas da Guiné, gente amiga... que ele vai gostar de rever tanto no Porto como em Lisboa (aqui o espetáculo está quase esgotado).

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Nota do editor:

Último poste da série > 3 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14112: Agenda cultural (372): Apresentação do livro "O Fim do Império", do jornalista Ribeiro Cardoso, dia 8 de Janeiro, pelas 15h00, na Messe de Oficiais, Praça da Batalha, Porto (Manuel Barão da Cunha)

Guiné 63774 - P14140: As nossas queridas enfermeiras paraquedistas (33): A minha homenagem a essas grandes mulheres Portuguesas (Abel Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Abel Santos (ex-Soldado Atirador da CART 1742 - "Os Panteras" - Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69), com data de 7 de Janeiro de 2015:
 
Camaradas:
Vou reportar-me ao ano de 1968 para dar também o meu contributo e prestar, ao mesmo tempo, a minha homenagem a essas grandes mulheres Portuguesas, que nos teatros de operações muito sofreram para que os seus camaradas não sentissem tanto as agruras da guerra, as nossas Enfermeiras Pára-quedistas.

Mulheres de uma estirpe fora do comum, que na hora de prestar o seu auxílio a quem precisava, não o regateavam e, deixando para trás tudo e todos, lá iam com a sacola dos primeiros socorros às costas em auxílio de quem deles precisava, sem se preocuparem com o zumbido da bala traiçoeira ou da mina camuflada na picada.

Fui testemunha de um caso em que alguns camaradas ficaram feridos e outros faleceram, junto ao destacamento do CHE-CHE, local onde se encontrava posicionada a jangada “Rio Corubal“ que fazia a travessia para Madina do Boé e Béli, locais por onde andou a CART 1742.
Dizia eu que assisti a uma Senhora Enfermeira Pára-quedista tratar com tal carinho e sentido profissional, um camarada que sofreu a acção sobre si de uma mina traiçoeira. Aquela mulher, sabendo que o ferido tinha pouca ou nenhuma hipótese de sobreviver, tratou dele como se de um filho tratasse, chorou e, esquecendo que estava numa zona perigosa com rebentamentos à mistura, voltou-se para um outro camarada que também precisava dos seus cuidados, tratando-o com o mesmo carinho e desvelo.

Hoje, passados todos estes anos, ainda tenho gravado na minha mente o estoicismo, o querer e o amor fraternal que essa Senhora Enfermeira nutria pelo seu semelhante, vejam o caso da enfermeira Celeste, é bem demonstrativo daquilo que a Mulher Portuguesa é capaz.

Guiné - A Enf.ª Pára-quedista Giselda Antunes e o Fur Mil Pilav Gil Moutinho em Alerta

Guiné, 1973 - Evacuação do Ten Pilav Miguel Pessoa. Na foto a Enf.ª Pára-quedista Giselda Antunes que mais tarde casou com ele.

Fotos: © Miguel Pessoa

Guiné, 1965 - Uma evacuação. Na foto a Enf.ª Pára-quedista Aura Rico Teles
Foto: © Aura Rico Teles

Quero deixar aqui expressas toda a minha admiração e gratidão às Enfermeiras Pára-quedistas Portuguesas, para todas elas, as que partiram e aquelas que felizmente ainda cá estão, o meu abraço, e bem hajam.

Sem mais, queiram receber um abraço fraterno do camarada e ex-combatente
Abel Santos
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Nota do editor

Último poste da série de 6 de janeiro de 2015 > Guiné 63774 - P14123: As nossas queridas enfermeiras paraquedistas (32): A morte da camarada Enfermeira Paraquedista Celeste Costa (Giselda Pessoa)

Guiné 63/74 - P14139: Bom ou mau tempo na bolanha (83): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (23) (Tony Borié)

Octogésimo segundo episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.




Dia 15 de Julho de 2014

Companheiros de viagem, este é o resumo do vigésimo quinto dia

Eles viviam no atual Colorado, viviam do que a natureza lhes dava, eram os “Arapahos”, os “Cheyennes”, os “Kiowas” e os “Pawnees”, na região leste, e os “Utes”, no oeste, além de milhares de nativos de tribos diferentes do leste norte-americano que passariam pela região durante o século XIX, quando foram forçados a sair do leste e a emigrar em direcção ao oeste.

Já lá vão alguns anos, tivemos um companheiro de trabalho, oriundo da Colômbia, mais ou menos da nossa idade, o pai tinha trabalhado na construção do “ferrocarril”, como ele dizia, que devia ser o caminho de ferro lá na Colômbia e, quando estava de bom humor, dizia-me que foi com os documentos do pai, que era uma pessoa qualificada, que emigrou para os USA, portanto, nos documentos tinha a idade do pai e, nessa altura já estava qualificado para a “reforma”, mas como era uma pessoa de bem, com muito bons sentimentos, queria continuar a trabalhar por muitos mais anos e, quando estava zangado, principalmente quando não concordava comigo, dizia: - Os portugueses e os espanhóis, o que querem é ouro.


Isto é só uma curiosidade, mas da fama não nos livramos, principalmente os espanhóis, pois foram eles os primeiros exploradores europeus na região durante o século XVI. Chegaram à região vindos do sul, do México, e andavam em busca de metais preciosos, tais como prata ou ouro. Os espanhóis, não tendo encontrado nenhum destes metais preciosos no actual Colorado, não se interessaram em povoar a região, tendo reivindicado posse da região somente em 1706, um pouco tarde, pois 24 anos antes já o francês René-Robert Cavelier tinha reivindicado a posse da região leste do atual Colorado para a coroa francesa e, assim, ter feito parte da colónia francesa de Louisiana, de que já falei por diversas vezes. Mas os espanhóis, talvez pela força de armas, passaram ao controle desta região em 1762 e, sob os termos do “Tratado de Santo Ildefonso”, passaria novamente ao controle dos franceses em 1800, para ser finalmente anexada, como parte da célebre “Compra da Luisiana”, pelos Estados Unidos.

Depois dessas datas, muita água correu no rio Colorado, grandes minas de prata, seriam encontradas, houve corrida ao ouro, o que manteve em alta o crescimento populacional do estado, encontraram grandes reservas de petróleo, embora estas não tenham sido exploradas em grande escala até o início da década de 1900. Em 1870, inauguraram uma linha de caminho de ferro, conectando o Colorado com outras regiões do país, principalmente, Denver com Cheyenne, no estado de Wyoming e, finalmente em Agosto de 1876, o Colorado tornou-se o 38º estado norte-americano.

Tanta conversa, tanto blá, blá, blá, para vos dizer que seguíamos em direcção ao Atlântico pela estrada rápida número 70, depois de entrar no estado do Colorado, pela parte oeste, onde encontrámos grandes planícies, algumas pequenas montanhas, quase sem árvores e sem qualquer vegetação. Era deserto, aparecia uma ou outra pequena povoação, onde nem estação de serviço havia, isto até às proximidades da cidade de Edwards, onde se inicia uma cordilheira de montanhas que se prolonga até próximo da cidade de Denver.



Nestas montanhas, principalmente no inverno, existem grandes áreas que são “estâncias”, onde se praticam desportos de inverno, sendo algumas pequenas cidades famosas que atraem celebridades de todo mundo, passamos por elas, interessando-nos somente a paisagem, mas não deixámos de ver casas de “Millhão de Dolares” nas montanhas que circundam a estrada. Parando numa dessas pequenas cidades para comprar gasolina, o preço era tal alto que usei a gasolina de emergência, que trazia em dois tanques extras, comprada no Alaska.


A estrada, que nesta área, por motivo do intenso inverno, tem muitos “remendos”, faixas mais baixas em algumas zonas, passa lá no fundo, entre montanhas, junto da linha do caminho de ferro e do rio, alternando-se em algumas zonas em que passa o rio em baixo, o caminho de ferro e a estrada por cima, em outras zonas vão lado a lado, tendo subidas, em que numa distância de 10 ou 15 km, a estrada sobe milhares de metros, com três vias, onde a via da direita, a partir de uma certa distância, vai cheia de veículos com as luzes de emergência. Mais à frente já estão veículos parados, com problemas no motor e, ao descer, passado uns quilómetros, já se sente no ar aquele cheiro que vem dos travões, embora recomendem usar o motor para ajudar os travões, onde existem diversas saídas de emergência, com areia, onde já estão alguns veículos pesados.


Nós, tanto nas subidas como nas descidas, usando sempre a linha do meio, fomos andando devagar, mas passámos estas zonas sem dificuldade, chegando à cidade de Denver, que passámos, olhando a cidade que fica no lado sul, sempre com a ajuda do GPS, pois como devem calcular, o nosso destino era o Atlântico. A cidade de Denver é uma grande metrópole, não passa despercebida, muitos cruzamentos de estrada, muito cimento, muito trânsito, todos procurando o seu norte, sul, leste ou oeste, que muitos de nós nunca conseguimos encontrar.


Passando a cidade de Denver, depois de algum tempo na estrada, aparece a planície, quintas, poços de petróleo e moinhos de energia, pastagens de gado, muitas quintas transformadas em zona de caça, plantações de trigo, milho e aveia, zonas desertas e, assim atravessámos a fronteira para o estado de Kansas, continuando com a mesma paisagem até à cidade de Hays, onde dormimos.



Neste dia percorremos 647 milhas, com o preço da gasolina a variar entre $3.44 e $3.57 o galão, que são aproximadamente 4 litros.

Tony Borie, Agosto de 2014
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Nota do editor

Último poste da série de 4 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14116: Bom ou mau tempo na bolanha (81): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (22) (Tony Borié)

Guiné 63/74 - P14138: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XX: setembro de 1973: (i) declaração unilateral da independência; (ii) início do Ramadão: o Islão como forte barreira antissubversiva; (iii) propostos como candidatos a peregrinação a Meca os régulos do Xime e Badora; (iv) morte do Cherno Racide, e AldeiaFormosa





Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) >  Julgo que  estas imagens têm alguma coisa a ver com a visita que o Cherno Rachide fez a Bambadinca, no meu/nosso tempo (c. 1970)...Infelizmente as fotos do meu camarada Arlindo Roda não trazem legenda (nem data)... ... A personagem central, vestida de branco e "gorro" preto, que parece estar a presidir a uma cerimónia religiosa islâmica,  pode muito bem ser o Cherno Rachide que eu conheci em Bambadinca... 

Recordo-me de as NT lhe terem armado uma tenda, no recinto do quartel de Bambadinca, para ele receber condignamente não só as autoridades locais, civis e militares, como também os seus fieis...  Ele virá a falecer, em Aldeia Formosa, em setembro de 1973. O Cmnd do BART 3873 organizou uma coluna de transporte (!) para os seus fiéis poderem ir prestar-lhe a última homenagem em Aldeia Formosa!,,,  No meu tempo, o troço Saltinho-Aldeia Formosa estava interdito... 



Fotos: © Arlindo Roda (2010). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]


1. Continuação da publicação da História do BART 3873 (que esteve colocado na zona leste, no Setor L1, Bambadinca, 1972/74), a partir de cópia digitalizada da História da Unidade, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte (*)

[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, a Companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; foi transferido para a CCAC 12 (em novembro de 1972, e não como voluntário, como por lapso incialmente indicamos); economista, bancário reformado, formador; foto atual à esquerda].


O destaque do mês de setembro de 1973 (pp. 67/69) vai para:

(i) declaração unilateral, por parte do IN, da independência da Guiné-Bissau, "ato político que não teve eco no seio da população controlada pelas NT";

 (ii)  início do Ramadão: o Islão como forte barreira antissubversiva;

(iii) propostos como candidatos à peregrinação a Meca os régulos do Xime e Badora [, Mamadu Bonco Sanhá, tenente de 2ª linha];

(iv) morte do Cherno Rachide, de Aldeia Formosa
















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Nota do editor: