terça-feira, 20 de junho de 2017

Guiné 61/74 - P17493: Convívios (814): os Pel Caç Nat 51, 52 e 54, em Poceirão, na casa do ex-fur mil João Vaz (ex-prisioneiro de guerra em Conacri) (José Manuel Viegas)


Foto nº 1 > Pel Caç Nat  54 >  da esquerda para a direita,  Furriel Arlindo Costa (DFA),  Furriel José Viegas, Cabo Marques, Cabo Coelho (DFA) e Cabo Manuel Januário (DFA)


Foto nº 2 > Pel Caç Nat 51 >  da esquerda  para a direita: Furriel Castro, Furriel Azevedo, Alferes João Perneco, Furriel Carvalho e Cabo Raul.


Foto nº 3 > da direita para a esquerda, Furriel Arlindo Costa (DFA), Alferes Henrique Matos, Cabo Coelho (DFA) e Cabo Marques


Foto nº 4  > Pel Caç Nat 52 > da esquerda para a direita,  Furriel João Vaz (ex-prisioneiro de guerra em Conacri, libertado no decurso da Op Mar Verde) e Alferes Henrique Matos (, o primeiro cmdt do 52)


Foto nº 5 > Para matar saudades das ostras do tarrafo...


Foto nº 6 > ... mais as sardinhas  assadas (, estas é  que não havia na Guiné)


Fotos (e legendas): © José Manuel Viegas  (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Texto enviado em 19 do corrente, pelo José Manuel Viegas, nosso grã-tabanqueiro, algarvio, ex-fur mil do Pel Caç Nat 54 (Mansabá, Enxalé, Missirá, Porto Gole e Ilha das Galinhas, 1966/68): 


Assunto - Encontro dos Pel Caç Nat 51, 52 e 54
Realizou-se no Poceirão, Palmela,  mais um encontro dos Pelotões de Caçadores Nativos, formados pelo nosso camarada Jorge Rosales, do 51 ao 56 [, no CIM de Bolama],  e que serviram na Guiné entre 66 e 68. É já muito dificil encontrar estes nossos camaradas, mas ainda assim juntámos o 51, 52 e 54.

Como não podia deixar de ser,  lá estiverem as célebres ostras do tarrafo,  uma das nossas maravilhas da Guiné.

Depois do nosso almoço,  que foi efectuado na casa do furriel mil João Vaz,  do Pel Caç Nat  52,   lá foram tiradas as fotos da praxe para que perdurem as nossas memórias (e que vão acima publicadas, com legendas).

Com esta publicação fazemos votos que outros camaradas se juntem a nós mesmo aqueles que nos substituíram nos pelotões e nos novos.

Um abraço a todos
José Manuel Viegas
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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P17492: Convívios (813): Irmãos, camaradas e amigos do saudoso cap cav Luís Rei Vilar (1941-1970) (cmdt, CCAV 2538, 1969/71) honram a sua memória e divulgam o projeto Kassumai (de apoio à escola de Suzana) em jantar-convívio no próximo dia 25, em Cascais. Aceitam-se inscrições até ao fim do dia de hoje


Guiné > Região do Cacheu > Susana > CCAV 2358 (1969/71) > Natal de1969 > Último Natal e provavelmente a última ou uma das últimas fotos do Cap Cav Luís Filipe Rei Vilar, comandante da CCAV 2538 / BCAV 2876, unidade de quadrícula de Susana (1969/71), que morreu, em combate, em circunstâncias que nunca foram cabalmente esclarecidas pelo Exército, na sequência de uma operação contra o PAIGC, a Op Cassum, na fronteira com o Senegal, no dia 18 de Fevereiro de 1970. Nesse dia ainda foi evacuado, de Susana para Bissau, para o HM 241, de heli (pilotado pelo nosso camarada Jorge Félix). O malogrado oficial foi substituído pelo Cap Cav Rogério da Silva Guilherme.

Outras subunidades do BCAV 2876: CCAV 2539 (S. Domingos) e CCAV 2540 (Ingoré). 

Foto cedido por Rogério Pedro Martins, que estava em Susana nesta altura. O Miguel Vilar falou também com o ex-fur mil Enf Jesus, que vive em Mértola, e que estava a dois metros do seu capitão, quando este foi atingido. O Afonso conseguiu o número de telemóvel do Jesus, o que permitiu ao Miguel contactá-lo.

Fotos: © Rosário Pedro Martins / Miguel Vilar / Duarte Vilar (2010). Direitos reservados. [Editadas por L.G.]



1. Mensagem de Duarte Rei Vilar, com data de 4 do corrente, enviada para a caixa de correio do nosso editor Luís Graça na Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA e Lisboa. Por lapso, só hoje teve conhecimento do email:

Caro Luís

Eu e os meus irmãos iremos realizar um jantar /encontro (*) no dia 25 de Junho. Vamos contar à família e amigos a nossa viagem e, sobretudo, captar novos apoios para o Projeto Kassumai, um projeto de apoio às crianças de Susana e à escola que o meu irmão [, cap cav Luís Gilipe Rei Vilar, cmdt da comandante da CCAV 2538 / BCAV 2876, unidade de quadrícula de Susana (1969/71) ] (**), construiu, na altura em que lá esteve.

Gostávamos muito que estivesses presente e podes também divulgar no blogue e na Tabanca Grande.

Junto envio-te o convite. Espero que possas vir.

Um grande abraço
Duarte Rei Vilar
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(**) Filhos da Escola do Exército e da Academia Militar, mortos pela Pátria:

Campanha do Ultramar 1961 - 1974

Cap. Inf. Abílio Eurico Castelo da Silva

Ten. Inf. Jofre Ferreira dos Prazeres

Alf. Pqd. Manuel Jorge Mota da Costa

Ten. Cav. Jorge Manuel Cabeleira Filipe

Ten. Pil. Av. António Seabra Dias

Ten. Inf. Casimiro Augusto Teixeira

Ten. Pil. Av. Carlos António Alves

Ten Pqd. Luís Ramos Labescat da Silva

Alf. Inf. Helder Luciano de Jesus Roldão

Cap. Inf. Óscar Fernando Monteiro Lopes

Cap. Cav. António Lopo Machado do Carmo

Cap. Inf. Isidoro de Azevedo Gomes Coelho

Cap. Inf. António Afonso da Silva Vigário

Cap. Inf. Cirilo de Bismarck Freitas Soares

Cap.Inf. Francisco Xavier Pinheiro Torres de Meireles

Ten. Inf. Manuel Bernardino da Silva Carvalho Araújo

Cap. Pqd. Luís António Sampaio Tinoco de Faria

Alf. Inf. José Manuel Ribeiro Baptista

Cap. Inf. José Jerónimo da Silva Cravidão

Ten. Pil. Av. Manuel Malaquias de Oliveira

Alf. Inf. Augusto Manuel Casimiro Gamboa

Alf. Cav. Estevão Ferreira de Carvalho

Cap. Inf. Artur Manuel Carneiro Geraldes Nunes

Alf. Art. Henrique Ferreira de Almeida

Cap. Inf. Adelino Oliveira Nunes Duarte

Cap. Cav. Luís Filipe Rei Vilar

Maj. C.E.M. Raúl Ernesto Mesquita da Costa Passos Ramos

Maj. Inf. Alberto Fernando de Magalhães Sousa Osório

Maj. Art. Joaquim Pereira da Silva

Cap. Cav. Jaime Anselmo Alvim Faria Afonso

Cap. Inf. Fernando Assunção Silva

Cap. Art. Pedro Rodrigo Branco de Morais Santos

Ten. pil. Av. Cláudio Santos Pereira Ascenção

Ten. Pil. Av. Rui Fernando Movilla de Matos André

Ten. Cor. Pil. Av. José Fernando de Almeida Brito

Maj. Pil. Av. Fernando José dos Santos Castelo

Maj. Pqd. Manuel António Casmarrinho Lopes Morais

Cap. Pil. Av. António Caetano Abrantes

Cap. Pil. Av. Custódio Janeiro Santana

Cap. Pil.Av. António Figueiredo Rodrigues

Cap. inf. António Alberto Rita Bexiga

Cap. Pil. Av. Herminio da Silva Baptista

Maj. Inf. Jaime Frederico Mariz Alves Martins

Cap. Pil. Av. Hugo de Assunção Ventura

Ten. Cor. Art. Nuno Álvares Pereira

Ten. Pil. Av. Emilio José Alves Lourenço

Cap. Pqd. João Manuel da Costa Cordeiro

Cap. Pil. Av. Fernando Fernandes

Alf. Cav. Luís António Andrade Âmbar

Guiné 61/74 - P17491: Blogoterapia (286): Uma memória daquele espaço em Casal dos Matos, Pedrógão Grande (Mário Beja Santos)

Casal dos Matos, Pedrógão Grande, tinta da china de João Viola (2007).



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) chegada há minutos ao nosso Blogue:

Queridos amigos,
Reconstruí uma casa no lugar de Casal dos Matos, freguesia da Graça, concelho de Pedrógão Grande. Era uma casa arruinada num ponto ermo, dentro de uma extensa floresta. Foi um empreendimento maravilhoso, por sorte encontrei artesãos que recuperam a traça original. Fui ali muito feliz e tive gente muito feliz à minha volta, por largos anos.
Desde o primeiro segundo em que ocorreu a tragédia que houve um tremor de que a hecatombe anunciada ali tivesse chegado. Quando se falou em Nodeirinho, ponto de passagem obrigatório até Casal dos Matos, ficaram poucas ilusões. A todos que me telefonavam e escreviam, caso do Luís Graça, punha sempre esperança de que a tempestade de fogo não tivesse derrubado aquele meu sonho de amor. Ao fim da tarde, falando com o proprietário seguinte, o desengano teve a sua hora, Casal dos Matos ficara reduzida a cinzas.
Aqui deixo esta memória, dedicada a todos os que morreram naquele absurdo vendaval da natureza.

Um abraço do
Mário


Uma memória daquele espaço em Casal dos Matos, Pedrógão Grande

Beja Santos

Tudo aconteceu em ritmo vertiginoso quando achamos em estrada de terra batida as ruínas de uma casa cheia de caráter, teria sido morada de agricultores, dava para perceber pela configuração dos espaços, o que restava da cozinha, os sobrados em escombros, pedaços ferrugentos das alfaias agrícolas. Negociou-se com as quatro irmãs e respetivos maridos, elas eram as herdeiras de Manuel Simões, conhecido na terra pelo nome de “Arrependido”, casado com D. Arlinda, que aguentou as lides agrícolas e domésticas enquanto o marido andava por Franças e Araganças a juntar dinheiro para aumento de património. Naquela casa morreu o Arrependido, 20 anos ali ficou em derrocada.

Comprada a ruína, houve que encontrar mestre para refazer muros, reforçar as paredes, pôr novas divisões na casa, substituir na íntegra o telhado, reconstruir o telheiro, respeitar as artes de carpintaria nos seus usos e costumes, fazer cozinha, casa de banho, combater humidades, afastar salitre, o mais que se sabe. Houve sorte em encontrar Manuel Carlos, de Castanheira de Figueiró, foi um bom artífice para a arrancada dos melhoramentos e mais sorte se teve com o carpinteiro, senhor Carlos Paulino, da Ribeira de S. Pedro, em Figueiró, com quem se fez amizade, tão forte fora a cumplicidade no conserto das padieiras, no rasgar das janelas, na reconstrução das cantoneiras, no admirável telheiro, na varanda, no aproveitamento das velhas serras, bancos, no arranjo das pipas e dornas. Meses e meses e aquela alegria em ver erguer-se a casa, no estreitamento de cumplicidades com o eletricista, o senhor. José Carlos, o senhor Henrique que murou o pátio a rigor, refez-lhe o caráter, quando sobrou dinheiro reforçou-se a solidez das paredes, tudo em bela pedra, removeu-se a lama e cimentou-se a preceito, ficou uma casa sólida, com um esplêndido forno à entrada, com belo lajedo, mais tarde fez-se a biblioteca que se encheu com milhares de livros, aproveitavam-se as suas sombras frescas para leituras e ouvir bem alto as óperas de Wagner. E até se comprou uma carroça ao senhor Eduardo, marido de uma das quatro irmãs, a Amélia, lá veio o senhor Carlos Paulino dar-lhe vida, olear as rodas, com auxílio de um correeiro a máquina ficou em funcionamento, só faltava uma égua para haver passeios e ir até Figueiró ou a Pedrógão Grande. Famílias e amigos de diferentes proveniências aqui chegaram. Aqui arribou um historiador britânico com mulher e três filhos, despedida mais comovente e agradecida não há lembrança; aqui uma senhora luso-grega acabou um livro, organizaram-se almoços, foi uma casa onde reinou a felicidade.

Depois aumentou-se o sonho, dois compradores com espírito de aventura meteram-se numa andança mais séria e refizeram uma casa na barragem do Cabril, tem pela frente um panorama de dezenas de quilómetros, belo jardim. Havia que tomar uma decisão, era um sem razão possuir duas casas distanciadas por escassos quilómetros.

Aconteceu um milagre ou acaso muito feliz. Bateu à porta de Casal dos Matos um senhor que disse que amava perdidamente aquela casa, já lá tinha ido vezes em conta com um mediador imobiliário, desesperava se lhe recusávamos a venda. No acerto do negócio aconteceu uma troca, os proprietários receberam um andar em Tomar, com vista para o Convento de Cristo. Sempre a rezingar, saiu-se daquela casa com lágrimas nos olhos, tão intensas eram as memórias, os familiares e amigos recebidos, o deixar e retirar trastes, aquele amontoado de recordações espúrias desde a rega do jardim e a satisfação de ver crescer um rododendro que dá flores brancas, mas enfim deixava-se proprietário a estimar aquela empreitada, ficava a doce lembrança de ali chegar em noites quentes e sentir os fortes odores dos pinheirais e até o canto do rouxinol, com os seus concertos da madrugada, dulcificando os nossos espíritos.

Qualquer pretexto era bom para passar por ali e admirar aquelas telhados irregulares que se espraiavam pela casa, pelo pátio, pelo lugar do forno, algo ia mudando ao longo dos anos, na região, da terra batida passou-se para o alcatrão, sempre com um aperto de coração em cada visita havia mais mortos e os vivos não queriam regressar, é uma região onde faltam crianças, fecham escolas, terrenos aráveis enchem-se de silvado.

Quando vem a notícia do vendaval de fogo em Pedrógão Grande, tudo fiz para desviar a atenção, só que os telefonemas e os contactos chegaram em catadupa, alguém que vivia na Austrália, um outro que se estabeleceu em Singapura, imagine-se até camaradas da Guiné, da CCAÇ 2402, que por ali tinha andado, quando organizei a confraternização em Figueiró dos Vinhos, e o presidente da autarquia possibilitou dois autocarros que andaram a percorrer todo o concelho; eram telefonemas de manhã à noite, como é que está a casa, e eu sempre a dar respostas tranquilizadoras, e súbito aquela notícia catastrófica do Nodeirinho, a imagem dos carros calcinados na estrada que liga a Castanheira ou a Figueiró. Havia que ganhar coragem, e então telefonei ao proprietário seguinte, sempre com rodeios, até que veio a machadada da verdade: Casal dos Matos estava reduzida a cinzas, imagine-se a única coisa que resistira àquele fogo devorador fora a salamandra, estava no canto cozinha, era um verdadeiro bálsamo para as noites frias de Inverno. Desatei a choramingar, já tinha perdido uma casa na guerra, em 19 de Março de 1969, noite quentíssima, parecia ferver, os guerrilheiros do PAIGC vieram com balas incendiárias, o colmo das moranças ardeu como tochas, num instante, fiquei com os ferros da cama que pertencera ao professor Eduardo Cortesão, quando ele se aboletava em Missirá devido a um projeto de palmeiras de Samatra, no rio Gambiel. Já choraminguei os mortos do Nodeirinho, povoação familiar, era ponto de passagem obrigatório quando se vinha pelo IC 8, aqui se infletia no Outeiro do Nodeirinho, depois Figueira, depois Casal dos Matos. É um mistério como todas estas recordações nos avassalam a mente, os mortos ganham vida, oiço gritos na taberna do senhor Eduardo, converso com o António Manuel, que vive da profissão de bate-chapa e que acabará naquela cruel agonia que é a esclerose lateral amiotrófica, oiço as vozes das irmãs Amélia e Maria que estão a apanhar tomate e daqui a um bocado entram portas adentro com a oferta de um grande saco, é tomatada para a semana inteira. É uma dor imensa, sei que se irá diluindo, só a memória triunfará, no sonho que se pôs de pé, do enlace das estimas, nos doces acolhimentos, sei que irá vincar-se essa memória de Casal dos Matos como aquele preço que representa a construção de uma casa, de um local amorável, onde se recebia sempre de braços abertos.

Em 2007, o meu amigo João Viola ofereceu-me uma belíssima tinta-da-china com a entrada de Casal dos Matos. Se o momento é de amargura porque tudo está em cinzas, e Pedrógão Grande sofre como nunca sofreu com tal vendaval, aqui se deixa o desenho de João Viola a mostrar como se sonhou e se realizou uma casa como outros sofreram para a pôr de pé.
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Nota do editor

Último poste da série de 2 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17098: Blogoterapia (285): Quando o sol escurece (António Eduardo Ferreira, ex-1.º Cabo Condutor Auto)

Guiné 61/74 - P17490: Convívios (812): Encontro do pessoal da CCAV 2539/BCAV 2876, levado a efeito no passado dia 3 de Junho de 2017 em Lisboa (António Rocha Costa, ex-Alf Mil Op Esp))





1. Em mensagem do dia 14 de Junho de 2017, o nosso camarada António Rocha Costa, (ex-Alf Mil Op Especiais da CCAV 2539/BCAV 2876, S. Domingos, Antotinha e Bissau, 1969/71), enviou-nos algumas fotos referentes ao Encontro do pessoal da sua Unidade, levado a efeito no passado dia 3 deste mesmo mês, em Lisboa.
























Selecção e edição das fotos: Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 14 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17472: Convívios (811): Operação na cidade de Tondela pela CART 3494 (Sousa de Castro)

Guiné 61/74 - P17489: (De) Caras (78): o testemunho de Manuel Amante da Rosa, embaixador plenipotenciário de Cabo Verde em Itália, sobre o Fausto Teixeira: "era uma figura distinta, opositor ao regime de Salazar, vigiado pela PIDE/DGS, amigo do meu pai que lhe comprou, no início dos anos 70, o último navio que ele levou para a Guiné, um antigo cacilheiro que fazia carreiras regulares para o Xime e para os Bijagós ...Morreu depois do 25 de Abril em Portugal".

1. Duas mensagens, a primeira do nosso editor Luís Graça, com data de 13 do corrente; e outra, a resposta, enviada a 16 do corrente pelo  nosso amigo, camarada e grã-tabanqueiro,  ex-fur mil, QG/CTIG, Bissau,1973/74, Manuel Amante da Rosa, embaixador plenipotenciário da República de Cabo Verde em Itália desde 16/1/2013, e agora também em Malta [foto, acima, de 2013; cortesia da RTC - Radiotelevisão Caboverdiana].

(i) Mensagem do nosso editor LG, com data de 13 do corrente, enviada a Manuel Amante da Rosa:

Assunto - Madeireiro "amgo" do PAIGC? Fausto Teixeira, deportado para a Guiné em 1925... Um barco dele é atacado no Rio Geba c. 1970.

Manuel: Como vais tu na "Roma eterna"? Com muitas saudades da "nossa terra, Cabo Verde", imagino!,,,

Preciso de um favor teu, mais um esforço de memória... Este homem, Fausto Teixeira,  foi contemporâneo do teu pai, era madeireiro, tinha barco(s) que fazia(m) o Geba... Ajudou o Luís Cabral a fugir para o Senegal...

Se achares conveniente, não te cito... Em todo o caso, não me parece que haja qualquer inconveniente... Era um "tuga", e possivelmente teria duas famílias, uma em Palmela e outra em Bafatá... No final dos anos 60, hospedava-se no Hotel Portugal e tinha uma companheira cabo-verdiana, muito mais nova do que ele, de nome Agostinha...

Esta história diz-te alguma coisa? Um xicoração... Luís

PS - Andamos a ajudar na exposição sobre o escritor Manuel Ferreira (1917-1998), autor de "Hora di Bai", contemporâneo do meu pai, Luís Henriques (1920-2012), em São Vicente, na II Guerra Mundial... Casou com a Orlanda Amarílis (1924-2014). Eram colegas do Liceu Gil Eanes, no Mindelo, em 1944. O Amílcar Cabral foi da turma da Orlanda...

(ii) Resposta do Manuel Amante da Rosa:

Data: 19 de junho de 2017 às 09:48

Assunto: Re: Madeireiro "amigo" do PAIGC? Fausto Teixeira, deportado para a Guiné em 1925... Um barco dele é atacado no Rio Geba c. 1970...

Meu caro Luís, estou numa reunião sobre as secas e desertificação. Novas abordagens!

Aproveito um "break" para te dizer o que ainda a minha memória não apagou.

Este Senhor, Fausto Teixeira, era uma figura distinta na Guiné. Um empedernido opositor ao regime de Salazar, por vezes incómodo, e permanentemente seguido pela PIDE/DGS.

Conheci-o através do meu Pai, de quem era amigo. De baixa estatura, conversador, rijo apesar da idade e pertinaz em todas as opiniões que proferia.

Era originário de Setúbal e teria sido deportado para Bissau em finais de 40 ou inícios de 50 do século passado.


Fonte: Anúncio comercial. In: "Revista de Turismo", jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné






O meu Pai [, António Amante Rosa, que em 1956 era comerciante, em Belim, Fulacunda, e mais tarde armador] comprou-lhe o último navio que ele levou para a Guiné nos inícios dos anos 70.

Registou o navio, um antigo "cacilheiro", com o nome de "O Amanhã". Nessa altura, [o Fausto Teixeira] estaria já nos seus 70 anos e denotava esperanças em tudo o que fazia ou dizia.

O meu Pai conservou o nome e ele fazia carreiras regulares para o Xime diariamente. Eu fiz muitas viagens nele, não só para o Xime como para os Bijagós.

Julgo que o Sr. Fausto terá vivido o seu amanhã com o 25 de Abril ainda na Guiné e terá morrido anos depois na sua terra natal. Aqui não estou bem precisado.

O meu abraço de sempre.
Manuel Amante da Rosa


2. Comentário de LG:

Caro dr. Manuel Amante da Rosa, meu caro Manuel: estou-te muito grato pela rápida resposta e pela tua partilha de memórias sobre a terra que te vou nascer e crescer... Afinal, o Fausto Teixeira era teu conhecido e era amigo do teu pai, com quem teve negócios....

Só um detalhe biográfico, se me permites: o Fausto Teixeira já estava na Guiné desde o final da I República, mais concretamente desde julho de 1925. Foi deportado, não pela Ditadura Militar / Estado Novo (1926-1974), mas pela República (1910-1926), sem julgamento, por suspeita de pertencer à temível "Legião Vermelha".

Esta organização revolucionária (para outros meramente terrorista...) era, ao que parece, de inspiração bolchevique (e não anarcossindicalista, que era então a corrente dominante no movimento operário português,  e na Confederação Geral do Trabalho, de vida curta: 1919-1927)... 

O fantasma da "rede bombista" da Legião Vermelha seria usado como arma de arremesso da propaganda salazarista, anos mais tarde...  [Vd. documentário da RTP disponível no You Tube].




"Parte da retórica estado-novista foi construída e mantida capitalizando o fantasma da Legião Vermelha, concentrando em si toda a ideia de desordem política e social da I República, como se vê n[este] cartaz, presumivelmente, saído do Secretariado de Propaganda Nacional nos anos 40".

Fonte: Pinto, Ana Catarina Simões Mendonça - A luta de classes em Portugal (1919:1926) : a esquerda republicana e o bloco radical. Lisboa:  RUN [Repositório da Universidade NOVA de Lisboá. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH). Departamento de HistóriaTeses de Doutoramento, 2015, p. 339 (Com a devida vénia...).
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Nota do editor:

Últmo poste da série > 18 de junho de  2017 > Guiné 61/74 - P17482: (De) Caras (84): Fausto Teixeira, deportado político em 1925, empresário em Bafatá, de quem o 2º tenente Teixeira da Mota, ajudante de campo do governador Sarmento Rodrigues dizia, em 1947, ser um "incansável pioneiro da exploração de madeiras da Guiné"... Mais três contributos para o conhecimento desta figura singular (José Manuel Cancela / Jorge Cabral / Armando Tavares da Silva)

Guiné 61/74 - P17488: Parabéns a você (1274): Engenheiro Cherno Baldé, Amigo Grã-Tabanqueiro, natural da Guiné-Bissau

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Nota do editor

Último poste da série de 19 de Junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17485: Parabéns a você (1273): Henrique Cerqueira, ex-Fur Mil Inf do BCAÇ 4610/72 (Guiné, 1972/74) e Professor Leopoldo Amado, Amigo Grã-Tabanqueiro natural da Guiné-Bissau

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Guiné 61/74 - P17487: Notas de leitura (970): “A Colonização Portuguesa da Guiné 1880-1960”, por João Freire, 2016, edição da Comissão Cultural da Marinha (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Junho de 2017:

Queridos amigos,
A investigação de João Freire introduz olhares refrescados sobre uma ocupação colonial em que a Marinha aparece no seu desempenho determinante, ao lado do Exército. Acresce que os oficiais da Marinha tiveram desde a primeira hora, a partir de 1879, papéis relevantíssimos na governação, nas chefias militares, na ciência e na cultura. Basta recordar o nome de Avelino Teixeira da Mota associado ao Boletim Cultural da Guiné Portuguesa e de Manuel Pereira Crespo indissociável da missão geoidrográfica que revolucionou os conhecimentos, de tal sorte que as melhores cartas geográficas têm por base o seu trabalho.
João Freire investigou 80 anos e deixa um comentário final que merece ser refletido: "A colonização portuguesa na Guiné pouco podia vangloriar-se do papel que desempenhara na modernização do território, em comparação com colónias vizinhas. Mas os governos de Portugal também não podiam ser acusados de ter lucrado diretamente da exploração colonial, cujo benefício se terá distribuído e disseminado ao longo do tempo entre os maiores agentes de negócio e os pequenos beneficiários locais da soberania portuguesa. Aos portugueses sobrava-lhes o resultado de terem contribuído poderosamente para a construção de uma identidade nacional guineense. Contudo, a estratégia oficial de "cabo-verdianização" da administração pública e as "táticas de africanização" das guerras que os portugueses travaram também contribuíram para cavar mais fundo as clivagens interétnicas existentes nos povos da Guiné".

Um abraço do
Mário


A colonização portuguesa da Guiné, 1880-1960, por João Freire (2)

Beja Santos

“A Colonização Portuguesa da Guiné 1880-1960”, por João Freire, 2016, edição da Comissão Cultural da Marinha, foi uma das edições preeminentes do ano transato, no que tange à investigação guineense no período colonial. João Freire manipula expeditamente a heurística e a hermenêutica, por cada capítulo abordado tece conclusões, assume responsabilidades interpretativas, nunca deixa o leitor à deriva ou no território das especulações. É uma viagem cronológica onde os assuntos da Marinha colonial têm peso preponderante.

Falando sobre o contexto das sistemáticas revoltas nativas e a questão da imposição da soberania, João Freire não deixa de sublinhar que na generalidade a máquina administrativa na Guiné era de péssima qualidade, em que os deportados punham as suas competências ao serviço do que o governador lhes quisesse oferecer; a Guiné foi uma colónia “sem colonizadores”, se se referirem portugueses pobres que ali tivessem ido tentar a sua sorte e se tivessem espalhado e fixado em diversas áreas do território. A presença dos brancos limitou-se quase sempre aos comerciantes instalados nas povoações mais antigas e consumidoras. Abreviando, o estado das relações entre portugueses e guineenses por meados do século XIX encontrava-se mais nas mãos de alguns poucos negociantes de que propriamente nas mãos do Estado. Recorde-se que a partir de 1842 a Inglaterra interditou o tráfico e o transporte de escravos nos mares, mas este continuou por mais umas décadas.

Tem interesse em reproduzir a argumentação aduzida pelo autor:  
“A aceitação pelos povos indígenas do comércio de brancos forneciam uma base comum de interesses que aqueles cabo-verdianos lusitanos aproveitaram para arrematar terras e aí plantar, se não a soberania, pelo menos a influência determinante de um arremedo de administração portuguesa. E ela fixou-se simbolicamente através de instrumentos para-diplomáticos talvez mais diversos do que em qualquer outra colonização portuguesa em África. Em lugar dos tratados de vassalagem, habituais em Angola e Moçambique, documentos pelos quais o chefe tribal se comprometia a içar a bandeira portuguesa, deixar cobrar o imposto de palhota, permitir o comércio dos brancos e o seu trânsito de pagamento de portagens, recrutar ‘homens de guerra’ e ‘homens de trabalho’ por troca com uns presentes simbólicos com o rei de Portugal e a manutenção do essencial das suas funções de líder tradicional da sua comunidade, encontramos na Guiné uma maior variedade de termos e de conteúdos destes vínculos de regulação internacional”.

A força do Exército foi sempre escassa e, no essencial, recrutada fora do território. O que não surpreende, havia manifesta relutância em praticamente todas as etnias em deixarem-se disciplinar militarmente, e à cautela os governantes portugueses usavam-nas na manutenção da ordem, contingentes constituídos por soldados africanos expatriados, mestiços cabo-verdianos e até expedicionários vindos da metrópole. As forças da polícia local só surgiram muito tardiamente.

João Freire repertoria as revoltas antes de 1880 e enfatiza o trauma em que depois da rebelião nortenha no Jufunco, em 1878, acarretou o chamado Massacre de Bolor, que levou à separação da Guiné da província de Cabo Verde. Entre 1842 e 1878 ocorreram três grandes levantamentos com operações que envolveram forças expedicionárias. De um modo geral, tudo acabava em soluções de compromisso, de uma enorme precariedade. Passando para o período de 1880 a 1891, refere a intervenção dos primeiros governadores que tiveram de intervir nos Bijagós, junto dos Papéis de Antula, em Buba, no Forreá, este acontecimento levou René Pélissier à consideração de que foi a partir daqui que se deu o arranque real da conquista portuguesa da Guiné; mas também se combateu em Jabadá, por terras dos Fulas-Forros situadas entre os rios Cumbijã e Corubal, etc. O autor não perde a oportunidade para relevar a estreita cooperação entre a Marinha e as tropas no terreno. Regista situações de insubordinação ou descontrolo, detalha os acontecimentos à volta do chamado “desastre de Bissau”, 1891, elenca as intervenções navais estrangeiras. No período entre 1891 até à república, tendo em conta os acontecimentos do Ultimato e as mudanças que abalaram o então Ministério da Marinha Ultramar, toma-se a decisão da “ocupação efetiva” dos territórios coloniais. Logo em 1892, o Capitão Sousa Lage lança-se no concelho de Geba contra os Fulas Pretos do régulo Mali Boiá, e no ano seguinte terá lugar a terceira guerra de Bissau, a paz é sempre precária, há governadores (caso de Júdice Bicker) que vão à frente das tropas (Bicker desembarca em Farim e, entre Março e Maio de 1902) resolve com sucesso a segunda campanha do Oio, na qual ele próprio é ferido e que lhe valeu a medalha de ouro do Valor Militar.

É um longo capítulo em que o leitor acompanha sistematicamente as diferentes campanhas, caso daquelas em que Oliveira Muzanty desenvolveu nas regiões do Cuor e Badora contra os Beafadas sublevados, entre 1907 e 1908. A República deu continuidade a este tipo de campanhas que tiveram o seu ponto mais alto mas que foram desenvolvidas pelo Capitão João Teixeira Pinto que se socorreu de um aventureiro Jalofo, Abdul Indjai, que virá a ser profundamente contestado com régulo do Oio e deportado. Em 1925 terá lugar a nova campanha em Canhabaque, aí dá-se a curiosidade de ter intervindo um avião que veio bombardear vários pontos de concentração dos rebeldes Bijagós. A título de observações conclusivas, João Freire sintetiza as resistências opostas pelas diferentes etnias: na zona costeira entre as embocaduras dos rios Casamansa e Cacheu, pelos Felupes; entre os estuários dos rios Cacheu e Mansoa pelos Manjacos; na ilha de Bissau pelos Papéis, sempre em choque com as autoridades da cidade de S. José de Bissau; no arquipélago dos Bijagós, sobretudo em Canhabaque e nas explorações agrícolas que bordejavam o estuário do Rio Grande (de Buba) onde laboravam Balantas e Beafadas; em profundidade no território, a vila de Geba constituiu durante muito tempo o ponto avançado dos europeus que faziam face a Balantas e Mandingas; mais a Sul, a vila de Buba era simultaneamente o topo da “Guiné agrícola” do Rio Grande e a porta de entrada para o Forreá e mais além para o Boé.

João Freire tece minuciosas considerações sobre esta síntese refere ao detalhe as relações conflituais da governação portuguesa com os povos guineenses, pormenoriza as caraterísticas técnicas das operações militares.

A obra prossegue com o enquadramento da Guiné Portuguesa como província autónoma e dá-nos a moldura da administração colonial republicana, até 1930.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 16 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17478: Notas de leitura (969): “A Colonização Portuguesa da Guiné 1880-1960”, por João Freire, 2016, edição da Comissão Cultural da Marinha (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17486: Meu pai, meu velho, meu camarada (57): um roteiro da cidade do Mindelo: parte II [álbum fotográfico de Luís Henriques (1920-2012), natural da Lourinhã, ex-1º cabo inf, nº 188/41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5 [, Caldas da Rainha], que esteve em Cabo Verde, Ilha de São Vicente, entre julho de 1941 e setembro de 1943]


Foto nº 1 > Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > Agosto de 1941 > "Dias depois da nossa chegada. O regresso do banho da linda praia da Matiota". [Luís Henrique está assinaldo na foto, é o primeiro do lado esquerdo, da 3ª fila]



Foto nº 2 > Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > Praia da Matiota > Maio de 1943 > "Matiota e a sua baía que é a melhor de S. Vicente, aonde se passa um bocado divertido".

Foto nº 3 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Lazareto  > 1 de dezembro de 1941 > "Parada do Batalhão expedicionário do R. I. nº 5. Ao fundo a linda baía com o seu belo porto de mar". [Na época, o Lazareto ficava fora da malha urbana do Mindelo, embora dentro da baía do Mindelo, tal como a praia da Matiota]


Foto nº 4 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > 19942 > "Outro funeral da 2ª Companhia do [Batalhão Expedicionário do] RI 5, saindo há pouco da igreja de S. Vicente [, igreja deN. Sra. da Luz]"


Foto nº 5 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Maio de 1943 > "O pôr do sol em S. Vicente. O célebre Monte da Cara,,, e o lindo porto de mar que parece adormecido"


Foto nº 56> Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo >  Matiota [? ]  > Julho de 1942> "Todas as manhãs depois do trabalho é o banho a nossa alegria [, apesar dos tubarões...]. Nesta altura pouco sabia nadar." [Luís Henriques, ao centro,  é o terceiro, à frente, a contar da esquerda]


Foto nº 6 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Cemitério de Mindelo > 1943 > "Justa homenagem àqueles que dormem o sono eterno na terra fria. Companheiros de expedição os quais Deus chamou ao Juízo Final. Pessoal da A[nti] Aérea depois das cerimónias desfila fazendo continência às sepulturas dos companheiros. Oferecido pelo meu amigo Boaventura [Horta, conterrâneo, da Lourinhã,] no dia 17-8-1943, dia em que fiquei livre da junta (hospitalar)."


Fotos (e legendas): © Luís Henriques (1920-2012) / Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.



1. Fotos do álbum de Luís Henriques (1920-2012), ex-1º Cabo nº 188/41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5 [, Caldas da Rainha]. Esteve 26 meses em Cabo Verde, no Lazareto, na Ilha de São Vicente, entre julho de 1941 e setembro de 43, em missão de soberania; este e outros batalhões (do RI 7, RI 15 e RI 2) , num total de mais de 3300 homens, foram entretanto integrados mais tarde no RI 23]. (*)

[Foto à direita, Luís Henriques > 19 de agosto de 1942 > "No dia em que fiz 22 anos, em S. Vicente, C. Verde. 19/8/1942. Luís Henriques ".]

Estas e outras fotos do álbum de Cabo Verde, de Luís Henriques, foram disponibilizadas ao João B. Serra que está escrever a biografia [e a montar, em Leiria, uma exposição comemorativa do 1º centenário do escritor Manuel Ferreira  (1917-1998)] (**), que também foi expedicionário, em São Vicente na mesma altura, ou seja durante a II Guerra Mundial, com o posto de furriel miliciano, embora pertencesse a outra unidade mobilizadora, o RI 7 (Leiria) (o respetivo batalhão estava aquartelado em Chão de Alecrim).

Outros camaradas nossos, cujos pais estiveram em Cabo Verde (casos  do Hélder Sousa e Augusto Silva Santos, por exemplo),  também já disponibilizaram as fotos dos seus álbuns, para esta nobre missão que é, para além da comemoração da vida e obra de Manuel Ferreira, homenagear os valorosos portugueses e cabo-verdianos desta época. [O blogue Praia de Bote, craiado e editado pelo prof Joaquim Saial, também está a colaborar com o João B. Serra nesta louvável iniciativa].

O nosso blogue faz um "dramático apelo", a filhos, netos, e bisnetos (!), para que os álbuns desta geração, a  dos "nossos pais, nossos velhos e nossos camaradas", não desapareçam pura e simplesmente na voragem do tempo!...

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Guiné 61/74 - P17485: Parabéns a você (1273): Henrique Cerqueira, ex-Fur Mil Inf do BCAÇ 4610/72 (Guiné, 1972/74) e Professor Leopoldo Amado, Amigo Grã-Tabanqueiro natural da Guiné-Bissau


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Nota do editor

Último poste da série de 17 de Junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17479: Parabéns a você (1272): Juvenal Amado, ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas do BART 3872 (Guiné, 1971/73)