sexta-feira, 12 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14733: Ser solidário (185): Regressei de Bissau e trago um abaixo-assinado de 12 filhos, com as respetivas cópias do BI. A Associação "Fidju di Tuga" quer sensibilizar os deputados portugueses que passaram pelo TO da Guiné (Catarina Gomes, jornalista)

1. Mensagem da jonalista do "Público", Catarina Gomes, autora da reportagem "Filhos do Vento"e do livro "Pai, tiveste medo ?" (Lisboa, Matéria Prima Edições, 2014):


Data: 9 de junho de 2015 às 10:33

Assunto: Filhos

Bom dia,  professor Luís Graça,

Estou de regresso. Como descrever o que senti durante estes dias? Presenciei a uma reunião da associação "Fidju di Tuga", ofereci-lhes o gravador do Tiago Teixeira e a máquina fotográfica de João Sacôto, que os vai ajudar a registar as suas histórias.

O Pepito tinha-lhes prometido tempo de antena nas rádios comunitárias da AD e uma motorizada para que fizessem o levantamento dos filhos pelo país, mas infelizmente a nova AD não deu continuidade à promessa.

Constato que os filhos que eu conheci há dois anos não são os mesmos da associação, que outros novos se lhe juntaram, que há cada vez mais. Acompanhei o presidente, Fernando Hedgar da Silva [. foto à esquerda,] , e constato que a associação vai sendo cada vez mais conhecida na Guiné, e que reforçou laços entre pessoas que tiveram o mesmo destino e que agora já não estão sós, estão a forjar uma identidade em conjunto. As reuniões são tristes e alegres ao mesmo tempo.

Fiquei muito feliz com a sondagem do blogue, sobre o aparente consenso em torno da questão da nacionalidade. Acho que tem de haver mais a fazer por estas pessoas. Espero que a reportagem de dia 18 de Junho, do pai que voltou a Angola para conhecer o filho, ajude a despertar consciências adormecidas!

Não havendo possibilidade de reencontros entre pais e filhos, acho que chega a altura de o Estado português fazer alguma coisa por estas pessoas que vivem em condições muito parecidas com as que os ex-combatentes conheceram há 40 anos.

Será que me pode mandar o mail dos dois deputados que foram passaram pelo TO da Guiné ?  Falei neles ao Fernando e será ele a mandar o mail.

Penso que seria importante que os ex-combatentes se mobilizassem nesta causa, o professor tem feito por isso. Eu trouxe um pequeno abaixo-assinado, com as respectivas cópias dos bilhetes de identidade de 12 filhos.

Assim que descarregar as fotos do meu telemóvel mando-lhas. (**)

Até breve

Catarina Gomes
Jornalista
Jornal PÚBLICO
(+351) 21 0111179 (Directo)
cgomes@publico.pt
www.publico.pt

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Notas do editor:


Guiné 63/74 - P14732: Convívios (687): A malta da Tabanca Grande no 10 de junho de 2015, Lisboa, Belém - Parte II: homenagem às antigas enfermeiras paraquedistas (Miguel Pessoa / Jorge Canhão)


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >  "Um plano mais pormenorizado das enfermeiras pára-quedistas durante a homenagem que lhes foi prestada. Discursava então a propósito o TCoronel [José] Aparício, que tem dado nestes últimos meses total colaboração nas apresentações que têm sido feitas do livro 'Nós, Enfermeiras Pára-quedistas' ".

Foto (e legenda): © Miguel Pessoa (2015). Todos direitos reservados [Cortesia do Miguel Pessoal e da página da Tabanca do Centro]



Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >  Homenagem às enfermeiras paraquedistas .(1)


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >  Homenagem às enfermeiras paraquedistas (2)



Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 > "Um heli da FAP sobrevoando toda aquela juventude"...

Fotos (e legendas): © Jorge Canhão (2015). Todos direitos reservados [Edição: LG]









Cópia do louvor atribuído pelo CEMGFA às antigas enfermeiras paraquedistas que serviram na Guerra do Ultramar, entre 1961 e 1974,  e que foi lido no decorrer da cerimónia de homenagem às nossas camaradas, em Belém, no passado 10 de junho de 2015,


Cortesia do Miguel Pessoa e do blogue da Tabanca do Centro.
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Nota do editor:

Último poste da série > 11 de junho de  2015 > Guiné 63/74 - P14729: Convívios (687): A malta da Tabanca Grande no 10 de junho de 2015, Lisboa, Belém- Parte I

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14731: Efemérides (192): 75º aniversário do gesto heroico de Aristides de Sousa Mendes ao decidir ajudar a salvar milhares de seres humanos fugidos ao terror nazi...Dia da Consciência, no próximo dia 17 de junho, celebrado com missas em diversas partes do mundo cristão, de Bordéus ao Vaticano, de Cabanas de Viriato a São Paulo, de Fátima a Newark ... Exposição e sessão de homenagem nesse dia, no Centro Cultural Franciscano, Lisboa (João Crisóstomo, Nova Iorque)



"Faz agora 75 anos que Aristides de Sousa Mendes, Cônsul de Portugal em Bordéus em 1940, se via perante um grande dilema: dcomo corresponder a todas as solicitações de vistos de refugiados desesperados para saírem da França, procuranda escapar à invasão pelo exército nazi ?" 

(Fonte: Amigos  Aristides e Angelina de Sousa Mendes, reproduzido com a devida vénia)


I. Mensagem do nosso querido amigo e camarada João Crisóstomo, a partir de Nova Iorque:

[ João Crisóstomo: (i) é natural de A-dos-Cunhados, Torres Vedras; (ii) foi alf mil, na CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/66); (iii) vive em Nova Iorque desde 1975, onde foi mordomo até ao início de 2015 (reformou-se agora); (iv) é um mediático ativista comunitário, tendo estado ligado à defesa de três causas que tiveram repercussão internacional e que nos dizem muito, a nós, portugueses (gravuras de Foz Coa, independência de Timor Leste e memória de Aristides Sousa Mendes); (v) foi um dos fundadores do "Luso-American Movement for East Timor Autodetermination" (LAMETA); e, não menos importante, (vi) é casado em segundas núpcias com a eslovena e nossa querida amiga Vilma e, por fim, (vii) integra a nossa Tabanca Grande desde 26 de julho de 2010]

Data: 4 de junho de 2015 às 01:12
Assunto: Aristides S.Mendes ( 17 de Junho)

Caro Luís Graça,


1. Tive pena de não poder ter ido à reunião de 9 de Maio [, convívío do pessoal da CCAÇ 1439, nas Caldas da Raínha] (*), para  alimentar os especiais  laços de  amizade fraternal que une quantos andaram  por terras da Guiné,  especialmente os que  connosco compartilharam  as mesmas vivências em terras de Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole, Missirá…

Não poude ser, mas como vou passar umas semanas a Portugal e  tenciono aí  "dar umas voltas", sempre que tiver oportunidade vou, quando passar por perto destes nossos camaradas- irmãos   tentar contactá-los  para um abraço.

O telefone é o meu  meio de contacto favorito e é esse que eu vou tentar dentro do possível; mas se alguém me quiser contactar por E mail, aqui está o meu endereço digital:
crisostomo.joao2@gmail.com

2. Entretanto venho pedir-te um favor, (se isso for possível), e explico  a razão do meu pedido:

Há anos atrás, pelo mesmo motivo, fiquei muito satisfeito por vários comentários a uma notícia que puseste  no blogue sobre o " Dia da Consciência" (a 17 de junho) desse ano. (**)

 Ora este ano estamos lembrando o 75º  aniversário deste dia  em 1940  em que, levado pela sua consciência de ser humano e de cristão, Aristides de Sousa Mendes, arriscando a sua carreira, o seu futuro e da sua família ao desobedecer a Salazar, salvou dezenas de milhares de seres humanos  que teriam na maioria sido levados para campos de concentração e aí exterminados  como sucedeu à maioria dos que não tiveram um Aristides  para lhes valer.

Por esta razão -  mesmo à ultima hora, devido a uma crise de "zona" que demorou vários meses e me impedia de fazer nada (a não ser obrigar-me a aposentar-me mais cedo do que tencionava..)  -  decidi tentar ainda dar a vertente espiritual a esta data, já que  como o próprio Aristides confessou, foi a sua fé cristã que o levou a tomar essa corajosa decisão  de valer e salvar os seus irmãos.

Se puderes dar uma notícia no teu blogue (que verifico com muita satisfação é seguido com muito interesse por muitos dos nossos camaradas) isso vai possibilitar talvez a que alguns  se possam associar a estas  comemorações,  especialmente as que vão  ter lugar em Portugal. 

 Para facilitar vou  transcrever notícia  já saída no blogue "Amigos  Aristides e Angelina de Sousa Mendes" , da dra Mariana Abrantes (conforme informação que eu mesmo lhe enviei).

Como podes  verificar a maioria dos celebrantes são os mesmos  que tomaram parte nas comemorações em 2010, cujos contactos eu  tenho sempre muito cuidado em não perder e que agora tornou possível organizar isto mesmo à última hora.) 


Sábado, 13 de Junho, na Igreja de S. Louis, Bordéus, França (que a família Sousa Mendes frequentava): 
Missa celebrada pelo Sr. Cardeal Claude RicardM

Quarta-feira, 17-Junho, 11:00, Fátima, Igreja da Santíssima Trindade,
Missa com intenção pelo "Dia da Consciência"
Celebrante Sr. Bispo de Viseu Dom Ilídio Leandro;
Outras celebrações incluem o Sr Bispo Dom Serafim Ferreira da Silva e Sr. Bispo Montes Moreira noutros locais;

Quarta-feira, 17-Junho, 20:00, Cabanas de Viriato
Missa na Igreja Matriz celebrada pelo Sr. Pe. Marco Pais Cabral;

Missa em Vila Real no mesmo dia às 10.00AM
na Igreja de S. António da Auracária, 
celebrada pelo Sr. Pe. Diamantino Maciel Rodrigues;

Quarta-feira, 17-Junho, 10:00 Nova Iorque, NYC/USA 
Igreja de Nossa Senhora de Fátima, pelo Sr .Pe. Oswaldo Franklin;

San José, Califórnia, Igreja das Cinco Chagas e outras igrejas com comunidades portuguesas relevantes;

Quarta-feira, 17-Junho, Vaticano,
Celebrantes Sr. Cardeal Renato Martino e Sr. Cardeal Saraiva Martins;

Quarta-feira, 17 de Junho, 20h, Centrol Cultural Franciscano, Largo da Luz, 11 Lisboa;
Exposição e Conferência Dia da Consciência, 75 anos 1940 - 2015
Exposição de cópia de documentos encontrados na Casa do Passal em 2004,
incluindo correspondência familiar datada de 1909;

Quinta-feira, 17-Junho, São Paulo, Brasil,
celebrada pelo Sr. Cardeal Cláudio Hummes;

Quinta-feira, 17-Junho, Fall River, Mass. USA:
celebrada pelo Sr. Bispo Edgar Moreira da Cunha na capela;

Quinta-feira, 18-Junho, Homenagem junto ao busto de Aristides Sousa Mendes,
Promenade, Bordéus, França;

Domingo, 21-Junho, 11.00 Newark, New Jersey,  USA
Igreja de Na. Sra de Fatima, celebrada pelo Sr. P. António Ferreira Silva;

Domingo, 21-Junho, 12.00 igreja de S. José, Oackville, Ontario, Canada
celebrada pelo Sr. P. Fernando Pinto.

Permito-me sugerir que, quem assim puder,  pode contactar o seu pároco e pedir-lhe que inclua esta intenção na missa de 17 de Junho, como acontece em vários casos dos acima mencionados, onde a missa já estava planeada com outras intenções e os participantes concordaram em incluir a intenção de Aristides. (***)

 Espero ver-te (e outros amigos comuns) em Portugal brevemente.

Até lá um abraço grande com saudade e muita  amizade.

João  (e Vilma…of course!…)

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Guiné 63/74 - P14730: Notas de leitura (726): “Guerra na Bolanha”, de Francisco Henriques da Silva - (Programa Fim do Império, Âncora editora, Lisboa, 2015) - O regresso de África e a reinserção - parte II (Francisco Henriques da Silva)

1. Mensagem do nosso camarada Francisco Henriques da Silva (ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, , Mansabá e Olossato, 1968/70; ex-embaixador na Guiné-Bissau nos anos de 1997 a 1999), com data de 8 de Junho de 2015:

Caros camaradas e amigos
Segue a II parte ou segmento da capítulo XXV da minha obra “Guerra na Bolanha” (Programa Fim do Império, Âncora editora, Lisboa, 2015), na sequência do meu escrito anterior, em que relato vários casos de reintegração (ou de não reintegração) dos jovens regressados da Guiné e de outros T.O’s africanos.
Saudações amigas

Um abraço
Francisco Henriques da Silva
(ex-Alferes miliciano de infantaria da C.Caç. 2402 e
ex-embaixador de Portugal em Bissau 1997-1999)

************


A reinserção dos outros. Será que houve verdadeira reintegração? Realidade e ficção.

(2ª parte)

Caso 4

O “Bisugo” nunca na vida quis estudar, nem trabalhar, diga-se de passagem. Andou numa escola técnica qualquer e não possuía habilitações literárias dignas de registo. Quando foi às sortes, depois da recruta, acabou na Artilharia Anti-Aérea, onde chegou a Cabo. Amigos e vizinhos do mesmo bairro, alinhávamos nas eternas coboiadas de rapazes, nas jantaradas, nos copos, nas garotas, nos conjuntos musicais e nos desportos motorizados, de que todos gostavam, menos eu (mas lá ia para não destoar). Para minha surpresa, encontrámo-nos em Bissau, eu, a terminar a minha comissão e ele a começar a dele. O “Bisugo” estava de prevenção quando da Operação “Mar Verde”, em Novembro de 1970 (uma operação anfíbia que visava a realização de um golpe de Estado na Guiné-Conacri e que se destinava, igualmente, a libertar prisioneiros de guerra portugueses e eliminar dirigentes daquele país e do PAIGC). Creio que andou uma noite inteira a carregar bombas nos FIATs da Força Aérea, em Bissalanca, que poderiam ter de intervir em Conacri, caso as coisas corressem mal às unidades que estavam no terreno e precisassem de apoio.

Por artes que o império tece, o “Bisugo”, à parte um ataque inconsequente dos guerrilheiros do PAIGC a Bissalanca, teve uma tropa santa ou quase. Ao chegar a Portugal, já desmobilizado, não tinha propriamente onde cair morto e veio com ar compungido pedir emprego a minha mulher. Pretendia ser vendedor de automóveis numa reputada empresa situada na “baixa” lisboeta, cujo proprietário era amigo do meu sogro. À revelia deste, a Ana teve pena do rapaz e enchendo-se de brios, foi falar com o dito indivíduo, conseguindo garantir-lhe o almejado emprego. Como já o disse, no Portugal da época, com estes conhecimentos, as coisas sempre se resolviam a contento. Grande e natural satisfação do “Bisugo”, tinha atingido, sem grande esforço o seu objectivo. O primeiro ordenado serviu-lhe para comprar um presente para minha mulher que fez questão de oferecer, com alguma solenidade, entre dois uísques, em minha casa. O meu sogro, quando soube da história, ficou furibundo e deu uma descasca monumental na minha cara-metade, considerando que ela havia passado das marcas e que este tipo de coisas, para mais envolvendo amigos pessoais, não se podiam, de modo algum, fazer, sem o seu pleno conhecimento e aval explícito.

O tempo entretanto passou. Mantivemos alguns contactos esporádicos com o “Bisugo”. Sobreveio o 25 de Abril e nunca mais soubemos nada do personagem em questão. A minha filha nasceu, nos primeiros dias de Janeiro de 1975 e venho, casualmente, encontrar o referenciado lá para o fim do mês. Paro o carro e pergunto-lhe:
- Estou muito surpreendido contigo. Então a minha filha nasceu e, depois de tudo o que fizemos por ti, não te dignaste aparecer, nem uma saudação, nem um simples telefonema, nada. Enfim, não deste qualquer sinal de vida.

Mirou-me com uma calma olímpica e cofiando o bigode, mastigou meia-dúzia de frases sem se atrapalhar.
- Olha, tu desculpa, mas não posso associar-me convosco. O teu sogro fugiu à justiça e pertencia à polícia política. Os tempos mudaram. Agora são outros. Não me posso dar com vocês.

Fiquei embasbacado, de tal forma que fui incapaz de reagir, como devia. Limitei-me a engatar a primeira e a desaparecer numa curva do caminho.

Fiquei a saber pouco depois, que o “Bisugo”, fazendo tábua rasa do emprego arranjado pela Ana, à revelia e contra a vontade do meu sogro, mandando às urtigas uma amizade de muitos anos, apesar de semi-analfabeto e sem qualquer formação política integrava, agora, um dos sindicatos do sector automóvel e, inclusive, constava das listas de candidatos a deputados pela Frente Revolucionária Socialista. O tempora, o mores!

Nunca mais o vi. Amigos comuns disseram-me que tinha ficado psicologicamente muito afectado com os seus tempos de Guiné (afectado com quê e porquê? Santo Deus!). Acabou por perder o emprego e vive hoje do Rendimento Social de Inserção na periferia de Lisboa. Reintegrou-se? Que responda quem souber. A julgar pelo RSI parece que sim.


Bissau - Centro
Foto de Paula Tábuas © copyright


Caso 5

Com o meu amigo Mário mantive longas conversas sobre a problemática do regresso, da adaptação, da reintegração na sociedade e por aí fora. Não sei se serei ou não um fiel intérprete do muito que dissemos ao longo dos anos, mas vou tentar reproduzir, de forma abreviada, alguns dos diálogos que mantivemos sobre este assunto. Assim falou:
- Sabes, os que voltaram pretenderam refazer as suas vidas: uns, como nós, queriam retomar os estudos e ao mesmo tempo manter empregos que garantissem a subsistência; outros, reingressar na vida activa voltando às actividades que desenvolviam antes da guerra; outros, ainda, mudar completamente de rumo. As coisas, porém, nem sempre funcionaram bem. Os nossos casos eram paradigmáticos dos que queriam obter o “canudo”, a enxada, a ferramenta de trabalho para poderem lutar pela vida com um relativo à-vontade, mas este é, por assim dizer, o grupo dos citadinos.
- Queres tu dizer, Mário, que este grupo não era maioritário, ou porque não queriam prosseguir os estudos, ou porque não tinham meios materiais para o fazer ou, pura e simplesmente, por desinteresse ou preguiça?
- Não sei. Seria talvez um pouco de tudo isso, mas não vou estar para aqui a emitir juízos de valor, longe disso. Cada um fez o que entendeu que devia ser feito. Voltando ao assunto, depois tens o grupo dos rurais, aqueles que vieram da província e à província regressavam. Os pais eram proprietários agrícolas e eles limitavam-se a dar continuidade à tradição familiar. Tens muitos exemplos, como sabes. A seguir deparas com todos aqueles que quiseram mudar de agulha, nalguns casos tomando decisões drásticas. Olha, lembro-me de um caso de um rapaz, ex-seminarista de Miranda do Douro, que recusou voltar lá às serranias transmontanas e decidiu candidatar-se a um emprego na Caixa Geral de Depósitos. Assim fez, mas as coisas não correram bem. A inadaptação a Lisboa, um casamento falhado e ei-lo que volta ao seu meio, depois de uma experiência frustrante. Existem muitos casos destes? Claro que sim. Portugal, naqueles tempos, era ainda um país maioritariamente rural.
- Mário, na tua enumeração, esqueceste-te daqueles que sem saberem muito bem o que fazer, meteram o “Chico” e permaneceram nas fileiras. O teu caso foi diferente. Estiveste lá uns tempos, apenas por uma questão de sobrevivência, enquanto não acabavas o curso. Todavia, muitos outros, sem soluções alternativas, porque não as procuravam ou porque se sentiam sem ânimo para fazer o que quer que fosse, aproveitaram-se das facilidades do decreto que instituía o Quadro Especial de Oficiais e lá voltaram eles para as fileiras. Aliás, conheci vários casos, um deles alferes da minha ex-companhia de caçadores.
- Lembra-te, Chico, que o dito papel garantia-te um emprego para a vida ou seja, até aos 60 anos de idade. Além disso, ninguém sabia ao certo quando é que a guerra iria terminar. Ao ouvir os homens do regime, podia durar uma eternidade. De modo que, apesar da incomodidade e do risco de sucessivas comissões em África, assegurava-se um emprego razoável e para tal não eram precisos grandes esforços, nem sequer queimar as pestanas.
- Mas mudando de assunto, Mário, como é que as pessoas, os cidadãos vulgares de Lineu viam a guerra? Sobre o assunto, tenho a minha opinião formada, mas gostava de confrontá-la com a tua.
- Olha vou-te contar a minha experiência pessoal que é a este respeito elucidativa e que constituiu para mim uma lição de vida. Fui a um jantar de amigos, pouco depois de ter chegado da Guiné. Para começar, o tema despertava pouco interesse entre os circunstantes, mas lá me foram fazendo perguntas e eu fui respondendo. A páginas tantas, entusiasmei-me e comecei a entrar nas questões de fundo. De repente, apercebi-me de que estava pura e simplesmente a perder tempo, porque, apesar de falarmos a mesma língua, não nos expressávamos na mesma linguagem. Quando lhes disse que comandei um destacamento de tropa nativa, perguntaram-me alarvemente: “Se você comandava uma companhia de pretos, como é que distinguia uns pretos dos outros?” Fiquei siderado. Em seguida mais uma perguntinha “E do ponto de vista cultural o que é que faziam?” É claro que não viam filmes do Ingmar Bermann, nem liam Proust (que grandes cretinos!). Retorqui que eu lia muito, como sempre, e que enquanto o gira-discos funcionou, porque foi destruído num ataque, ouvia a minha música. Percebi que estava a perder tempo, que não havia qualquer sintonia de pensamento, que ninguém fazia a menor ideia do que era a guerra de África: o meu mundo não tinha nada a ver com o deles. Se queres que te diga, senti-me humilhado.
- Em suma, desembarcávamos do planeta Marte. Diz-se, amiúde, que mantemos entre nós uma espécie de código de silêncio, que ninguém quer falar das suas experiências africanas, das peripécias da guerra, do que por lá passámos. Compreende-se. Não é que não queiramos falar, o problema é que ninguém nos quer ouvir. Para nós e para os soldadinhos foi uma aventura que nos marcou para a vida – e de que maneira! -, para esta gente, tudo passava à margem, nada lhes dizia respeito. Assim sendo, para quê falar? Só como exercício catárquico para a geração que por lá passou e que teve uma vivência concreta destas situações.


A população da Guiné-Bissau na actualidade
Foto de Paula Tábuas © copyright


Casos

O Tó, meu amigo de infância, veio de lá surdo, uma canhoada, morteirada ou lá o que foi, explodiu na caserna onde se encontrava. Apesar dos estilhaços se terem espalhado um pouco por toda a parte, escavacando tudo, por sorte um armário de metal e duas camas tombadas salvaram-no miraculosamente do que podia ter sido uma morte prematura ou ferimentos muito graves, uma vez que a explosão foi a escassos metros do local onde se encontrava, mas ficou com a audição reduzida a 20%. Andou de emprego em emprego, pelo Brasil e por vários países da América Latina, mas permaneceu marcado para sempre por aquele tremendo handicap.

O Fernando, com quem estudei algumas vezes, quando do meu regresso de África, não esteve na Guiné, mas a sua experiência no Norte de Angola – andou por Nambuangongo, salvo erro – foi altamente traumática, quer do ponto de vista físico, quer psicológico. Na primeira operação no mato, pôs-se à frente do seu grupo de combate e fez-se ao caminho por um trilho, com marcas visíveis da passagem de guerrilheiros. Percorridos uns 400 metros, pisou uma mina anti-pessoal, esfacelando uma perna. O helicóptero lá apareceu ao fim de meia hora; foi evacuado para Luanda; dali para o Hospital da Estrela em Lisboa e depois para a Alemanha onde lhe foi colocada uma prótese. Passou aos serviços administrativos do Exército e, ao mesmo tempo, lá foi tirando o seu curso. Mais tarde conseguiu alternar a carreira militar que foi seguindo, degrau a degrau com alguma lentidão, e a docência, num liceu da capital. Viveu relativamente bem acumulando dois ordenados, mas sempre amargurado com essa deficiência física. Na fase derradeira da vida, foi acometido por uma outra doença bem mais complexa, sem retorno possível, e perguntava-me: “Diz-me por que é que não morri na mina? Teria sido tudo mais fácil, não achas?” Não respondi.

Como fuzileiro, Teodoro conheceu bem a Guiné, de Norte a Sul e de Leste a Oeste. Sofreu inúmeros ataques e nem sequer sabia contabilizar os contactos de fogo, tantos foram, tão frequentes e tão intensos. Quando regressou à chamada metrópole, estava feito um farrapo humano. Não sei se o álcool, se os pesadelos e os traumas de guerra, ou se uma combinação de tudo isso lhe tinham alterado o juízo. De quando em quando, chorava baixinho, quase em silêncio. Falava pouco, sobretudo não queria falar “daquilo”. Teve um casamento infeliz e curto, com cenas inopinadas de violência conjugal, mas apesar de tudo dessa união resultou uma filha, hoje, emigrada na Alemanha e que nunca mais quis saber do pai. A mulher que, sem prejuízo dos seus ataques incontrolados de fúria, genuinamente amava, foi viver com outro, refez a sua vida e libertou-se daquele “louco”. Não, não sabia por onde ela andava. Constava-lhe que vivia no Porto ou em Gaia, mas quem sabe? Andou de psicólogo em psicólogo, de psiquiatra em psiquiatra, até que lhe diagnosticaram “stress pós-traumático de guerra”. Ficou-se com o palavrão e com os problemas de sempre que continuam a atormentá-lo.
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Nota do editor

Último poste da série de 9 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14722: Notas de leitura (725): “Guerra na Bolanha”, de Francisco Henriques da Silva - (Programa Fim do Império, Âncora editora, Lisboa, 2015) - O regresso de África e a reinserção - parte I (Francisco Henriques da Silva)

Guiné 63/74 - P14729: Convívios (687): A malta da Tabanca Grande no 10 de junho de 2015, Lisboa, Belém- Parte I


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 1


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 2



Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 3



Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 4 > O Marcelino da Mata entre dois elementos da comissão organizadora


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 5 > Aspeto parcial da cerimónia


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 7 > O orador deste ano, o professor doutor Nuno Garoupa, especialitsa em direito e economia, e atualmente presidente da comissão executiva da Fundação Manuel dos Santos


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 8 > Comandos


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 9 > Paraquedistas



Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 10 > Comandos


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 11 > Quatro representanets do batalh de Comandos africanos


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 12 > Um grupinho da malta da Tabanca da Linha e da Tabanca Grande


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 13 >O Miguel Pessoa é reconhecido por ex.para da CCP 123 / BCP 12  do seu tempo (1972/74) 


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 14 > O António Marques


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 15 > O António Marques e o Carlos Silva


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 16 > O Jorge Canhão e o António Marques



Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 17 >O Humberto Reis e o António Marques



Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 18 > O Jaime Bonifácio Marques da Silva e o Leonel Pedro Cabrita (, autor de duas obras de ficção inspiradas na sua vida como capitão miliciano em Angola: Capitães do Vento e O Último Inferno). Tal como o Jaime, foi professor de educação física.

Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 19 > O Peças, um soldado do pelotão do Jaime, em Angola, do BCP 21


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 20 > Foto de grupo com malta paraquedista que esteve em Angola, o Jaime à direita. (O Jaime Bonifácio Marques da Silva é membro da nossa Tabanca Grande; desta vez sem boina verde porque a emoprestou à Rosa Serra)


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 21 > Alice e o Xico Allen (que já esteve duas  vezes, este ano na Guiné-Bissau e que me deu notícias lá da terra, uams boas e outars menos boas... Uma das boas foi ter encontrado postos de iluminação pública nas rias de Empada, a.alimentadas a energia solar... Umas das más, é o oportunismo de muita gente que anda a tratar da vidinha...


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 22 > O Araújo Alves que reconheceu o Luís Graça, da Tabanca Grande, e prometeu escrever a pedir  a sua inscrição... Pertenceu à CART 2410, Os "Dráculas"  (1968/70). Dois grã-tabanqueiros: Luís Guerreiro (que está no Canadá) e José Barros Rocha (Penafiel) 


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 23


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 24 >Dos veteraníssimos  da Tanca Grande, e da Guiné o José Colaço (que é de 1963)  e o João Parreira (que é de 1964)


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 25 > O fidelíssmo António Santos



Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 26 > O Silvério Lobo, o Francisco Silva (hoje médico) e a Alice


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 27 > Xico Allen e Francisco Silva


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 28 > O José Casimiro e o Silvério Lobo... A representação do Porto veio de comboio.


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 29 > O Acácio Correia e a Alice




Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 30 > Alice o Vacas de Carvalho, triste pelo gesso na mão (caiu da cama!, foi a desculpa---) e sobretudo  por não encontrar, este ano,  o "alfero Cabral"... Também faltaram camaradas que não costumam faltar como o José Martins, por exemplo...


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 30 As salvas da marinha



Vídeo (0' 22'')   > As salvas da Marinha., no final da cerimnia


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2015). Todos direitos reservados (Edição: LG]


1. Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 > As primeiras fotos... Espero que o Miguel Pessoa me disponibilize as fotos que deve ter tirado, com as  nossas "meninas", as nossas camaradas enfermeiras paraquedistas que, finalmente  e muito justamente foram lembradas e homenageadas num 10 de junho ao fim destes anos todos... Mesmo que se trate do 10 de junho dos pobrezinhos (sem ofensa para ninguém...), à margem das cerimónias oficiais (que este ano decorreram em Lamego).

De qualquer modo, este é  um espaço e esta é uma data de que os antigos combatentes já se apropriaram há muito. A ocasião é sobretudo para fazer a "prova de vida" e "matar saudades"... É um dia de festa e de camaradagem entre antigos combatentes da guerra do ultramar / guerra colonial...  Há malta que vem de longe, em grupo, e vem fazer o seu piquenique à beira Tejo, à sombra inspiradora da Torre de Belém que faz agora 500 anos.... Mas notei muito menos gente do que em anos anteriores...

O fotógrafo (de ocasião) não teve acesso  ao espaço onde se concentravam as "individualidades" que presidiram a esta cerimónia, e os seus "convidados"...Vi ao longe a Arminda, a Rosa Serra, a Giselda...  pelo que são óbvias as lacunas desta reportagem fotográfica que é apenas a reportagem possível... Nestas coisas interessam-me sempre, muito mais, os bastidores e os figurantes, ou sejam, os que não irão figurar nas capas dos manuais da história... Mas as nossas enfermeiras paraquedistas, essas, fizeram história, e merecem aqui o devido destaque.

Espero que a II parte desta reportagem (possível) seja completada com fotos de outros camaradas que tiveram presentes, e que assistiram nomeadamente à homenagem às nossas queridas camaradas enfermeiras paraquedistas. (LG)

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Nota do editor;

Último poste da série > 9 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14721: Convívios (686): XI Encontro do pessoal da CART 1742 (Os Panteras) (Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69), levado a efeito no passado dia 30 de Maio em Viana do Castelo (Abel Santos)

Postado por Luís Graça at 1

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14728: 25º convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego e Piche, 1969/70): Vimeiro, Lourinhã, 30 de maio de 2015 (Valdemar Queiroz) - Parte II


Lourinhã. Vimeiro_> Comvívio 2015 da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, NovaLamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015> O Valdemar Queiroz e o Pais  de Sousa (ex-fur mil mec auto)




Lourinhã. Vimeiro_> Resrauarnte Comvívio 2015 da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, NovaLamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015> O Cândido Cunha


Lourinhã, Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > O Pinheiro e o Pina Cabral


Lourinhã, Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > O Silva dos rádios e esposa


Lourinhã, Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Rapaziada auto.




Lourinhã, Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Silva, cozinheiro




Lourinhã, Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Saraiva, auto, e família


Lourinhã, Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Casimiro, mecânico


Lourinhã. Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Pais de Sousa, Cunha e esposa


Lourinhã. Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Nanuel Macias e Pinto


Lourinhã. Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Altino e família


Lourinhã. Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > O Renato Monteiro é o terceira desta mesa, dop lado esquerdo, de óculos, cabelo e barba de cor branca...


Lourinhã. Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > O serviço do restaurante Braga



Lourinhã, Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Martins e Pinheiro.



Fotos (e legendas): © Valdemar Queiroz & Renato Monteiro (2015). Todos os direitos rservados (Edição: LG]



1. Continuação da publicação da mensagem,  com data de 8 do corrente, do Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70] [, foto à esquerda, em Contuboel, 1969]


(...) Depois foi o encontro/convívio de toda a rapaziada e família, no Restaurante Braga, no Vimeiro.

Todos já nos tinhamos visto em encontros anteriores, mas a presença do ex-fur.mil mecânico  Pais de
Sousa foi bem acolhida,  ainda no Centro Interpretativo. Quando chegamos ao Restaurante deparamos com a presença do ex-fur mil Renato Monteiro, velho 'Lacrau'.

Já com o cabelo e barda brancos, o Monteiro foi logo reconhecido e muito nos sensibilizou. Conheceu-me a mim, Queiroz, particularmente, por um tique que tenho no olhar, disse ele, emocionado mas, a não ser o Cunha, não se lembrava das caras de mais ninguém.

Passaram 45 anos, mas depois começou a reconhecer
Renato Monteiro,   c. 1969/70
alguns de nós. Quando lhe mostraram fotos do nosso tempo em Contuboel, o filho do Aurélio Duarte disse que ele chorou, sem dar nas vistas.

Obrigado, Monteiro,  todos nós precisamos de chorar, o mais não seja de alegria.

Anexo algumas fotos do evento, com a curiosidade de terem sido tiradas pelo  grande fotógrafo Renato Monteiro e daí ele não aparecer nelas, a não ser numas fotos fatelas da minha autoria.  Uma delas infelizmente tremida que se calhar o nosso editor não aproveitar. Ele tem carta branca para selecionar e publicar o que entender.

Abraços
Valdemar Queiroz
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Nota do editor:

Último poste da série > 9 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14723: 25º convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego e Piche, 1969/70): Vimeiro, Lourinhã, 30 de maio de 2015 (Valdemar Queiroz) - Parte I