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quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18109: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte III: Foto tirada do T/T Uíge, no nosso regresso, em 4/8/1969: vê-se o T/T Rita Maria atracado na ponte-cais de Bissau, e uma lancha da marinha que nos veio trazer o último militar a embarcar.


Foto nº 511 > Guiné > Bissau > 4 de agosto de 1969 >  A ponte-cais. o T/T Rita Maria e, ao fundo, Bissau Velha... Foto tirada do T/T Uíge. Em primeiro plano uma lancha da marinha.


Foto nº 511 A > O T/T Rita Maria, da SG


Foto nº 511 B > Guiné > Bissau > 1969 > A ponte cais e, ao fundo. Bissau Velha


Foto nº 511 C > Uma lancha da marinha (1)


Foto nbº 511 D > Uma lancha da Marinha (2) [... mas não é uma LDP - Lancha de Desembarque Pequena, segundo o nosso editor: vd. poste P18096 (*)]



Guiné > Bissau > 4 de agosto de 1969 > Zona portuária >  Foto nº 511, tirada do T/T Uíge, na viagem de regresso.


Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar_ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]




O T/T Rita Maria (1952-1978) era um navio misto de 1 hélice da frota da Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes (SG), construído pela CUF nos Estaleiros da AGPL - Administração Geral do Porto de Lisboa. Tinha um comprimento de 103 metros e estava preparado para acomodar 70 passageiros.

Fonte: © Navios Mercantes Portugueses , página de Carlos Russo Belo (2006) (com a devida vénia...). O autor foi oficial da marinha mercante.



1. Mensagem de Virgílio Teixeira [ ex-alf mil, SAM – Serviço de Administração Militar, CCS – Companhia de Comando e Serviços, Chefe do Conselho Administrativo, BCAÇ 1933, mobilizado pelo RI 15, Tomar, e que esteve no CTIG, em Nova Lamego e São Domingos, 1967/1969; é economista, reformado;  passa a integrar amanhã  a nossa Tabanca Grande sob  o nº 763]


Data: 18 de dezembro de 2017 às 13:06


Bom dia Luís,

A tua mensagem foi enviada às 5 e tal da manhã? Isto é obra, pois só me levanto às 7 ou 8 horas, e apesar disso com muitos comprimidos, isso é outra história.

Responder:

Realmente a foto nº 504 é uma foto espantosa (*), tenho mais 2 ou 3 numa sequência incrível, considero isto inédito e pesado no seu significado. 

Contudo é o dia 4 de Agosto de 1969 e não 20 de Agosto, como vi no blogue, que por engano escrevi em algumas das fotos. Acho que se puderes deve ser colocada a data exacta, pois no dia 20 já estava em casa a passar umas férias pagas pelo RI 15, dado que só passei à disponibilidade em 2 de Setembro de 1969.

Quanto à foto 511, que não estava incluída na minha lista, já envio novamente a legenda, o descritivo e história desta foto, da chegada de um camarada, e doutra em sentido contrário, na direcção de Bissau!... As alterações estão sublinhadas. (...).

(...) Foto 511 – Esta foto é do dia 4 de Agosto de 69, a bordo do T/T Uige, cerca do meio dia, e esta lancha LDP [ ?]  está a chegar com o último militar a embarcar. 

Não sei o que se passou, mas vieram buscar este camarada já a bordo do Uige, levaram-no nesta lancha, tenho outra foto a levarem-no, depois esperamos uma hora, e chegou, entrou, nunca soube o que se passou, nem interessa agora, foi uma situação algo dramática.

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sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Guiné 63/74 - P2025: O cruzeiro das nossas vidas (7): Viagem até Bolama com direito a escalas em Leixões, Mindelo e Praia (Henrique Matos)


O Rita Maria (1952-1978) era um navio misto de 1 hélice da frota da Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes (SG), construído pela CUF nos Estaleiros da AGPL. Tinha um comprimento de 103 metros e estava preparado para acomodar 70 passageiros.

Fonte: © Navios Mercantes Portugueses , página de Carlos Russo Belo (2006) (com a devida vénia...) . O autor foi oficial da marinha mercante.

Uma viagem diferente,
por Henrique Matos

Penso que, tal como tantos outros que partiam com a “alma a sangrar” mas em navios cheios de militares, tive sorte com a viagem para a Guiné.
Em pleno verão, 10 de Agosto de 1966, com mar chão, saiu de Lisboa o “Rita Maria”, navio misto de carga e passageiros, que nesta viagem levava poucos militares sendo a maioria dos passageiros civis, nomeadamente estudantes, com destino a Cabo Verde. Ainda foi a Leixões só para meter carga, depois Mindelo e Praia com paragens curtas e finalmente Bissau.


A bordo do “Rita Maria” com mais 2 Alf. Mil. companheiros de viagem em rendição individual, cujos nomes não me lembro. Só sei que o do meio era do Porto com especialidade em Adminsitração Militar o que nos fazia inveja porque se sabia que não ia sair de Bissau. O da direita era de Santarém e também tinha como destino uma zona de intervenção. Tanto eu como o do Porto não tínhamos no cais qualquer pessoa a quem dizer adeus, mas impressionou-me bastante a despedida do “Santarém” como lhe chamávamos, dos familiares e namorada. Penso que a cara dele nesta foto ainda reflecte um pouco o que lhe ia na alma.

Curiosidades de Bolama

Numa rua de Bolama com o cais ao fundo, eu com o Alf. Mil. Baptista que estava colocado em São João, um destacamento de Tite, que ficava mesmo frente a Bolama do outro lado do canal. Ao fundo desta rua, à esquerda, havia um monumento curioso ( por estar naquele sítio) que fotografei.


Este monumento que representa destroços de avião, tinha a seguinte legenda: “Mussolini ai caduti di Bolama”, seu autor Quirino Rugger e inaugurado no mês de Dezembro de 1931

Para quem gosta de esclarecer as coisas impunha-se perguntar: quando? porquê?

E as respostas são: em 17 de Dezembro de 1930 sairam de Orbetello(Itália) 14 hidroaviões para estabelecer uma ligação com Brasil, sob o comando de Italo Balbo.

Bolama, onde chegaram no dia 25 de Dezembro, seria o último ponto de paragem em África por ser o mais próximo de Porto Natal no Brasil.

Permaneceram vários dias em Bolama para reparações e à espera de condições atmosférias favoráveis.
Quando decidiram levantar a 5 de Janeiro, de noite, cairam 2 aparelhos causando 5 mortos.
Chegaram ao Rio de Janeiro no dia 15.

O Post CLXXIII do Blogue-fora-nada de 16/8/2005 faz referências a este monumento.



Cartaz que circulou para comemorar o evento



Eu que sou um “curioso ajuntador de selos” encontrei em tempos na internet um postal à venda enviado de Bolama a 27-12-1930 por um daqueles aviadores, com selos tipo “CERES”, que então se usavam em Portugal e Colónias.
Fotos ©: Henrique Matos (2007). Direitos reservados
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Nota do co-editor CV


Monumento que o Duce, Benito Mussolini, mandou erguer na antiga capital da Guiné aos "caduti di Bolama".

Dele escreveu Dons Rachelle Mussolini ao Autor desta reportagem:

'Ammiro veramente i portighesi che non l' hanno distrutto comme ésuscesso cuá in Itália' [Admiro verdadeiramente os portugueses que o não destruiram como aconteceu cá em Itália"(...)
Finalmente: Bolama que tem em si um dos raros monumentos ao esforço fascista de paz, quando Mussolini e Ítalo Balbo tentaram o cruzeiro aéreo para unir Roma ao Brasil. Com efeito, dois dos aparelhos despenharam-se em Bolama e a missão esteve em riscos de se malograr. Tal não aconteceu porque a tenacidade de Ítalo Balbo a isso se opôs.
Resta desse desastre o belo monumento aos «Caduti di Bolama» no qual se reproduz um aspecto dos destroços dos aviões — duas asas, uma das quais ainda erguida aos céus e a outra quebrada e caída em terra.
O monumento foi feito por italianos e com pedra italiana, vinda de Itália, para esse fim.
Mandou-o erguer Mussolini e na sua base lá se encontra a coroa de bronze por ele oferecida, com estes dizeres — Mussolini ai cadutti di Bolama.
Ao lado, a águia da fábrica de hidro-aviões Savoia, uma coroa com fáscios da Isotta-Fraschini e a coroa de louros da Fiat.
É curioso notar que este será um dos raros monumentos do fascismo, no mundo, que no fim de 1945 não foi apeado. Virado para diante e no alto, o distintivo dos fáscios olha ainda com alienaria o futuro, no seu feixe de varas e no seu machado, a lembrar a grandeza da Roma do passado.
Foto e excerto de texto retirado de: Guiné 63/74 – CLXXIII: Informação e Propaganda: os 'grandes repórteres' de guerra em
http://www.blogueforanada.blogspot.com/2005_08_14_archive.html
Selecção e notas de A. Marques Lopes

sábado, 28 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9822: Blogoterapia (210): "Estórias" da guerra colonial (Carlos Pinheiro)

1. Mensagem de Carlos Manuel Rodrigues Pinheiro* (ex-1.º Cabo TRMS Op MSG, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, 1968/70), com data de 18 de Abril de 2012:

Camarigo Carlos Vinhal
Depois de uma certa ausência, aqui estou de novo a dar mais uma colaboração ao nosso Blogue com o artigo que envio em anexo.
Não se trata de um trabalho exclusivo sobre as realidades da Guiné que nós vivemos, mas sim de um trabalho mais exaustivo sobre a problemática da guerra e da preparação que nos era dada para a mesma e algum enfoque nas condições, ou melhor na falta delas, do transporte do pessoal para África.

Se entenderes por bem editar mais este artigo, o que agradeço, atrevo-me a sugerir-te que o ilustres com fotografias dos barcos que mais iam à Guiné, o Uíge, o Niassa, o Carvalho Araújo, o Rita Maria ou o Ana Mafalda.
Tudo isto fica ao teu critério.

Nota: - Este artigo foi escrito há quatro anos e publicado no jornal "O Almonda" na sua edição de 2 de Maio de 2008.

Um abração
Carlos Pinheiro


"Estórias" da guerra colonial 

As "estórias" começavam cá, mesmo muito antes do assentamento de praça. Eram as preocupações pelo desconhecido, porque a informação que nos davam a "beber" era só a que interessava à situação, pois a mesma estava absolutamente controlada. Tínhamos a Emissora Nacional, o Diário de Noticias e a generalidade dos jornais que, para saírem, tinham que ir ao lápis azul da censura. Era a situação. Salvava-se, por vezes, com muita ginástica, o República, fundado por António José de Almeida e nos últimos anos dirigido por Raul Rego, que pouca gente podia ler e o Diário de Lisboa, da família Ruela Ramos, que também utilizava muita imaginação para dizer alguma coisa que não nos deixavam contar. Salvavam-se também aqueles felizardos que podiam ir estudar para Coimbra, Lisboa ou Porto, onde os contactos permitiam uma consciencialização política muito acima da média. Outros, muito à socapa, ainda iam ouvindo a Rádio Moscovo, clandestinamente claro, como alguns, os do partido liam o Avante, e outros até a Voz da América ou mesmo a BBC, que sempre iam dizendo verdades que não conhecíamos, apesar de muitos casos se passarem à nossa porta.


E, quer queiramos quer não, guerra é sempre guerra, o maior flagelo da humanidade, e era para a guerra que a malta estava destinada. Uma guerra de guerrilha, talvez por isso, pior do que a chamada guerra convencional. Muita psico-social, lá e cá, pois os espíritos eram fracos e desinformados e assim melhor trabalhados. Teimosamente sós, era a política daquela época. Mas mesmo assim muito armamento da NATO era desviado para a guerra colonial a começar por alguns navios de guerra e a acabar no rearmamento vindo da Alemanha, especialmente viaturas ligeiras e pesadas, a partir de certa época. Já tínhamos perdido o "Estado da Índia", já tinha havido a "estória" do "Santa Maria" a que Henrique Galvão chamou "Santa Liberdade", e a malta começava a tomar consciência que estávamos em guerra na Guiné, em Angola e em Moçambique, mas que também se tinham reforçado posições em Cabo Verde, em S. Tomé, em Macau e em Timor. Tudo isto, como se a descolonização por parte do resto da Europa não tivesse existido, como se fôssemos diferentes, como se fôssemos mais fortes, como se conseguíssemos resistir sozinhos.

Navio de Transporte de Passageiros Santa Maria

A emigração, principalmente a clandestina, estava no auge. Era a pobreza franciscana em que o país vivia, era a falta de perspectivas de futuro, era a falta de escolas e as dificuldades de ingresso na Universidade e era também o sentimento de alguns, mais esclarecidos, que não queriam participar na guerra. Paris e seus arredores, chegou a ser a cidade onde mais portugueses viviam. Está tudo dito.

Mas a malta que cá ficava ia de certeza para a tropa. Escapavam os cegos, os coxos e os aleijados. O resto era tudo apurado. Por isso, depois da entrada, eram os rigores de uma vida nova, aparentemente sem sentido, passava-se a ser só um número, havia horários para tudo, menos para descansar e conviver, de dia e de noite, nos campos, nos matos, nas carreiras de tiro, nas salinas, nas marchas, nos exercícios, era tudo a correr, sempre em fila, por vezes ao toque de caixa, mas era tudo sempre a correr.

Eram precisos soldados, muitos soldados, com sangue novo para a guerra. Rapidamente e em força, era o slogan.

A recruta era feita num qualquer quartel que já não existe, viajava-se ao fim de semana a caminho de casa, onde se ia buscar o farnel para semana, quando era possível, sempre de noite, naqueles comboios que pareciam pintados de verde por dentro. Depois era a especialidade, normalmente noutro quartel também daqueles que já não existem, e aí o sofrimento, dado o rigor, por norma era ainda maior.

Ao longe, parece que já se ouviam as sirenes dos barcos que haviam de levar, um dia, aquela malta toda para África. E esse dia chegava quase sempre, para a esmagadora maioria da rapaziada. Para uns chegava mais cedo do que esperavam. Para outros chegava mais tarde, quando pensavam que já tinham escapado à mobilização.

De noite, de camioneta ou de comboio, a malta lá era despejada no Cais da Rocha ou de Alcântara, vinda dos seus quartéis de origem, lá se perfilava como mandavam as regras e ao som de marchas militares lá embarcava, depois de um ou outro discurso de circunstância, no "Uíge", no "Timor" no "Niassa", no "Índia", no "Vera Cruz", no "Rita Maria", no "Ana Mafalda" ou no "Alfredo da Silva" e até, na parte final, no velho "Carvalho Araújo", e lá ia durante 5, 8, 10 ou 30 dias conforme fosse para a Guiné, para Angola ou Moçambique e até mesmo para Macau ou Timor.


Quando se começavam a subir as escadas de acesso ao barco, lá estavam, para além da Polícia Militar, aqueles fulanos que vestiam sobretudo e usavam chapéu e bigode, estrategicamente colocados, as senhoras do Movimento Nacional Feminino que davam à soldadesca um macito de cigarros, por vezes um isqueiro e até uns aerogramas, os chamados bate estradas, para a malta escrever quando lá chegasse. Era porreiro, pá!

A partida era sempre dolorosa. Os familiares apinhavam-se nas varandas do Cais ou junto às grades que separavam a gentalha dos senhores. Os lenços da despedida desfraldavam-se ao vento e as lágrimas escorriam, de um lado e muitas vezes também do outro, pela cara abaixo. E o barco a afastar-se vagarosamente, a música da banda militar que tinha ficado no cais, cada vez se ouvia mais longe, passava-se por baixo da ponte Salazar, via-se o Bugio, Lisboa cada vez ficava mais para trás até deixar de se ver e lá estávamos no mar alto, no mar salgado.

Eram dias desgraçados. Só se via mar e céu e quando o tempo estava bom, era azul por baixo e azul por cima. Por vezes os golfinhos lá vinham visitar o barco e distrair, por momentos, a rapaziada. Os barcos, apesar de civis, eram considerados "Transporte de Tropas" e diziam-nos, para nos sossegarem, que íamos escoltados, para nossa segurança. Mas nunca se viram aviões ou barcos de guerra e, claro, muito menos qualquer submarino a proteger-nos. Lá íamos entregues à nossa sorte.

A vida a bordo era soturna. Nalguns barcos ainda havia instalações menos más, para alguns. Mas a maioria passava o tempo nos porões, que em tempo de paz serviam para o transporte de todo o tipo de mercadorias. Não havia outras condições. Lá muito em baixo, onde a luz do sol só chegava por um buraco, que era a boca do porão, mal se respirava, dados os odores lá acumulados ao longo de anos. Havia excepções: O "Rita Maria", o "Ana Mafalda" e o "Alfredo da Silva" só viajavam até à Guiné, eram barcos pequenos e normalmente levavam pouca gente e só em rendição individual. Estes eram barcos da "Sociedade Geral", uma empresa da "CUF" que não era só dona do Barreiro como dona de quase toda da Guiné. Também o "Carvalho Araújo" escapava, de certo modo, à regra. A malta viajava à mesma nos porões, mas estes tinham circulação de ar porque o barco, em tempos, tinha sido adaptado para o transporte de gado dos Açores para o Continente e o gado, esse precisava sempre de ar fresco. Mas em contrapartida a viagem neste barco demorava sempre mais uns dias. Era muito vagaroso e gastava muito combustível. Para ir à Guiné tinha que passar por S. Vicente, em Cabo Verde, para meter água e nafta, que na Guiné não havia. No regresso parava sempre no Funchal para se reabastecer e a malta aproveitava para ver aquela Pérola do Atlântico depois de dois anos de guerra. Lá em baixo, muitos jogavam às cartas, especialmente à "lerpa", e alguns iam surripiando os outros. Quando chegava a hora da refeição havia um sinal e só os doentes é que não subiam ao convés, mas, para esses, havia sempre um camarada que lhes trazia uma bucha e uma pinga de água enquanto não iam para a enfermaria, que por norma era pequena. Bebia-se muita cerveja, daquelas "bazookas" holandesas que a malta cá não conhecia. Bebia-se Coca-Cola, inglesa ou de Moçambique, que cá era proibida. Era raro tomar-se banho, porque os barcos não tinham sido construídos para transportar tanta gente de cada vez. Até as casas de banho, as chamadas retretes, eram escassas e normalmente improvisadas no convés, numas barracas de madeira, como ainda hoje se vê para aí nalgumas obras.

Muitos enjoavam, principalmente naqueles dias em que o mar parecia que tinha poucos amigos.

A comida, essa tinha dias e era conforme os barcos. Ninguém empanturrava com o que lhe era dado, mas comia-se sempre menos-mal na viagem de ida do que na do regresso. Vá-se lá saber porquê?

Os dias passavam, assinalava-se a passagem do equador com uma espécie de festa e a meio da viagem fazia-se um simulacro como se o barco estivesse em perigo e cada um lá se desenrascava como melhor podia ou sabia.

Entretanto a temperatura começava a subir e as águas a mudarem de cor. A chegada estava próxima.

Na maioria dos casos os barcos atracavam ao cais, mas na Guiné, até certa altura, ficavam ao largo, especialmente o "Uíge" e o "Niassa" e a malta era transferida para batelões até ao cais, onde colunas de viaturas aguardavam a chegada daqueles reforços que eram sempre bem-vindos para os que já lá estavam e a muitos dava a oportunidade de rendição e por consequência, do tão esperado regresso.

Alguns, mal tinham tempo de pôr os pés em terra. Mal chegavam, embarcavam outra vez, numa "LDG", ou "LDM", lanchas de desembarque grandes ou médias, conforme o contingente, directamente para o mato onde os esperavam dois anos de privações e outras aflições. Outros ainda iam uns dias para os Adidos, quartéis exemplares no pior sentido, onde nada havia, e outros ainda eram encaminhados para campos militares nos subúrbios da cidade, onde iam completar a instrução da metrópole e aclimatarem-se à nova vida.

Depois, depois era o desconhecido. Era a guerra na pior acepção da palavra, era o arame farpado, as operações para reabastecimento de tudo e mais alguma coisa, incluindo a água. A fome, a sede e as emboscadas eram frequentes, como eram os combates e os ataques aos aquartelamentos, os mortos e os feridos, as evacuações pelo ar, a saudade, etc.

E o tempo lá ia passando. Quem podia, quer dizer quem tinha dinheiro para tanto, lá vinha passar um mês de férias à Metrópole e muitos, depois, até se enganavam no dia do regresso a África e lá iam de comboio ou a salto até Paris.

No regresso, no mesmo ou noutro barco e alguns até já de avião, lá regressavam, muitas vezes cheios de mazelas no corpo e no espírito, mas era sempre uma alegria o regresso. A cena do cais agora era ao contrário. O barco começava a aproximar-se, normalmente bem cedo, pela manhã, e os lenços a acenar desta vez queriam manifestar a satisfação pelo regresso. Os outros, alguns, mas só alguns dos que por lá tinham tombado, esses eram retirados mais tarde, longe da vista da multidão e depois encaminhados em armões militares para as suas terras de origem. Era a guerra que resistiu treze longos anos e que mesmo depois do 25 de Abril ainda causou baixas em alguns teatros de operações. Dizem as estatísticas que foram cerca de 10.000 mortos contabilizados.

É certo que muito se tem escrito ultimamente sobre este capítulo da nossa História, mas relatos destes, simples mas honestos, nunca serão demais para que a memória não esqueça e para que os mais novos fiquem a saber o que uma certa juventude, a daquele tempo, passou e que os senhores do poder continuam a não reconhecer. Mas até isso faz parte da História. A carne para canhão sempre foi barata e esquecida. Serviram-se dela mas nunca a reconheceram, pelo menos por cá. É esta a realidade dos factos que convém não esquecer mesmo agora que se está a comemorar mais uma vez, a 38ª, a Revolução dos Cravos, o 25 de Abril, que levou ao fim da guerra.

Carlos Pinheiro

Nota do Editor: Fotos dos navios, com a devida vénia a Navios Mercantes Portugueses
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 26 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9273: Recordações dos tempos de Bissau (Carlos Pinheiro) (6): Notícias da Guiné de 9 de Fevereiro de 1969

Vd. último poste da série de 17 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9762: Blogoterapia (209): Sensibilizado pela prova de amizade da tertúlia e pelo nascimento da décima neta (Jorge Picado)

terça-feira, 1 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6516: V Convívio da Tabanca Grande (5): As inscrições sucedem-se a bom ritmo, mas ainda não atingimos a marca de 2009 (A Organização)

1. Continuam em bom ritmo os preparativos para a Operação V Convívio da Tabanca Grande.

Todos sabemos que o nosso Encontro vai ser no dia 26 de Junho no Palace Hotel de Monte Real.

Vamos pagar 30 €uros pelo almoço e lanche, pois como vamos conversar a tarde toda, temos necessidade de um bom repasto antes do regresso a casa.

Neste momento, olhando para a lista dos 126 inscritos, verificamos que o efectivo das forças desarmadas está desfalcado, uma vez que na Operação do ano passado o pelotão era composto por 132 valorosos e corajosos participantes. Estamos a praticamente meia dúzia de inscrições para mantermos o inimigo afastado desta equipa que se manterá coesa e preparada para qualquer eventualidade gastronómica.

Quem já tiver resolvido estar presente, deve inscrever-se o mais breve possível, porque as inscrições de última hora atrapalham a organização do evento.

Para espevitar os regionalismos, não saloios, vamos ver os quadros científicos elaborados pelos melhores especialistas em Estatística:

Distribuição dos inscritos por Regiões

Reparem que a Grande Lisboa tem um avanço enorme em número de inscrições. Então,  Grande Porto? Hipotecam assim os feitos dos vossos antepassados?

E o Centro, Região onde se realiza o Convívio, só tem mais 2 inscrições que o Porto? Que se passa? Quase não gastam combustível, nem pagam portagens para chegarem a Monte Real.

Já agora, afirma-se que foi com imenso prazer que se fez representar nos gráficos uma Região Autónoma, a dos Açores, de onde vêm dois camaradas, o Tomás Carneiro e o Carlos Cordeiro. Atenção,  camaradas insulares, deverão manter-se atentos, porque vai de Matosinhos o Silvério Lobo.



Este quadro,  por percentagens,  é só para impressionar e dar cor ao Poste. Alta tecnologia e matemática muito avançada.


Para não haver dúvidas de que possa haver alguém que julgue já estar inscrito, quando na verdade não está, aqui fica a lista dos 126, actualizada hoje com a entrada do nosso camaradão Jorge Cabral.

Acácio Dias Correia e Maria Antónia - Algés / Oeiras
Agostinho Gaspar e Maria Isabel - Leiria
Alvaro Basto, Fernanda e Rolando - Leça do Balio / Matosinhos
Amadu Djaló - Amadora
Américo Batista - Lisboa
António Baia e Celeste - Amadora
António Graça de Abreu - S. Pedro Estoril / Cascais
António José Pereira da Costa e Isabel - Mem Martins / Sintra
António Manuel S. Rodrigues e Rosa Maria - Oliveira do Bairro
António Marques e Gina - Cascais
António Martins de Matos - Lisboa
António Osório e Ana - Vila Nova de Gaia
António Paiva - Lisboa
António Sampaio e Clara - Leça da Palmeira / Matosinhos
António Santos e Graciela - Loures
Armando Neves Coelho - Lisboa
Arménio Santos - Oeiras

Belarmino Sardinha e Antonieta - Odivelas

Carlos Cordeiro - Ponta Delgada / S. Miguel / Açores
Carlos Marques Santos - Coimbra
Carlos Silva e Germana - Massamá / Sintra
Carlos Vinhal e Dina- Leça da Palmeira / Matosinhos
Casimiro Carvalho e Ana - Maia
Coutinho e Lima - Lisboa

David Guimarães e Lígia - Espinho
Delfim Rodrigues - Coimbra

Eduardo Campos e Manuela - Maia
Eduardo Magalhães Ribeiro e Fernanda - Porto
Eugénia Santiago - Lisboa

Fernando Franco e Margarida - Amadora
Fernando Gouveia - Porto

Henrique Matos - Olhão
Hugo Guerra e Ema - Lisboa
Humberto Reis e Maria Teresa - Alfragide / Amadora
Hélder Valério de Sousa - Lisboa

Jaime Machado e Maria de Fátima - Matosinhos
Joaquim Mexia Alves - Monte Real / Leiria
Joaquim Peixoto e Margarida - Penafiel
Jorge Araújo e Maria João - Almada
Jorge Cabral - Lisboa
Jorge Canhão - Oeiras
Jorge Narciso - Cadaval
Jorge Picado - Ílhavo
Jorge Rosales - Cascais
José Barros Rocha - Penafiel
José Brás - Montemor-o-Novo
José Carmino Azevedo e Maria do Amparo - Vale Frechoso / Vila Flor
José Eduardo Alves e Maria da Conceição - Leça da Palmeira / Matosinhos
José Eduardo Oliveira e Maria Helena - Alcobaça
José Fernando Almeida e Suzel - Óbidos
José M. M. Cancela e Carminda - Boelhe / Penafiel
José Manuel Matos Dinis - Cascais
José Martins e Manuela - Odivelas
José Pedro Neves e Ana Maria - Lisboa
José Zeferino - Loures
João Lourenço - Figueira da Foz
Júlia Neto e Leonor - Queluz / Sintra

Luís Graça e Alice - Alfragide / Amadora
Luís Marcelino e Maria Rosa - Leiria
Luís R. Moreira - Agualva-Cacém / Sintra
Luís Rainha e Dulce - Figueira da Foz

Manuel Amaro - Amadora
Manuel Carmelita e Joaquina - Vila do Conde
Manuel Reis - Aveiro
Manuel Resende e Isaura - Cascais
Manuel Santos e Maria de Fátima - Viseu
Miguel Pessoa e Giselda Pessoa - Lisboa
Mário Fitas e Helena - Estoril / Cascais
Mário Rodrigues Pinto - Barreiro

Raul Albino e Rolina - Vila Nogueira de Azeitão / Setúbal
Ribeiro Agostinho e Elisabete - Leça da Palmeira / Matosinhos
Rui Ferreira - Viseu

Silvério Lobo e Linda - Matosinhos
Simeão Ferreira - Monte Real / Leiria

Tomás Carneiro - Ponta Delgada / S. Miguel / Açores
Torcato Mendonça e Ana de Lourdes - Fundão

Vasco Ferreira e Margarida - Vila Nova de Gaia
Victor Caseiro e Celeste - Leiria
Virgínio Briote e Maria Irene - Lisboa

Camarada, se não estás na lista e queres participar no Convívio, por que esperas?

Ao inscrever-te diz de onde te deslocas e se levares a tua bajuda queremos saber o seu primeiro nome.
Se quiseres conviver até tarde e não ter preocupações com as horas do regresso, podes pernoitar em Monte Real, segundo as opções que se apresentam:

(i) Pensão Santa Rita - Single 35 € / Duplo 50 €

(ii) Palace Hotel - Single 50 / Duplo 60 €

Os camaradas e acompanhantes que ficarem instalados no Palace Hotel, podem trazer os fatos de banho, se souberem nadar, ou os escafandros em caso negativo, pois têm no Hotel à sua disposição uma bela piscina.

Atenção, especialmente, senhoras, também há sessões de SPA que requerem inscrição antecipada.
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Nota de CV:

Vd. poste anterior da série de 21 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6205: V Convívio da Tabanca Grande (4): Ponto da situação das inscrições em Abril (A Organização)

domingo, 31 de janeiro de 2010

Guiné 63/74 - P5734: Ser solidário (53): Que muitas Runas se levantem (José Martins)

1. Mensagem de José Martins (ex-Fur Mil, Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), com data de 23 de Janeiro de 2010:

Caros camaradas e amigos
Junto mais um texto sobre os sem abrigo.
Posso estar a bater em ferro frio, mas alguma coisa há-de ficar.
Bom resto de fim de semana.

Abraço
José Martins


Que muitas RUNAS se levantem!

Lar dos Veteranos Militares


Porquê RUNA [coordenadas 39º03’55” N - 9º12’32” O], aquela pequena localidade com 6,71 kms² e pouco mais de mil habitantes, situada a 8 km de Torres Vedras, a cujo concelho pertence?

Vamos encontrar a resposta, ou melhor, encontrar o seu início no ano de 1827, quando Portugal saía (?) dum período bastante conturbado:

- As Invasões Francesas ou Guerra Peninsular, entre 1807 e 1811, com toda a destruição do estado de guerra ou destruição táctica, e
- A mobilização de portugueses, e a consequente saída do país, integrando a Legião Portuguesa.
Em Runa ficava localizada uma quinta, propriedade da infanta D. Maria Francisca Benedita de Bragança, nascida em 25 de Julho de 1746, quarta e última filha do Rei D. José I e de D. Mariana Vitória de Espanha, que foi baptizada na Sé Patriarcal de Lisboa pelo Cardeal D. Tomás de Almeida. A título de curiosidade, e de acordo com a tradição, a princesa recebeu o nome de Maria Francisca Benedita Ana Isabel Antónia Lourença Inácia Gertrudes Rita Joana Rosa.

Em 21 de Fevereiro de 1777, com trinta anos, contraiu casamento com o seu sobrinho D. José, Príncipe da Beira, e presumível herdeiro da coroa, passando D. Maria Benedita a ser nora de sua irmã D. Maria, que ascenderia a rainha em Março seguinte, com o nome de D. Maria I.

Entre os esponsais havia uma diferença de idade de quinze anos. Não tiveram filhos, vindo D. José a morrer, prematuramente, em 1788, após onze anos de casamento, tendo D. Maria Francisca ficado conhecida como a Princesa-viúva. Iniciou um longo período de luto.

Senhora inteligente, com dotes artísticos [existe um painel na Basílica da Estrela, pintado de parceria com a sua irmã D. Maria Ana] e de uma cultura rara, poderia ter gasto o seu próprio dinheiro com a construção de uma igreja ou de um convento, o que lhe traria prestigio entre os nobres e o reconhecimento dos clérigos, mas assim não procedeu.

A 27 de Junho de 1799, sob o projecto do arquitecto José da Costa e Silva, são iniciadas as obras do Lar dos Veteranos Militares, destinado a acolher militares pobres e inválidos, pelo que também é conhecido por Asilo de Inválidos Militares de Runa.

O edifício no estilo neoclássico da época, cuja construção custou mais de seiscentos contos de reis, tem uma frente de 99 metros, orientada no sentido Norte/Sul, com 61 metros de fundo e uma altura de 13 metros. Ao centro do edifício foi construída a igreja de uma nave e transepto rematado em semicírculo, sendo o conjunto dominado por uma cúpula. Foi inaugurado em 25 de Julho de 1827, quando D. Maria Francisca comemorava o seu octogésimo primeiro aniversário, tendo destinado neste conjunto uma ala para sua residência, ficando conhecidos como “Aposentos da Rainha”.

O Edifício do Asilo de Inválidos Militares de Runa.

No acto da inauguração ficaram as palavras da sua fundadora: “Estimo ter podido concluir o Hospital que mandei construir para descansardes dos vosso honrosos trabalhos. Em recompensa só vos peço a paz e o temor a Deus ".

D. Maria Francisca de Bragança morreu em Lisboa no dia 18 de Agosto de 1829, tendo sido sepultada no Panteão dos Braganças, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa, junto do seu marido, D. José, em singelas arcas tumulares.

Actualmente o edifício é propriedade do Ministério da Defesa Nacional, e é dirigido pelo Instituto de Acção Social das Forças Armadas.



Abrigos de Combatentes

Após esta resenha histórica sobre o Lar dos Veteranos Militares que, senão único é pelo menos pioneiro, vamos entrar no motivo principal deste escrito: ABRIGOS DE COMBATENTES.

Quando D. Maria Francisca de Bragança se lançou na construção do Lar de Runa, os meios de assistência, quer médica quer social, eram reduzidos. Assim se justifica a concentração de meios, técnicos e humanos, naquela unidade.

Na actualidade, apesar de terem sido encerrados vários centros de saúde em diversas localidades, o país dispõe de meios de assistência que permite criar estruturas de assistência descentralizados.

Agora, que passadas as eleições de Outubro de 2009, com as autarquias eleitas e já em funções, e cujos programas manifestavam a intenção de tentar resolver a situação dos sem-abrigo, podem e devem dar início a essa campanha.

Qualquer Município ou Freguesia deste país terá, certamente, um imóvel que facilmente poderá ser adaptado a Abrigo a tempo parcial, caso não seja possível a tempo inteiro Esse local passaria a ser ponto de encontro entre amigos e conterrâneos, mantendo assim, além dos laços familiares e de amizade, a ligação às suas raízes de origem ou de adopção. Devemo-nos lembrar que há autarcas que são, apesar de muitas vezes o não revelarem, antigos combatentes, o que os torna nossos camaradas de armas.

Temos que ter em conta que os “sem-abrigo” não são só aqueles que, pelas mais diversas razões, estão desprovidos de local de habitação. São também aqueles que, tendo família, a vêem sair de manhã e só regressar ao final do dia, passando essas largas horas, quase intermináveis, olhando a rua através das vidraças, isto quando as janelas dos seus aposentos, normalmente os mais modestos da casa, dão para a rua.

Alguns, muitos ou poucos, vão até ao largo ou ao jardim, onde foram instaladas umas mesas e bancos, que servem de local de encontro para “um jogo de cartas”. Mas, nesses jogos, apenas só jogam quatro, limitando-se os outros a ver, quando não se retiram por se sentirem marginalizados. Quando chove e não podem ir ao encontro do jogo, única distracção possível, aumentam o exército dos “solitários”, aumentam o número daqueles que nem olham o relógio, porque sabem que esse aparelho de medida do tempo, nestas alturas ainda se arrasta mais lento.

Muitas frases ficaram na história sobre os combatentes, assim como a forma como, sempre, foram tratados:

- “Os soldados portugueses combateram para não ficarem mortos na alma.” [Professor Doutor Adriano José Alves Moreira, nasceu em Grijó de Vale Benfeito (Macedo de Cavaleiros) em 6 de Setembro de 1922];

- “O carácter duma nação vê-se pela forma como trata os seus combatentes.” [Wiston Churchil, nasceu em Oxforshire (Inglaterra) em 30 de Novembro de 1874, † Londres 24 de Janeiro de 1965];

- “Se serviste a Pátria e ela te foi ingrata, tu fizeste o que devias ela o que sempre faz.” [Padre António Vieira, nasceu em Lisboa em 6 de Fevereiro de 1608, † Bahia (Brasil) 18 de Julho de 1698].

Estamos cientes de que qualquer antigo combatente não deixará de colaborar e comparticipar dentro das suas disponibilidades, em tempo e materialmente, na concretização destas pequenas “organizações”; a própria comunidade local, individual ou colectivamente, colaborará para minorar os últimos tempos daqueles que, na sua juventude já longínqua, puseram á disposição da Pátria a sua própria vida, num juramento, mesmo que silencioso, à nossa Bandeira, e não veremos repetir-se a denúncia feita por Alexandre Herculano [nasceu em Lisboa 28 de Maio de 1810, † Santarém 13 de Setembro de 1877] na revista Panorama de 15 de Setembro de 1838, acerca do Real Hospital dos Veteranos, que dizia “… dentro em pouco os inválidos que lá existem terão de ir mendigar o pão, que a pátria tem obrigação de lhes dar, havendo eles ganho o direito a recebê-lo com o seu sangue, e com os perigos e fadigas da guerra, que só sabem avaliar aqueles que os têm passado.”



Urge começar …!

As festas natalícias já terminaram e o novo ano já se iniciou. Quer isto dizer que as pessoas voltaram a sua “vida normal”.

As festas organizadas pelas diversas organizações, juntando à volta de uma banda musical ou em espectáculos mais organizados, já se esfumaram, até na memória dos que foram o objecto delas, porque o país voltou à sua “velocidade de cruzeiro”.

Os subtítulos, “Lar dos Veteranos Militares” e “Abrigos de Combatentes”, que antecedem este novo subtítulo, foram terminados no dia 22 de Dezembro. Três dias depois, exactamente a 25 – no próprio dia de Natal – dei inicio à recolha de material para este texto de finalização.

Maquinalmente o carro levou-me para o centro de Odivelas, para o local onde os nossos camaradas José e António, conhecidos como os “sem-abrigo de Odivelas”, tinham passado a noite de consoada, que é como quem diz, mais uma noite expostos às intempéries: à chuva e ao frio.

Mantinham-se na sua posição e local habituais, indiferentes ao vento e à chuva que caía e ao que se passava à sua volta, porque era “apenas” mais um dia, que por acaso era dia de Natal.

Os antigos combatentes sem-abrigo, no “seu território”

Uns metros mais à frente, e num espaço de poucos metros, “encontrei” alguns locais que, apesar de puderem ter uma utilização social, mesmo desconhecendo se são propriedade particular ou propriedade do estado.

Rumei à Rua Guilherme Gomes Fernandes, acedendo pela Rua do Souto, junto do ex-líbris da cidade – o Cruzeiro - fica um casarão com o número 70.

Edifício da Rua Guilherme Gomes Fernandes, n.º 70

Este edifício encontra-se bastante degradado. Os vidros das janelas estão partidos e os caixilhos já estão deteriorados. Mas existem sinais de que não esteja completamente abandonada; o portão principal, e provavelmente único, está fechado com uma corrente e cadeado, dispondo, ainda, de uma placa indicando ser proibido estacionar em frente da mesma.

Uns metros adiante, frente ao Largo Dom Dinis, onde se encontra o Mosteiro de São Dinis e São Bernardo e funciona o Instituto de Odivelas tutelado pelo Ministério da Defesa Nacional, curiosamente o mesmo ministério que tutela os Ex-Combatentes, no número 104 letra B, fica um edifício que, pela tabuleta que ostenta, se encontra para alugar “ou” venda (?)”, uma vez que a placa se encontra partida.

Edifício da Rua Guilherme Gomes Fernandes, n.º 104-B

Continuando e entrando na Rua Combatentes da Grande Guerra, que termina na Rua Combatentes de Ultramar (nova e curiosa coincidência), junto da antiga Quinta de Nossa Senhora do Monte do Carmo, em cuja casa capela e anexos se encontra a Biblioteca Municipal Dom Dinis, encontram-se uma construções, que lembra os blocos operários do inicio da “era industrial” , sendo que algumas habitações apresentam sinais de “tentativa” de conservação, mas outras estão degradadas.

Rua Combatentes da Grande Guerra, n.º 6 e seguintes

Na entrada para o pátio que dá acesso as traseiras, encontra-se uma placa metálica que diz “DO MONTE DO CARMO”. Falamos do número seis e seguintes.
Do outro lado da rua, com o número 5, encontra-se outro imóvel de estilo diferente do anterior.
Apresenta resquícios de “art nouveau” ou um estilo mais modernista, em função da arquitectura do espaço em que se encontra implantado.
Como os anteriormente mencionados, o seu estado de degradação é notório, motivado, provavelmente, pela desocupação a que foi votado.

Rua Combatentes da Grande Guerra, n.º 5

Independentemente de se tratar de imóveis de propriedade particular ou do Estado, e independentemente de existir ou não qualquer utilização para outros fins, previstos ou não no PDM (Plano Director Municipal), somos da opinião de que estes imóveis deveriam manter a sua traça original, adaptados, como é obvio, aos fins a que vierem a ser destinados.

Mantemos a ideia de que Odivelas deveria ter um “Abrigo de Combatentes” com as funções que as organizações participantes (oficiais e/ou particulares) entenderam por bem pôr em prática, para o bem estar daqueles que, na sua juventude colocaram ao serviço da pátria, e hoje, com um futuro cada vez mais minguado, ainda enfrentam a incerteza do dia de “amanhã”.

Com esse espírito de solidariedade para com os desvalidos, governantes, autarcas, combatentes, gente anónima, ou seja, todos e cada um de nós, deveremos atentar na frase do Padre António Vieira, com quer finalizo este texto:

Nós somos o que fazemos.
O que não se faz, não existe.
Portanto, só existimos nos dias em que fazemos!


José Marcelino Martins
Ex-combatente da Guiné
josesmmartins@sapo.pt
Odivelas, 20 de Janeiro de 2010
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 5 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 – P5595: Fichas de Unidades (6): COP 4 - Comando Operacional nº 4 (José Martins)
e
22 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4992: Ser solidário (37): Carta Aberta em prol dos ex-combatentes sem abrigo do Concelho de Odivelas (José Martins)

Vd. último poste da série de 28 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5720: Ser solidário (52): Campanha da Tabanca de Matosinhos: Ajudemos a minorar as carências do povo da Guiné-Bissau (José Teixeira)

sábado, 10 de maio de 2008

Guiné 63/74 - P2832: III Encontro Nacional da Nossa Tertúlia (5): Novidades (J. Mexia Alves/C.Vinhal)

Imagem do Google, enviada pelo nosso camarada Álvaro Basto.

© 2008 Tele Atlas
Image © 2008 DigitalGlobe


Mapa com a localização da Quinta do Paúl, em Ortigosa, Monte Real, Concelho de Leiria.




O nosso anfitrião: Joaquim Mexia Alves

Caros Camaradas e amigos Tertulianos:

Últimas notícias do nosso III Encontro Nacional, a levar a efeito no dia 17 de Maio de 2008, no Restaurante Salon da Quinta do Paúl, em Ortigosa, Monte Real .


1. A lista dos inscritos (74) até ao momento é a seguinte:

Álvaro Basto e Fernanda (Matosinhos)
António Báia e Celeste (Lisboa)
António Batista (Matosinhos)
António Graça de Abreu (Cascais)
António José Pereira da Costa e Isabel (Mem Martins)
António Manuel Sucena Rodrigues e Rosa Maria (Oliveira do Bairro)
António Pimentel (Porto)
António Santos e Graciela (Loures)
António Silva e Albina (Matosinhos)
Artur Manuel Soares (Figueira da Foz)
Carlos Esteves Vinhal e Dina (Matosinhos)
Carlos Marques Santos e Teresa (Coimbra)
Carlos Santos (Coimbra)
Carlos Silva e Maria Germana (Lisboa)
David Guimarães e Lígia Maria (Espinho)
Delfim Rodrigues (Coimbra)
Fernando Calado (Lisboa)
Fernando Franco e Margarida (Lisboa)
Fernando Roque (Lisboa)
Francisco Varela (Lisboa)
Henrique Matos (Olhão)
Idálio Reis (Cantanhede)
Inácio Silva e Amélia (Almada)
Jaime Machado e Maria de Fátima (Matosinhos)
João Rocha (Matosinhos)
Joaquim Mexia Alves (Monte Real)
Jorge Cabral (Lisboa)
Jorge Picado (Ílhavo)
José Armando Almeida e Teresa (Albergaria-a-Velha)
José Casimiro Carvalho (Maia)
José do Nascimento Lázaro (Seia)
José Luís Vacas de Carvalho (Lisboa)
José Manuel Lopes e Luísa (Douro)
José Martins e Maria Manuela (Odivelas)
José Teixeira (Matosinhos)
José Zeferino (Loures)
Leopoldo Amado (Porto)
Luís Graça e Maria Alice (Lisboa)
Mário Beja Santos (Lisboa)
Mário Fitas e Maria Helena (Estoril)
Martins Julião (Vouzela)
Maurício Esparteiro (Almada)
Paulo Santiago e Teresa (Águeda)
Raúl Albino (Vila Nogueira de Azeitão)
Rui Alexandrino Ferreira (Viseu)
Silvério Lobo e Maria Deolinda (Matosinhos)
Vasco Ferreira e Margarida (V.N. de Gaia)
Victor Alves (Santarém)
Virgínio Briote e Maria Irene (Cascais)
Vitor Junqueira (Pombal)
Xico e Zélia Neno (V.N. de Gaia)

Já devem ter reparado que vamos ter connosco o nosso camarada António Batista. Para os menos avisados, trata-se no nosso camarada dado como morto na emboscada do Quirafo em 17 de Abril de 1972, que afinal tinha sido feito prisioneiro. Após a sua libertação pôde visitar e depositar um ramo de flores na sua própria campa.


2. Informamos a quem quiser pernoitar, que a Pensão Santa Rita está a praticar o preço especial de 42,50€ por quarto.


3. De novo apresentamos a ementa

Almoço

Entradas
Quarteto de Frutas Laminadas com Presunto
Espetadinha de Morcela e Chouriço
Pãezinhos Regionais/Manteiga
Broa/Azeitonas

Sopa

Carne
Assado de Novilho c/ puré de batatinhas, e Legumes

Sobremesas
Doces Tradicionais
Frutas Laminadas

Vinhos Regionais
Aguas/Refrigerantes

Café

Preço do almoço por pessoa 19,50€


Buffet/Lanche

Caldo verde
Bifanas no Pão
Franguinhos churrasco
Pataniscas de Bacalhau/Rissóis/Chamussas
Queijo/Fiambre/Presunto
Saladas Variadas
Doces de Colher
Frutas Naturais
Febras Churrasco
Lentriscas
Morcela Grelhada
Bebidas

Preço do lanche por pessoa 9,50€

Total final por pessoa 29,00€


4. Para os interessados, o nosso anfitrião, Joaquim Mexia Alves dá as informações necessárias para que possamos todos chegar a tempo e horas, sem nos perdermos.

Aqueles que morarem perto poderão associar-se e fazer a chamada vaquinha, ficando assim mais em conta a despesa de deslocação e ao mesmo tempo preserva-se o ambiente um pouco mais.

Itinerários para o Restaurante Salon / Quinta do Paúl
Para quem vem do Norte

Vir pela A1 e sair em Pombal;
Nessa saída apanhar o IC8 na direcção Louriçal/Figueira da Foz;
Ao fim de mais ou menos 10/12 Kms, apanhar a A17 na direcção para Leiria;
Sair na saída de Monte Real;
Na rotunda logo na saída, tem três direcções possíveis:
À direita: Monte Redondo/ Figueira da Foz
Em frente: Monte Real
À esquerda: Leiria
Tomar a direcção de Leiria, que é a EN109.
Mais ou menos a 2/3 Kms, sempre nessa estrada, entre uma curva e contra curva, aparece do lado esquerdo o Restaurante Salon/Quinta do Paul, com um grande parque de estacionamento.
É aí! Já chegaste!

Para quem vem do Sul

2 hipóteses

1 – Pela A1

Saída em Leiria e apanhar a EN109 na direcção Monte Real/Figueira da Foz. Está bem sinalizado com indicações de Monte Real e Figueira da Foz. Passados 12/13 Kms, no final da povoação da Ortigosa, entre uma curva e contra curva, aparece do lado direito o Restaurante Salon/Quinta do Paul, com um grande parque de estacionamento. É aí! Já chegaste!

2 – Pela A8

Depois de passar pela saída da Marinha Grande/Zona Industrial, e sempre na A8, aparece em continuidade a A17 direcção Figueira da Foz. Seguir pela A17 e sair na saída de Monte Real.
Na rotunda logo na saída, tem três direcções possíveis:

À direita: Monte Redondo/ Figueira da Foz
Em frente: Monte Real
À esquerda: Leiria
Tomar a direcção de Leiria, que é a EN109.

Mais ou menos a 2/3 Kms, sempre nessa estrada, entre uma curva e contra curva, aparece do lado esquerdo o Restaurante Salon/Quinta do Paul, com um grande parque de estacionamento.
É aí! Já chegaste!

Para quem vem do Centro e outras direcções

Com estes itinerários acima e respectivas referências ninguém se pode enganar. De qualquer modo o meu telemóvel é 962108509 e assim podem ligar e eu tratarei de vos encaminhar.

5. Não se esqueçam que continua activa a operação Todos em Força Para Monte Real.

6. Hoje mesmo começam a ser enviados os crachás aos participantes já inscritos.

A comissão organizadora: Joaquim Mexia Alves / Carlos Vinhal
________________

Nota dos editores:

Vd. último poste de 1 de Maio de 2008 Guiné 63/74 - P2805: III Encontro Nacional da Nossa Tertúlia (4): Novidades (J.Mexia Alves/C.Vinhal)

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15772: Ser solidário (194): Obrigado, Portugal, da Guiné, Cumura (João Martel e Ana Maria Gala)



Foto nº 1 > O contentor em Bissau, na sede da Fundação João XXIII



Foto nº 2 > Largar amarras para Cumura, bem amarrados


Foto nº 3 > O Tarzan a encantar gerações, pela primeira vez projectado na escola


Foto nº 4 > O que, incrivelmente, coube nas malas de avião, uma parcela do crowdfunding.


Foto nº 5 > Experiência das cores feito pelo 2º Ciclo com as tintas oferecidas.


Fotos (e legendas): Um pé na Guiné (com a devida vénia)


1. Mensagem dos nossos amigos João Martel e Ana Maria Gala:


Data: 12 de fevereiro de 2016 às 19:40

Assunto: Obrigado, da Guiné!



Algo que não podemos deixar de partilhar!... No nosso sítio Um pé na Guiné

 Com um grande abraço a todos, aí na Tabanca Grande!


Ana Maria Gala e João Martel




2. Obrigado, Amigos! Chegou Tudo Inteiro!

por Ana Maria Gala e João Martel


Chegou o dia! Há já muito que de Portugal nos perguntavam: “então o contentor, já chegou?”, “perdeu-se no mar, o que se passa?” “já conseguiram tirá-lo do porto?”… 

Ao ritmo das burocracias e contratempos guineenses, com Natal e Ano Novo pelo meio, um dia toca o telefone – é o nosso amigo Raúl, mestre “diplomata das alfândegas” e director da Cooperativa Escolar S. José, em Bôr, a avisar-nos que o despacho portuário está já no último ministério, na última secretária, com o último carimbo!… Alegria!

No dia 18 de Janeiro, navegando a heróica carrinha velha dos frades, fomos até Bissau, à casinha-sede da Fundação João XXIII, a associação portuguesa, com sede em Ribamar, Lourinhã, que gentilmente nos ofereceu o transporte marítimo dos materiais reunidos para Cumura.

Lá estavam eles, um grupo animado e de piada pronta, à boa maneira lusa (que bom é ouvir e expandir-se na nossa língua), que se lançou, de mangas arregaçadas, aos caixotes que os muitos amigos de Portugal juntaram para nos enviar.

Tudo bem empilhado e amarrado, com solidez à prova das crateras na estrada que teríamos de enfrentar, muitos abraços e cumprimentos e o convite para nos juntarmos ao grupo daí a dois dias, em Ondame, nas profundezas da região do Biombo, onde a Fundação tem feito renascer o velho e vital projecto da Clínica “Bom Samaritano”, um projecto tão antigo como a missão de Cumura, começado por duas missionárias evangélicas nos idos anos 50.

Mas afinal, o que veio de Portugal? (*)

Principalmente, material para a escola e para o hospital. Para este tinham-se comprado 500 unidades de 100 mL de soro fisiológico a preço reduzido, na farmácia do Hospital Garcia de Orta, em Almada, que são muito necessárias para a Pediatria e que normalmente não fazem parte da “lista de compras” da Missão.

Para a escola – a maioria – chegou bastante material escolar, algum material de escritório e o mais necessário – os Livros. Como tínhamos já combinado de antemão com o director da escola, o Frei Carlos, era nossa intenção ajudar a criar a biblioteca para o 1º e 2º ciclos, assim como ampliar a colecção da biblioteca do Liceu. Durante estas próximas semanas, vamos trabalhar na catalogação e criação do espaço e daremos a conhecer as várias obras que chegaram, à medida que estiverem em utilização.

Queremos aproveitar este momento da chegada do contentor, estando agora a bater a metade do tempo da Missão “Um pé na Guiné”, para agradecer a todos os que generosamente quiseram contribuir para nos ajudar neste projecto missionário e ajudar o povo da Guiné-Bissau!

Além do que descrevemos acima, os fundos que recolhemos nas iniciativas do “Crowdfunding” e de outras fontes serviu para comprar vários materiais importantes que vieram connosco de avião, como:

– Um projector vídeo para uso na escola (o cinema tem sido um sucesso!)
– Livros para mediação de leitura
– Material de escrita e artes plásticas
– Livros técnicos de apoio ao professor.
– Cd’s de canções e lenga-lengas em português.

Foram muitos os que contribuíram. Sendo impossível invocar o nome de todos, gostaríamos de lembrar aqui:

– Os que apoiaram a iniciativa do “Crowdfunding”, dando-nos alguns dos fundos iniciais para arrancar com este projecto. Aqui estão eles: Paulo Martel, Mafalda Lima,  João Gala,  Maria Machado, Leonor Matos, Luís Carvalhais,  Ana Gabriela Silva,  Esther de Lemos,  Cecília Albuquerque, DICP,  Hélder Sousa, Maria do Rosário Costa,  Joana Casal Ribeiro, Carlos Farinha Manuel Joaquim, António Sucena Rodrigues,  Alberto Grácio,  Zepinela,  José Viegas,  Acílio Gala, Tiago Tomaz , Tomás Albuquerque,  Maria Henriques.  Catarina Vieira,  Celestino Manso,
Aurora Tomaz, Diogo Martel, Inês Martel, Lourenço Leite,  Inês Santos, Carlos Júlio,  Miguel Borges, Ana Isabel Carvalho,  Mariana Matos,  Nuno Vasconcelos,  José Luís Gala,  Ana Isabel Gala, Alexandra Coelho,  Carolina Pinheiro,  Liliana Lopes,  Rui Marmota,  João Filipe Almeida,  Joana Ressurreição,  Maria, Isabel, Francisco e Filipa Gala,  Rita Coelho Nadjos,  João Silva,  Maria Martel Creche “O Piu-piu”, Pedro Gala,  António Boavida,  Maria do Céu Gomes,  Tomás Mendes.

– As comunidades das paróquias de Porto Salvo (Oeiras), Igrejas do Carmo, dos Carmelitas e de Nª Srª dos Anjos (Porto) e os colaboradores da Fundação Calouste Gulbenkian, que mostraram verdadeiro sentido de solidariedade e família, criando uma grande rede de ajuda e apoiando a nossa partida.

– As nossas famílias, por estarem sempre connosco e por se envolverem na recolha, preparação e envio de todos os materiais reunidos, mesmo após a nossa ausência.

– A Fundação João XXIII, que nos ofereceu o transporte deste contentor e de um segundo, que está prestes a chegar a Bissau e o Raúl, que permitiu que os caixotes vissem a luz do dia na Guiné.

Em nome da comunidade de Cumura e de todos os que irão beneficiar das vossas ofertas e amizade, enviamos um muito obrigado! (**)

____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 23 de dezembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15532: Ser solidário (189): Notícias de Cumura: estamos muito gratos a todos os que têm apoiado este projecto, sabendo que não há verdadeiramente um projecto 'de alguém', somos todos a remar na mesma canoa da amizade entre os povos (João Martel e Ana Maria Gala)

(**) Último poste da série > 13 de janeiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15616: Ser solidário (193): A Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), distinguida com o Prémio Direitos Humanos 2015, "pelo seu papel notável de 41 anos de apoio aos ex-combatentes vítimas da guerra colonial"

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8219: Agenda cultural (118): Quem vai à guerra, de Marta Pessoa (Portugal, 2011, Documentário, 130' )... A guerra no feminino... Indie Lisboa 11 (8º Festival Internacional de Cinema Independente) - Lisboa, Culturgest, 13 de Maio, 6ª feira, 21h30



Página na Net do  Indie Lisboa 11 -  8º Festival Internacional de Cinema Independente, que começa amanhã em Lisboa e vai até ao dia 15 do corrente. No dia 13, 6ª feira, será a estreia do documentário de 2h e 10' Quem Vai à Guerra, da autoria de Marta Pessoa (Portugal, 2011). A guerra contada no feminino... Entre outras participações, destaque para a nossa camarada Giselda Pessoa e a nossa amiga Maria Alice Carneiro. Ver aqui, no Sapo Notícias,  um vídeo com as declarações da realizadora (filha de um militar de carreira, que também esteve na Guiné). Marta Pessoa é também autora do recente documentário Lisboa Domiciliária ( estreado do LisboaDoc 2010).

Quem Vai à Guerra
Who Goes To War
Marta Pessoa [vd. igualmente página no Facebook: foto de perfil à direita]
Exibições: 13 Maio, 21:30, Culturgest, Grande Auditório
Secções: Sessão Especial
Documentário, Portugal 2011, 130', Documentário

Fotografia: Inês Carvalho 
Som: João Eleutério, Paulo Abelho, Rodolfo Correia 
Montagem: Rita Palma 

Produtor: Rui Simões 
Produção: Real Ficção

Com: Ana Maria Gomes, Anabela Oliveira, Aura Teles, Beatriz Neto, Clementina Rebanda, Conceição Cristino, Conceição Silva, Cristina Silva, Ercília Pedro, Fernanda Cota, Giselda Pessoa, Isilda Alves, Júlia Lemos, Lucília Costa, Manuela Castelo, Manuela Mendes, Margarida Simão, Maria Alice Carneiro, Maria Arminda Santos, Maria Augusta Filipe, Maria De Lourdes Costa 

[Diz-me o Miguel Pessoa o seguinte:

Identifico as seguintes enfermeiras pára-quedistas ali mencionadas:Aura Teles, Cristina Silva, Ercília Pedro, Júlia Lemos e Maria Arminda Santos. Além destas, pelo menos a Natércia e a Rosa Serra também foram contactadas e suponho que deram depoimentos]. 

[A realizadora também confirma, em comentário a este poste:  

Caro Luís Graça,
Obrigada pelo destaque aqui no blog. Por serem muitos os testemunhos, no programa do festival apenas aparecem os nomes (por ordem alfabética) das primeiras senhoras. De fora dessa lista (mas dentro do filme) ficaram, entre outras, as enfermeiras pára-quedistas Maria Cristina Silva, Natércia Neves e Rosa Serra. Até breve, Marta Pessoa]. 

[Ver aqui um excerto, disponível no You Tube, com o depoimento das nossas camaradas enfermeiras pára-quedistas]
Sinopse: Entre 1961 e 1974, milhares de homens foram mobilizados e enviados para Angola, Moçambique e Guiné-Bissau para combater numa longa e mal assumida guerra colonial. Passados 50 anos desde o seu início a guerra é, ainda hoje, um assunto delicado e hermético, apoiado por um discurso exclusivamente masculino, como se a guerra só aos ex-combatentes pertencesse e só a eles afectasse. No entanto, quando um país está em guerra, será que fica alguém de fora? 
Quem vai à Guerra é um filme de guerra de uma geração, contada por quem ficou à espera, por quem quis voluntariamente ir ao lado e por quem foi socorrer os soldados às frentes de batalha. Um discurso feminino sobre a guerra. (Marta Pessoa)

_________________

Nota do editor:

Último poste da série >  2 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8200: Agenda Cultural (117): Início, no próximo dia 6, do ciclo de conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar, 1961-1974: história e memórias(s), organizado pela Universidade dos Açores (Carlos Cordeiro)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8287: As mulheres que, afinal, também foram à guerra (5): Filme "Quem Vai à Guerra", de Marta Pessoa, no circuito comercial, em Lisboa, Porto e Aveiro, a partir de 16 de Junho


Rosa Serra, ex-enfermeira pára-quedista e membro da nossa Tabanca Grande



Giselda Pessoa,  ex-enfermeira pára-quedista e membro da nossa Tabanca Grande 



Cristina Silva, ex-enfermeira pára-quedista (ferida em combate emm Moçambique)



Anabela Oliveira, casada com um ex-militar vítima de stresse pós-traumático de guerra e hoje viúva (se a memória me não falha)



Isilda Alves, professora, casada com um ex-militar vítima de stresse pós-traumático de guerra, e hoje viúva






Lucília Costa, casada com um ex-militar vítima de stresse pós-traumático de guerra, ainda vivo (segundo informação do nosso camarigo Silvério Lobo, de Matosinhos, que é amigo do casal) 





 Manuela Castelo, viúva de um oficial pilav, morto em combate (Julgo tratar-se do Cap Pilav Fernando José dos Santos Castelo, piloto do AL III,  morto em M oçambique, em 7 de Março de 1974, segundo informação recolhida pelos nossos camaradas do Portal Ultramar Terraweb, relativos ao militares da FAP, mortos em serviço entre 12 de Abril de 1959 e 14 de Novembro de 1975)




Manuela Mendes, esposa que acompanhou o marido, médico (miliciano, se não me engano)



Maria Lurdes Costa, casada, que acompanhou o marido em África (Angola, se não me engano; é irmã do nosso camarada José Martins)



Maria Alice Carneiro, irmã de 2 militares em África (Moçambique e Angola), e correspondente de outros militares nos três TO


Estas são algumas das 21 mulheres que entram no filme, e que ficam aqui listadas por ordem alfabética (na próxima publicaremos mais fotos):

Ana Maria Gomes, Anabela Oliveira, Aura Teles, Beatriz Neto, Clementina Rebanda, Conceição Cristino, Conceição Silva, Cristina Silva, Ercília Pedro, Fernanda Cota, Giselda Pessoa, Isilda Alves, Júlia Lemos, Lucília Costa, Manuela Castelo, Manuela Mendes, Margarida Simão, Maria Alice Carneiro, Maria Arminda Santos, Maria Augusta Filipe, Maria De Lourdes Costa


Fotos da rodagem do filme Quem Vai à Guerra, disponíveis no mural da respectiva página no Facebook (Aqui reproduzidas com a devida vénia...)


1. Uma parte dos testemunhos femininos recolhidos por Marta Pessoa no seu filme Quem Vai à Guerra (que teve a sua ante-estreia no dia 13 do corrente, em Lisba, em "Sessão Especial" do 8º Festival do Cinema Independente de Lisboa, 5-15 de Maio de 2011) diz respeito à pequena/grande aventura das que acompanharam os maridos, nas suas comissões militares em África, no período da guerra colonial (1961/74).


Uma das mulheres da nossa Tabanca Grande que também foi à guerra é a Maria Dulcineia Rocha,  esposa do Henrique Cerqueira... Fica aqui lançado, não o repto, mas o convite,  para ela partilhar connosco, em primeira mão, as suas recordações de Bissorã... Já conhecemos a versão do  Henrique, mas  não a da Ni (seu "nickname" ou nome de guerra)...

3. E, já agora, fica aqui a notícia para todos os nossos leitores: não  percam o filme (documentário) da Marta Pessoa, Quem Vai à Guerra,  que vai entrar no circuito comercial, no dia 16 de Junho próximo:

Lisboa, Cinema Cirty Classic Alvalade
Porto, Zone Lusomundo Mar Shoping
Aveiro, Zon Lusomundo Fórum Aveiro

FICHA TÉCNICA



Realização >  Marta Pessoa
Direcção de Fotografia  > Inês Carvalho
Cenografia > Rui Francisco
Montagem >  Rita Palma
Direcção de Som >  Paulo Abelho, João Eleutério e Rodolfo Correia
Maquilhagem > Eva Silva Graça
Marketing e Comunicação > Fátima Santos Filipe
Direcção de Produção > Jacinta Barros
Produtor > Rui Simões
Produção > Real Ficção

Recorde-se aqui a sinopse do filme, que tem duas horas e 10 minutos de duração:

« Entre 1961 e 1974, milhares de homens foram mobilizados e enviados para Angola, Moçambique e Guiné-Bissau para combater numa longa e mal assumida guerra colonial. Passados 50 anos desde o seu início a guerra é, ainda hoje, um assunto delicado e hermético, apoiado por um discurso exclusivamente masculino, como se a guerra só aos ex-combatentes pertencesse e só a eles afectasse. No entanto, quando um país está em guerra, será que fica alguém de fora? 'Quem vai à Guerra' é um filme de guerra de uma geração, contada por quem ficou à espera, por quem quis voluntariamente ir ao lado e por quem foi socorrer os soldados às frentes de batalha. Um discurso feminino sobre a guerra.»

Fica também aqui um excerto da nota do crítico de cinema o Semanário Expresso / Suplemento Atual, Jorge Leitão Ramos (com a devida vénia...)

(...) "As mulheres dos soldados portugueses estiveram na guerra, viveram-na, em forma de receios e palavras escritas em aerogramas censurados, ou na descoberta de terras e modos de vida diferentes, com a urgência e o medo a marcar-lhes o quotidiano.

"Para o grupo de 46 enfermeiras pára-quedistas, únicas mulheres militares, a realidade era a da experiência directa da guerra, dos ataques, das evacuações, das mutilações e mortes dos soldados que ao longo desses 13 anos de guerra socorreram.Há nestas mulheres uma história da guerra colonial portuguesa. Quem Vai à Guerra  recria em estúdio, a partir dos objectos, fotografias e ambientes mais marcantes destas memórias femininas, um espaço de apresentação de testemunhos, onde as mulheres partilham as suas histórias de guerra. Em cenários de assumida teatralidade, vão sendo construídas as imagens femininas da guerra, onde os universos doméstico e bélico se cruzam. Cenário feito também de violência e da desolação de uma guerra, contrariando um olhar romântico, que tão rapidamente se pode tornar nostálgico.Se há algo que sobressai do discurso feminino sobre a guerra é a ideia de que esta é sempre iníqua e devastadora. Afinal, é de guerra que se fala.

“A guerra colonial é olhada aqui pelo lado feminino: esposas, noivas, correspondentes, enfermeiras de guerra, companheiras na retaguarda... Experimentam a dor de ver morrer combatentes ou de suportar as sequelas longos anos, testemunhando uma vívida e diferente perspectiva” (,,,)

Jorge Leitão Ramos in ATUAL / Jornal EXPRESSO

Reproduzido, com a devida vénia, do blogue da Real Ficção, o produtor do filme, que também reproduziu algumas das nossas fotos da ante-estreia, no Grande Auditório da Culturgest


4. Conforme peça da Lusa, de 13 do corrente, reproduzido no portal Sapo Notícias, "as mulheres, Marta Pessoa descobriu-as em todo o lado. E achou que havia uma história de guerra para ser contada. Na internet, há 'uma espiral que nunca mais acaba' de coisas sobre a guerra, mas tudo 'muito cerrado no ponto de vista masculino (...) 'As mulheres portuguesas não falam. Não há registos femininos. O Estado Novo pior ainda, não houve pior momento para a mulher do que o período da ditadura', afirmou a realizadora em entrevista à Lusa.

"Marta Pessoa criou um teatro de guerra - com o cenógrafo Rui Francisco e a fotógrafa Inês Carvalho - e cada uma das mulheres conta a sua história no cenário que lhe corresponde. Foi tudo filmado no espaço A Capital, onde antes estavam os Artistas Unidos. A ideia foi 'fazê-las sair da casa, deslocá-las da zona de conforto, tirá-las das distracções domésticas', explicou a realizadora. 'Tinha curiosidade em ver como é que o discurso, sendo deslocado do espaço habitual, seria transmitido', reconheceu Marta Pessoa que com este filme quis 'espelhar um bocado a realidade da guerra - os soldados iam para a guerra de todo o lado, não era só no Interior, não era só no Litoral, não era só no Norte, não era só no Sul.

"A realizadora não esconde a ligação pessoal. Nascida em 1974, é filha de um militar de carreira, que esteve na Guerra Colonial, na Guiné-Bissau, e estudou num colégio interno, onde tinha amigas órfãs de guerra. 'Se a minha mãe não tivesse ficado à espera [do meu pai] eu teria feito este filme? Não sei, mas também é muito difícil encontrar pessoas da minha geração que não tenham alguém na família que não tenha tido alguma relação com a guerra. A guerra não afectou só as pessoas que foram, afetou os que decidiram não ir', mulheres e homens' "(...)

Vd. também o nosso blogue

9 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8249: Agenda cultural (122): Sexta feira, 13, estreia, em Lisboa, do documentário Quem vai à guerra, de Marta Pessoa: as histórias do heroísmo (invisível, no feminino) que ficaram por contar

11 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8259: As mulheres que, afinal, também foram à guerra (3): O(s) discurso(s) feminino(s) (Luís Graça)

 14 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8274: As mulheres que, afinal, também foram à guerra (4): As primeiras fotos da estreia do filme "Quem Vai à Guerra", de Marta Pessoa (Luís Graça)