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segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P16960: (Ex)citações (322): não havia "praias de Biombo" para todos, em fim de comissão... Contavam-se pelos dedos os "oásis de paz", os "pequenos paraísos": Ondame, Varela, Contuboel, Cansissé, Bafatá, Bubaque...


Guiné > Região de Gabu > Cansissé > CCAÇ 2317 > Julho de 1969 > Foi na fonte de Semba Uala, que os nossos corpos se retemperaram de energias abaladas. Também, com exasperados desejos, se buscavam encontros de encantos.

Foto (e legenda): © Idálio Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 > “Sintra de Bafatá”. Caminho que ia de junto do Mercado até à Mãe d’Água e casa do comandante do Esquadrão. Todo o percurso era ensombrado, como os caminhos da mata de Sintra. Na foto, o Fernando Gouveia, à civil.

Foto  (e legendas) © Fernando Gouveia (2013). Todos os direitos reservados.[Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 > Zona da Mãe d’Água, também chamada “Sintra de Bafatá”, onde havia umas mesas para piqueniques e que, de vez em quando, a esposa do comandante Esquadrão organizava uns almoços dançantes em que eram convidados além dos alferes, e penso que alguns furriéis (16 B), todas as meninas casadoiras de Bafatá, libanesas e outras.

[O Fernando Gouveia não quis identificar o Esquadrão, mas o último do seu tempo, foi o Esq Rec Fox 2640, Bafatá, 1969/71, cujo comandante era o cap cav Fernando da Costa Monteiro Vouga; reformou-se como coronel, e é autor de diversos livros sob o nome de Costa Monteiro].

Foto  (e legendas) © Fernando Gouveia (2013). Todos os direitos reservados.[Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné > Zona Leste > Contuboel > A dolce vita dos dois primeiros meses de comissão... Luís Graça (CCAÇ 2590 / CCAÇ 12) e Renato Monteiro (CART 2479 / CART 11), em passeio pelo Rio Geba, em junho ou julho de 1969: Passeio de piroga junto à ponte de madeira de Contuboel, sobre o Rio Geba... Nunca soube quem nos tirou esta foto... fabulosa. Levei 40 anos a tentar recordar-me do nome do barqueiro...

Foto  (e legendas) © Luís Graça (2005). Todos os direitos reservados.[Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Do José Nascimento, ex-fur mil da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) publicámos há dias um poste com fotos do destacamento de Ondame e praia de Biombo, a que ele chamou "um pequeno paraíso, um oásis de paz" (*)... Aqui passou os últimos meses da sua comissão, tendo escrito o seguinte sobre este lugar:

"Adeus, meu pequeno quartel do Biombo, adeus a este pequeno paraíso por onde a guerra não passou, adeus aos mais belos tempos desta parte da minha juventude, parto para a Metrópole, mas deixo aqui o meu coração".

Era um "pequeno paraíso", um "oásis de paz", para quem, como ele,  tinha vindo do "inferno do Xime"... Foi uma bela prenda de fim de comissão... Só que não havia "praias de Biombo" para todos...

(i) Contuboel

Falando de "oásis de paz", eu só conheci um, em junho/julho de 1969, quando fomos (a CCAÇ 2590, meia centena de "tugas") dar a instrução de especialidade e a IAO aos nossos soldados do recrutamento local (uma centena), formando mais tarde a CCAÇ 12... Esse sítio chamava-se Contuboel (região de Bafatá). E havia um corredor Bafatá - Contuboel - Sonaco, "livre da guerra", nessa altura...

Em Contuboel funcionava nessa época um Centro de Instrução Militar... E num raio de 15 km eu achava que se podia ainda andar desarmado... Fizemos a IAO com cartuchos... de pólvora!

2. Será que havia outros pequenos paraísos e oásis de paz no TO da Guiné, ao longo dos anos de guerra em que lá estivemos? Parece que sim, alguns já aqui foram referidos (e documentados) no nosso blogue:

(ii) Susana / Varela / Praia de Varela (no Cacheu)

Ainda há dias encontrei o antigo comandante da CCAÇ 1791, que hoje deve ser coronel reformado, o então cap inf António Maia Correia, pai de uma amiga e colega minha. Só temos uma referência sobre esta companhia, que também fez a Op Lança Afiada, em março de 1969, no setor L1 (Bambadinca). Acabou a comissão (abril / agosto de 1969) em Susana, e o antigo comandante disse-me que, como prémio, cada pelotão passou um mês em Varela, que era "a Sintra da Guiné"...

Antes de Susana, a CCAÇ 1791 / BCAÇ 1933 passou por Encheia, Contuboel, Geba, Empada, Biambe, Bula, Bambadinca...

(iii) Cansissé

Outro oásis de paz terá sido Cansissé, pelo menos para quem vinha do "inferno de Gandembel", como foi o caso da CCAÇ 2317:

Ver aqui os postes do Idálio Reis:

2 de agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1016: Cansissé, terra de mil encantos (Parte III) (Idálio Reis, CCAÇ 2317, Julho de 1969)

12 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P954: Cansissé, terra de mil encantos (Parte II) (Idálio Reis, CCAÇ 2317, Julho de 1969)

12 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P953: Cansissé, terra de encantos mil (Parte I) (Idálio Reis, CCAÇ 2317, Julho de 1969)

(iv) Bafatá

Tirando os Bijagós (onde não havia sinais de guerra), com destaque para Bubaque..., não haveria muitos mais "oásis de paz" na Guiné, durante a guerra... Talvez Bafatá, no tempo do Fernando Gouveia (1968/70):

Vd.poste de de 12 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12434: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (10): A Mãe d'Água ou a 'Sintra de Bafatá', local aprazível e romântico onde se realizavam almoços dançantes para os quais se convidavam os senhores alferes, alguns furriéis e as moças casadoiras

Mas os nossos camaradas, nossos leitores,  talvez saibam de outros "secretos paraísos", "oásis de paz", perdidos pela pequena e bela Guiné do nosso tempo... Vamos lá desenterrar essas memórias (**)..
.  

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3759: O Nosso Livro de Visitas (53): Em busca da história dos nossos Pais (B. Baldé, BIDMC/Harvard, EUA)

Guiné > Zona Leste > Contuboel > Tabanca dos arredores > CCAÇ 2479 (1968/69) > Um instruendo, de etnia fula, cuja identificação se desconhece... A placa rodoviária assinala alguns das povoações, mais importantes, mais próximas: Ginani (17 km), Talicó (22 km), Canhamina (27 km), Fajonquito (30 km), Saré Bacar (39 km), Farim (96 km)...

Contuboel chegou a funcionar como importante centro de instrução militar, no início da política da africanização do Exército Português, no 1º semestre de 1969. Em data que não posso precisar, esse centro acabou por ser transferido para a ilha de Bolama, aparentemente mais segura. Em Junho de 1969, Contuboel era descrita como um "oásis de paz" (*) e nela dava-se formação às futuras CCAÇ 11 e 12 e a um grupo de combate da futura CCAÇ 14.

Foto: ©
Renato Monteiro (2007). Direitos reservados.


Guiné > Zona Leste > Sector de Farim > Cuntima > Destacamento de Cuntima > CCAÇ 14 > 1970 > 4º pelotão. O Fur Mil At Inf Bartolomeu é 1º da direita. Esteve em Maio/Junho de 1969 comigo, em Contuboel.

Esta companhia independente, a CCAÇ 2592 , veio, no Niassa, com a CCAÇ 2590/CCAÇ 12, foi para Bolama para formar a CCAÇ 14. O pelotão do Bartolomeu (o 4º) foi para Contuboel. Aí deu a instrução de especialidade a um pelotão de Mandingas, oriundos da zona de Nova Lamego (Junho/Julho de 1969). O 4º Gr Comb da CCAÇ 2592/CCAÇ 14 foi depois para a Aldeia Formosa onde esteve 4 meses. A seguir, juntou-se ao grosso da companhia, aquartelada em Bolama. De Bolama, a CCAÇ 2592 CCAÇ 14 seguiu para o sector de Farim, destacamento de Cuntima, onde ficou como unidade de quadrícula até ao fim da comissão. Esta povoação ficava (e fica) a 1 Km da fronteira com o Senegal (**).

Foto: ©
António Bartolomeu (2007). Direitos reservados.


1. Recebi, no meu mail pessoal, a seguinte mensagem, com data de 17 do corrente, enviada por B. Baldé, e que estuda ou trabalha no Beth Israel Deaconess Medical Center, um hospital escolar da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, nos EUA [deduzo pelo endereço de e-mail, bbalde@bidmc.harvard.edu]:

Assunto - Sinceramente obrigado

Dear [Caro] Sr. Luis,

Tenho vindo a este blog procurar informações e que também são histórias dos nossos Pais, que serviram do lado do Exército Português. Apesar de escassas, já é alguma coisa.

Tem muita informação da zona de Xime e Bambadinca e quase nada do interior de Contuboel, como por exemplo Fajonquito, Cambadju, Sare Wale, Suna e outros pontos quentes da guerra colonial. Histórias chocantes como a de Almeida (ex-comando Português que se matou em Fajonquito, após matar o capitão, o Alferes e mais outros oficiais, todos Portugueses), histórias de Capitão Carvalho, etc.

Para além destes, seria encorajador para nós, filhos dos Baldés, Djalós, Jaus, Camarás, etc., vermos, se existirem, as fotografias dos nossos Pais, Tios, vizinhos que pereceram na guerra ou foram assasinados após a guerra pela máquina de vingança do PAIGC.

Este blog é muito importante para a história verdadeira da guerra colonial, não importa em que parte estava um soldado, o que importa é a história ser contada com factos reais e acima de tudo com honestidade.

Sinceramente

Obrigado

[Mensagem sem nome do remetente]


2. Comentário de L.G.:

Fico muito sensibilizado pela sua mensagem, e pelo apreço com que fala do nosso blogue. Desde Abril de 2005, vamos tentando, todos os dias, construir e manter pontes de memória e de diálogo entre nós, antigos combatentes portugueses que estiveram na guerra colonial na Guiné, e entre nós, tugas, e os nossos amigos e camaradas da Guiné-Bissau, independentemente de terem feito a guerra connosco, ao nosso lado, ou contra nós (do lado do PAIGC).

Eu próprio dei instrução, em Contuboel, a futuros soldados (na sua grande maioria, de etnia fula) , da minha Companhia de Caçadores, a CCAÇ 2590, mais tarde designada por CCAÇ 12 (***). Estive em Contuboel (Maio/JUnho de 1969) e depois em Bambadinca (Junho de 1969/Março de 1971).

Outra subunidade, composta por oficiais, sargentos e especialistas metropolitanos, e praças do recrutamento local, que se formou em Contuboel, na mesma altura, foi a CCAÇ 11, a que pertenceu o meu querido amigo Renato Monteiro, hoje um grande fotógrafo (****).

De acordo com a sua observação sobre o nosso blogue, não temos de facto tanta informação sobre Contuboel e outros sectores, a norte e a nordeste de Contuboel, na Região de Bafatá. Temos poucas referências a Cambaju, por exemplo. Mas fica, desde já convidado, a escrever no nosso blogue, de modo a colmatar as deficiências de informação apontadas. Como sabe, estamos sempre dependentes dos antigos amigos e camaradas, muito mais portugueses do que guineenses, que aparecem por aqui, com as suas memórias escritas e as suas fotos. Há seguramente ainda muitas histórias por contar e muitos factos por narrar, encadear e interpretar.

Deduzo que esteja a estudar (medicina) ou a trabalhar (como médico) nos Estados Unidados da América, no BIDMC, e que o seu pai tenha feito a guerra colonial do lado dos portugueses. Estamos muito interessados em saber a sua história pessoal e familiar. Temos incluisve um série a que chamámos O s Nossos Camaradas Guineenses, da qual só se publicaram ainda dois postes (*****).

Convido-o a integrar a nossa tertúlia (ou Tabanca Grande). Por razões de reserva de imagem ou até de segurança, podemos a título excepcional publicar os seus textos sob pseudónimo, se achar conveniente. Agora é importante é que sejam os próprios guineenses a contar a sua própria história e a história dos seus pais... Infelizmente não temos meios, financeiros, técnicos e humanos, (nem é a nossa vocação e missão) para fazer investigação de arquivo ou no terreno, sobre este período da história comumo dos nossos dois países. É importante que tenha consciência das nossas próprias limitações.-..

Estes tugas, que fazem todos os dias o blogue, podem dar uma ajuda mas não se podem substituir aos seus amigos e camaradas guineenses.

Mantenhas.

Luís Graça

___________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poset de 28 de Junho de 2005 > Guiné 63/74 - LXXXVI: No 'oásis de paz' de Contuboel (Junho de 1969) (Luís Graça)

(**) Vd. postes de

4 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1815: Álbum das Glórias (14): o 4º Pelotão da CCAÇ 14 em Aldeia Formosa e em Cuntima (António Bartolomeu)

31 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1803: Tabanca Grande (7): Saudades de Contuboel (António Bartolomeu, CCAÇ 2592 / CCAÇ 14)

(***) Vd. poste de 21 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXV: Composição da CCAÇ 12, por Grupo de Combate, incluindo os soldados africanos (posto, número, nome, função e etnia) (Luís Graça)

Na I Série do nosso blogue (de Abril de 2005 a Maio de 2006), foram publicados diversos postes sobre a CCAÇ 12, inckluindo a história da unidade (Contuboel e Bambadinca, Maio de 1969 / Março de 1971).

Vd. também poste de 2 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1640: A africanização da guerra (A. Marques Lopes)

(****) A CCAÇ 11 (recruta, instrução de especialidade e IAO) foi formada em Contuboel.

Sobre esta unidade formada a partir da CART 11/CART 2479, há já também diversos posts (uma parte dos quais da autoria do meu amigo Renato Monteiro):

23 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P899: Diga se me ouve, escuto! (Renato Monteiro)

23 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P898: Saudades do meu amigo Renato Monteiro (CART 2479/CART 11, Contuboel, Maio/Junho de 1969)

28 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1001: Estórias de Contuboel (i): recepção dos instruendos (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

30 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1005: Estórias de Contuboel (ii): segundo pelotão (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

1 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1015: CART 2479, CART 11 e CCAÇ 11 (Zona Leste, Gabu, subsector de Paunca)

2 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1017: Estórias de Contuboel (iii): Paraíso, roncos e anjinhos (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

4 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1026: Estórias de Contuboel (iv): Idades sem lembrança (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

4 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1027: Estórias de Contuboel (v): Bajudas ou a imitação do paraíso celestial (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

19 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1612: Relembrando, com saudade, os nossos soldados fulas da CART 11 (Renato Monteiro / João Moleiro)

25 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1625: José Casimiro Carvalho, dos Piratas de Guileje (CCAV 8350) aos Lacraus de Paunca (CCAÇ 11)

6 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2412: História de vida (8): Renato Monteiro, um homem de múltiplos... fotografares (Luís Graça)

13 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3199: Álbum fotográfico de Renato Monteiro (1): Contuboel (1968/69)

(*****) Vd. postes de:

21 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3340: Os nossos camaradas guineenses (1): O meu tributo (José Martins, ex-Fur Trms, Nova Lamego e Canjadude, CCAÇ 5, 1968/70)

26 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3357: Os nossos camaradas guineenses (2): Foram votados ao esquecimento e abandono (Jorge Picado, ex-Cap Mil, CCAÇ 2589, 1970/72)

terça-feira, 22 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20267: Controvérsias (140): é verdade que Contuboel, na zona leste, região de Bafatá, nunca foi atacado ou flagelado ? ( Manuel Oliveira Pereira, ex-fur mil, CCAÇ 3547 / BCAÇ 3884, 1972/74)



Foto nº 1 > A velha ponte de madeira, sobre o rio Geba (Estreito), em Contuboel


Foto nº 2 > No "barco turra", a navegar no rio Geba... O Manuel Oliveira Pereira, à proa, à direita... É bom lembrar que ele foi um dos co-fundadores da famosa Companhia Terminal (Bissau,1973/74) (*) devendo ter feito várias viagens nos "barcos turras", com abastecimentos para o seu batalhão e outros do leste...


Foto nº 3 > No "barco turra", a navegar no rio Geba.. À direita, na margem direita do rio, no sentido Xime / Bamadinca, palmares típicos das margens do rio...


Foto nº 4 > No "barco turra", a navegar no rio Geba... Não parece ser a mesma viagem, o "artista" vai de camuflado... 


Foto nº 5 > No "barco turra", a navegar no rio Geba... O Manuel Oliveira Pereira, para onde iria, em farda nº 3 ?... 


Foto nº 6 > No "Barco turra", a navegar no rio Geba... Comendo a "ração de combate", que a viagem era longa... Adivinham a marca da lata de sumo de fruta...


Foto nº 7 > No "barco turra", a navegar no rio Geba... Noutra viagem, de camuflado e de G3...

Guiné > Região de Bafatá > CCAÇ 3547 / BCAÇ 3884 (Contuboel, 1972//74) > O Manuel Oliveira Pereira, ex-fur mil, membro da nossa Tabanca Grande, da primeira hora. Fotos de álbum do Manuel Oliveira Pereira, cortesia da página do Facebook  da Companhia de Caçadores 3547 - Os Répteis de Contuboel, página criada em 2011.

Fotos (e legenda): © Manuel Oliveira Pereira (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Comentário do Manuel [Oliveira] Pereira,   ex-fur mil, CCAÇ 3547, "Os Répteis de Contuboel", (Contuboel 1972/74), subunidade que pertencia ao BCaç 3884 (Bafatá, 1972/74); hoje advogado, vive em Ponta de Lima (**)


Meu caro Zé Saúde, camarada e amigo. Como me sinto lisonjeado com as tuas palavras. Na verdade, estivemos tão perto (Nova Lamego e Madina Mandinga) e ao mesmo tempo nunca nos encontramos. Depois, já na vida civil, trabalhamos na mesma secção, tivemos cumplicidades múltiplas e viemos também a residir no mesmo prédio.

Foste ao meu casamento, os meus filhos tiveram, durante algum tempo, por "ama" uma tia tua e nesse tempo NUNCA abordámos,  e até julgo desconhecermos, a nossa situação de combatentes e percurso nas "fileiras". Foram precisos anos, muitos anos, para nos "reencontrarmo-nos"!...


Lido o teu texto, aqui vão algumas achegas: A minha Unidade Operacional pertencia ao BCaç 3884 sediado em Bafatá, e tinha por perímetro de acção o sector de Contuboel. Era a CCaç 3547,  conhecida por "Os Répteis de Contuboel" que, devido à sua localização e, não havendo "guerra", funcionava como Centro de Formação de Milícias. 

Assim os seus Grupos de Combate (Pelotões) [, da CCAÇ 3547,] andavam sempre destacados em reforço de outras unidades. Foi deste modo que a CCaç 3547 fez, nos seus quase 28 meses de Guiné,  um "périplo turístico" por Bafatá, Bambadinca Tabanca, Sonaco, Sare Bacar, Nova Lamego, Madina Mandinga, Galomaro e Dulombi. 

Outra curiosidade que também desconheces, talvez, o teu ex-cmdt de Batalhão,  ten-coronel Castelo e Silva, veio a ser meu cmdt, e de quem eu fui  (e continuo a ser) amigo. Vive actualmente em Valpaços. 

Como vez, muitas coincidências! Esqueci de referir que a partir do 3º mês de Guiné e, enquanto operacional, fui sempre Cmdt de Pelotão e em funções administrativas Delegado de Batalhão.

Um abraço. Manuel Oliveira Pereira, Fur Mil,  BCAÇ 3884/CCAÇ 3547.


2. Comentário de Valdemar Queiroz [, ex-fur mil, CART 11,
(Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) 
(**):

Contuboel, um caso interessante na guerra da Guiné.

De Fevereiro a Maio de 1969 estive em Contuboel e não houve o mínimo indício de guerra a não ser ruídos noturnos de outras tabancas a 'embrulhar' e também não tive conhecimento de anteriormente ter havido.

Depois, no resto do ano de 1969 e até Dezembro de 1970, quer em Nova Lamego ou em Paunca, nunca tivemos conhecimento de nenhum ataque a Contuboel.

Agora venho a saber que até 1974, ou seja, até ao final da guerra, Contuboel nunca foi atacada.

3. Comentário do editor LG:
Eu e o Renato Monteiro,
o "homem da piroga", no rio Geba,
com a ponte de madeira ao fundo...,
e que lhe ia seno fatal!

Foto (e legenda): Luís Grça (2005)

É verdade. Zé Saúde e Manel Pereira ? Trabalharam juntos, e nunca tinham falado da Guiné e da guerra , até se encontrarem em Monte Real, num Encontro Nacional da Tabanca Grande ? 

Manuel, Contuboel (, o quartel e a tabanca,)  nunca foi mesmo atacado ou flagelado pelo PAIGC em todos estes anos de guerra ?  Ou, pelo menos, no teu tempo ?

O Valdemar e eu estivemos lá, no 1º trimestre de 1969, na altura Contuboel era um CIM (Centro de Instrução Militar) e e eu descrevia como um "oásis de paz" a ponto de termos feito a IAO (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional) nas suas imediações, em farda nº 3, com as nossas praças, do recrutamento local (, refiro-me à CCAÇ 2590 / CCAÇ 12) apenas com balas de salva nas cartucheiras da G3... Só os graduados levavam bala real (***).

Contuboel era local de passagem para quem ia comprar vacas a Sonaco... Quem, da malta do leste, não foi pel menos uma vez a Sonaco ? De facto, também nunca me constou que o quartel tenha sido atacado ou flagelado pela guerrilha do PAIGC, tanto o de Contuboel como o de  Sonaco. É verdade ? (****)

Contuboel tem mais de noventa referências no nosso blogue.

Um abraço especial para o Manel, nosso grã-tabanqueiro da primeira hora. Conhecemo-.nos no I Encontro Nacional da Tabanca Grande, na Ameira, Montemor-o-Novo, em 14 de outubro de 2006, já vão 13 anos!...
_____________

Notas do editor:

(*)  Vd. poste de 2 de outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3264: A Companhia Terminal , Bissau, 1973/74 (Manuel Oliveira Pereira)

(**) Vd. poste de 21 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 – P20265: Memórias de Gabú (José Saúde) (88): Manel Pereira, um amigo. (José Saúde)

(***)  Vd. poste de 28 de junho de  2005 > Guiné 63/74 - P86: No oásis de paz de Contuboel (Junho de 1969) (Luís Graça)

(****) Último poste da série > 21 de setembro de  2019 >  Guiné 61/74 - P20165: Controvérsias (139): louvor, em ordem de serviço, do comando do BART 733 (Farim, 1964/66), aos seus militares, pelo pronto, abnegado e eficiente socorro prestado às vítimas do atentado terrorista de 1 de novembro de 1965 (João Parreira, ex-fur mil op esp, CART 730 / BART 733, Bissorã, 1964/65; ex-fur mil cmd, CTIG, Brá, 1965/66)

quarta-feira, 5 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12794 : Memória dos lugares (264): Contuboel e Sonaco, junho/julho de 1969, ao tempo da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Humberto Reis / Luís Graça)


Guiné > Zona Leste > Setor L2 (Bafatá)  > Contuboel > Julho de 1969 > CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (1969/71) > O alferes miliciano de operações especiais Francisco Moreira, no meio do Humberto Reis (à sua direita) e do Tony Levezinho (à sua esquerda). O nosso Moreira era o homem de confiança do comandante da companhia, o Cap Inf Carlos Alberto Machado Brito (, hoje cor ref). O Moreira passou por Lamego,  pelo CIOE, tal como o Reis.



Guiné > Zona Leste > Setor L2 (Bafatá)  > Contuboel > 15 de Julho de 1969 > CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (1969/71) > O alferes miliciano Francisco Magalhães Moreira (1º Gr5 Comb), à esquerda, acompanhado pelo Tony Levezinho (furriel) (2º Gr Comb), o António Fernando R. Marques (furriel), o José António G. Rodrigues (alferes, já falecido) e o Joaquim Augusto Matos Fernandes (furriel) (estes três últimos do 4º Gr Comb), preparando-se para sair até Sonaco (a nordeste de Contuboel).




Guiné > Zona Leste > Setor L2 (Bafatá) > Contuboel > "Em 10 de Julho de 1969, numa canoa no Geba a caminho de Sonaco... Reconhecem-se da esquerda para a direita o Tony Levezinho, eu, o alf Francisco Moreira, o Rocha, condutor, o alf Rodrigues, já falecido, e o djubi, manobrador da canoa, de pé" (HR).

A CCAÇ 2590 (mais tarde, CCAÇ 12) realizou os exercícios finais da instrução de especialidade dos seus soldados africanos,  entre 6 e 12 de Julho, a 10 km a norte de Contuboel.  Sonaco era um destacamento do subsetor de Contuboel, tendo em permanência um grupo de combate da unidade de quadrícula de Contuboel mais um pelotão de milícias. Não me consta que alguma vez tenha sido atacada ou flagelada, tal como Contuboel. (LG)


Fotos: © Humberto Reis (2006) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. A propósito de uma recente referência a Contuboel e a Sonaco (*), dois topónimos de que se fala pouco, aqui no nosso blogue (, e em especial, Sonaco, que só tem meia dúzia de referências)...

O Humberto Reis, autor das fotos que acima publicamos (, que nâo têm de resto, a qualidade a que nos habituou: são de formato reduzido e fraca resolução,,,)  diz que "foi a Sonaco duas, ou três  vezes em passeio", no tempo em que a CCAÇ  2590/CCAÇ 12 esteve em Contuboel, ou seja, menos de dois meses, de 2 de Junho a 18 de Julho de 1969, na fase de instrução de especialidade dos nossos soldados do recrutanmento local . (Só um terço da companhia, os quadros e os especialistas, eram de origem metropolitana).

Sonaco era "um local sem quaisquer problemas", garante o Humberto... E eu confirmo:  pelo menos, não havia risco de emboscada ou de minas, nesse tempo... O braço armado do PAIGC não chegava até lá... Havia vários tampões, entre a fronteria com o Senegal e o subsetor de Contuboel a que pertencia Soncao. A terra tinha vários comerciantes, quer portugueses quer libaneses.

Não sei como as coisas evoluiram, depois... Enfim, era um sítio onde a malta do leste, de outros setores (como o L1,  de Bambadinca)  ia comprar vacas... O Torcato Mendonça, por exemplo, que "vivia" em Mansambo, já aqui referiu que chegou a comer alguns bifinhos das vacas de Sonaco... E eu também, em Bambadinca...

Igualmente havia quem fosse, de Bafatá, a Sonaco para pescar peixe, no rio Geba, à granada...como era o caso do Manuel Mata, (do EREC 2640, Bafatá, 1969/71). (E, a propósito, passei um belíssímo fim de semana na terra dele, o Crato; telefonei-lhe, mas ele já não usa o nº de telefone fixo que eu tinha na agenda).

A CCAÇ 2590 (mais tarde, CCAÇ 12) realizou os exercícios finais da instrução de especialidade dos seus soldados africanos, entre 6 e 12 de Julho, a 10 km a norte de Contuboel.  Andámos por lá a brincar às guerras, com balas de salva (!)... Só os graduados de cada grupo de combate (alferes, furriéis e cabos metropolitanos) levavam nas cartucheiras algumas balas a sério, não fosse o diabo tecê-las...

Em 20/6/1969, escrevi no meu diário:

 "O chão fula vai resistindo, mal, ao cerco da guerrilha. De Piche a Bambadinca ou de Galomaro a Geba, os fulas estão cercados. Mas por enquanto, Bafatá, Contuboel ou Sonaco ainda são sítios por onde os tugas podem andar, à civil, desarmados, como se fossem turistas em férias! Contuboel é ainda um oásis de paz, com um raio de uns escassos quilómetros"...

Tenho ideia de lá ter ido também, a Sonaco, mas não tenho grandes memórias do sitio... Muito menos uma foto, mas pode ser que apareçam mais (**)... (LG)



Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Mapa de Sonaco (1957) (Escala 1/50 mil) > Pormenor da posição relativa de Sonaco, na margem esquerda do Rio Geba, a nordeste de Contuboel... Era uma região bastante povoada e próspera...

Os vagomestres das nossas companhias no leste conheciam Sonaco, onde iam comprar vacas... Pelo menos até ao início dos anos 70, e antes da intensificação da guerra na região fronteiriça, a norte, era um região calma... E acho que continuou calma... até ao fim.

Temos apenas meia meia dúzia de referências a Sonaco no nosso blogue... Era posto administrativo e pertencia ao subsetor de Contuboel. Tenho ideia de que, no meu tempo (junho/julho de 1969) havia lá um pelotão destacado, da unidade de quadrícula de Contuboel (, que já não recordo qual fosse, mas em princípio não podia ser a CART 2479 / CART 11; seria talvaz a CCAÇ 2436, 1968/70: passou por Bissau, Galomaro, Contuboel e Fajonquito; ou ainda a  CCAÇ 2436, que esteve em Quinhamel, Fajonquito, Contuboel e Nhacra; ambas pertenciam ao BCAÇ 2856, sediado em Bafatá).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014).



Guiné > Zona Leste > CAOP2 > Setor L2 (Bafatá) > Guão do BCAÇ 3884 (Bafatá, 1972/74) com unidades de quadrícula em Contuboel (CCAÇ 3547), Geba (CCAÇ 3548) e Fajonquito (CCAÇ 3549).
Guiné > Zona Leste > CAOP2 > Setor L2 (Bafatá) > Susetor de Contuboel >   1972/74 > Em Contuboel estava a CCAÇ 3547 (Répteis de Contuboel),   do nosso camarada Manuel Oliveira Pereira, ex-fur mil. (Trabalha, ou trabalhou em tempo, no Hospital da CUF). É membro da nossa Tabanca Grande desde a 1ª série do blogue. A CCAÇ  3547 tem página no Facebook.

Quem também passou por Contuboel e Sonaco foi o nosso camarada açoriano, e notável escritor, Cristóvão Aguiar (n. 1940), ex-al mil da CCAÇ 800 (1965/67), uma companhia independente. O seu diário de guerra foi publicado no nosso blogue, organizado pelo nosso devotado colaborador, amigo e camarada José Martins. (***)

_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de:

3 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12790: Memórias de um Lacrau (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) (Parte IV): Passaram os quatro primeiros meses... Em Contuboel, ainda longe da guerra...

(...) No romance, os militares pertencem a um CCAÇ 666 (que nunca existiu, no TO da Guiné). O nosso camarada José Martins, entretanto, conseguiu,  com o seu olho clínico, identificar, a partir da leitura do livro (e da consulta do 8º Volume, Tomo II da CECA, Fichas História das Unidades, Guiné, pag. 342), a subunidade a que pertenceu o Alf Mil Luís Cristóvão Dias de Aguiar, e que era a CCAÇ 800 (Contuboel, 1965/67):

Companhia de Caçadores nº 800

Unidade Mobilizadora: RI 15 – Tomar.

A subunidade foi formada com data de 1 de Janeiro de 1965, conforme Ordem de Serviço nº 2 de 4 de Janeiro de 1965 do Regimento de Infantaria 15 de Tomar. Destinava-se, inicialmente, ao arquipélago de Cabo Verde, tendo a partida prevista para a data de 13 de Abril de 1965.

Comandante: Capitão Inf Carlos Alberto Gonçalves da Costa, sustituído em Setembro de 1965 pelo Capitão Miliciano de Cavalaria António Tavares Martins (que tinha vindo da CCav 489/Bcav 490) (...).

Constituíam o quadro de Oficiais subalternos os Alferes Milicianos:

João Belchurrinho Baptista;
Luís Cristóvão Dias Aguiar;
João Faria Cortesão Casimiro;
e João Baptista Alves.

Partida: Embarque em 17 de Abril de 1965; desembarque em 23 de Abril de 1965; Regresso: Embarque em 20 de Janeiro de 1967 (...).

A CCAÇ 800 actuou sobretudo no subsetor de Contuboel, a nordeste de Bafatá.

terça-feira, 28 de junho de 2005

Guiné 63/74 - P86: No oásis de paz de Contuboel (Junho de 1969) (Luís Graça)

Excertos do Diário de um tuga (Luís Graça)

Contuboel. 20/6/69

Algures
No lugar mais frio
Da memória


(Carlos de Oliveira: Micropaisagens, 1968).

... Ou no lugar mais desconfortável da terra!

A paisagem barroca dos trópicos não é menos desoladora do que as ilhas caligráficas do poeta: sob a tela luxuriante da natureza, os homens recortam-se, quais sombras chinesas, numa fundo aridamente linear. Eu diria: pateticamente, de pé, no limiar da História.

Aqui a consciência humana tem a dimensão da tribo, do grupo étnico ou até da aldeia. Uma precária serenidade envolve a azáfama quotidiana destes povos ribeirinhos do Geba que, no meu eurocentrismo de viajante, recém-chegado e distraído, descreveria como felizes, gentis e hospitaleiros.

O que eu observo, sob o frondoso e secular poilão da tabanca, é uma típica cena rural: (i) as mulheres que regressam dos trabalhos agrícolas; (ii) as mulheres, sempre elas, que acendem o lume e cozem o arroz; (iii) as crianças, aparentemente saudáveis e divertidas, a chafurdar na água das fontes; (iv) os homens, sempre eles, a tagarelar uns com os outros, sentados no bentém, mascando nozes de cola…

Em suma, um fim de tarde calma numa tabanca fula de Contuboel que daria, em Lisboa, uma boa aguarela, para exposição no Palácio Foz, no Secretariado Nacional de Informação (SNI).

E, no entanto, o seu destino, o destino destes homens, mulheres e crianças fulas, já há muito que está traçado: em breve a guerra, e com ela a morte e a desolação, chegará até estas aldeias de pastores e agricultores, caçadores e pescadores, músicos e artesãos, místicos e guerreiros…

O chão fula vai resistindo, mal, ao cerco da guerrilha. De Piche a Bambadinca ou de Galomaro a Geba, os fulas estão cercados. Mas por enquanto, Bafatá, Contuboel ou Sonaco ainda são sítios por onde os tugas podem andar, à civil, desarmados, como se fossem turistas em férias!

Contuboel é ainda um oásis de paz, com um raio de uns escassos quilómetros...

Luís Graça

© Luís Graça (2005)


Guiné > Zona Leste > Contuboel > Junho de 1969:

Passeio de piroga junto à ponte de madeira de Contuboel, sobre o Rio Geba. Furriéis milicianos Henriques (CCAÇ 2590 / CCAÇ 12) e Monteiro (CART 2479 / CART 11).

Os quadros metropolitanos (menos de 60) da futura CCAÇ 12 tinham chegado a Contuboel a 2 de Junho de 1969 para dar a instrução de especialidade aos seus soldados africanos (menos de 100) (1). A companhia do Monteiro (CART 2479, futura CART 11) já lhes tinha dado a instrução básica, de 12 a 24 de Maio.

Estive em Contuboel até 18 de Julho. Tive tempo para ler, escrever, passear, ir à pontas [hortas] dos caboverdianos comprar bananas e abacaxis, escrever e falar de coisas de que gostava: a poesia, a literatura, a filosofia, a política... Tinha muitas afinidades com o Monteiro e com ele era capaz de ter uma conversa franca sobre a guerra colonial, a política, etc.

Nesse dia do passeio de piroga, em Junho de 1969 (não posso precisar o dia da semana, já que na Guiné vivíamos sem calendário, sem distinção de dias úteis da semana, sábados, domingos ou feriados), apanhei o meu primeiro grande susto por aquelas paragens africanas.

O Monteiro quis refrescar-se e deu um mergulho no Rio Geba, junto à represa, debaixo da ponte de madeira. De repente, apercebi-me que ele nunca mais aparecia à superfície... Quase gelei de terror!... Passou-se uma eternidade até que vi um pedaço de cabeça e uns olhos esbugalhados a emergir à superfície...

Depois de Contuboel, o Monteiro foi para o Gabu (Nova Lamego), segundo creio, e perdi-lhe completamente o rasto.

De facto, nunca mais encontrei o meu amigo Monteiro que, segundo creio, é o co-autor de um livro que li e apreciei muito sobre a guerra colonial (Renato Monteiro e Luís Farinha - Guerra colonial: fotobiografia. Lisboa: D. Quixote. 1998. 307 pp). Foi aí que reconheci a sua fotografia e alguns dados biográficos. Ele esteve na Guiné entre 1968 e 1970, se não me engano. E julgo que vive no Norte, onde foi professor do ensino secundário e esteve ligado ao movimento dos rádios livres. Gostaria, muito sinceramente, de o voltar a ver e abraçar.
_______

(1) Vd. post de 23 de Junho de 2005 > Guiné 63/74 - LXXVI: (i) A bordo do Niassa; (ii) Chegada a Bissau

sábado, 13 de setembro de 2008

Guiné 63/74 - P3199: Álbum fotográfico de Renato Monteiro (1): Contuboel (1968/69)

Guiné > Zona Leste > Contuboel > Tabanca dos arredores > CART 2479 (1968/69) > O Fur Mil Renato Monteiro com "um instruendo, mais alto ainda do que a fotografia revela. Quanto à localização da capela, terá sido em Contuboel?" - pergunta o Renato... Eu acho que sim, das memórias que ainda conservo de Contuboel (onde estive pouco mais de um mês e meio) (*).

Guiné > Zona Leste > Contuboel > Tabanca dos arredores > CART 2479 (1968/69) > O Fur Mil Renato Monteiro com crianças da aldeia.

Guiné > Zona Leste > Contuboel > Tabanca dos arredores > CART 2479 (1968/69) > Um instruendo, de etnia fula, cuja identificação se desconhece... A placa rodoviária assinala alguns das povoações, mais importantes, mais próximas: Ginani (17 km), Talicó (22 km), Canhamina (27 km), Fajonquito (30 km), Sare Bacar (39 km), Farim (96 km)...

Guiné > Zona Leste > Contuboel > Tabanca dos arredores > CART 2479 (1968/69) > Segundo reza a legenda manuscrita no original: Irmãos, Contuboel.


Guiné > Zona Leste > Contuboel > Tabanca dos arredores > CART 2479 (1968/69) > O Fur Mil Renato Monteiro com o seu guarda-costa o Malagueta, que na concorrência com vários candidatos ao lugar tirou partido, não do seu físico, mas do seu estatuto: era filho de um chefe de tabanca...

Guiné > Zona Leste > Contuboel > Tabanca dos arredores > CART 2479 (1968/69) > Aspecto parcila do aquartelamento. Na época, a região era um oásis de paz, razão por que foi escolhida para a centro de instrução militar de pessoal do recrutamento da província: foram lá que se foram os guineenses que integraram, nesta época, as futuras CCAÇ 11 e 12, além de um pelotão de mandingas, o 4º da CCAÇ 14 (o resto da unidade estava em Bolama, tal como a CCAÇ 13, em instrução de especialidade)... (A esse pelotão pertencia o nosso camarada, o Fur Mil António Bartolomeu).

Guiné > Zona Leste > Contuboel > Tabanca dos arredores > CART 2479 (1968/69) > Um outro aspecto da aldeia... Ao fundo, debaixo dos poilões frondosos, as tendas de campanha onde dormia (!) tanto os instrutores como os instruendos... "Com boa vontade - escreve o Renato - poder-se-á topar o conjunto de tendas de campanha que serviram para acomodar, em Contuboel, os instruendos africanos que incorporaram as duas nossas companhias [as futuras CCAÇ 11 e 12]"...

Recorde-se que a instrução (em Contuboel e em Bolama, os dois centros de instrução de então) foi dada em plena época das chuvas (de Junho a meados de Julho de 1969)... Por exemplo, as praças africanas, que fizeram a sua recruta e instrução de especialidade em Contuboel, foram aumentadas ao efectivo da CCAÇ 2590 em 20 de Junho de 1969, tendo sido transferidas da CART 2479 (a que pertenceu originalmente o meu querido amigo, Fur Mil Renato Monteiro, o homem da piroga)...

Fotos: © Renato Monteiro (2007). Direitos reservados (Legendas do autor e do editor).


1. Mensagem de 30 Novembro de 2007, do Renato Monteiro (já lhe pedi desculpa, pelo telefone, por este atraso de quase um ano, só desculpável entre amigos e camaradas...):


Amigo Luís Graça:

Aqui vai uma pequena colecção de fotografias, recém descobertas na despensa convertida em contentor de lembranças envelhecidas…

Como salta aos olhos, não são grandes espingardas embora, com um programa adequado e unhas que me faltam, fosse possível recuperar uma ou outra…

Sem querer sacudir a água do capote, por não ter concorrido para a preservação das fotos, a verdade é que a deterioração também fica a dever-se à falta de meios da época…

Embora sem datas, elas foram obtidas no decurso da minha expatriação temporária, nos anos 68/69 e, por curiosidade, uma boa parte, produzidas a partir de um improvisado laboratório instalado por um soldado no aquartelamento do Xime.

Sem querer apropriar-me abusivamente de feitos fotográficos alheios, deverei dizer que, em muitos casos, não sei precisar quem foi o fotografador: se eu próprio, o Cunha ou outro ignoto camarada…

Seja como for, um rol de fotos que o tempo não devorou de todo, legendadas ao correr instantâneo das memórias…

Com um grande abraço,

Renato Monteiro (**)

_________

Notas de L.G:


(*) Vd. postes relacionados com a CART 2479 e o meu amigo Renato Monteiro, com quem privei, durante um mês e meio, em Contuboel (Junho/Julho de 1969), e com quem de tempos a tempos ponho a conversa em dia... por telefone (é vizinho do meu local de trabalho)... Recordo aqui que a minha companhia, a CCAÇ 2590/ CCAÇ 12 esteve um meio e meio em Contuboel... Os nossos soldados africanos vieram da CART 2479, companhia que lhes deu a instrução de recruta...

A CCAÇ 11, por sua vez, foi formada a partir da CART 11/CART 2479.

Sobre Contuboel e as atribuladas andanças do Renato Monteiro pela Guiné (por motivos disciplinares foi parar à CART 2520, tendo estado no Xime e depois no Enxalé, aqui 4 meses, antes de regressar à Metrópole, por doença, faltavam ainda quatro o cinco meses para completar a comissão), vd. os seguintes postes:

23 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P899: Diga se me ouve, escuto! (Renato Monteiro)

23 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P898: Saudades do meu amigo Renato Monteiro (CART 2479/CART 11, Contuboel, Maio/Junho de 1969)

28 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1001: Estórias de Contuboel (i): recepção dos instruendos (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

30 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1005: Estórias de Contuboel (ii): segundo pelotão (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

2 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1017: Estórias de Contuboel (iii): Paraíso, roncos e anjinhos (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

4 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1026: Estórias de Contuboel (iv): Idades sem lembrança (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

4 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1027: Estórias de Contuboel (V): Bajudas ou a imitação do paraíso celestial (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

6 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2412: História de vida (8): Renato Monteiro, um homem de múltiplos... fotografares (Luís Graça)

(**) Renato Monteiro, nascido no Porto em 1946, vive em Lisboa e é um fotógrafo já consagrado. Acabou, há 15 dias, de se reformar como professor do ensino secundário. E, como uma boa notícia, nunca vem só, o Renato confessou-me que há 25 dias deixou o tabaquinho... Anda por mim com uma enorme vontade d trepar pelas paredes acima, que é um dos clássicos sintomas da síndroma da abstinênica...

Embora desactualizada, a entrada na Wikipédia reza o seguinte a seu respeito:

(i) Licenciado pela Faculdade de Letras de Lisboa, em história;
(ii) Participou na Guerra Colonial Portuguesa na Guiné Portuguesa;
(iii) Obra fotográfica:

- Fotobiografia da Guerra Colonial (obra conjunta de Luís Farinha e Renato Monteiro) (Publicações Dom Quixote, 1990 e Círculo de Leitores, 1998).
- Metamorfose (Edição Comissariado da Exposição Mundial de Lisboa, 1998).
- Olhar a Obra (Livro Estação do Oriente, Edição Centralivro, 1998) (48 fotografias).
- Eram margens da minha cidade (Catálogo/Livro, Edição Câmara Municipal de Lisboa e Exposição nos Paços do Concelho, 2001).
- Lisboa Oeste e Vale do Tejo (Edição Comissão de Coordenação da Região de Lisboa e Vale do Tejo, 2002).
- Luz (álbum) (2002);
- Artes do Mar (álbum fotográfico e Exposição no Convento dos Capuchos, 2005).

Tem um blogue: o Fotografares, que faz parte do seu projecto de fazer o inventário do quotidiano e do imaginário do povo trabalhador e do trabalho no nosso país...

Tem, desde 24 de Junho e até ao dia 28 de Setembro de 2008 uma exposição fotográfica (cerca de 60 fotografias) sobre os "Ciganos do Sul", no Padrão dos Descobrimentos, Lisboa. Telefone: 213019032. Horário: De Terça a Domingo, das 10h00 a 19h00.

A exposição integrou-se num conjunto de iniciativas culturais sobre o povo cigano, o povo das estrelas, levadas a cabo pela Empresa de Gestão de Empreendimentos e Animação Cultural (EGEAC), ligada à Câmara Municipal de Lisboa. Eu ainda não fui lá, mas não a quero perder! Talvez lá passe no domingo de manhã... Fica aqui o convite (expresso) aos camaradas da Tabanca Grande, da área de Lisboa...

sexta-feira, 28 de julho de 2006

Guiné 63/74 - P1001: Estórias de Contuboel (i): recepção dos instruendos ( Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)


Guiné > Zona Leste > Contuboel > Junho de 1969 > Passeio de piroga junto à ponte de madeira de Contuboel, sobre o Rio Geba. Furriéis milicianos Luís Manuel da Graça Henriques (CCAÇ 2590 / CCAÇ 12) e Renato Monteiro (CART 2479 / CART 11, Cuntuboel e Piche; Xime e Enxalé, 1969):

Foto: © Luís Graça (2005)



Guiné > Zona Leste > Contuboel > Junho de 1969 > Os nossos queridos nharros... O 2º Grupo de Combate da CCAÇ 2590 (futura CCCAÇ 12), ainda em período de instrução da especialidade .

Foto: © António Levezinho (2005)


Primeira parte de uma série de pequenas estórias - que intitulei estórias de Contuboel, em vez de eterno retorno (menos prosaico, menos bloguista, mais filosófico, mais metafórico), como vinha no mail que me foi enviado pelo meu amigo Renato Monteiro, o já famoso homem da piroga (1)...


RECEPÇÃO DOS INSTRUENDOS



São uma porrada deles. Para cima de centena e meia, perfilados na parada. Número excessivo mas justificável uma vez que, finda a instrução, serão repartidos por uma outra companhia, ainda na Lisboa (2), constituída tal como nós, apenas por quadros metropolitanos.

Vindos de Galomaro e de Gabu, que ainda não localizei no mapa; do Xime, de Bafatá e de Bambadinca por onde passamos sem que me ocorresse bater uma única chapa, e ainda das tabancas que povoam a região de Contuboel.

Mais fulas do que mandingas, perfilhando todos a crença em Alá, mas também o princípio que consagra para todo o sempre um Portugal daquém e além mar uno e indivisível, coisa para mim demasiado estranha ao dar conta dos raros falantes da nossa língua e dos muitos que a entendem menos do que a Segunda, a minha lavadeira.

Acaso não houvesse entre eles um Carlos, fula, de Bafatá, único cristão e com nome português, excepcionalmente dotado na comunicação com as línguas nativas, incluindo o crioulo - o esperanto da Guiné - para transmitir-lhes as nossas ordens, recomendações e outras tretas, bem poderíamos enterrar as palavras no bolso até às calendas, ir pregar para o deserto ou aos peixinhos do António Vieira.

Sequer a ordem de marchar (acaso fossem capazes de tal acrobática proeza) a partir da parada até uma área arborizada próxima do aquartelamento, utilizada para futura aplicação dos exercícios militares, é compreendida pela generalidade dos nossos instruendos.

Coubesse o mar num concha cavada na areia que, por certo, seria igualmente possível olhar para estes homens e reconhecê-los como nossos compatrícios.

E coubesse em mim próprio este sentimento absurdo, maior do que eu, que tanto me leva à rejeição deste mundo como, no instante seguinte, ao desejo de nele me confundir.

Como se coexistissem em mim, duas entidades antagónicas numa só. Sem a santíssima trindade em que não acredito. E nunca, espero bem, vir a pirar dos cornos.
Renato Monteiro
____________

Notas de L.G.

(1) Vd. posts de


23 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P899: Diga se me ouve, escuto! (Renato Monteiro)


23 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P898: Saudades do meu amigo Renato Monteiro (CART 2479/CART 11, Contuboel, Maio/Junho de 1969)


(2) CCAÇ 2590, futura CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, Maio de 1969/Março de 1971). O Renato deu a recruta aos meus futuros soldados. Nós demos-lhes apenas a instrução de especialidade e treino operacional: vd. posts de

28 de Junho de 2005 > Guiné 63/74 - LXXXVI: No 'oásis de paz' de Contuboel (Junho de 1969)

31 de Julho de 2005 > Guiné 63/74 - CXXXI: As grandes operações de limpeza (Op Lança Afiada, Março de 1969)

(...) "Capri, c’est fini!... Ainda te lembras da velha canção do verão de há três anos, em Lisboa ? Pois é, estão a chegar ao fim as férias de Contuboel, o dolce far niente da tropa tropical... Cheguei à Guiné há mês mês e meio. E ainda não vi, não senti nem cheirei a guerra (a não ser talvez no percurso, em LDG, no Rio Geba, a caminho do Xime e depois no troço Xime-Bambadinca, no dia da nossa partida de Bissau para Contuboel: confesso que havia alguma tensão nos rotos dos periquitos...).

(...) "Acabámos os exercícios finais da instrução de especialidade, que decorreram entre 6 e 12 de Julho, a 10 km a norte de Contuboel. Recebemos a visita do homem grande de Bissau. Consta que já nos deu destino, a nós e aos nossos queridos nharros.

"Acabaram-se os passeios tranquilos pelo Rio Geba, de piroga. As conversas, ao fim da tarde, debaixo do poilão, com os djubis, as bajudas e as mulheres grandes e os homens grandes. As conversas intelectuais com o meu amigo Monteiro. Os meus vizinhos aldeões com quem gostava de conversar. As pacatas idas às hortas das proximidades para comprar bananas e abacaxis...

"Vou ter saudades de Contuboel, das frondosas margens do Geba, da paisagem luxuriante, das amáveis lavadeiras mandingas, de mama firme, que encontrávamos pelo caminho. Mas, como diz a canção, é muito pouco provável cá um dia voltar. Em contrapartida não penso neste momento em Lisboa nem no meu regresso. Contuboel acabou: há agora muitos milhares de quilómetros para palmilhar, numa prova que é, para mim, para todos nós, o grande teste de resistência... e de sobrevivência" (...).


21 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXV: Composição da CCAÇ 12, por Grupo de Combate, incluindo os soldados africanos (posto, número, nome, função e etnia)

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Guiné 63/74 - P1803: Tabanca Grande (9): António Bartolomeu, ex-Fur Mil da CCAÇ 2592 / CCAÇ 14 (Bolama, Contuboel, Aldeia Formosa, Cuntima, 1969/71)



Guiné > Zona Leste > Contuboel > CCAÇ 2592/CCAÇ 14 (1969/71) > O Fur Mil António Bartolomeu, que esteve a dar instrução de especialidade a um pelotão de mandingas, na mesma altura (Junho/Julho de 1969) em que estávamos a formar a CCAÇ 12, uma das unidades da nova força africana (1) (LG)

Foto: © António Bartolomeu (2007). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem do António Bartolomeu, novo membro da nossa tertúlia

Caro Luís Graça (eu tratava-te por Henriques em Contuboel):

Fala o ex-furriel Bartolomeu, da Companhia de Caçadores 2592 que deu origem à CCAÇ 14.

A minha companhia foi para Bolama para formar a CCAÇ 14, só o meu pelotão é que foi par Contuboel na mesma LDG em que vocês [, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12,] (2) foram até ao Xime, e depois em coluna Xime, Bambadinca, Bafatá e Contuboel. A CCAÇ 11 já estava em Contuboel (3).

Aí formámos um pelotão de Mandingas que eram da zona de Nova Lamego, durante 2 meses (Junho e Julho de 1969).



Guiné > Zona Leste > Contuboel > JUnho ou Julho de 1969 > "Junto á caserna dos furriéis, fazendo a higiene oral... O primeiro da esquerda sou eu, o Bartolomeu, com pessoal da CCAÇ 11. Lá atrás parece ser o Branquinho"...

Foto: © António Bartolomeu (2007). Todos os direitos reservados.


Depois vocês, [a CCAÇ 2590/CCAÇ 12,] foram para Bambadinca, a CCAÇ 11 para a zona de Nova Lamego (Buruntuma ou Piche, se não me engano) e o meu pelotão foi para a Aldeia Formosa 4 meses, depois regressámos à companhia, em Bolama.

De Bolama seguimos para o sector de Farim, destacamento de Cuntima até ao fim da comissão. Esta povoação ficava (e fica) a 1 Km da fronteira com o Senegal.


Lembras-te do ex-furriel Dores, o gajo das anedotas, que era do meu pelotão ? Era o máximo, nunca mais parava.

Eu tenho consultado o teu site desde o princípio, lembro-me da malta, dos ex-furriéis da tua companhia. Quando viemos da Guiné fui visitar o Marques (4), ao Anexo do Hospital da Estrela. Não estava bem, não, ainda bem que agora está catita.

Bem, não te chateio mais, vão aí umas fotos para avivares a memória.

Um grande abraço do amigo Bartolomeu.

Diz se recebeste bem as fotos.

2. Resposta do editor do blogue:

Bartolomeu:

Não imaginas a alegria que me dás, por te reencontrar, a ti e à malta da tua CCAÇ 2592, futura CCAÇ 14... Que saudades desses tempos de Contuboel, em que fomos dar instrução aos nossos queridos nharros que nem português falavam!…



Guiné > Zona Leste > Contuboel > CCAÇ 2590 / CCAÇ 14 > Junho ou Julho de 1969 > O Bartolomeu "recuperando de um ataque de paludismo, foi do caraças" (AB)...

Foto: © António Bartolomeu (2007). Todos os direitos reservados.

Foram os meus melhores momentos da Guiné, os únicos em que fiz Férias & Turismo, em que me esqueci que estava na guerra e vinha para fazer uma guerra… Contuboel representou para nós - creio que para nós todos - a maravilhada descoberta da África, d@ african@s, da Guiné, d@s fulas, d@s mandingas… Foi um tempo maravilhoso, intenso e veloz (5)… Depois fomos lançados às feras… Ainda em farda nº 3, tivemos o nosso baptismo de fogo em finais de Junho, em Madina Xaquili (6)…

As recordações são sempre (re)construções: pelo teu apelido, já não ia lá, mas ao ver a tua chapa, sem pêra, acendeu-se uma luzinha cá na minha base de dados… Do Dores e das suas anedotas, tenho uma vaga ideia, mas não estou a ver-lhe a cara

Quanto a ti, por que é que não apareceste mais cedo, meu malandro ? Até à data, fora o pessoal da minha CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (o Levezinho, o Reis, o Marques, o Fernandes, o Sousa, o Martins, o Piça…), eu só tinha reencontrado o Renato Monteiro, da CCAÇ 11, mais antigo que nós em Contuboel (3)…

Tens uma foto dele, comigo, numa passeio, em canoa, pelo Rio Geba, no mesmo dia em que ele ia morrendo, depois de um mergulho, junto ao açude da ponte de madeira (que se ver ao fundo, na foto)… Ando em papos de aranha para descobrir quem nos tirou aquela mágica foto… De qualquer modo, lembras-te do Monteiro ? Talvez não, éramos os dois um bocado a puxar para o intelectual, sem desprimor…

Olha: vou de imediato patrocinar a tua entrada para a nossa tertúlia ou tabanca grande o teu nome vai aparecer na lista dos amigos e camaradas da Guiné (coluna do lado esquerdo do blogue)… As tuas fotos, em formato.bmp, chegaram bem, mas são pesadas, precisam de ser editadas… Não sei se terei tempo este fim de semana… Por ti e pela malta de Contuboel, farei um forcing… Diz-me só onde vives e o que fazes: pela foto actual, estás com óptimo aspecto… Manda-me também o teu contacto telefónico… Vou-te pôr também na nossa lista de e-mails… Fico à espera de estórias de Contuboel, essa terra maravilhosa sobre a qual temos falado tão pouco no nosso blogue (5)…

Um grande abraço do Henriques.

PS – Usa também os meus endereços de e-mail pessoais (casa e trabalho).

_________

Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 2 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1640: A africanização da guerra (A. Marques Lopes)

CCAÇ 11

Foi contituída em Junho de 1972 (por alteração da designação da CART11). Foi extinta em Agosto de 1974. Era formada por quadros metropolitanos e pessoal natural da Guiné, de etnia fula. A CART 11 tinha sido formada em Janeiro de 1970 por alteração da designaçãoda CART 2479. Era composta por quadros metropolitanos e pessoal da Guiné de etnia fula.

CCAÇ 12

Alteração, em Junho de 1970, da designação da CCAÇ 2590 (que chegou à Guiné em finais de Maio de 1969, nio Niassa, juntamente om outras companhias independenets como CCAÇ 2591, do Carlos Fortunato, que irá dar origem à CCAÇ 13, e a CCAÇ 2592, do António Bartolomeu, futura CCAÇ 14. Foi extinta em Agosto de 1974. Era formada por quadros metropolitanos e pessoal natural da Guiné, de etnia fula, da zona leste (administração de Bafatá). A actual Região de Bafatá da Guiné-Bissau inclui toda a zona leste (Baftá e Gabu).

CCAÇ 14 

Constituída em Janeiro de 1970, por alteração da designação daCCAÇ 2592. Foi estinta em Setembro de 1974. Era formada por quadros metropolitanos e pessoal natural da Guiné, das etnias mandinga e manjaca, com um pelotão de etnia felupe.

(2) A CCAÇ 2590/CCAÇ 12 foi também formada em Contuboel, a nordeste de Bafatá. A recruta do pessoal africana doi dada pela CART 2479. A especialidade foi já dada pela CCAÇ 2590 (quadros metropolitanos). Esteve como unidade de intervenção na Zona Leste, no Sector L1, em Bambadinca (até 1973) e depois no Xime, até ao fim da guerra.

Há numerosíssimos posts, no nosso blogue, com referência a esta unidade, que esteve ao serviço do comando de três batalhões: BCAÇ 2851 (1968/70), BART 2917 (1970/72) e BART 3873 (1972/74). E já foram identificadas "três gerações" de quadros metropolitanos da CCAÇ 12 (1969/71, 1971/73, 1973/74).

(3) A CCAÇ 11 (recruta, instrução de especialidade e IAO) foi formada em Contuboel.

Sobre esta unidade formada a partir da CART 11/CART 2479, há já também diversos posts (uma parte dos quais da autoria do meu amigo Renato Monteiro):

23 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P899: Diga se me ouve, escuto! (Renato Monteiro)

23 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P898: Saudades do meu amigo Renato Monteiro (CART 2479/CART 11, Contuboel, Maio/Junho de 1969)

28 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1001: Estórias de Contuboel (i): recepção dos instruendos (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

30 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1005: Estórias de Contuboel (ii): segundo pelotão (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

1 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1015: CART 2479, CART 11 e CCAÇ 11 (Zona Leste, Gabu, subsector de Paunca)

2 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1017: Estórias de Contuboel (iii): Paraíso, roncos e anjinhos (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

4 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1026: Estórias de Contuboel (iv): Idades sem lembrança (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

4 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1027: Estórias de Contuboel (V): Bajudas ou a imitação do paraíso celestial (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)
19 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1612: Relembrando, com saudade, os nossos soldados fulas da CART 11 (Renato Monteiro / João Moleiro)

25 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1625: José Casimiro Carvalho, dos Piratas de Guileje (CCAV 8350) aos Lacraus de Paunca (CCAÇ 11)

(4) Fur Mil At Inf António Marques, gravemente ferido numa mina anticarro, em 13 de Janeiro de 1971, já no final da comissão (Maio de 1969/Março de 1971). Teve uma longa convalescença no HMP (Estrela, Lisboa). Vd. posts de:

2 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXIX: E de súbito uma explosão (Luís Graça)

23 de Setembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCV: 1 morto e 6 feridos graves aos 20 meses (CCAÇ 12, Janeiro de 1971) (Luís Graça)

(5) Vd. post de 28 de Junho de 2005 > Guiné 63/74 - LXXXVI: No 'oásis de paz' de Contuboel (Junho de 1969) (Luís Graça)

(6) Vd. post de 29 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - LXXXVIII: O baptismo de fogo da CCAÇ 12, em farda nº 3, em Madina Xaquili (Julho de 1969) (Luís Graça)

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20285: (Ex)citações (361): Do meu amigo Zé Saúde, com quem estive estes anos todos sem falar da guerra, até ao segredo dos 'Asas Brancas' de Contuboel (Manuel Oliveira Pereira, ex-fur mil, CCAÇ 3547, 1972-74)


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Contuboel > Tabanca dos arredores > CCAÇ 2479 (1968/69) > Um instruendo, de etnia fula, cuja identificação se desconhece, que foi mais tarde integrar a CCAÇ 2590 / CCAÇ 12... A placa rodoviária assinala alguns das povoações, mais importantes, mais próximas: Ginani (17 km), Talicó (22 km), Canhamina (27 km), Fajonquito (30 km), Saré Bacar (39 km), Farim (96 km)...

Contuboel chegou a funcionar como importante centro de instrução militar (CIM=, no início da política da africanização do Exército Português, no 1º semestre de 1969. Em data que não posso precisar, esse centro acabou por ser transferido para a ilha de Bolama, aparentemente mais segura. Em Junho de 1969, Contuboel era descrita como um "oásis de paz" (*) N e nela dava-se formação às futuras CCAÇ 11 e 12 e a um grupo de combate da futura CCAÇ 14.


Foto: © Renato Monteiro (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


Manuel Pereira
1. Comentários, ao poste P20267, do Manuel Oliveira Pereira, ex-fur mil, CCAÇ 3547 / BCAÇ 3884, 1972/74) (**)


(i) Na verdade Contuboel foi sempre (?) um Centro de Instrução de Milícias. Pelo menos com a minha Companhia (CCaç 3547) e com outras duas - tenho a certeza porque tenho amigos dessas Unidades - que a antecederam;

(ii) No período destas três (3) comissões não houve registos de qualquer "incidente";

(iii) Razoes, não sei. Sei todavia, que a "acção psicológica" mantida pela minha Companhia junto das populações nativas eram a "nossa" primeira prioridade, tendo por cabeça o Cmd Companhia, o Cap Mil Carlos Rabaçal Martins;

(iv) Poderei acrescentar ao ponto anterior e, até porque já lá vão 45 anos sobre o retorno, algumas inconfidências que podereis confirmar - já foi escrito e ainda estamos todos vivos - que mantivemos contacto com "intermediários" do PAIGC, fizemos permutas de bens essenciais à nossa sobrevivência e por último (?) e depois de muitas diligências, uma "reunião", bem no interior da mata e DESARMADOS (eu, na altura como Cmd do Destacamento de Sonaco e o Cmd Comp Cap Martins), condição que nos foi imposta pelo "IN" e por nós aceite, com um alto dirigente e comitiva do PAIGC.

Eles bem armados, à excepção do alto dirigente e comitiva do PAIGC. Desse encontro, enre outras coisas, resultou um "pacto de não agressão". Este encontro teve eco na Rádio "Maria Turra", pois fomos apelidados dos "Asas Brancas" (símbolo da paz) de Contuboel;

(v) Esta reunião mostrou-se profícua, quer na "quadricula" afecta à Companhia e Destacamento (Contuboel e Sonaco), como também nas nossas permanências em reforço de outras Unidades e muito em especial na "Reocupação"" - tinha sido abandonado pelo Batalhão de Galomaro - do Aquartelamento do Dulombo, ali nas margens do Rio Corubal, por mim e pelo "Pelotão" que tive a honra de comandar e que resultou em "nenhum" ataque por parte do "IN";

(vi) As Fotografias são viagens diferentes no tempo e reportam-se à minha "missão" enquanto delegado de batalhão. Sim, porque para além de "operacional",  também tive, entre outras, funções de ambito administrativo que me proporcionou, correndo perigos evidentes, "viajar . por mar, rio e pelo ar. Nesta última missão permitiu-me conhecer quase "toda (?)" a Guiné, desde Bissau, Bafatá, Xime, Porto Gole, Farim, Mansoa, Bambadinca, Nova Lamego, Aldeia Formosa e Cacine;

(vii) As fotografias são a bordo dos barcos que faziam o "reabastecimento" para os Batalhões / Companhias Independentes, no caso, presumo serem todas no Rio Geba;

(viii) Para melhor compreensão vejam, aqui no "Blogue" algumas postagens minhas, nomeadamente o poste P3264.

Zé Saúde e Nanel Pereira, em Monte Real
(ix) Respondendo ao Luís Graça...

 È verdade nunca falei com o Zé Saúde (José Saúde) sobre a Guiné. Em momento algum, desde dia em que nos conhecemos, nunca o assunto “tropa” foi aflorado.

As minhas, nossas preocupações era gozar a vida. Éramos novos, vindos da guerra (mas não abordada) e precisamos de “viver”. Foram no meu caso 28 meses de Guiné (só passei à disponibilidade em Agosto) e mais um mês “adido” ao RAL1 (RALIS), já que tinha por missão – todos já estavam em casa desde de Junho – levantar do “Niassa”, ancorado na Rocha Conde d’Óbidos, as bagagens (caixotes) da malta do Batalhão, trazer para o RAL1, organizar (agrupar) por regiões/distrito/concelho e transportá-los até à estação da CP de Sacavém, fazer o seu carregamento nos vagões, selar e dar ordem de marcha para as estações mais próximas dos destinatários.

 Obviamente, a minha missão era meramente administrativa. A minha farda velhinha era respeitada quase como se de um “herói” se tratasse. Voltando ao Zé Saúde.

Como dizia, o tempo disponível era para fazer a desforra de tantas privações. Na altura (75), as movimentações políticas ocupavam-me grande parte do tempo. Na faculdade eram as RGE e as RGA. No trabalho as Comissões de Trabalhadores e actividade sindical. No exterior, havia que apoiar o “povo em luta”. Fazer algo pelas cooperativas. Ajudando de borla, inclusive pagando do meu bolso o transporte para ir apanhar azeitona e outros produtos. Havia que dar corpo e voz à ADFA e no aspecto mais pessoal – aqui entra o Zé – o querer conquistar todas as mulheres bonitas. Não havia tempo, queríamos, talvez, esquecer. As “boîtes” e bailinhos em casas particulares completavam-nos. Foi assim que numa noite “bem bebida” quem sofreu as consequências foi o carter do “Morris Mini”,  do Zé Saúde.

È verdade! Só em Monte Real, falamos da Guiné. Fiquei curioso quando vi o nome dele na lista para o “Encontro [Nacional da Tabanca Grande" c e por isso não poderia deixar de estar presente. Foi muito bom!

A minha afirmação de Contuboel nunca ter sido atacada ou flagelada, tem duas fontes. A primeira, a minha (Companhia), porque durante toda a “comissão” (Março de 1972 a Junho de 1974) passamos incólumes. A segunda porque tenho amigos ( 1968/70 e 1970/72 ), um até sogro do meu filho, de seu nome Plácido Lamas, esteve em Contuboel – foi ele e mais alguns que construiu a “moradia” no exterior do arame farpado, quase colada ao parque da “ferrugem”, entrada lado direito da “porta de armas”.

Relativamente ao “centro de instrução de milícias – no meu tempo – foi um facto. Antes de nós, a informação chegou-me pelos os amigos referidos acima. Talvez não percebido a diferença entre Tropas nativas e Milícias.

Nota: Gostaria de incluir algumas fotografias. Como se faz?


Como tenho, ainda, boa memória, estou ao dispor para qualquer dúvida que possa suscitar.
Um Abraço a todos.

Manuel Oliveira Pereira

Fur Mil do BCAÇ 3884 / CCAÇ 3547,
Guiné, março de 72 / julho de 1974. (***)

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Notas do editor


(...) O que eu observo, sob o frondoso e secular poilão da tabanca, é uma típica cena rural: (i) as mulheres que regressam dos trabalhos agrícolas; (ii) as mulheres, sempre elas, que acendem o lume e cozem o arroz; (iii) as crianças, aparentemente saudáveis e divertidas, a chafurdar na água das fontes; (iv) os homens, sempre eles, a tagarelar uns com os outros, sentados no bentém, mascando nozes de cola. (...)

(**) Vd. poste de 22 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20267: Controvérsias (140): é verdade que Contuboel, na zona leste, região de Bafatá, nunca foi atacado ou flagelado ? ( Manuel Oliveira Pereira, ex-fur mil, CCAÇ 3547 / BCAÇ 3884, 1972/74)

(***) Último poste da série > 9 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20219: (Ex)citações (360): O sucesso do posto de controlo sanitário de Nhacra, ao tempo em que por lá passavam as "trabalhadoras do sexo" de Bissau, em missão patriótica... (José Ferreira da Silva, autor do bestseller "Memórias boas da minha guerra", 3 volumes, Chiado Books, 2016-2018)