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sábado, 24 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16878: O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017 (18): José Inácio Leão Varela, ex-Alf Mil da CCAÇ 1566 e Arminda Castro, filha do nosso camarada já falecido Manuel Moreira de Castro

1. Mensagem do nosso camarada Leão Varela, ex-Alf Mil da CCAÇ 1566 (Jabadá, Pelundo, Fulacunda e S. João, 1966/68):

A todos os amigos "tabanqueiros" e camaradas da Guiné desejo um FELIZ NATAL e um ÓPTIMO NOVO ANO , ​
Para ti amigo Carlos Vinhal um forte abraço
José Inácio Leão Varela




2. Mensagem da nossa amiga Arminda Castro, filha do nosso camarada, já falecido, Manuel Moreira de Castro (ex-Soldado Atirador de Infantaria da CCAÇ 2315/BCAÇ 2835, Bula, Binar, Mansoa, Bissorã e Mansabá, 1968/69):

O meu pai já não está entre nós mas, quero em meu nome e em nome dele desejar-lhes um Feliz Natal, e um óptimo ano 2017 com saúde acima de tudo!

Arminda Castro

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Nota do editor

Último poste da série de 24 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16877: O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017 (18): Mensagem de Natal e anúncio do XXXIII Convívio do pessoal da CART 3494 (Sousa de Castro)

sábado, 8 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16575: Convívios (772): 27º convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Hotel Riviera, Junqueiro, Carcavelos, Cascais, 22 de setembro de 2016 (Texto e fotos de Manuel Resende)


Foto nº 1 > Elisabete Silva, esposa do Francisco Silva


Foto nº 2 > Maria Vitória, esposa do António Granho


Foto nº 3 >  António Belo


Foto nº 4 > Fernando José Estrela Soares


Foto nº 5 > Hipólito Barros


Foto nº 6 >  José Inácio Leão Varela



Foto nº 7 >  Grupo (da esquerda para a direita): Hipólito Barros, Marcelino da Mata, António Gil, José Diniz Souza e Faro, António Belo, Fernando José Estrela Soares e José António Chaves.


Foto nº 8 >  Grupo (da esquerda para a direita): Juvenal Amado, Jorge Rosales, Armando Pires e Mário Fitas


27.º Convívio da Magnífica Tabanca da Linha > Cascais  > Carcavelos > Junqueiro > Hotel Riviera > 22 de setembro de 2016 

Fotos (e legendas) : © Manuel Resende (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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1. Mensagem do nosso camarada Manuel Resende (ex-Alf Mil Art da CCAÇ 2585/BCAÇ 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71):

Assunto - 27.º Convívio da Magnífica Tabanca da Linha

Realizou-se na passado dia 22 de setembro de 2016, 5.ª feira (como é da tradição) o XXVII Convívio da Magnífica Tabanca da Linha, acompanhado de almoço, no Hotel Riviera  em Junqueiro-Carcavelos, concelho de Cascais,

Estiveram presentes 53 convivas, dos quais seis são caras novas, a que damos hoje o devido destaque. Duas senhoras vieram pela primeira vez, a Elisabete, esposa do nosso Magnífico Francisco Justino Silva [médico] [foto n.º 1]  e a Maria Vitória [,foto n.º 2], esposa do nosso também Magnífico António Granho.

Os piras são, nem mais nem menos, o António Belo [foto n.º 3] , o Fernando José Estrela Soares [foto n.º 4], o Hipólito Barros [foto n.º 5]  , todos do grupo do Diniz Faro, José António Chaves, António Gil e António Souto Mouro, isto é, tudo de armas bem pesadas, que se conheceram em Cacine / Cameconde.  e por fim o  José Inácio Leão Varela [foto nº 6].

Junto duas fotos de grupo, a do grupo apadrinhado pelo Marcelino da Mata [foto n.º 7] e a última, a dos "pesos pesados" da Tabanca Grande, com destaque para o nosso comandante Jorge Rosales, que ontem fez anos [,foto nº 8].

É com satisfação que vemos o nosso grupo da Tabanca da Linha crescer, pois em cada convívio deste ano têm aparecido caras novas, já nem falando do de julho, em que os piras foram uma dúzia.

O próximo será em novembro de 2016. Já com férias terminadas, decerto haverá mais convivas. Assim esperamos.

Manuel Resende

Nota - As fotos de 1 a 6, bem como a 8, são retiradas da minha reportagem, a 7 é do Diniz Faro, retirada de um comentário do Facebook A Magnífica Tabanca da Linha [, grupo fechado, com 84 membros].
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segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15633: Inquérito 'on line' (29): "A tropa fez de mim um homem"... Em 100 respostas, 34 dizem Sim, 21 dizem Não, 42 dizem Nim... Comentários de A. Sousa de Castro, António Carvalho [de Mampatá], Leão Varela, Alcides Silva, Juvenal Amado e Hélder Sousa...

Motoqueiros de Alcobaça > 1965, Foto: © Juvenal Amado (2016). 
Todos os direitos reservados
A. Mais alguns comentários de camaradas  nossos, relativamente ao tema que está a serobjeto de inquérito de opinião, no nosso blogue, esta semana (*):



Sousa de Castro:

Não sei se a tropa fez de mim um homem!... A educação que me deram fez de mim uma pessoa responsável, no entanto admito que na tropa me tornei mais maduro, acho também que no tempo de hoje a tropa obrigatória seria muito bom para muita juventude dos 20, tornavam-nos mais responsáveis, mais calmos...

Hoje rapaziada não valoriza aqueles que obrigatoriamente tiveram que ir à tropa. Recordo-me aquando da minha inspecção ainda se valorizava ser ou não apurado, era... como dizer, sinónimo de pessoa saudável, prestável. 

Para mim a minha maior preocupação era não ir para a Guiné, Angola ou Moçambique tudo bem. No final senti-me satisfeito com a minha prestação e nunca me arrependi de ter participado na guerra colonial. Naquele tempo muitos mancebos pensavam que era obrigação um dever de todos servir e defender a Pátria, nomeadamente os menos informados, como eu por exemplo.

Carvalho de Mampatá:

Fez de mim um homem?

Como posso saber o homem que seria se por lá não tivesse passado ! Sim, se não tivesse passado pela Guiné, hoje, eu seria uma outra pessoa. De facto a Guiné mudou-me, mas o mesmo não direi da simples incorporação e permanência nos quarteis de cá, que pouco me marcou. 

Motoqueiros de Alcobaça > 1965
Foto: © Juvenal Amado (2016).
Todos os direitos reservados.  
Na Guiné, no confronto com culturas distintas da minha, durante mais de dois anos no meio de um conflito sem fim, ao serviço de uma causa cada vez mais notavelmente perdida, assistindo a mortes na Primavera da vida, longe do afecto da família, abandonado no meio de uma selva traiçoeira... esta Guiné mudou-me, se não fez de mim um homem, fez de mim um homem diferente,fez-me mal.


Leão Varela:

Já respondi ao Inquérito com um "Falso",  pois, para mim, quem me ajudou a ser um homem foi o meu saudoso pai.

Contudo, acrescentei que a tropa no seu todo me beneficiou em alguns aspetos que ainda hoje completam o meu "eu":

- Sentido de responsabilidade;
- Capacidade de organização pessoal;
- Capacidade de comando na minha vida profissional;
- Espírito de solidariedade e de camaradagem.


Alcides Silva

Camaradas, para mim a tropa só atrapalhou a minha vida mas adquiri alguns ensinamentos, por exemplo, não confiar tanto no outro.

Eu, com 15/16 anos,  sabia bem a minha posição na sociedade, com 14 anos passei a trabalhar com o meu pai, ele era bastante rígido no trabalho, comecei a programar sair para outro lado, com 16 anos fui trabalhar para uma empresa em trabalho diferente. 

Sempre me adaptei as situações, desde jovem sempre soube gerir a minha vida, apesar de entregar sempre o meu ordenado em casa. Trabalhando horas extras,  esse valor ficava para mim, fui juntando o possível para quando chegasse o tempo de tropa não pedir nada ao meu pai.

Andei 41 meses na tropa, fui para a Guiné, já tinha cumprido cá 18 meses, estava na Guiné hà 7 meses recebia a noticia de que o meu pai tinha falecido, resultante de um cancro, que era desconhecido e, assim fui ultrapassando as dificuldades, nunca fiz gastos desnecessários, hoje estou reformado como bancário, oportunidade que surgiu depois de chegar do Ultramar e assim se vai vivendo.

Cavaleiros de Sabugal em dia de ir às sortes, 1968
Foto © José Corceiro (2011).
Todos os direitos reservados. 
Juvenal Amado:

Se não foi à tropa será menos homem?

Penso que não.
Na minha família todos os homens foram militares, eu fui o terceiro a participar na guerra colonial. o meu irmão foi em 1966 para Moçambique, o meu primo Mário um ano mais tarde para Angola (um dos motoqueiros da fotografia; penso que é o único de óculos). 

Mas conheço muitos homens bons que não foram há tropa e são homens de corpo inteiro na cidadania e profissionais exemplares. Dito isto, penso que a tropa não faz de ninguém um homem, até porque hoje também há milhares de mulheres fazem serviço militar por este Mundo, fora o que não faz delas homens ou mulheres .

No caso dos homens que participaram na guerra colonial, alguma coisa mudou neles obrigatoriamente, mas não foi isso que fez deles uns homens.


Hélder Sousa:

Não me parece haver uma resposta simples para esta questão.

Que ela é pertinente, disso não tenho dúvidas. Aliás,  essa era uma frase muitas vezes ouvida: uma vezes soava como ameaça, outras como premonitória, outras esperançosa.
E, afinal, a 'tropa' faria ou não de nós uns 'homens'?
Sim. E não!
Dependo do ponto de vista e do que se estiver a referir.
Não falo do 'crescimento' físico, pois isso seria resultado natural da evolução humana. Nem é a esse aspecto que a frase [que o Juvenal colocou muito bem como título do seu livro, que vai ser lançado no dia 23, sábado, às 16h30, em Lisboa] se refere.  A(s) intenção(ões) da frase dizem mais respeito ao 'crescimento' interior, ao amadurecimento, portanto à maturidade.
Claro que não é obrigatório que tal só possa ser conseguido através da 'tropa', mas que, no 'nosso tempo' isso contribuiu para muitas coisas boas, sou da opinião que sim.

Disciplina alimentar, regras básicas de higiene, procura de autonomia e autosuficiência, etc. foram coisas que, no 'nosso tempo', repito, muito contribuíram para um maior e melhor conhecimento do País e suas realidades gerais, com jovens do interior a terem a visão do litoral e vice-versa e com isso a tomarem consciência.

Se a isso se acrescer o que se veio a revelar como a entreajuda, a solidariedade, a partilha, etc. temos, por aí, uma pista para se poder dizer que "se não nos fez ser 'um homem' contribuiu bastante para um 'crescimento' mais acelerado".


2. INQUÉRITO DE OPINIÃO: "SIM, A TROPA FEZ DE MIM UM HOMEM"


1. Totalmente verdadeiro  > 6 (6%)

2. Verdadeiro  > 28 (28%)

3. Nem verdadeiro nem falso  > 42 (42%)

4. Falso  > 14 (14%)

5. Totalmente falso  > 7 (7%)

6. Não sei responder  > 3 (3%)

Total de respostas: 100 (100,0%)

Prazo para responder: 21 de janeiro de 2016, 10h06
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Nota do editor:

Último poste da série > 16 de janeiro de  2016 > Guiné 63/74 - P15622: Inquérito 'on line' (28): "A tropa fez de mim um homem"?... Nem sim nem não, metade da malta (12 em 24) responde "nim", "nem verdadeiro nem falso"... Inquérito em curso até 5ª feira...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15606: Inquérito 'on line' (27): "Em 2016 prometo enviar mais fotos e/ou textos para o blogue"... Sim, respondem cerca de 20 a 25 num total (magro) de 57 respondentes...


Guiné > Região de Cacheu > Susana > CCAV 3366 / BCAV 3846 (Susana, 1971/73) > Praia de Varela > Junho de 1971: toureando gado felupe.

[Foto do álbum de um dos nossos mais recentes grã-tabanqueiros, o Armando Costa, de seu nome completo Armando Silva Alvoeiro da Costa (ex-fur mil mec auto, CCAV 3366, Susana, 1971/73)].

Foto (e legenda): © Armando Costa (2016). Todos os direitos reservados.


A. INQUÉRITO DE OPINIÃO: "EM 2016 PROMETO ENVIAR MAIS FOTOS E/OU TEXTOS PARA O BLOGUE"


1. Sim, vou enviar mais fotos >  25 
(43,9%)

2. Sim, vou enviar mais textos >   20 
(35,1%)

3. Talvez mande alguma coisa > 16 
(28,1%)

4. Não, não tenciono mandar mais fotos >   3 
(5,3%)

5. Não, não tenciono mandar mais textos  > 1 
(1,7%)

6. Não sei > 7 
(12,3%)

Votos apurados: 57

Sondagem fechada,  domingo, 10, 18h44. O inquérito admitia mais do que uma resposta

B. Comentário dos editores:

A "colheita" não foi exceciocnal, mas em tempo de "vacas magras" [, vd foto acima,] não nos podemos sentir infelizes... Houve camaradas que responderam à nossa chamada e estão prontos para continuar a alimentar o blogue. Aqui ficam algumas mensagens que temos vindo a receber,

Obrigados a todos/as que nos responderam a mais este inquérito de opinião cujo objetivo principal é, afinal, manter o interesse e incentivar a participação dos nossos leitores.



José da Palma Vagues  > 
Vou mandar mais algumas fotos (14). 

José Inácio Leão Varela  > 
Boa noite Amigos e Camaradas: Tudo bem contigo? 
Eu, mais mazela menos mazela, vou andando bem.  
Claro que vou enviar mais coisas para o Blogue... 
talvez não muita coisa mas alguma por certo irá, 
até porque ainda tenho atravessado na mente um assunto 
que merece um pouco mais de aprofundamento; 
trata-se das circunstâncias em que faleceram os meus dois "Homens" 
na estrada de Tite.. 
pois faleceram ambos em combate traiçoeiro 
e não apenas "faleceram por lá" 
como a informação que relata o triste acontecimento parece deixar transparecer. 
Depois disso, não prometo mais assuntos de guerra pura 
mas por certo um ou outro acontecimento (mesmo humano) me ocorrerá.  
Bom Ano Novo de 2016, 
PS - Ah!.. já respondi ao Inquérito 


Armando Costa > 
Aqui segue um lote de fotos (49) das que possuo da Guiné 
(Bissau, Cumeré, Susana e Varela), do período de 1971 a 1973. 
Em próxima ocasião enviarei mais. A qualidade é a que se pode arranjar, 
resulta da digitalização de postais de fotos que tirei, os negativos perdi-lhes o rasto. 

Paulo Salgado  > 
Irei mandar mais fotos...com interesse. 
 que não sejam meramente pessoais...

António José Pereira da Costa 
Olá, Camaradas
É minha intenção enviar todas as minhas fotos da Guiné.
Vou enviá~las por assuntos:
Segue o primeiro - a Btr AA 3434 que defendia heroicamente (digo eu) a Base 12 
contra ataques aéreos e terrestres como aconteceu por duas vezes que me recorde.
Depois do guião e do emblema de peito um portefólio feito numa noite de exercício de defesa AA. 
O Malogrado TCor Brito voava num T-6 
e largou um ou dois flares - dispositivos para iluminação do campo de batalha) 
que ficavam a pairar à vertical da base e os artilheiros, PUMBA! fogo neles.
E até acertaram...
Era incipiente, mas era o que se podia arranjar. 
A defesa AA da Base tinha muitas limitações, como já se disse, 
mas se houvesse tempo era possível pôr tiros no ar 
que é o que faziam todas as AA da II GM que utilizavam os materiais de que dispúnhamos. 
O resto era rezar e esperar que Deus fosse português (e do Benfica de preferência...).
Caso contrário poderia ser uma tragédia. 
Seguem duas fotos do Cumeré, em MAI71. 
Ainda não estava completamente acabado, mas já fazia serviço 
e "embrulhou" na noite de 9 para 10UN71, 
quando foram atacados todos os quartéis à volta de Bissau 
e ao mesmo tempo 6 foguetões de 122 mm caíam à beira do "Pelicano",
 um restaurante bem agradável de que todos nos lembramos.
Voltarei à antena com mais fotos.

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Nota do editor:

Último poste da série > 8 de janeiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15594: Inquérito 'on line' (26): "Em 2016 prometo enviar mais fotos e/ou textos para o blogue"... Amigo/a, camarada, até domingo, às 18h44, promete que sim... Precisamos DESESPERADAMENTE de mais fotos e textos em 2016...

terça-feira, 28 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14938: (Ex)citações (287): Certa vez fui a Teixeira Pinto, e na estação dos CTT marquei dia e hora para telefonar para casa... A família reuniu-se em peso, reunida, ansiosa, à espera do telefonema... Mas eu não consegui lá voltar nesse dia e hora...A família ficou em pânico, como seria de imaginar (Leão Varela, ex-alf mil, CCAÇ 1566, Jabadá, Pelundo,Fulacunda e S. João, 1966/68)


Guiné > Região de Quínara > São João > CCAÇ 1566 (JabadáPelundo,Fulacunda e S. João, 1966/68) > "O meu pelotão. Eu, o dos óculos escuros,  entre os meus camaradas e amigos gurriéis Valente, à minha direita, e Matos, à minha esquerda. Foto tirada já em S. João, após mais uma patrulha de combate."

Foto (e legenda): © Leão Varela (2014). Todos os direitos reservados [ Edição: CV]


1. Comentário de Leão Varela ( ex-alf mil, CCAÇ 1566 (Jabadá, Pelundo,Fulacunda e S. João, 1966/68);

Carlos Amigos e Camaradas

Ainda a sondagem sobre  quem fez chamadas telefónicas da Guiné para casa. (*)

Passou-me em falso o período para responder... mas já agora ainda me atrevo a dizer que eu fiz uma e de uma estação dos CTT que não vi mencionada, Teixeira Pinto, estava eu, então, destacado no Pelundo com meu pelotão (o 1º pelotão da CCAÇ 1566).

Uma das nossas missões era patrulhar a estrada entre o Pelundo e Teixeira Pinto o que aproveitávamos para no caminho encher 2 ou 3 bidons de água para beber e tomar banho.

Certa vez, numa dessas deslocações fui até Teixeira Pinto onde alguém me informou da possibilidade de, por marcação do dia e hora, fazer na Estação dos CTT uma chamada para casa. Assim fiz. Marquei o dia e a hora...só que nesse dia - já não sei porquê - não me foi possível deslocar a Teixeira Pinto. Como em casa foram avisados de que eu ia telefonar,  toda a minha gente aguardava o telefonema, que não fiz, à volta do telefone. Parece que, ao não receberem nenhum telefonema meu,
 ficaram em pânico.

Por mim, voltei a marcar outro dia e lá consegui telefonar.. mas jurei para nunca mais pregar sustos desses à minha família.

Desta pequena história fica a mensagem de que em TEIXEIRA PINTO havia Estação dos CTT e o registo constante sobressalto com que as nossas famílias andavam por cá. (**)

Forte e amigo abraço para todos

Leão Varela

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 27 de julho de  2015 > Guiné 63/74 - P14937: Sondagem: Resultados definitivos (n=152): cerca de 55% do pessoal nunca fez uma chamada telefónica para a metrópole... Admite-se que essa proporção fosse, na realidade, ainda maior

(**) Último poste da série > 23 de julho de  2015 > Guiné 63/74 - P14925: (Ex)citações (286): Fiz um telefonema surpresa para o meu irmão, no dia e hora do seu casamento, em 16/10/1971, em Guimarães...Tive que marcar a chamada oito dias antes, na casa do régulo de Bula que servia de posto dos CTT... (António Mato, ex-alf mil MA, CCAÇ 2790, Bula, 1970/72)

quarta-feira, 4 de março de 2015

Guiné 63/74 - P14320: Inquérito online: resultados finais (n=112): três em cada quatro reconhece que mudou muito, fisica e/ou psicologicamente


Resultados finais da última sondagem (que decorreu, "on line", de 25/2 a 3/3/2015)


1. Recorde-se a nossa pergunta, de 25 de fevereiro último (*):

Camaradas, será que mudámos assim tanto, física e psicologicamente, ao fim destes 40/50 anos ?... Ao ponto de um irmão e camarada (Manuel Carvalho) não conseguir reconhecer outro irmão e camarada (o Carvalho de Mampatá, o Toni), numa foto de agosto de 1974 ? Vd. poste P14296 (*).

2. Total de respondentes: 112.

Resultados finais da sondagem: "Ao fim destes 40/50 anos, mudei muito, física e psicologicamente " (Resposta múltipla) 

1. Sim, mudei muito > 37 (33%)

2. Mudei muito fisicamemte > 53 (47%)

3. Mudei muito psicologicamente > 39 (35%)

4. Não, não mudei muito > 29 (26%)

5. Não mudei muito fisicamente > 18 (16%)

6. Não mudei muito psicologicamente > 29 (26%)

7. Não sei > 2 (2%)

Votos apurados: 112
Sondagem fechada em 3/3/2015

3. Alguns comentários de camaradas da Tabanca Grande (**)

 (i) Eduardo Santos

Olá caro (s) amigo (s). Em resposta ao vosso inquérito, é evidente que, no meu caso pessoal, a resposta está nos pontos 2 e 3: mudei muito física e psicologicamente. Para o melhor, mas também para o pior.

É a lei normal da vida, o que não impede que ainda hoje sinta uma certa nostalgia desses tempos. Era o auge da vida, convém lembrar. Não concordando politicamente com o Governo de então, limitei-me a cumprir a minha obrigação (imposta) para com o país. Sinto dever cumprido, não fugi como muitos, arrostei com o que foi necessário. Fiz mais de 22 meses na Guiné como 1º cabo entre 1967/69. Conservo com muito orgulho um louvor que me foi outorgado como militar distinto, com um sentido de profissionalismo (era operador cripto) elevado e exemplo a seguir (era da praxe dos louvores de então).

Para todos os meus ex-camaradas um abraço amigo. Eduardo

(ii) Leão Varela

Olá, Amigos e Camaradas: Achei piada a esta sondagem bem como aos comentários complementares...

Oh! Amigo e Camarada Luís Graça, achas que passadas mais de 45 Luas (no meu caso) que não mudei muito?  Claro que mudei... não muito, mas mudei...principalmente fisicamente (o contrário só se tivesse sido "embalsamado" aos 30 anos e agora "ressuscitado").

Contudo, acho que psicologicamente a mudança - até à data - não foi muito acentuada (salvo quanto a uma maior dificuldade em fixar e relembrar-me nomes e fisionomias - o que aliás, diga-se, foi quase desde sempre um defeito muito meu)...pois continuo o mesmo Varela com os seus pontos fracos e fortes mas sempre com os mesmos valores que sempre me pautaram - quer na guerra quer na paz - e que herdei dos meus saudosos pais e que fui adaptando e actualizando a cada momento da minha vida.


(iii) Carlos Milheirão

Acho pertinentes as questões postas. De um modo ou de outro, todos mudámos tanto física como psicológicamente. No que me diz respeito, se não fossem as rugas, as cãs e, como é óbvio, as manchas da velhice, podia considerar-me igual ao outro eu de 1973/74.

Mantenho e tenho mantido ao longo dos anos, as mesmas medidas de roupa. O peso andou sempre nos 65/70 kg. Quanto à parte psicológica, a juventude intelectual ainda por cá mora apesar de ter sofrido algumas (poucas) restrições. Pelo menos assim o penso porque, de vez em quando, ainda gosto de fazer as minhas incursões na noite com alguns amigos. Cantam-se uns fados e bebem-se umas "bazukas".

Abraço a todos os Tabanqueiros, Carlos Milheirão

 (iv) Luís Marcelino

Caríssimo camarada Luís Graça: É com muito prazer que participo na sondagem, para dizer: 4. Não, não mudei muito; 5. Fisicamente também não mudei muito; 6. Não mudei muito psicologicamente

Um abraço, Luis Marcelino

(v) Carlos Vinhal 

Caro Luís:  Quando respondi ao inquérito, fui o segundo a dizer que tinha mudado muito. Folgo por a rapaziada se estar a aproximar do meu ponto de vista. Somo já quase um terço dos respondentes. É que,  se somarmos o aspecto físico com a inevitável alteração psicológica, a verdade andará pelos 80%. Atendamos a que mesmo entre os que cumpriram a sua comissão só em Bissau havia muitos (inexplicavelmente?) apanhados do clima.

28 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14309: Pensamento do dia (21): Por que é que este blogue é tão importante para os ex-combatentes (Torcato Mendonça)... E por que é que eu me sinto tão bem ao pé deles... (Jorge Rosales)

27 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14307: (Ex)citações (263): Eu respondi à sondagem "4. Não, não mudei muito"... Mas acho que mudei, não sei se para melhor, se para pior (Hélder Sousa, ex-fur mil, trms TSF, Piche e Bissau, 1970/72)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14220: Pequenas recordações, a minha máquina fotográfica e o meu rádio (Leão Varela)

1. Mensagem do nosso camarada Leão Varela, ex-Alf Mil da CCAÇ 1566 (Jabadá, Pelundo, Fulacunda e S. João, 1966/68), com data de 27 de Janeiro de 2015:

Boa Noite Amigos Luís, Carlos e restantes Camaradas
Vinha com a ideia de escrever uma pequenina e simples história de cariz humano e que nunca mais esqueci pelo que significou para mim. Contudo, hoje vou ficar-me por vos deixar duas fotos: a da minha máquina fotográfica e a do meu primeiro rádio que só troquei na segunda vez que vim de férias e que comprei em Bissau mas que já não o tenho.
Elas aqui ficam.

Abraço-vos com amizade
Leão Varela



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Nota do editor

(*) Vd. poste de 11 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14007: Tabanca Grande (452): José Inácio Leão Varela, ex-Alf Mil da CCAÇ 1566 (Jabadá, Pelundo, Fulacunda e São João, 1966/68)

sábado, 3 de janeiro de 2015

Guiné 63/74 - P14114: Sob o poilão sagrado e fraterno da nossa Tabanca Grande: boas festas 2014/15 (10): António Pinto, Leão Varela, Hélder Sousa

Amigos/as e camaradas: Não nos é, materialmente possível, publicar todas as mensagens de boas festas que recebemos durante este último período de Natal e Ano Novo. Fica aqui a nossa gratidão a todos/as os/as nossos/as grã.tabanqueiros/as.  Mas por que as festas continuam até aos Reis,  ainda seleciomámos estas três mensagens que nos chegaram entre o natal e o fim do ano.  LG


1. António de Figueiredo Pinto [ex-alf mil, BCAÇ 506, Pirada, Madina do Boé e Beli, 1963/65] [foto à direita]





A todos os CAMARADAS que cumpriram o seu dever na GUINÉ o meu voto de BOAS FESTAS, especialmente os que la estiveram de NOVº de 1963 a NOVª de 1965, dos quais não encontro ninguém neste nosso Blogue.

Hipóteses de não encontrar ninguém do meu tempo:

1 -Não terem possibilidades de terem computador.

2 -Não terem conhecimento do nosso Blogue.

3-Já terem "partido" para um mundo eventualmente melhor.

4-Não haver interesse, boa vontade, tempo e disposição dos responsáveis deste Blogue, que, aliás, muito prezo, em tentar procurar ALGUÉM de 63/65.


Enfim, com os meus quase 76 anos o que mais desejo é FELICIDADE para todos e um 2015 melhor que o melhor dos anos que já tiveram.

Um abraço, António Pinto

2. José Inácio Leão Varela [ex-alf mil,
CCAÇ 1566 (Jabadá, Pelundo, Fulacunda
e S. João, 1966/68]


 Olá, Amigos e Camaradas Luís Graça e Carlos Vinhal... Tudo bem?

Aqui deixo o meu agradecimento pelos votos de Bom Ano Novo que por este Blogue circularam e a minha retribuição com iguais votos para TODOS os nossos amigso e camaradas.

"Caros Amigos e Camaradas

Com a amizade e companheirismo que o elo muito forte que nos une (a nossa passagem pela Guiné), desejo-vos que todos os piores dias do NOVO ANO 2015 sejam para todos pelo menos iguais aos melhores dias do ANO VELHO 2014".

VIVA A MALTA DA TABANCA!!!!.... FELIZ ANO NOVO!!!!

Leão Varela


3. Hélder Sousa  [ex-Fur Mil de TRMS TSF, Piche e Bissau, 1970/72; nbosso colaborador permanente]

Minhas amigas e amigos

O Natal já passou. É o momento utilizado para fazer os votos e formular os desejos de um novo ano que seja um Ano Novo. Em tudo.

Envio-vos o poema que se segue que um 'velho' amigo, Afonso Dias, músico e "entertainer", me presenteou e que acho perfeitamente adaptado ao momento.

Como ele diz,  "a felicidade faz-se e dá trabalho" e o poema remata com " é dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre". É isso mesmo!

Feliz 2015.
Hélder Sousa

Venha lá, então, esse 2015!...
E, atenção, a felicidade faz-se e dá trabalho.
Aqui vai um poema do Drummond a propósito.
Tratai de ser felizes no Ano Novo.

RECEITA DE ANO NOVO

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade [1902-1987]


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Nota do editor

Último poste da série > 24 de dezembro de  2014 > õa VarelaDiniz Souza Faro, Jorge Teixeira, Leão Varela, Mário Gaspar, Anabela Pires e Rui Silva

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14007: Tabanca Grande (452): José Inácio Leão Varela, ex-Alf Mil da CCAÇ 1566 (Jabadá, Pelundo, Fulacunda e São João, 1966/68)

1. Mensagem do nosso camarada e, novo amigo e Tabanqueiro, José Inácio Leão Varela, ex-Alf Mil da CCAÇ 1566 (Jabadá, Pelundo, Fulacunda e S. João, 1966/68), com data de 11 de Outubro de 2014:

Caro Amigo e Camarada Luís Graça:

Descoberto pela minha filha que é Jurista no MDN [Ministério da Defesa Nacional,] e que prontamente o me sugeriu, acabo de dar uma primeira vista de olhos pelo teu Blogue "A TABANCA [GRANDE]"...

Mas que feliz iniciativa meu amigo e camarada... Além disso está tecnicamente muito bem feito ...

PARABÉNS por isso tudo... e obrigado por me dares esta oportunidade de reviver (pelo menos as coisas boas - como por exemplo a camaradagem e a solidariedade muito difícil de encontrar no nosso mundo civil - essa fase da minha vida há muitas luas atrás.

Apresento-me desde já... mas só este Fim de Semana irei fazer o meu registo como pedes...

O meu nome é José Inácio Leão Varela. Sou natural de Lisboa muito embora o meu sangue e o meu coração sejam Alentejanos. Moro em Algés (Miraflores). Sou Economista (Gestão),  reformado.
Para ti e restantes camaradas serei apenas o ex-Alf Mil Varela.

Estive na Guiné, entre 1966-1968, integrado na C.CAC 1566 ("PILÕES"), onde comandava o 1º Pelotão. Mas por força das circunstâncias andei destacado pelo Pelundo e Fulacunda tendo, talvez por isso mesmo, ficado como comandante do Destacamento de S. João, onde fiquei mais de um ano, enquanto a minha Companhia se fixou em Jabadá.

E para já, caro amigo e camarada, é tudo... depois e lá pelo Blogue... por certo haverá muitas mais coisas para compartilharmos.

Abraço amigo
Leão Varela


2. No dia 21 de Outubro foi enviada esta mensagem ao camarada Leão Varela:

Caro camarada José Inácio Varela:

Muito obrigado pelo contacto. Na qualidade de "relações públicas" do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné estou a dar resposta.

Como uma das práticas nesta tertúlia é o tratamento por tu, independentemente dos nossos antigos postos, idade, formação académica, profissão, etc, não vais estranhar a maneira como me dirijo.

Teremos muito gosto em te receber nesta Caserna Virtual, também conhecida por Tabanca Grande, onde o objectivo é o registo de memórias escritas e fotográficas dos combatentes que participaram na guerra colonial na Guiné.

Fizeste, e muito bem, a tua apresentação sumária, mas para fazer a tua apresentação formal à tertúlia precisávamos que nos mandasses uma foto do tempo de tropa, fardado, claro, e outra actual. Estas fotos servirão para encimar os teus futuros postes.

A joia a pagar será uma pequena história pessoal ou colectiva dos teus tempos de Guiné, que aches mais marcante. Podes fazê-la acompanhar de fotos que tenhas disponíveis. Por favor manda as respectivas legendas que datem e identifiquem o local e os intervenientes.

Fica ao teu critério acrescentar mais alguma coisa à tua apresentação, sendo que o mínimo será: nome, posto, especialidade, Companhia/Batalhão, data de ida e regresso da Guiné, locais por onde penamos e outros elementos militares e/ou civis que contribuam para nos conhecermos melhor.

Esta tertúlia é uma comunidade muito homogénea, onde, costumamos dizer, contamos aquilo que a família já não quer ouvir. Só nós nos entendemos porque vivemos, sentimos e recordamos aquela guerra que nos marcou idelevelmente, muito embora, por vezes, disso não tenhamos consciência.

Fico, eu e os restantes editores, ao teu dispor para qualquer esclarecimento adicional.
Esperamos as tus notícias.

Até lá, em nome dos editores Luís Graça, Eduardo Magalhães e eu próprio, envio um fraterno abraço.

Carlos Vinhal


3. No passado dia 7 de Dezembro recebemos esta mensagem do nosso novo Grã-Tabanqueiro Leão Varela, ex-Alf Mil da CCAÇ 1566:

Meu Caro Amigo e Camarada Carlos Vinhal

Espero e desejo que tudo esteja óptimo contigo. Desculpa o tempo que levei para cumprir com o meu "pagamento da quota", necessário, e muito bem, para ser membro de pleno direito do Blogue "TABANCA GRANDE".

Mas como mais vale tarde do que nunca aqui te deixo (não sabia ao certo para onde enviar este mail dado ser a primeira vez) para, se o achares bem e adequado ao cumprimento do devido, o partilhares no Blogue onde eu terei muito gosto e prazer em compartilhar as nossas aventuras e histórias (daquelas que as nossas famílias estão fartas de ouvir como tu dizes... e até outras que, talvez, nem elas as ouviram) por terras da Guiné.

Assim, aqui te deixo em anexos a minha 1.ª História e, não só as fotos que pediste, mas mais algumas. Umas saíram da minha velha máquina outras da máquina do Alf. Capelão do Agrupamento de Bolama, cujo nome se me varreu... era um Padre Dominicano que nos ia quase sempre esperar nas lanchas dos Fuzileiros que nos ia recolher sendo a ida sempre a corta mato.

Esperando que me faças esse favor, aqui fica um forte abraço do camarada
Leão Varela
ex-Alf Mil Inf

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O Aspirante a Oficial Miliciano Leão Varela


A MINHA PRIMEIRA HISTÓRIA

(PAGAMENTO DA QUOTA)

Uma história? Há tantas que ainda pairam na minha memória que é difícil escolher uma que seja mais adequada para o pagamento da minha quota. 

Bom… e se eu começar por uma do fim da minha comissão (1966-1968) por terras da Guiné? 
Fui ao baú e lá encontrei uma cópia de um relatório de um ataque que sofremos. Claro… vai esta mesmo pois tratava-se se uma história acontecida a cerca de um mês de voltarmos ao conforto e carinho das nossas famílias.

Já agora… o porquê desta escolha? Porque tratando-se do último e pior ataque que sofremos, achei que, antes de ter o prazer e a honra de passar a compartilhar convosco através deste magnífico e oportuno blogue, Caros e Amigos e Camaradas, seria como que prestar a minha singela mas sentida homenagem aos meus ex-camaradas, independentemente do seu posto, credo ou cor, que ao meu lado e/ou sob o meu comando sempre souberam: honrar a farda que vestiam, demonstrar em situações adversas a sua bravura e o seu espírito de sacrifício muitas vezes arriscando a sua própria vida (e aqui recordo com tristeza os dois que comigo foram e que por lá faleceram em combate) e, enfim, que desinteressadamente cultivaram a solidariedade e o companheirismo que nos uniu e que jamais esquecerei.



O meu Pelotão. Eu o dos óculos escuros entre os meus camaradas e amigos Furriéis Valente, à minha direita, e Matos, à minha esquerda. Foto tirada já em S. João, após mais uma patrulha de combate.


Aqui vai ela:

SÍNTESE DO RELATÓRIO DO ÚLTIMO E PIOR ATAQUE AO AQUARTELAMENTO DE S. JOÃO

(12 Dez 1967)

SITUANDO A HISTÓRIA

Como certamente sabem, o Aquartelamento de S. João, para onde foi enviada a minha Companhia 1566, ficava frente a Bolama, onde nessa época estava instalado o Comando do Sector do Agrupamento 1975, e inseria-se na área operacional do Batalhão ]de Artilharia] 1914,  com Comando localizado em Tite.

Era sob as directivas destes Comandos que a minha Companhia, embora sendo independente, actuava na área entre S. João - Nova Sintra e, por vezes, na de Tite.

A certa altura a minha Companhia foi transferida para Jabadá passando o Aquartelamento de S. João a ser um seu Destacamento, tendo o nosso Capitão Pala entendido confiar-me o seu Comando já que tinha tido idêntica missão durante alguns meses no de Pelundo para onde fui deslocado mal chegamos a Bissau.

Foi assim que, com o meu pelotão reforçado com o Pel Caç Nat 56 comandado pelo Alf Mil Baptista (por onde andará este meu camarada de Braga e bom e inesquecível amigo?), fiquei em S. João até ao fim da comissão (mais ou menos 15 meses) cuja defesa e missão operacional, sob meu comando, ficou a cargo de um efectivo de cerca de 70 homens.

E foi aqui, em S. João, e neste contexto, que a história em título que passo a relatar sinteticamente se passa.


A HISTÓRIA

Tínhamos todos acabado de jantar que começava a ser servido após o arrear da Bandeira às 18 horas. O Furriel (já não sei qual – eram quatro) que nessa noite estava de serviço já tinha distribuído os homens da sua secção reforçada pelos sete postos de sentinelas e preparava-se para, com os restantes, sair para passar ronda à volta do Aquartelamento (ainda bem que não deu tempo para o fazer como já vão ver…).

Pouco passavam das 19 horas. Tinha acabado de sair da messe dita de oficiais mas que eu transformei na messe de todos os graduados (oficiais, sargentos e furriéis) quando uma das sentinelas fez um ou dois tiros. Dirigi-me rápido, juntamente com o Furriel de serviço, ao respectivo posto onde nada observamos de anormal…
–  Ouvi barulho e pareceu-me ver qualquer a mexer além  –  disse-nos o sentinela…
–Talvez uma onça– retorquiu alguém
–   Pois, mas fiquem atentos – respondi e voltei à minha voltinha que costumava fazer pelos diferentes postos depois do jantar e antes de me deleitar com mais meia noitada de King regada com uns copos de whisky que davam boa disposição e ajudavam a adormecer (agora tomo Lorenin, brrrr).

Não tive tempo para a fazer pois, passados não mais de 10 minutos – mais ou menos pelas 19H30 – começou o “fogo de artifício” consubstanciado por fogo intenso cuspido de armamento ligeiro (ML, a célebre “costureirinha”… lembram-se?) e pesado (MP), de morteiros 82 (Mor 82) e de dois canhões sem recuo (Can  S/R).

De imediato todo o pessoal correu para os seus respectivos postos que lhe estavam previamente distribuídos (soldado Galvão e 1.º Cabo Coelho nas Bazucas; 1.º Cabo Ferreira e, acidentalmente por mim antes de conseguir sob fogo ocupar o meu posto de comando instalado num dos abrigos ao centro do quartel onde tinha instalado diversos rádios, nos Mort 60; 1.º Cabo Costa e soldado Valongueiro nas Bredas; Alferes Baptista no Mort 81 e restante pessoal com G3 distribuídos pelos diferentes abrigos.

Apesar da nossa pronta e forte reacção, durou este “festival” de fogo intenso cruzando os céus de um lado para outro – que Bolama, na outra margem, apreciava com um misto de curiosidade e de apreensão – cerca de 20 minutos altura em que o das forças atacantes foi diminuindo de intensidade até silenciar de vez ao fim de quase meia hora desde que o iniciaram.

Como rescaldo e do nosso lado registou-se, para além de diversos estragos materiais, que havia quatro feridos, um dos quais – o nosso herói da noite, Soldado Valongueiro, que mesmo bastante ferido na cabeça logo no início nunca largou a sua Breda - com gravidade que após ter os primeiros socorros dados pelo nosso enfermeiro – o incansável e sempre bem disposto 1.º Cabo Cavacas – foi evacuado para Bolama numa lancha dos nossos amigos e camaradas Fuzileiros que desde o início do ataque disseram presente com uma lancha parada no meio do rio pronta a intervir se necessário, sendo de madrugada, depois dos cuidados médicos evacuado de helicóptero para o Hospital Militar de Bissau e daqui para o de Lisboa onde foi devidamente tratado mas já não voltando à Guiné.


Eu, referenciado pela seta, e o meu pelotão a entrarmos para uma LDG dos Fuzileiro, após uma operação a nível de Batalhão algures na área operacional de Fulacunda onde estive também alguns meses como reforço da Companhia aí aquartelada, sob o comando do então Capitão Osório infelizmente, já como Major e numa 2.ª Comissão, abatido numa emboscada aquando efectuava, já no tempo do General Spínola, uma missão de Paz com uma facção do PAIGC.


Eu, o da ponta lado direito, a bordo de uma LDM dos meus camaradas e amigos Fuzileiros estacionados em Bolama, com os quais partilhamos em conjunto algumas operações e que, a partir de certa altura nos iam recolher depois de termos andado uma noite toda para cumprirmos determinada missão.

Soubemos mais tarde, por informação do Comando do Sector, que do lado das forças atacantes houve três baixas mortais – por sorte nossa os apontadores do CAN S/R – em consequência do rebentamento perto deles de uma granada do nosso MORT 81 e alguns feridos.

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E pronto… esta a minha primeira História vivida por terras da Guiné que vos deixo. Porém, não queria terminar sem deixar aqui algo que julgo traduzir o que ficou no subconsciente de todos nós (ou de quase todos) após termos terminado a nossa missão. A saber:
“Ter estado num naufrágio ou numa batalha é algo belo e glorioso; o pior é que teve de se lá estar para se ter lá estado”.
(sic, Fernando Pessoa).

Abraços do vosso camarada
Leão Varela
(Ex-Alf Mil. Inf.)


Destacado no Pelundo (área de Teixeira Pinto), à porta do que chamavam de "messe"


Preparativos da habitual "patrulha abastecimento de água" numa fonte perto de Teixeira Pinto guiando um GMC.

Fotos (e legendas): © Leão Varela (2014). Todos os direitos reservados [ Edição: CV]

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4. Comentário do editor:

Caro camarada e amigo Leão Varela:

Pouco tenho a acrescentar ao que já disse e face à tua brilhante apresentação.

Deixaste-nos uma fasquia bastante elevada pelo que a nossa expectativa é muita. Ficamos ansiosos pelas futuras histórias que não nos vão defraudar.

Resta-me, para não alongar mais este poste, deixar em nome dos editores Luís Graça, Eduardo Magalhães Ribeiro e eu próprio, um grande abraço de boas-vindas e votos de Boas Festas Natalícias com saúde, alegria e muitas prendinhas.

O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 12 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13875: Tabanca Grande (451): António Manuel Murta Cavaleiro, ex-Alf Mil Inf MA do BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74)