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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10442: Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex- comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (2): Funeral fula em Guileje (ou melhor, funeral muçulmano, segundo o nosso amigo Cherno Baldé)


Guiné > Região de Tombali > Guileje > Pel Caç Nat 51 (1969/70) >  Sequência fotográfica de um "funeral fula em Guileje" (é a única legenda que possuímos) >  Foto nº 5 > s/legenda:  o cortejo funerário encaminha-se para a mata; á esquerda, é visível um troço de arame farpado do aquartelamento e tabanca; o fotógrafo acompanhou a cerimónia desde a saída da tabanca até ao local, na mata, onde se realizou o enterro; não parece haver qualquer escolta militar.


 Guiné > Região de Tombali > Guileje > Pel Caç Nat 51 (1969/70) > Funeral fula > Álbum do alf mil Armindo Batata > Foto nº 6 > s/ legenda: percebe-se pela foto que o morto, presumivelmente civil, do sexo masculino,, é transportado numa maca (possivelmente cedida pela NT), e vem coberto com um lençol ou um pano branco.


Guiné > Região de Tombali > Guileje > Pel Caç Nat 51 (1969/70) > Funeral fula > Álbum do alf mil Armindo Batata > Foto nº 7 > s/ legenda: os familiares e amigos, só homens, quer civis quer militares, descalços, fazem um círculo à volta da sepultura, e possivelmente rezam em voz alta  uma primeira oração.


Guiné > Região de Tombali > Guileje > Pel Caç Nat 51 (1969/70) > Funeral fula > Álbum do alf mil Armindo Batata > Foto nº 8 > s/ legenda: a inumação do cadáver, envolto em panos... e que parece ser depois encimado por uma esteira.


Guiné > Região de Tombali > Guileje > Pel Caç Nat 51 (1969/70) > Funeral fula > Álbum do alf mil Armindo Batata > Foto nº 9 > s/ legenda: os participantes assistem,  sentados, à descida do corpo à terra.


Guiné > Região de Tombali > Guileje > Pel Caç Nat 51 (1969/70) > Funeral fula > Álbum do alf mil Armindo Batata > Foto nº 10 > s/ legenda: a descida do corpo à terra.


Guiné > Região de Tombali > Guileje > Pel Caç Nat 51 (1969/70) > Funeral fula > Álbum do alf mil Armindo Batata > Foto nº 11 > s/ legenda: possivelmente a oração de despedida à volta da sepultura, vísível pelo montículo de terra. 

[Peço ao nosso amigo e irmãozinho Cherno Baldé, fula e muçulmano, para corrigir e/ou completar estas legendas que a visualização das fotos me foi sugerindo...No TO da Guiné, no tempo em que lá estuve (1969/71)  só fui, que me lembre, a um funeral numa aldeia fula, o de um dos nosso soldados, morto em 7 de setembro  de 1969. LG]

Fotos: © Armindo Batata / AD - Acção para o Desenvolvimento (2007). Todos os direitos reservados.


1. Explicação sobre o funeral de rito muçulmano na Guiné-Bissau, dada aqui em comentário a este poste pelo nosso amigo Cherno Baldé:


Caro Luís Graca,

As legendas estão corretíssimas, mas no intitulado, eu prefereria que fosse "funeral muçulmano" porque é disto que se trata, pois o ritual é o mesmo entre os muçulmanos de todas as origens e as pequenas diferenças que se podem notar resultam de condições concretas dos meios de cada comunidade.

O Armindo Batata dá-nos nestas imagens a impressão de um observador atento ao que se passa ao redor, no obstante, escapou-lhe a parte da oração fúnebre (conjunta) que é feita na morança, antes de partir para a sua última morada onde participam todos, homens e mulheres.

Torna-se quase impossível identificar o(a) morto(a) a partir das imagens (se é civil ou militar, homem ou mulher), mas a padiola [, maca,] é militar e deve pertencer aos serviços sanitários do quartel que, neste caso substitui a função tradicional da esteira fabricada com fibras de colmo que deveria servir para enrolar e transportar o defunto ao local do enterro.

A praxe muçulmana manda que o cemitério esteja situado fora da aldeia e a proteção da sepultura suficientemente sólida para evitar que as hienas e jagudis façam das suas.

O funeral muçulmano caracteriza-se pela sua simplicidade, rapidez e equidade, cada uma delas com o seu lote de vantagens e inconveniências, dependendo do ponto de vista de quem observa ou analisa. Todavia, uma coisa é certa, são cada vez mais as comunidades africanas que aderem, nomeadamente na Guiné-Bissau, provavelmente para diminuir o fardo dos custos (sociais e econoómicos) ligados aàs tumultuosas e repetitivas cerimónias de culto aos mortos em tempos de crise generalizada.

Aceitem esta contribuição de um leigo e muçulmano pela cultura.

Um grande abraço para ti e aos restantes editores,
Cherno Baldé

PS - Queria acrescentar que as três características ou princípios acima enunciados impedem que o morto seja enterrado dentro de uma urna, salvo casos excepcionais, o mais provável é ser retirado do caixão e enterrado na maior simplicidade possível.

Voltando a atualidade, é isto que explica o facto de os chamados fundamentalistas destruirem os mausoléus no norte de Mali (Tombouctu). São contradições de difícil solução dentro da própria religião que, ainda, não têm uma solução pacífica.

O cemitério do alto de S. João, [em Lisboa,]  está melhor urbanizado e apetrechado que muitas cidades
do terceiro mundo. Cherno


2. Recorde-se aqui, mais uma vez,  a lista das 11 unidades que passaram por Guileje, entre fevereiro de 1964 e maio de 1973 (Fonte: Carlos Schwarz/Nuno Rubim, 2006)

  1. CCAÇ 495 (Fev 1964 / jan 1965);
  2. CCAÇ 726 (Out 1964 / .jul 1966) (contactos: Teco e cor art ref Nuno Rubim);
  3. CAÇ 1424 (Jan 1966/Dez 1966);
  4. CCAÇ 1477 (Dez 1966 / jul 1967) (contacto: Cap Rino);
  5. CART 1613 (Jun 1967 / mai 1968) (contacto: Cap José Neto, já falecido, em 2007);
  6. CCAÇ 2316 (Mai 1968 / jun 1969) (contacto: Cap Vasconcelos);
  7. CART 2410 (Jun 1969 / mar 1970) > Os Dráculas (contacto: Armindo Batata, ex-comandante do Pel Caç Nat 51, jan 1969  / jan 1970);
  8. CCAÇ 2617 ( Mar 1970/Fev 1971) > Os Magriços (contacto: Abílio);
  9. CCAÇ 3325 (Jan 1971/Dez 1971) (contacto: cor inf ref Jorge Parracho);
  10. CCAÇ 3477 (Nov 1971 / Dez 1972) > Os Gringos de Guileje (açorianos) (contacto: Amaro Munhoz Samúdio):
  11. CCAV 8350 (Dez 1972/Mai 1973) > Os Piratas de Guileje (contacto: José Casimiro Carvalho).
Observ. - Receio que o nosso camarada e amigo Nuno Rubim, talvez o maior estudioso do dossiê Guileje/Gadamael, se tenha enganado na designação da 1ª companhia que terá passado por Guileje, com início em fevereiro de 1964... Ele refere a CCAÇ 495, quando provavelmente se queria referir á CART 495 ...
Não tenho a certeza da existência da CCAÇ 495... A CART 495, mobilizada pelo RAL 1, partiu para o TO da Guiné em 17/7/1963 e regressou a 24/8/1965. Teve como comandante o cap art Ângelo Rafael Leiria Pires. Esteve em Aldeia Formosa e Nhraca, possivelmente com um pelotão destacado em Guileje. Da mesma época, era a CART 494, comandada pelo cap art Alexandre da Costa Coutinho e Lima, tendo estado em Ganjola, Gadamael e Bissau. Talvez o Coutinho e Lima nos possa tirar esta dúvida. Quanto ao Nuno Rubim, não tenho tido notícias dele há muitos, muitos meses!
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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10435 Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex- comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (1): População de Guileje

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10435 Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex- comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (1): População de Guileje














Guiné > Região de Tombali > Guileje > Pel Caç Nat 51 / CART 2410 (1969/70) >  População. Fotos de do álbum do Armindo Batata (que esteve em Guileje como Alf Mil do Pel Caç Nat 51, entre janeiro de 1969 e janeiro de 1970, coincidindo parcialmente com o tempo da CART 2410, jun 1969/mar 1970).

De cima para baixo: fotos nº 38a (e 38), 39, 40, 41, 42 e 43a (e 43). São fotos reveladoras da grande sensibilidade que este nosso camarada revelava em relação à vida quotidiana e à cultura da população (neste caso, de etnia fula) que vivia no perímetro de Guileje.

Dezenas de fotos, a preto e branco, foram cedidas pelo Armindo Batata ao nosso amigo Pepito, integrando hoje o Núcleo Museológico Memória de Guiledje. Temos cópia desse arquivo há mais  de cinco anos.  Fomos revisitá-lo e ficámos surpreendidos com a qualidade da fotografia e com o seu interesse documental.

O Armindo Batata é também um dos nossos grã-tabanqueiros mais antigos, do tempo da I Série do nosso blogue (*). Infelizmente não temos tido notícias dele,  mais recentes. Esperando que ele nos esteja a seguir e a ler, daqui vai um abraço longo para ele.

A título de curiosidade, refira-se que  a origem do Pel Caç Nat 51  remonta a setembro de 1966, tendo-se mantido ao serviço até abril de 1974, pelo menos. Da mesma época, e portanto, também os mais antigos são os Pel Caç Nat 52, 53, 54, 55 e 56.  Eram pelotões  de recrutamento local. Desconhecemos a composição étnica do Pel Caç Nat 51. Já agora, acrescente-se que o mais novo dos Pel Caç Nat era o 70, formado já em Novembro de 1973. 

Fotos: © Armindo Batata / AD - Acção para o Desenvolvimento (2007). Todos os direitos reservados.  

[ As fotos aqui publicadas foram objeto de edição,  como é prática de resto habitual no nosso blogue: melhoria da resolução, do brilho, do contraste, do enquadranento,  etc.].
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Nota do editor:

(*) Vd. poste da I Série > 28 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCX: Ex- Alferes Miliciano Batata (Guileje e Cufar, 1969/70): Pel Caç Nat 51, presente!

(...) Texto do Armindo Batata (ex- Alf Mil, Pel Caç Nat 51, Guileje e Cufar, 1969/70)

De início foi um grande esforço para esquecer o mais rapidamente possível. Agora é a sensação das memórias que se vão esbatendo.

Fui Alferes Miliciano Atirador de Artilharia. Estive em Guileje (de Janeiro de 1969 a Janeiro de 1970) e em Cufar (de Janeiro de 1970 a Dezembro de 1970), comandando o Pel Caç Nat 51.

Pretendo integrar a Tertúlia de ex-combatentes da Guiné (1963/74) mas não encontrei local para inscrever os dados. Estou também vivamente interessado em participar no Projecto Guileje. Umas dicas sobre como o fazer seriam benvindas.

Abraço. Armindo Batata. (...)

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10465: Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex- comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (5): Guileje: a messe de oficiais...



Guiné > Região de Tombali > Guileje > Pel Caç Nat 51 (1969/70) > Entrada da messe de oficiais.




Guiné > Região de Tombali > Guileje > Pel Caç Nat 51 (1969/70) > Edifício do comando > Entre portas, de óculos. está o alf mil Armindo Batata. "De costas, t-shirt branca, calças do camuflado e quico, [ao centro], creio ser o cap Barbosa Henriques [, da CART 2410]", segundo a explicação dada pelo Armindo Batata.

1. O nosso camarada Armindo Batata que, depois da peluda, se formou, pelo ISEL - Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, sendo hoje engenheiro técnico mecânico e formador, especialista em automação industrial, tem tido a gentileza de me mandar algumas notas para melhor enquadramento e compreensão das suas fotos de Guileje (mas também, e vamos publicar, de Cacine, Cufar e Catió)... Ontem mandou-me duas fotos, novas, que não constavam dos nossos arquivos... Aqui vai a legenda:


"A messe de oficiais era o alpendre do edifício comando/quarto do capitão/quarto dos alferes. Na fotografia [, a primeira de cima,] pode-se ver esse alpendre, com a mesa para refeições no primeiro plano e as cadeiras do bar de oficiais (aqui apetece-me sorrir) ao fundo em segundo plano. 

"A passagem em primeiro plano era habitualmente muito concorrida durante o jantar, já que estava no caminho de um dos espaldões de morteiro 81, dos espaldões da artilharia e dos abrigos de 3 ou 4 grupos de combate. 

"Nos lados perpendiculares a este corredor/messe ficavam o chuveiro e lavatório abastecidos por bidão (o lado onde está o militar a fumar) e no lado paralelo oposto, o sanitário, que constituía um excelente abrigo para quem fosse lá apanhado sentado. Em último plano o depósito de géneros.
"O militar nesta fotografia era o alferes comandante do pelotão de artilharia que substituiu o alferes (Gonçalves?) morto em combate em Fevereiro de 1969. [José Manuel de Araújo Gonçalves, natural de Lisboa, morto em 14/2/1969, ao tempo da CART 2410; era alf mil art, do BAC1, os seus restos repousam no cemitério do Alto de São João, em Lisboa]

"Na outra fotografia é visível a protecção do alpendre/messe de oficiais. Entre portas estou eu. De costas, t-shirt branca, calças do camuflado e quico, [ao centro], creio ser o cap Barbosa Henriques [, da CART 2410].

"Não me recordo de que festividade se tratava, mas era a apresentação de uma cerimónia fula à tropa".

Fotos (e legendas): © Armindo Batata (2012). Todos os direitos reservados [Fotos editadas por L.G.]





Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Álbum fotográfico do cor inf ref Jorge Parracho > Foto nº 40, sem legenda > O comandante da companhia, Jorge Parracho,  sentado à entrada  do edifício que era simultaneamente messe de oficiais, comando, quarto do capitão e quarto dos alferes, segundo a explicação que agora nos é dada pelo Armindo Batata.

Foto: © Jorge Parracho / AD - Acção para o Desenvolvimento, Bissau (2007) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.

 [As fotos de Jorge Parracho foram disponibilizadas à ONG AD- Acção para o Desenvolvimento, com sede em Bissau, em 2007, no âmbito do projecto de criação do Núcleo Museológico Memória de Guiledje. Não têm legendas, vêm apenas numeradas. Legendagem da responsabilidade de L.G.].

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Nota do editor:

Último poste da série > Guiné 63/74 - P10456: Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex- comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (4): Guileje: abastecimento de água...

sábado, 27 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10582: Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex-comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (9): Ainda a curta estadia em Cacine, a caminho de Cufar, em dez 69 e jan 70


Guiné > Região de Tombali > Cacine > Dezembro de 1969 > Local do nosso desembarque em Cacine, talvez no dia seguinte, com LDM e uma AML [Junto à AML, o alf mil Armindo Batata, comandante do Pel Caç Nat 51].


1. Mensagem de Armindo Batata, a quem pedi para completar as legendas do poste P10487 (*)

Data: 12 de Outubro de 2012 22:50

Assunto: Re: [Luís Graça & Camaradas da Guiné] Guiné 63/74 - P10487: Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex- comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (6): Cacine e o Rio Cacine, deslumbrantes (dezembro de 1969)


Caro Luís

Vamos lá então puxar pelas memórias.

Os Pel Caç Nat 51 e 67, este de comando do Alf  Mil Esteves, passaram por Cacine em Dezembro 1969/Janeiro 1970, em trânsito para Cufar. O Pel Caç Nat 67 tinha guarnecido o destacamento do Mejo até à evacuação desta posição em Janeiro de 1969.

O deslocamento de Guileje para Cufar teve um primeiro troço em coluna de Guileje para Gadamael Porto. Prosseguiu em LDM para Cacine onde aguardámos a formação de um comboio fluvial. Chegámos a Cacine já a noite tinha caído. Desembarcámos na praia, (v. foto anexa, s/nº) a jusante da ponte cais, com 1 ou 2 AML  a fazerem a segurança e iluminados por viaturas.

Os militares nativos "espalharam-se" com as familias e haveres pelas tabancas de acordo com as respectivas etnias. Nessa noite dormi num quarto com aspecto de quarto, que até tinha mesa de cabeceira e, paredes meias, uma casa de banho que, para meu grande espanto, tinha um autoclismo, daqueles de puxar uma corrente; que maravilha tecnológica!.

Ficámos uns dias, não me lembro quantos, mas deu para eu ir  a Cameconde,  numa das colunas que se efectuavam diariamente(?). Tenho de Cameconde a imagem de uma fortaleza em betão, daquelas fortalezas dos livros da escola, a que só faltavam as ameias. Quem por lá andou me corrija por favor esta imagem, se for caso disso.

Deu também para umas passeatas no rio Cacine. Mas só na preia-mar, quando era um rio azul digno de um qualquer cartaz turístico daqueles locais chamados de sonho. Depois vinha a baixa-mar e o cartaz turístico ficava cinzento. E naquele tempo era quase sempre baixa-mar.

Num fim de tarde, as marés a isso obrigaram, embarcámos nas LDM  e ficámos fundeados a meio do rio Cacine em companhia do NRP Alvor,  que nos iria comboiar até Catió. O 2º tenente da RN, comandante do NRP Alvor, convidou-nos, a mim e ao alferes Esteves, para bordo e entre umas (muitas) cervejas e não menos ostras, passámos a noite. A hospitalidade habitual da Marinha.

As embarcações suspenderam o ferro com o nascer do sol (exigências da maré) e lá seguimos para Catió. No último troço da viagem,  já o rio era mais estreito, portanto já não era o Cacine, fomos acompanhados por T6 no ar e fuzileiros em zebros a vasculharem o rio, já que tinha havido, recentemente, um qualquer "conflito" entre uma embarcação e uma mina. Nada se passou, e o fogo de reconhecimento para as margens, a partir das LDM, não teve resposta.

Não houve incidente algum portanto, mas a  viagem foi um bocado complicada, em termos logísticos. Um pelotão de nativos integra as familias dos militares, os seus haveres e animais domésticos. Família, haveres e animais domésticos que afinal eram o triplo ou quádruplo do inicialmente inventariado.  Nos animais domésticos estão incluídos os porcos dos não islamizados, que terão que viajar separados dos islamizados. E a aguardente de cana. E o ... e a mulher do ... e o "alferes desculpa mas não pode ser". Em coluna auto lá se arranjam, mas em LDM não foi fácil. Valeu a paciência dos furrieis, um deles de nome Neves e do 2º sargento (... ?).

Catió tinha uma estação de correios com telefone para a metrópole, um restaurante daqueles em que se come e no fim se pede a conta e se paga. E pessoas brancas sem serem militares. Um espanto!

O plano inicial era os dois pelotões deslocarem-se por estrada de Catio para Cufar. Esse percurso já não era utilizado ha bastante tempo (meses?) e foi considerado de risco muito elevado. Não me lembro dos argumentos avançados, mas acabámos por ir para Cufar por rio (LDM com desembarque em Impugueda no rio Cumbijã ou sintex/zebro com desembarque em Cantone?  - não tenho a certeza, pode ser que alguém de mais fresca memória se lembre).

Vamos agora ás legendas das fotografias:


Foto nº 49 > Rio Cacine imediatamente a jusante da ponte cais de Cacine




Foto nº 55 > Cacine - A ponte cais ao fundo e a messe (ou bar?) de sargentos à direita. A messe, bar e alojamentos dos oficiais era do lado opsto,  donde tirei a fotografia.O acesso à ponte cais, era uma agradável avenida ladeada de palmeiras.





Fotos nºs 53 e 54 > A mesma ponte cais, com os batelões a seco (baixa mar). Ao fundo o Cantanhez.




Fotos nºs 47, 48 e 51 > Comboio fluvial no rio Cacine a caminho de Catió



Foto nº 50 > O NRP Alvor, que escoltou o comboio fluvial.



Foto nº 52 > Cacine - Praia a jusante da ponte cais onde desembarcámos das LDMs, durante a noite, vindos de Gadamael Porto


Foto anexa [, vd acima] >  Local do nosso desembarque em Cacine, talvez no dia seguinte, com LDM e uma AML


Espero que não haja para aqui nenhum erro. Estou convicto que não.


Abraço, Armindo Batata


Fotos: © Armindo Batata (2007-2012). Todos os direitos reservados [Fotos editadas por L.G.]

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Notas do editor:

(*) Vd poste de  6 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10487: Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex- comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (6): Cacine e o Rio Cacine, deslumbrantes (dezembro de 1969)


(**) Último poste da série > 11 de outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P10515: Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex- comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (8): Cufar, 1970 (Parte II)

sábado, 29 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10456: Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex- comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (4): Guileje: abastecimento de água...








Guiné > Região de Tombali > Guileje > Pel Caç Nat 51 (1969/70) > Em 1972/73, a fonte que abastecia o aquartelamento e a tabanca de Guileje, distava  cerca de 4 km.  Ficava no Rio Afiá. No tempo da CART 2140 (1969/70 e do Pel Caç Nat 51, o abastecimento era manual e  fazia-se com recurso a bidões, jericãs e garrafões. No tempo da CCAV 8350, a companhia que retirou de Guileje em 22/5/1973, havia já um bomba de água de água, a motor. Fotos  (nºs 1,2 3, 4) do álbum do Armindo Batata, comandante do Pel Caç Nat 51.

Fotos: © Armindo Batata / AD - Acção para o Desenvolvimento (2007). Todos os direitos reservados [Fotos editadas por L.G.]


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAV 8350 (1972/73) >  Em primeiro plano, junto à bomba de água, o Fur Mil Op Esp J. Casimiro Carvalho. A aparente descontração dos militares, em tronco nu, sem armas, a avaliar pela foto, sugere que ir à água era um ato de rotina... Desconhecemos se tanto em 1970 como em 1973, o grupo de serviço à água levava escolta armarda, como mandavam as mais elementare regras de segurança. Parte-se do princípio que sim, não aparecendo a escolta nas fotografia. A população civil abastecia-se também na mesma fonte, no rio Afiá (em 1972/73).

Recorde-se aqui que, antes da retirada de Guileje, em 22 de Maio de 1973, o último abastecimento de água ao aquartelamento e tabanca tinha sido feito em 19 de Maio de 1973. Os guerrilheiros do PAIGC, a avaliar pelas declarações de alguns dos protagonistas dos acontecimentos, prestados no filme-documentário As Duas Faces da Guerra (Diana Andringa e Flora Gomes, 2007), tinham o controlo da fonte a partir dessa data (ou até mesmo antes)...

É estranho que,  desde 1964, altura em que se instalou a primeira subunidade em Guileje, nunca se tenha equacionado (e sobretudo tentado resolver) o problema do abastecimento da água, requisito vital... Coutinho e Lima, nas onze razões que evoca para decidir retirar Guileje, apresenta em 5º lugar "a falta de água no aquartelamento" (Alexandre Coutinho e Lima, Cor Art Ref - A retirada de Guileje: a verdade dos factos. Linda-A-Velha: DG Edições. 2008. p. 78):

(...) "O abastecimento de água era feito a cerca de 4 kms na direcção de Mejo; o último fora realizado na manhã de 19 de maio de 1972 e não mais foi feita nenhuma tentativa, devido à presença muito provável do IN na área e igualmente ao facto da não evacuação das previsíveis baixas, se as houvesse, o que poderia acontecer, com alto grau de probabilidade."É do conhecimento geral que se pode viver durante algum tempo sem comida (esta estava assegurada pelas rações de combate), mas sem água, o tempo de sobrevivência é reduzido" (...).


Foto: © José Casimiro Carvalho (2007). Todos os direitos reservados.




Guiné > Região de Tombali > Guileje > Carta de Guileje (1956) > Escala 1/50 mil > Detalhe: localização provável da fonte de Guileje, a 4 km a noroeste do aquartelamento e tabanca de Guileje, na estrada Guileje-Mejo. Era aqui que em 1972/73 se fazia o abastecimento de água necessário para a vida de 800 pessoas (200 militares e 600 civis).


1. Em 26 do corrente, escrevi ao Armindo Batata o seguinte mail:

Armindo: Não tenho tido notícias tuas... Fui "ressuscitar" e "refrescar" as tuas belas fotos, em arquivo,,, Infelizmente, chegaram-nos, em 2007, via Pepito, sem legendas...Também não tenho nenhuma foto tua, atual... Sei que és um homem discreto, mas gostava que aparecesses mais vezes... Este é também o teu contributo, valioso, para o enriquecimento deste espaço de partilha de "memórias e afetos" dos camaradas da Guiné...Um abraço. Luís Graça


2. O Armindo teve a gentileza de me responder de imediato. Desse mail, pessoal, que muito agradeço e que muito me alegrou, reproduzo apenas o seguinte excerto:

Caro Luís Graça: Grato pelo teu email. De facto não sou frequentador assíduo do blog. (...)

Notei a exagerada adjectivação das fotografias. Agradeço. Irei então um dia destes vasculhar o baú e tentar organizar uma mão cheia delas. Mas a memória das coisas da Guiné perdeu-se quase toda nos 15 ou 20 anos de enterramento. A exumação foi parcial, muito por lá ficou, naqueles 15 ou 20 anos. Um abraço, Armindo Batata. (...).


3. Explicação dada pelo próprio Armindo Batata sobre as fotos em questão, já depois da publicação do poste:



(...) Creio serem oportunos alguns aditamentos no que concerne às minhas fotografias. O abastecimento de água documentado teve lugar no primeiro pontão na estrada Guileje/Gadamael. Era aí que em 1969 nos abastecíamos. A segurança era mantida por um pelotão (que também procedia ao abastecimento propriamento dito) e uma viatura do pelotão de cavalaria (enquanto guarneceu Guiledje). 

No entanto, observando melhor as fotografias, julgo reconhecer um dos alferes da companhia em cima da GMC e alguns dos militares metropolitanos não são do Pel Caç Nat 51. Seriam dois pelotões? É provável, até porque o local está no lado "mau" do quartel (o lado do cruzamento). Na ultimas destas fotografias, o militar metropolitano em pé no solo, é um dos cabos (Pires?) do Pel Caç Nat 51. 

Com o advento da época seca, a água rareava nesse local, sendo então o abastecimento (muito mal) garantido num poço que a população também utilizava e que ficava junto a uns terrenos de cultivo a SW do quartel, do lado "bom" portanto. 

Quando tal acontecia, a água era recolhida mais do que uma vez por dia, já que se esgotava no fundo do poço, e a distribuição da água no quartel era supervisionada por um alferes que, em cima da viatura, e depois de satisfeitas as prioridades (cozinha/padaria), a ía distribuindo em muito parcas quantidades, pelos muitos que dela necessitavam. E não era fácil. (...)
 
 
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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10452: Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex- comandante do Pel Caç Nat 51 Guileje e Cufar, 1969/70) (3): As refeições, em Guileje

domingo, 7 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10494: Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex- comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (7): Cufar, 1970 (Parte I)


Foto nº 58

Foto nº 61


Foto nº 59


Foto nº 67

Guiné > Região de Tombali > Cufar > Pel Caç Nat 51 > 1970 > Álbum fotográfico do Armindo Batata, ex-alf mil, que esteve em Guileje de janeiro de 1969 a janeiro de 1970, e depois em Cufar... De cima para baixo: fotos nºs 58, 61,  53, 59 e 67. No foto 58, está o Armindo, o primeiro, à esquerda, de óculos, possivelmente acompanhado de dois dos seus furrieis ou cabos, metropolitanos.

Não sabemos  quanto tempo é que o nosso camarada Armindo Batata, de rendição individual, esteve em Cufar, a comandar o Pel Caç Nat 51...Possivelmente uns 9 meses, até acabar a sua comissão.  Estas fotos, tal como as restantes que foram cedidas ao Núcleo Museológico Memória de Guiledje, não têm legendas. Espero que, depois, o Armindo nos dê uma ajuda... LG



 Fotos: © Armindo Batata (2007). / AD - Acção para o Desenvolvimento Todos os direitos reservados [Fotos editadas por L.G.]

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10515: Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex- comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (8): Cufar, 1970 (Parte II)


Foto nº 62





Foto nº 56



Foto nº 64



Foto nº 65



Foto nº 66


Foto nº 57


Foto nº 60


Foto nº 63


Guiné > Região de Tombali > Cufar > Pel Caç Nat 51 > 1970 > Álbum fotográfico do Armindo Batata, ex-alf mil, que esteve em Guileje de janeiro de 1969 a janeiro de 1970, e depois em Cufar... De cima para baixo: fotos nºs 52, 56,  57, 60, 63, 64, 65, 66. 


1. Segunda parte da publicação das fotos de Cufar. Estas fotos, tal como as restantes que foram cedidas pelo Armindo Batata ao Núcleo Museológico Memória de Guiledje, não têm legendas. O Armindo já nos prometeu que, com tempo e vagar, vai legendá-las e enviar outras, do seu álbum. O nosso camarada,  de rendição individual, esteve em Cufar, depois de Guileje, a comandar o Pel Caç Nat 51, possivelmente ainda durante uns bons 9 meses, até acabar a sua comissão...

Nas fotos nº 56 e 64 vê-se o pau da bandeira e, na sua base, um pequeno monumento de homenagem à CART 1687 (1967/69). 

Os camaradas que passaram por Cufar (desde os mais antigos como o Mário Fitas aos mais novos, como António Graça de Abreu) e que ainda sabem reconhecer e descrever  os sítios, podem ajudar-nos a completar a legendagem. Os editores (e os leitores) agradecem.

Fotos: © Armindo Batata (2007). / AD - Acção para o Desenvolvimento Todos os direitos reservados [Fotos editadas por L.G.]





Guiné > Região de Tombali > Cufar > CART 2477 (1969/71) > O Jorge Simão junto ao edifício da secretaria (?)... Várias companhias por aqui passaram, além da CART 2477: CCAÇ 763, CCAÇ 1621, CART 1687... Temos alguns camaradas pertencentes a duas destas unidades de quadrícula: Hugo Ferreira Moura (CCAÇ 1621) e Mário Fitas (CCAÇ 763)... O Jorge Simão, residente em São João da Madeira,  foi 1º Cabo Escriturário, CART 2477, Cufar, 1969/71. 

Foto: © Jorge Simão (2010). Todos os direitos reservados
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Nota do editor:


Último poste da série > 7 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10494: Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex- comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (7): Cufar, 1970 (Parte I)